Bicicletários nas ruas

Uma boa novidade já está presente nas ruas de Nova Iorque, são bicicletários públicos instalados nas esquinas. Uma idéia simples com benefícios secundários que favorecem a segurança viária em geral.

As doze ou quinze bicicletas paradas além de facilitarem a vida dos ciclistas, aumentam e muito a visibilidade nos cruzamentos, contribuindo para que todos os condutores possam interagir melhor. Além disso, por ser na rua, o bicicletário garante a total segurança e conforto dos pedestres que ficam livres das bicicletas estacionadas de maneira improvisada em postes e no mobiliário urbano.

Repensar a mobilidade e o uso do espaço público passa por pequenos e grandes detalhes. Um bicicletário em uma esquina é um excelente projeto piloto para repensar as cidades, quando estacionar bicicletas nas ruas torna-se política pública é o sinal definitivo de que a cidade está mudando em favor dos cidadãos.

O Rio de Janeiro já conta com bicicletas públicas estacionadas nas ruas, uma solução que a Transporte Ativo apóia desde sempre, continuaremos a colaborar para que essa idéia cada vez mais seja entendida e apoiada pelos gestores de trânsito.

Arte carioca e as bicicletas

As cidades respiram arte, e pela soma de diversidades humanas, produzem cultura. Uma reportagem da Folha de São Paulo, focada na rivalidade artística entre cariocas e paulistanos, indiretamente fala sobre os impactos da atmosfera urbana na produção artística.

O Rio de Janeiro é a cidade do informal, da produção que visa mais que o lucro financeiro. São Paulo é onde está o dinheiro de grandes galerias, colecionadores e o mercado. Até que ponto esse clichês são verdadeiros é algo a ser debatido.

No entanto, um detalhe na foto que ilustra a matéria chama atenção de qualquer ciclista, a presença da bicicleta como acessório do artista. E a partir daí é possível mergulhar naquela que é uma grande riqueza carioca, seus espaços públicos.

Além de riqueza e belezas naturais, desde os tempos de João do Rio, os cariocas produzem reflexões sobre a tal Alma Encantadora das Ruas. Não é só a exuberância das praias e dos maciços rochosos que vem a inspiração carioca, mas da fluidez de encontros, conflitos e convívios somente possível nas ruas. Nas esquinas com seus botecos, nas ladeiras de Santa Teresa, sob os Arcos da Lapa ou em uma lanchonete em Copacabana.

O carioca é das ruas e por isso a bicicleta é o veiculo perfeito para quem produz sua arte na Cidade Maravilhosa. Quem pedala pode flanar sem rumo, ou voar rumo ao um destino certo, basta escolher.

A matéria da Folha pode ser lida na integra, somente por assinantes, aqui: Bonitos Bacanas Sacanas Modernos

Bicicleta de Bambu feita na África

Uma bicicleta é capaz de gerar muito movimento com um gasto mínimo de energia. Na física isso quer dizer o mínimo de watts por quilômetro, na biologia significa que o ciclista é mais eficiente que um Condor. No dicionário de economia a bicicleta é capaz de dar a melhor taxa de retorno por investimento, socialmente falando.

A empresa californiana Zambikes é um “empreendimento social”, uma empresa que visa não a maximização do lucro, mas sim o aumento dos benefícios sociais da comunidade em que a empresa está inserida. E justamente pela pobreza econômica africana, com pouco investimento é preciso gerar grandes impactos sociais.

As estilosas bicicletas em Bambu, feitas à mão, são comercializadas ao redor do mundo e os lucros possibilitam que a empresa invista em bicicletas robustas a serem utilizadas pela população da Zâmbia.

Conheça mais sobre o projeto de bicicletas para a Zâmbia no zambikes.org ou compre a sua Zambike de bambu no zambikesint.com.

Skate, segregação e espaço público

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Museu do Ipiranga – São Paulo – Foto: João Lacerda

Uma das belezas da arquitetura é justamente a incerteza do seu uso. Espaços públicos de qualidade contém sempre o imprevisto, o erro, a arte que não antecipada e que só se faz pelo uso.

Há, no entanto, uma certa tendência a desumanizar os espaços para restringir usos e “ordenar” fluxos e comportamentos, nada mais empobrecedor. Em São Paulo andar de skate já chegou até a ser proibido, afinal ia contra a ordem estabelecida. Mas a proibição deu brecha para o debate e acabou por fim contribuindo para a profissionalização do skate como esporte.

Mas permanece a pergunta sobre o que é mais valioso para uma cidade, espaços públicos herméticos e que aos poucos acabam tomados pelos “indesejados”, ou espaços públicos de qualidade com vidas que circulam, brincam e usufruem da cidade.

A resposta parece bastante clara, mas o vídeo que inspirou esse post traz mais elementos para se refletir sobre a idéia de “arquitetura vs. skate”. Em Auckland, cidade mais importante da Nova Zelândia, o embate está definido entre a vontade e necessidade do poder público de conter o ímpeto dos skatistas e tendência dos skatistas de subverter os usos do mobiliário urbano.

Ao mesmo tempo em que faz adaptações anti-skate nos locais perfeitos para um grind, a administração municipal de Auckland investe na construção de “skate parks”, infraestrutura segregada planejada para a prática do skate. O que a princípio soa interessante, é na verdade uma miopia em relação aos desejos reais da comunidade das rodinhas.

O skatista está sempre em busca de novos locais para realizar manobras em busca de desafios. Ter um parque é bom para novos adeptos, mas é na dificuldade de pular uma nova escadaria ou em voar por um corrimão inexplorado que reside o desafio.

Manobras radicais em grandes obras arquitetônicas podem parecer uma grande heresia, contribuindo para o desgaste prematuro da infraestrutura. Mas a realidade é que uma cidade precisa ser adequada para o uso democrático do espaço. Pensar em maneiras de integrar diversos usos é sempre mais eficiente do que segregar cada grupo social, ou tribo, em sua caixinha.

Vídeo visto primeiro aqui: PatternCities.com

Saiba mais sobre a proibição do skate em São Paulo no artigo: A Proibição do Skate nas ruas de São Paulo: De Jânio Quadros a Adolfo Quintas.

Resgate da cidadania

O Rio de Janeiro passa por um processo de resgate cidadão e da retomada da cidade por seus moradores. Nos jornais vemos a fuga dos traficantes e seu armamento pesado e a entrada da polícia e dos militares, também com armamento pesado. Mas não é só de segurança pública que o carioca precisa.

Aliás, não é só de segurança pública que nenhum cidadão precisa. Para que as cidades possam voltar a ser espaços de convivência e trocas humanas é preciso agir também na escala micro. Recolher guimba de cigarro, fazer mutirão de limpeza em espaços que ninguém cuida. Em resumo, levar ao pé da letra essa tal cidadania.

A bicicleta é o veículo cidadão por excelência, mas pedalar por si só não torna ninguém melhor. Para ser das pessoas, uma cidade precisa acima de tudo valorizar o espaço público e unir seus cidadãos. As melhorias no transporte público, na segurança dos pedestres e um trânsito mais humano virão à reboque.

Fica feito o convite aos cariocas, visitem o RioEuAmoEuCuido.com.br e participe. Aos paulistanos, vale procurar o Mapa da Participação Cidadã, e se engajar em umas das diversas iniciativas para melhorar a qualidade de vida na cidade.

E claro, caso onde você mora tenha alguma iniciativa similar, avise nos comentários para que mais pessoas conheçam.