E foi um Feliz Ano Velho

O ano de 2009 acabou. É o tempo que segue seu rumo sem nunca parar, um pouco como a bicicleta que só existe em pé quando está em movimento. Na entrada de 2010, um bom momento para dar uma breve olhada para trás, para logo seguir o rumo. Por isso preparamos um mini-site especial com a retrospectiva 2009

Ao olhar para trás, fica a certeza de que o caminho à frente é longo. Por isso vale conferir um pouco da trajetória passada. Confira abaixo alguns destaques do ano que passou, e que seja também um feliz 2010.

  • Publicações Internacionais.
  • A Transporte Ativo novamente é citada em publicações internacionais como referência de boas práticas. Fomos capa da Revista Fietserbond Vogel Vrije Fietser com a matéria:Pioneiros do Exterior

  • Palestra Cidades e o Uso do Espaço Público.
  • A convite da Prefeitura e do ITDP, realizamos uma palestra de conscientização e sensibilização sobre o tema na coletiva de imprensa para lançamento das atividades do Dia Mundial sem, Carros no Cidade do Rio de Janeiro no Palácio da Cidade.

  • Contagens de Tráfego de Bicicletas.
  • Curso Introdução ao Mundo Cicloviário na Holanda.
  • Convidados pela organização Holandesa Interface for Cycling Expertise, ICE para mininstrar treinamentos para que o curso pudesse ser replicado por outras organizações em outras cidades do Brasil e do Mundo, o treinamento foi realizado em Soesterberg, Holanda.

    Lições de Copenhague

    De Olho no Futuro

    O grande acordo da COP15 em Copenhague fracassou. Os líderes das nações ricas e pobres não chegaram a um consenso e nenhum tratado foi assinado. No entanto, medidas benéficas saíram da Cúpula do Clima dos Prefeitos (Mayor Climate Summit). Diversas autoridades municipais presentes reforçaram que o uso da bicicleta pode e deve fazer parte de políticas de diminuição das emissões de CO2 nas cidades. Afinal os transportes motorizados são o principal poluidor urbano. Tanto em escala local, quanto global.

    O vice-prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz, contou durante a cúpula que a cidade irá aumentar a infraestrutura para a bicicleta dos atuais 150km para 300km, além de reduzir limites de velocidade dos motorizados e expandir o sistema de bicicletas públicas. Muniz reforçou a importância de promover a acessibilidade a lugares pobres e promover o uso da bicicleta por todos os cariocas. Além disso, haverão parcerias público-privadas para que investimentos em áreas comerciais sejam pensados para as bicicletas.

    A conferência em Copenhague acabou, mas a cidade continua sendo exemplo para o mundo e muitas outras podem seguir esses passos e ajudar seus países a diminuirem os impactos negativos sobre o clima no planeta. Afinal, pensar em cidades para as pessoas implica repensar um conceito fundamental: a quem servirá o progresso no futuro? Máquinas, concreto e aço tiveram seu tempo. Espera-se que o século XXI seja o tempo da vida em geral, a começar pela qualidade de vida dos humanos.

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    Mais sobre os compromissos assumidos em Copenhague.
    Com informações da página oficial do I-CE.

    Novecentos rumo ao Mar

    Estrada da Manutenção
    Foto: Luddista

    Aos poucos, em ritmo constante, que se estendeu por toda a manhã até o início da tarde, 900 ciclistas foram do planalto até a baixada em meio ao verde do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Itutinga Pilões. Não foi uma massa unida, mas um fluxo disperso de novos e velhos amigos. O esforço foi considerável e cada um terá sua própria história para contar sobre um mesmo dia em que todos se uniram pelo desejo de pedalar serra abaixo.

    Mesmo com a altimetria favorável, houveram muitas subidas, altos e baixos entre a estação Grajaú da CPTM, início da futura rota Cicloturística Márcia Prado, e a cidade de Santos. O caminho traduz um grande desejo dos ciclistas, acessar ao litoral paulistano de maneira segura e sem a ajuda de motores, algo que oficialmente ainda não é permitido e que através da presença massiva dos 900 ciclistas nesse evento teste confirmou que a demanda existe e que muitos podem ser os benefícios.

