Litoral que Pedala

Em outubro de 2012 a micro empresária Gabriela Binatti e seu companheiro Roberto Dias fizeram uma mudança na vida, partiram da cidade maravilhosa para viver na tranquila e histórica cidade de São Francisco do Sul, situada ao norte de Santa Catarina.

O trajeto foi realizado de bicicleta. foram cerca 1000 km percorridos em 20 dias, num ritmo de viagem tranquilo que permitiu ao casal observar, além da linda paisagem do litoral brasileiro, o quanto a cultura de bicicleta esta disseminada em nosso país, basta abrirmos os olhos para enxergar.

A saída do Rio foi através da integração trem+bicicleta, disponível aos finais de semana. Em direção ao sul, pela BR-101, diversas ciclovias na orla das cidades e na própria rodovia.

As cidades com ciclovias na orla foram: Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba, Guaratuba, São Sebastião, Santos, Guarujá, Peruíbe e Pontal do Sul. Já as cidades onde foi possível pedalar em ciclovias na rodovia foram: Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião.

Ciclovia na rodovia em Caraguatatuba

Além das ciclovias e ciclofaixas presentes no caminho, o dois puderam contar com sinalização sobre a presença de ciclistas nas vias em praticamente todo o percurso.

Via do litoral sul paranaense, entre Pontal do Sul e Guaratuba

Que Copenhagen o que, Santos é aqui!
O litoral de Santos foi o que mais chamou a atenção do casal, com uma extensa ciclovia ao longo da orla e nas principais vias que cortam a cidade e excelente sinalização para ciclistas, pedestres e motoristas, além da balsa gratuita e exclusiva para os ciclistas e suas bicicletas movidas a pedaladas.

O alto fluxo de ciclistas nas vias exclusivas nos horários de pico é um problema para os usuários, pois estas já se encontram saturadas, tamanho o número de ciclistas que por lá circulam diariamente, certamente falta ampliar a malha cicloviária da baixada santista. Para atender à demanda e expandir o uso da bicicleta.

Nas balsas em todo litoral de São Paulo, exceto na travessia de Cananéia para a Ilha do Cardoso, os pedestres e ciclistas tem embarque gratuito garantido e são muito bem tratados pelos que fornecem tal serviço.

Balsa exclusiva para ciclistas na Travessia Guaruja-Santos

O padrão europeu das cidades movidas a bicicleta ainda esta longe da nossa realidade, mas basta um olhar um pouco mais observador para percebermos o quanto a cultura de bicicleta esta presente no nosso cotidiano, o que falta é reconhecer e valorizar.

Nem só de ciclovias se faz um ciclista

Além da infraestrutura da qual puderam usufruir por muitos momentos do trajeto, o respeito dos motoristas e a acolhida dos moradores sentida pelos ciclistas são imensuráveis. Por incrível que pareça e por mais que a mídia em geral tenha o costume de disseminar apenas “acidentes”, fatalidades e atrocidades ocorridas no trânsito entre ciclistas e veículos motorizados, os dois são enfáticos, há sim muito respeito entre ciclistas e motoristas no trânsito brasileiro.

Mais informações sobre a jornada do casal podem ser vistas na Hospedaria da Bicicleta.

Como diz o mestre: Pedalemos!

Dois retratos da orla carioca

praia do Arpoador, 1973

praia do Arpoador, 1973

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praia do Arpoador, 2013

Uma cidade se constrói ao longo de anos, décadas. O Rio de Janeiro tem ao longo dos anos, seguido no rumo de humanizar espaços públicos. O mais simples é começar pela praia, de frente ao mar as areias são a essência do que é o espaço público.

Foi no encontro entre as calçadas junto às areias do mar e o asfalto das autopistas da orla que nasceu a malha cicloviária carioca. Lá nos idos dos anos 1990. Época de passeios noturnos nas avenidas junto ao mar que juntavam mais de 5 mil ciclistas.

Hoje a infraestrutura permanente adentrou o continente, expandiu-se pela cidade e pedala para tornar o uso da bicicleta parte do cotidiano de muito mais do que alguns milhares de ciclistas. Os números já apontam serem 1,5 milhão de viagens em bicicleta na região metropolitana do Rio. Número representativo que é maior do que o de viagens por trilhos.

Assim como pedalar, o mais difícil é vencer a inércia. Depois, a bicicleta e a cidade tendem a entrar no ritmo do ciclo virtuoso que melhora a qualidade de vida de quem pedala e a das cidades que tem mais ciclistas.

Conforto, segurança e praticidade serão cada vez mais os aspectos necessários para garantir que a bicicleta possa exercer o seu papel de agente transformador das cidades em ambientes mais adequados à circulação de pessoas no espaço público. E como nem tudo é circulação, os espaços públicos de contemplação também precisam ter a devida atenção.

