Poder executivo sem carros

vivasemcarro

O Dia Mundial sem Carro já é tradicionalmente da administração municipal no Rio de Janeiro. É o momento de comemorar a efeméride da mobilidade urbana e lançar campanhas de incentivo para que a população conheça alternativas.

Mas para que o papel do poder público seja exercido à contento, normalmente tem de haver pressão constante por parte da sociedade civil ao longo dos anos. Assim foi no Rio de Janeiro, assim ainda é em diversas cidades brasileiras.

Conheça o histórico da Transporte Ativo no Dia Mundial Sem Carro entre 2005 e 2011.

Conselhos direto do selim

photoO conselho de transportes da cidade do Rio de Janeiro tem espaço para o selim como um dos representados.

Organização paritária com participação do governo, universidade, trabalhadores e sociedade civil, pela primeira vez bicicletas, motoristas e deficientes são convidados à participar de um conselho deste tipo.

Além dos departamentos governamentais envolvidos com o trânsito da cidade, estão por lá:
Coppe/UFRJ, PUC-Rio, ANTP, Transporte Ativo, ITDP, representantes dos motoristas de ônibus e deficientes físicos, dentre outros. Através de reuniões bimestrais, o conselho irá tratar da Mobilidade Urbana e sua governança. Com um olhar para frente em busca de soluções.

Prioridades do Conselho Municipal de Transportes:

  1.  Transporte Público de Alta Capacidade –  Trens Metrô BRT e Barcas;
  2. Integração física e tarifária;
  3. Transporte de Média e Baixa Capacidade – ônibus, VLT, taxis, vans, bicicletas.

Metas do Conselho Municipal de Transportes:

  • Reduzir pela metade o tempo das viagens;
  • Reduzir 15% os acidentes até 2016 com base em 2008;
  • Integrar todo o Tranporte Público ao Bilhete Único;
  • 60 % circulando em TP de alta capacidade até 2016. Hoje são 20%;
  • Modernizar a frota de Transporte Publico em 100% até 2016;
  • Ter 100% dos Taxis regularizados;
  • Indicadores de qualidade.

O maior desafio das cidades hoje é o transporte e o sistema de mobilidade urbana será o indicador maior do sucesso de uma cidade.

Na primeira reunião do conselho foi feito um histórico desde 1900, que nos trouxe até os dias de hoje. Ao final as visões de futuro. Mesmo convidada para o conselho, a bicicleta não aparece neste histórico.

O papel da Transporte Ativo, como representantes da bicicleta, será as possibilidades e benefícios da mobilidade sobre duas rodas à pedal para cada novo projeto, seja como alimentador do transporte público de alta capacidade ou como elemento fundamental para a circulação local dentro dos bairros.

Por melhores desenhos urbanos

bicicleta-desenho-urbano

Mikael Colville-Andersen tornou-se especialista em mobilidade urbana através da bicicleta e hoje promove o “ciclismo cidadão” ao redor do mundo. As pedaladas por todos de maneira simples, segura e confortável.

Como parte da exposição Ciclo Rotas Centro, Mikael irá apresentar um pouco sobre a como durante 7.000 anos as cidades foram das pessoas e no último século foram emprestadas ao automóvel. Um processo que precisa ser revertido, e está sendo.

A todos que sonham e trabalham por cidades mais humanas devem assistir à palestra de Mikael Colville-Andersen: “Bicicleta e desenho urbano, a cultura da bicicleta no desenho de cidades mais amigáveis.

O encontro é promovido pelo Studio-X Rio, ITDP Brasil e Transporte Ativo, com patrocínio do Itaú.

O evento terá tradução simultânea do inglês para o português. Confirme presença pelo facebook.

Saiba mais sobre o trabalho de Mikael Colville-Andersen no Copenhagenize e assiste uma palestra (em inglês), no TEDx Zurich.

O final de um ciclo com o Intermodal

Foi no dia 31 de agosto de 2006 que promovemos o primeiro desafio intermodal do século XXI. Desde então, muita coisa já mudou. Hoje mais de 20 cidades brasileiras já realizam seus intermodais.

Os resultados mudam a cada ano, mas surpreendentemente, as bicicletas, no quesito tempo, só perdem para motos e helicópteros e no ranking de eficiência, nunca perderam pra ninguém, nos 7 anos de desafio carioca e em todos os realizados pelo país a fora.

Gráfico com resultados de chegada ano após ano – visão da regularidade

Gráfico com resultados de chegada, no Rio, ano após ano – visão da regularidade

Gráfico com resultados do Ranking ano após ano – visão da eficiência

Gráfico com resultados do Ranking Carioca ano após ano – visão da eficiência

A regularidade da bicicleta apenas nos mostra que a necessidade de realizar os DIs desaparece. Por isso faremos uma pausa no Rio de Janeiro, para voltarmos a realizá-lo em 2016, dez anos após a primeira edição e com todas as obras viárias olímpicas já implantadas.

