Rio 2016 – Impulso para os Transportes

As Olímpiadas deixaram de ser um sonho são agora um marco para o futuro do Rio de Janeiro e também do Brasil. As ambições vão além de um evento esportivo, trata-se de um projeto nacional e de cidade. Consolidar a importância carioca e brasileira no cenário internacional. Além é claro de promover os esportes olímpicos para a América do Sul como um todo.

Um grande evento ensina de uma maneira única. Os atletas, organizadores e a imprensa que precisam se deslocar durante o período de provas, novos prédios, estádios e é claro as milhares de pessoas que irão assistir as competições. As lições e os erros do Pan-2007 estão frescos e precisam ser corrigidos a tempo, afinal são menos de 7 anos até a cerimônia de abertura. As pretensões do país e da cidade no âmbito global serão postas a prova entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016. No entanto no dia 18 de setembro, com o encerramento das para-olimpiadas, a cidade apagará alguns holofotes e seguirá sua história pós-olímpica.

Irá nascer uma nova cidade, construída majoritariamente na Barra da Tijuca e o Rio de Janeiro que sonhou ser olímpico terá de construir um sistema de transportes para além dos Jogos. Corredores de ônibus em faixas exclusivas, os famosos BRT, já estão a caminho e com a promessa de que tudo seja integrado a infraestrutura para as bicicletas.

Mais da metade dos atletas terá de se deslocar por uma distância menor do que 5 quilômetros, em um raio com centro na Vila Olímpica, assim também é em nossas cidades. A maioria das viagens são curtas e facilmente pedaláveis.

No horizonte do Rio 2016, pairam excelentes legados. A cidade terá muito a ganhar com a inserção de transporte público rápido e de qualidade para as grandes distâncias e das bicicletas nas viagens mais curtas. Uma política que tem sido feita cada vez mais no Rio de Janeiro e que certamente será expandida durante os preparativos olímpicos.

Mudança Volumosa

Ônibus e bicicletas rotineiramente compartilham espaço pelas ruas de qualquer cidade. O código de trânsito brasileiro estabelece que o ciclista deve seguir pelos bordos da pista, exatamente por onde circulam os coletivos no para e anda do embarque e desembarque de passageiros.

A diferença de massa e volume dos veículos coloca essa disputa por espaço em condições desfavoráveis para quem vai de bicicleta. Cria-se assim a necessidade de um maior respeito do motorista pelo ciclista. Foi justamente com essa intenção que o André Pasqualini do Ciclobr ministrou palestras para multiplicadores. A mensagem era simples e visava sensibilizar os motoristas dos ônibus urbanos para compartilhar a rua com os ciclistas.

A idéia é mostrar ao motorista as diferentes posturas do ciclista no trânsito, seu comportamento e as situações que os levam a tomar certas atitudes. Não é uma defesa parcial do ciclista, não é uma classificação de melhor ou pior, mas um estudo para que o motorista, ao cruzar com um ciclista, possa prever suas ações e com isso, tomar ações defensivas mais adequadas.

Entre os ciclistas, as histórias de respeito dos motoristas sempre impressionam e tem sido cada vez mais comuns. Reflexo do treinamento ministrado inicialmente pelo Pasqualini e multiplicado pelas garagens? Fruto da presença constante e crescente de ciclistas nas ruas? Seja como for, os ciclistas agradecem. Seguindo invariavelmente em uma velocidade média maior do que a dos ônibus.

Na parábola da lebre e da tartaruga, a primeira era leve e ágil e a segunda pesada e lenta. Nas ruas a bicicleta é uma lebre que segue devagar e sempre e o ônibus com seu grande casco atinge velocidades mais altas. No entanto nas ruas de qualquer grande cidade não há bandeira quadriculada no final da disputa, apenas semáforos, pontos de ônibus e cruzamentos que dividem os rumos.

– Mais:
– Notícia sobre a “Palestra aos Motoristas de Ônibus de São Paulo” – ciclobr.com.br
As palestras estão disponíveis para consulta e replicação.

O Papel dos Ônibus

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Apesar da eficiência em transportar grandes volumes de passageiros, os trens costumam ser responsáveis por menos viagens do que os ônibus. Seja em Londres ou em São Paulo. A dinâmica da cidade e o planejamento urbano das últimas décadas acabaram por favorecer o transporte sobre pneus.