    Saiba mais sobre a rota cicloturística Márcia Prado no Ciclobr.

    A Bicicleta Elétrica

    A bicicleta é basicamente a mesma desde o século XIX, as dificuldades são notáveis para trazer algo de verdadeiramente novo a máquina mais perfeita de transformação de energia em movimento. Atrás da moda das bicicletas que tem varrido o mundo, uma pequena marola tem vindo atrás com as “bicicletas elétricas”. Veículos de propulsão mista, essas mobiletes sem barulho tem ganho espaço face a necessidade de diminuição dos impactos dos transportes na poluição local e global.

    No entanto, uma bicicleta com acelerador na manopla deixa automaticamente de ser uma bicicleta e passa a ser outra coisa. Uma moto extremamente leve e com motor elétrico? Uma scooter que aceita ser pedalada? Uma moto com alforges de íon-lítio que plugam na tomada? As opções são muitas, mas nenhuma delas define uma bicicleta.

    Em uma tentativa de promover a mobilidade sustentável cientistas desenvolveram a bicicleta eletro-assistida com sistema de recuperação de energia. O nome é longo, mas define uma bici com uma roda traseira bem pesada e imãs dentro do cubo. Quando o ciclista freia e durante as pedaladas, o sistema armazena energia e devolve quando o ciclista precisar. Tudo sem baterias ou cabos.

    Certamente temos aí um uso inteligente para a alta tecnologia e bicicletas. Tudo é controlado pelo iPhone que também traz informações sobre performance, quilometragem, condições de trânsito, poluição, usos do espaço, etc. A idéia é que os usuários da bicicleta eletro-assistida possam também informar aos planejadores urbanos suas rotas preferidas e pontos de interesse. Tudo não passa de um protótipo, mas vale pela tentativa de dar um empurrãozinho para as magrelas mundo afora.

    Saiba mais sobre a “Roda de Copenhague” no site e confira o teaser do projeto em inglês:

    Rio Perde Provisoriamente o seu Rebolado

    Semba

    O sistema Samba de bicicletas de aluguel no Rio de Janeiro, teve seu primeiro revés desde a sua implementação. Em apenas 72 horas foram furtadas diversas bicicletas e danificadas estações. Por conta disso o sistema foi totalmente suspenso, para que seja feita uma restruturação que garanta a integridade das estações e bicicletas.

    Em nota oficial, a empresa responsável deixou claro que o tempo fora do ar será acrescido aos planos em vigor, para que os usuários não sejam prejudicados.

    Como tecnologia social, bicicletas de aluguel requerem a rápida interação entre o poder público, a iniciativa privada e a população. As estações estão lá para serem usadas e o processo de inserção do sistema na dinâmica urbana teve seu primeiro trauma. Alguns cidadãos se sentem excluídos por não participarem da cidade como um todo, não terem acesso aos serviços disponíveis aos “incluídos”. Uma das consequências dessa batalha silenciosa é a degradação de espaços e equipamentos urbanos. Por conta disso, as bicicletas permanentemente expostas, acabaram sendo vítimas da “cidade partida”.

    O problema de segurança pública no Rio de Janeiro não será resolvido pelas bicicletas, nem tão pouco é causado por elas. No entanto, através da inclusão social que meios de transporte ativos promovem nas cidades podem ser construídos atalhos para uma cidade mais socialmente justa e inclusiva. Especificamente em relação ao sistem SAMBA, a empresa responsável e a administração municipal precisam estar cientes da importância de mobilizar os frequentadores dos espaços ao redor das estações, moradores ou não, de que aquele equipamento lhes pode ser útil e está acessível. Para isso, a integração com o Riocard (cartão pré-pago do sistema de ônibus) tem de ser feita o quanto antes. Além disso, a prefeitura precisa escolher locais mais felizes para as estações, por vezes isoladas em canteiros centrais e áreas de baixa circulação de pessoas, o que facilita a ação de criminosos e vândalos.