As Primeiras Cinco Horas

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O caminho para o futuro é traçado a cada dia no presente. Durante o século XX cidades foram transformadas em processos. Máquinas em que fluiam pelas artérias o trânsito motorizado. Esse pensamento aos poucos é deixado de lado em nome das mais diversas iniciativas. Cidades começaram a ganhar vida durante os anos 70 na Europa, a escassez de espaço e o preço do petróleo abriram caminho para o uso massivo das bicicletas na Holanda, Dinamarca e demais países europeus.

Ao longo das últimas décadas a prioridade no planejamento das cidades passou a ser o fluxo de vida, o uso do espaço pelas pessoas e a valorização da cidade como um ser vivo.

Seres vivos evoluem lentamente, aprendem com os acertos e mais ainda com os erros. Dão dois passos atrás para poder ir um pouco mais a frente. A cidade de São Paulo já cometeu erros demais, nem por isso desistiu de acertar.

Apenas cinco horas ensolaradas de um domingo já são capazes de mostrar para quem a cidade deve ser feita, mostram com clareza como os cidadãos anseiam reocupar as ruas. Uma revolução que será pedalada e movida pela força humana, a mais renovável das energias.

A cada domingo São Paulo vislumbra seu futuro possível.

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Mais sobre a Ciclofaixa de Lazer.

Lazer por uma Cidade mais Humana

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O clima estava perfeito e numa manhã de sol quente de fim de inverno aproximadamente 10 mil paulistanos pedalaram em um circuito de grandes avenidas.

Para os que já fazem dos bordos de todas as vias da cidade suas ciclofaixas não havia mistério, mas ao mesmo tempo tudo era um pouco novidade. Fiscais da CET pedalando, agentes treinados para orientar o fluxo de bicicletas nos semáforos. Durante uma manhã São Paulo foi um pouco Copenhague e a cidade passou a enxergar um caminho para o futuro, onde fluidez, saúde, prazer e alegria compartilham o mesmo asfalto.

Dentro do ambiente controlado da ciclofaixa, paulistanos de todas as idades puderam descobrir como é a cidade sob o olhar ciclista. A experiência de construir uma São Paulo para as bicicletas foi posta em um tubo de ensaio e da experiência piloto já surgiram lições e a prova de que estão certos os que sonham e trabalham para a cidade se tornar mais amigas das bicicletas.

– Foto Willian Cruz.

Visibilidade

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Números podem esconder dimensões humanas. Quantidade não pode medir felicidade ou satisfação. Centenas de milhares de paulistanos vão e vem para o trabalho todos os dias pedalando. Economia, talvez. Pelo meio ambiente, quem sabe. Pelo prazer, certamente. No entanto muito há para ser feito para induzir mais viagens em bicicleta por mais pessoas, mais vezes.

São Paulo ganhou pintura nova em grandes avenidas de uma área nobre da cidade. Uma grande bicicleta estampada no asfalto e a indicação de dia e horário. Domingo das 7h às 12h. Pouco ainda, um projeto piloto apenas. Mas uma iniciativa que já reverbera na grande mídia e que ajuda a cumprir uma missão hérculea para todos os que promovem a qualidade vida: dar visibilidade aos ciclistas.

Visibilidades se somam. O poder público age em seu próprio ritmo e a sociedade civil pressiona, demanda e até mesmo viabiliza iniciativas que aos poucos reverberam e promovem a qualidade de vida para todos. Sem líderes e sempre em consenso, a Bicicletada Paulistana em sua edição de agosto tomou o rumo do parque das Bicicletas para preencher os espaços vazios no asfalto sinalizado com bicicletas de verdade.

Números apontam 4 milhões de bicicletas esquecidas em garagens na cidade de São Paulo. São também mais de 300 mil viagens por dia em bicicleta e 700 mil aos fins de semana. Mas quando os números ganham as ruas em uma massa coesa, a alegria toma conta.

Bicicleta para Levar nos Braços


Pouco a pouco termino o trabalho
e relaxo pouco a pouco.
Pouco a pouco fico triste
e pouco a pouco supero.
Pouco a pouco de bicicleta,
pouco a pouco pedalo.

Pouco a pouco, pelas bordas
pouco a pouco com uma aro 20.


Vídeo gravado no parque do Ibirapuera e na Praça do Por do Sol em São Paulo. Para saber mais sobre as dobráveis Dahon, visite dahon.com.br

Compatibilização de Fluxos

Uma estação de trem é um nó de uma rede, um ponto de conversão de fluxos. Assim é na ponte Cidade Universitária com conexão direta para a estação da CPTM com o mesmo nome. Um enorme fluxo de pedestres vindo de ambos os lados do rio Pinheiros converge para a ponte. Pelos trilhos, o fluxo segue no ritmo constante e incessante enquanto o sol se põe.

Apesar do grande número de pedestres na ligação entre a praça Panamericana e a Cidade Universitária não há garantias para a fluidez e segurança do pedestre. As alças de acesso de onde vem e para onde vai o trânsito motorizado da marginal Pinheiros tornam-se barreiras difíceis de serem contornadas.

Mesmo em condições longe das ideais, milhares de pessoas cruzam a Ponte Cidade Universitária todos os dias. Nem mesmo as interrupções nos acessos impossibilita a circulação dos pedestres. Mas a premissa de deixar que o fluxo de pedestres se resolva sozinho é capaz de lentamente inviabilizar espaços urbanos.

A disputa de interesses por áreas de circulação é inerente as cidades e os rios são barreiras geográficas a serem transpostas, independente da forma de deslocamento usada. Dentro dessa lógica, o planejamento urbano da cidade de São Paulo precisa cada vez mais levar em consideração a importância da fluidez dos pedestres. E as pontes são um bom lugar para promover a compatibilização do fluxo motorizado e do que se move pelas próprias forças.

Mais:
Pontes Paulistanas
Álbum de fotos na Ponte Cidade Universitária