No entanto o mesmo asfalto por onde passam os ônibus, fica congestionado com um volume crescente de veículos motorizados particulares. A perda para a cidade é evidente, já que um transporte público lento e superlotado acaba levando mais pessoas a optar pelo transporte individual motorizado. Um círculo vicioso que pode e deve ser quebrado.

Uma solução encampada por Curitiba nos anos 1970 e que ganhou o mundo já está no papel na cidade de São Paulo. Tendo sido posto em prática em algumas partes da capital. São os chamados corredores exclusivos de ônibus, ou Bus Rapid Transit (BRT) como ficaram famosos ao redor do mundo os ônibus em canaletas exclusivas de Curitiba.

Priorizar o transporte público para grandes distâncias e integra-lo as bicicletas é sem sombra de dúvidas o melhor caminho para a construção da sustentabilidade urbana. Planejamento Cicloviário é a solução para inserir a bicicleta nas cidades e os corredores de ônibus são a melhor maneira de racionalizar o transporte motorizado sobre pneus. Tudo sempre na lógica de custos menores e resultados maiores, onde a meta maior é a qualidade de vida da população.

Saiba Mais:
O corredor de Ônibus na Berrini (ecologiaurbana)
Ônibus mais rápido que automóvel (Jornal Destak)

Estação Paraíso, Rio de Janeiro

Há pouco mais de dois anos foi inaugurada a Estação Cantagalo do Metrô. Trata-se do último acesso a rede de trilhos antes do bairro de Ipanema. Desde antes da inauguração já se sabia que o local deveria ser integrado ao uso da bicicleta.

Atualmente, com a recém inaugurada estação de bicicletas públicas, a Praça Eugênio Jardim, onde fica a Estação Cantagalo é uma espécie de paraíso para as bicicletas. Elas estão aos poucos tomando os espaços e refletem o uso crescente das magrelas. Excelente veículo para viagens curtas e perfeito para cruzar a cidade quando integradas ao transporte sobre trilhos.

Iniciativa pública e empresas estão juntas fazendo a sua parte e trazendo melhorias a mobilidade urbana no Rio de Janeiro.

Sinalização nos trens indicam que há um bicicletário,
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Bicicletário gratuito dentro da estação,
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Postes ao redor repletos de bicicletas,
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Bicicletário externo SulAmérica em ambas as saídas,
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e Bicicletas Públicas.

Folia e Demanda nos Transportes

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O Rio de Janeiro no Carnaval torna-se o Império da Folia, blocos de foliões tomam as ruas da cidade. O Metrô funciona sem parar em função dos desfiles das Escolas de Samba que varam as madrugadas. O caminhar e o transporte público são as únicas maneiras de se deslocar na cidade sem riscos de ficar totalmente parado.

Durante os dias de reinado de Momo centenas de milhares de cariocas e turistas se dispõe a caminhar mais e a depender apenas do metrô e dos ônibus. É um período extraordinário em que não há rotina e no qual todos experimentam novas e boas possibilidades de conhecer e interagir com o espaço público da cidade.

Várias ruas e grandes avenidas tornam-se espaço exclusivo para pedestres, o uso do automóvel particular evidencia-se como uma péssima opção. Uma nova cidade se desenha por alguns dias. Uma metrópole que se desloca em enormes bandos em todas as direções, uma população fantasiada e alegre.

O Carnaval aumenta exponencialmente a demanda por transporte, o metrô fica lotado e os ônibus presos nos engarrafamentos. Pedestres caminham longas distâncias. Os cidadãos mostram que mesmo longe do ideal o transporte público é a melhor maneira de cruzar a cidade quando muitas pessoas querem fazer o mesmo. Mas uma oportunidade fica perdida com a chegada da Quarta-Feira de Cinzas.

Cidadãos e a administração municipal carioca podem aprender algumas lições com os dias de folia. Os ônibus precisam ter espaço exclusivo para circular na superfície, o metrô precisa aumentar a sua capacidade e mais bicicletas podem circular se houverem incentivos e facilidades de estacionamento para os ciclistas. O Rio de Janeiro já está preparado para transportar milhões de foliões, mas precisa melhorar as condições de circulação dos cidadãos o ano todo para que durante o carnaval mais pessoas possam circular mais facilmente.