Eficiente ao extremo, a bicicleta é incomparável a qualquer outra criação industrial humana. Mesmo fruto da criatividade do século XIX, as magrelas movidas a pedal são máquinas perfeitas para o século XXI.
Talvez aspas de Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados possam ajudar a explicar a redescoberta da bicicleta:
A questão não é como retornar a um estado pré-industrial, mas perguntarmos a nós mesmos em que circunstâncias a relação do homem com o ciclo produtivo subordina o homem ao sistema e, inversamente, como devemos elaborar uma nova imagem do homem em relação ao sistema que o condiciona: uma imagem não de humanidade livre da máquina, mas livre em relação à máquina.
Ser uma máquina em função da humanidade e não instrumento que subjuga nossa humanidade é a maior riqueza da bicicleta. Ela nos permite a conciliação necessária entre o “progresso” (seja qual for a noção de progresso) e as nossas necessidades animais mais simples no que se refere aos deslocamentos.
Uma outra interpretação de Umberto Eco traz a figura dos ciclistas apocalípticos e integrados. Mas aí é outra história.
Umberto eco é fera!