Amor ao Metal que Ama de Volta

A bicicleta é um conceito que se busca promover, algo que está ali para ser consumido. Promover a bicicleta é algo que cabe dentro da lógica do marketing, a “mercadologia”. Mas aí reside a contradição, muitas vezes nem tudo é está dentro da lógica de compra e venda, do interesse em obter algum lucro através da comercialização de um conceito/idéia, serviço ou produto.

Pedalar pertence mais a esfera do “ser” do que do “ter” é estado de espírito e uma atividade cotidiana, é tão essencial quanto respirar e tão simples quanto colocar um pé a frente do outro. No entanto a vida em simplicidade e a valorização de valores menos mercadológicos para as pessoas e as relações sociais é um conceito que tem sido amplamente promovido. A bicicleta, naturalmente cabe nesse conceito.

Dentro do intuito de promover a bicicleta e seus inúmeros benefícios para o indivíduo e a sociedade, o “Mobilidade Bruxelas” distribuiu sinetas de bicicleta em forma de coração para divulgar o site de incentivo ao uso das magrelas na cidade. Vale a visita para quem é fluente em flamengo e francês.

As razões para que o órgão de trânsito – ou “deslocamentos” como eles chamam – promova a bicicleta são as mais óbvias, diminuiu a pressão sobre todo o sistema de deslocamentos na cidade. Tanto o transporte público quanto o sistema de suporte para o transporte privado se beneficiam pelo maior uso da bicicleta. Nada mais natural portanto que os responsáveis por gerenciar o tráfego em Bruxelas tenha um amor declarado pela bicicleta e acreditem na reciprocidade desse amor.

Caso tivessem a possibilidade, as bicicletas amariam verdadeiramente nossas cidades. Como não pode haver amor entre o metal, a borracha e o asfalto e o concreto, resta ao ciclista ser o maestro e intermediador do cicloamor. Um amor que não se vende e não se compra, apenas ciclicamente, flui.

Primeiros Vestígios

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Rua Rodolfo Dantas, Copacabana. A mágica da tinta asfáltica começa a ganhar as ruas o plano cicloviário já está sendo posto no asfalto e em breve as bicicletas irão circular em massa por ali.

Seja na Suécia ou no Brasil, a população, os técnicos e a administração pública estão redescobrindo a bicicleta.

Upptäck cykeln igen – Göteborgs stad from ljudbilden on Vimeo.

Melhor a cada Por do Sol

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O plano cicloviário de Copacabana que será implantado em caráter piloto no próximo mês não foi um fato do acaso, nem tão pouco uma decisão tomada sem planejamentos, sugestões e pressões.

Na cronologia do que foi feito pela Transporte Ativo alguns fatos merecem destaque. O primeiro deles foi o Dia Mundial Sem Carro de 2007. Um sábado em que os moradores e visitantes de Copacabana puderam desfrutar da orla de uma maneira que só ocorre aos domingos e feriados. No entanto um detalhe pode ter passado desapercebido aos olhos menos atentos, a interdição parcial da rua Xavier da Silveira, o caminho mais tranquilo para ir do metrô Cantagalo até a orla. Nesse dia operadores da CET-Rio orientaram o trânsito motorizado e a prioridade foi total para pedestres e ciclistas. Carros e motos, somente dos moradores para trânsito local.

A Xavier da Silveira não foi interditada por acaso, mais tarde tudo ficou mais claro com o lançamento das Zonas 30 de Copacabana. Um projeto revolucionário que estava no papel passou a ser de conhecimento público. O planejamento urbano do bairro ficou definitivamente amigo das bicicletas.

Incluir as bicicletas na Princesinha do Mar passou a contar também com o projeto SAMBA, as famosas e tecnológicas bicicletas públicas já implantadas nas 3 estações de metrô e outros 5 pontos na orla de Copa. As Zona 30 casavam perfeitamente com a iniciativa. Aluguel gratuito e segurança viária garantida, fórmula de sucesso para atrair novos usuários e motivar quem já pedala pela região.

Como forma de balizar os projetos e confirmar a necessidade do que estava sendo feito, a TA realizou a primeira contagem de ciclistas. Uma quarta feira normal no Corte do Cantagalo, em doze horas praticamente um ciclista por minuto. Mesmo em condições adversas eles já estão por lá, pensar e planejar em função deles é garantir qualidade de vida para o bairro. A contagem do corte foi complementada pela contagem no túnel velho, outro acesso a Copacabana que precisa de intervenções para garantir a segurança de que já pedala por lá e em grandes números.

Foram quase 2 anos até aqui, quando um pouco do que está no papel chegou as ruas. Apenas um primeiro passo, a pedalada inicial que certamente irá ajudar a fazer do bairro mais famoso do Brasil um lugar mais agradável para todos. Seguindo as palavras de Jan Gehl, é como acordar a cada dia e ver que a cidade está um pouco melhor do que o dia interior. Que assim seja por todos os anos daqui pra frente.

Princesinha do Mar, Rainha das Bicicletas

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Será lançado em Copacabana no próximo dia 5 um projeto piloto com as primeiras vias com velocidade limitada a 30 km/h e sinalização voltada a proteção dos ciclistas. Tudo isso depois de 14 meses da apresentação do Plano Cicloviário de Copacabana e as “Zonas 30”.

Trata-se de um piloto em 3 ruas, com sinalização vertical e horizontal, bicicletas “oficiais” pintadas no asfalto e simbolos de 30km/h também.

Ainda não é uma Zona 30 propriamente dita, pois estas tem tratamento diferenciado, mas já é algo que se aproxima deste conceito. As vias darão suporte ao sistemas de bicicletas públicas cariocas SAMBA, ligando as estações as ciclovias da orla.
Algo como o já apresentado para o bairro da Tijuca.

Até Bike Boxes foram pensados para alguns cruzamentos, mas ainda não é certo que eles chegarão às ruas neste primeiro momento.

Amanhã (dia 27), a Transporte Ativo fará a capacitação dos agentes da Prefeitura que estarão nas ruas na semana anterior a inauguração educando e conscientizando a população, os lojistas, os motoristas entre outros.

O Prefeito, o Governador e os Secretarios de Transporte do Municipio e do Estado confirmaram presença, pedalando, no dia da inauguração, 5 de junho, em plena semana do Meio Ambiente.

Seminário de Planejamento Cicloviário

Sorocaba será palco no próximo mês de um evento de grande importância para o incentivo ao uso da bicicleta nas cidades brasileiras: O Seminário Nacional Cicloviário, uma iniciativa da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos.

Os principais temas abordados são:

– A Bicicleta e a Cidade
– Como implementar uma Política Cicloviária
– Mudanças de Comportamento: Educação e Legislação
– Construindo a Infra-Estrutura Cicloviária(Ciclovia,Tráfego Compartilhado,Intersecções)
– Oferta de Estacionamento e Bicicletas Públicas(VELIB)
– Perspectivas da Indústria de Bicicletas no Brasil
– Impacto do Transporte Cicloviário no Desenvolvimento Urbano

Confira na página da ANTP como participar e um vídeo produzido pela prefeitura de Sorocaba sobre a política cicloviária em implementação na cidade.

Ciclovia Sorocaba – 2.009 from ANTP on Vimeo.