Sensação de dever cumprido. A Transporte Ativo segue para novas fronteiras. Depois de mais de 8 anos também deixamos de participar do Dia Mundial sem Carros. Atividade assumida pelo poder público local, um caminho natural para essas atividades.

Permaneceremos em busca de novas soluções e novas maneiras de levantar dados para cidades mais amigas de seus cidadãos.

Pedalemos.

Vale rever o vídeo do Jornal da Globo com o primeiro DI carioca.
Para saber mais sobre outros DIs, passados e futuros, confira na página da UCB.

Um bate-papo sobre bicicletas fixas

debates-ciclo-rotas-fixas

Como parte da exposição Ciclo Rotas, no Studio-X tem acontecido apresentações temáticas seguidas de debates. Estes encontros acontecem nas terças às 18h30 e já tivemos o primeiro, cujo tema foi Como posso transformar minha cidade.

Na próxima terça-feira, 20 de agosto, será sobre bicicletas fixas e para contar um pouco sobre elas, convidamos uma das debatedoras, a Beatriz Folly, para apresentar o tema.

Afinal o que é uma bicicleta fixa?

Da esquerda para a direita: Renato, Beatriz, Ciro e Naldinho. Abaixo: Zack, o cachorro fixo.

Da esquerda para a direita: Renato, Beatriz, Ciro, Naldinho e Zack, o cachorro fixo.

 Ao contrário da roda livre, a fixa é uma bicicleta sem marchas, que possui o pinhão fixo, de modo que enquanto as rodas estiverem girando, os pedais também estarão. Por exemplo, quando o ciclista desmonta da bike e a leva pelo guidom enquanto anda, os pedais estarão girando como se ainda houvesse um ciclista invisível sob ela.

Leva um pouco de tempo para se acostumar, principalmente na hora de descer ladeiras, onde se alcança uma velocidade que obriga o ciclista a dar muitos giros no pedal, mas quando se pega o costume, é difícil largar. Pedalar sem parar dá um sentimento de que você faz parte da bicicleta de alguma maneira. O que na teoria parece ser mais desgastante, na prática é algo que lhe faz empurrar seus limites. Torna-se simplesmente natural.

Bicicletário da Vulp, um bici-café em Porto Alegre.

Bicicletário da Vulp, um bici-café em Porto Alegre.

As bicicletas tendem a ser bastante coloridas porque muitas vezes são montadas peça por peça pelos ciclistas ao invés de compradas completas na loja.

Foi um tanto previsível que o mercado se apropriasse dessas tendências e hoje podemos observar o surgimento de modelos de fixas no mercado bem coloridas e feitas para o uso urbano.

Essa popularização traz a tona uma discussão sobre se as fixas foram tão absorvidas pelo mercado que se tornaram somente um hype da moda ao invés de um estilo de vida autêntico. Quando uma coisa vem de uma cultura de utilidade e se transfere para uma cultura de commodity, é inevitável que haja alguma rivalidade entre os dois, o que não significa que não existam momentos nos quais ambos possam coexistir em harmonia.

Os 4 sócios e entregadores da Ciclocourier.

Os 4 sócios e entregadores da Ciclocourier.

Nesse 20 de agosto, falaremos sobre a cena das fixas no Rio de Janeiro e os frutos que elas nos deram, tais como o grupo carioca de fixas RJFG, o bike polo carioca, cicloentregas e  tudo mais que achamos de interessante nesse mundo de gente estranha com bicicleta esquisita.

Deixo-lhes com uma pequena citação:

“Eu ainda acho que marchas são apenas para pessoas acima de 45 anos.
Não é melhor triunfar pela força de seus músculos do que pelo artifício da tecnologia?
Nós estamos ficando moles… Para mim, me dê uma fixa!”

-Henri Desgrange, fundador do Tour de France

 

O Studio-X sempre tem um projeto bacana acontecendo e fica na Praça Tiradentes, 48, no centro do Rio de Janeiro. Mas tem evento no facebook? Tem.

 

Um pequeno dicionário das fixas:

  1. Fixeiro: Ciclista que anda de fixa.
  2. Skid: Freiar somente travando os pés na fixa, deslizando por um pequeno trecho com as rodas sem girar.
  3. Bike polo: Esporte similar ao polo regular, mas ao invés de andar a cavalos, os praticantes pedalam bicicletas durante o jogo.

Beatriz Folly é carioca, designer e claro, fixeira!