Palmas para o horizonte visto da pedra do Arpoador, com o morro Dois Irmãos ao fundo.

Mapa cicloviário de Belo Horizonte

Mapear é mais do que traçar linhas imaginárias e pontos em papel, ou qualquer outro suporte. A arte de fazer um mapa é orientar desejos coletivos de caminhos e destinos. Em tempos de conhecimento colaborativo, as ferramentas ficam mais fáceis.

Como bem definido pelos amigos do Mountain Bike BH:

Identificar as estruturas que viabilizam o uso da bicicleta em uma cidade é uma forma de estimular o seu uso por mais pessoas, nas várias vertentes: transporte, lazer, esporte.

E foi justamente no modelo de ação da Transporte Ativo que nasceu o Mapa Cicloviário Colaborativo de Belo Horizonte. Uma iniciativa cidadã que visa localizar:

– Bicicletários (públicos, privados);
– Locais amigáveis para bicicletas (bares, shoppings, etc..);
– Empresas que possuem estrutura para seus funcionários utilizarem a bicicleta;
– Ciclovias, ciclofaixas e seu estado de conservação
– Lojas e oficinas de bicicleta (endereço, website);
– Bombas de ar (em postos de gasolina);

Além é claro de traçar as rotas cicloviárias da cidade. A iniciativa é acima de tudo uma padronização de dados, em constante evolução, para facilitar a vida de quem pedala e incentivar as pessoas a redescobrirem Belo Horizonte em duas rodas.

Só nos resta agradecer aos amigos do MTB-BH pela inicativa e encorajar a quem mais quiser fazer o seu mapa colaborativo, que pegue a receita e prepare uma cidade deliciosa para os ciclistas. Está tudo no tutorial de como construir o seu mapa cicloviário colaborativo.

Comunicação em prol da mobilidade

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A mobilidade sustentável e a readequação das cidades brasileiras acaba de ganhar um incentivo a mais.

ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) lança o 1o Prêmio de Jornalismo de Mobilidade Urbana Sustentável. A iniciativa irá premiar jornalistas brasileiros que publicaram matérias que buscaram “conscientizar as pessoas sobre a necessidade de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades, por meio de políticas adequadas de transporte sustentável.”

Jornalistas deverão inscrever suas reportagens entre os dias 15 de maio e 15 de julho de 2013 através do email premio@itdp.org. O material inscrito deve ter sido publicado em meios de grande circulação nacional ou regional, entre 1 de janeiro de 2012 e 14 de julho de 2013, no Brasil.

Os inscritos serão selecionados por um comitê de especialistas que irá escolher 3 finalistas. Dentre os três haverá um vencedor e duas menções honrosas. O jornalista escolhido ganhará uma viagem para Nova Iorque para participar de uma visita técnica às iniciativas de mobilidade sustentável em outubro de 2013.

Quem é o paraciclo

Nem só de bicicletas vive um bicicletário.

Nem só de bicicletas vive um bicicletário.

O paraciclo é tipo de sujeito magro, esquio. Ele pode ser bem baixinho, mais alto, torto ou arredondado. Tem quem ache que, pelo nome, ele é deficiente físico. Mas o que poucos sabem, em geral só os “cicloativistas”, é que o paraciclo é relacionado a tal da bicicleta. Ele e ela se dão bem, só o pessoal que não conhece muito o tal sujeito.

Já essa bicicleta todo mundo conhece. Tem quem a ame, tem que apenas a utilize e tem até quem não goste muito da tal magrela. Brasil afora, ela vive paradona num sujeito de nome bicicletário, rapaz bem apessoado que vive em espaços abertos, públicos ou privados, mas também em locais fechados. E esse amigo da bicicleta todos intuitivamente sabem que é gamado na magrela.

Mas esse triângulo amoroso da bicicleta com o paraciclo e o bicicletário tem gerado uma certa confusão. É que na verdade, sem que ninguém entenda bem o porque, o paraciclo é, ou pode ser, uma pequena parte do bicicletário. E aí que a coisa fica confusa.

Para estabelecer uma distinção entre o local onde se estacionam bicicletas, o tal do bicicletário e o suporte onde elas são trancadas foi inventado o sujeito paraciclo. Mas como ninguém conhece o pobre rapaz, seu nascimento gerou mais confusão e por hora só é usado em São Paulo. Mas ainda assim, o próprio jornalão local chama o coitado de uma “espécie de estacionamento de bicicletas“, afinal que leitor vai poder saber que o paraciclo tem algo que ver com a magrela, apesar de gostar de viver grudado nela.

O melhor mesmo é aposentar o jovem rapaz, simplificar o português e deixar as coisas mais como a querida bicicleta, simples e direta.