Dreams on Wheels

http://www.ta.org.br/blog/dow2.jpg

A exposição Dreams on Wheels, que roda o mundo, continua em cartaz no Rio. Varios eventos paralelos à exposição estão acontecendo, dentre eles a pedalada com palestra sobre bicicletas ao final e um seminário técnico onde Prefeitura e Sociedade Civil estiveram juntas discutindo soluções para o planejamento cicloviário da cidade. Confira mais detalhes do seminário no site LETSEVO.

Mais espaço para pedestres

Aos poucos Brasília pode deixar de ser apenas uma “cidade feita para carros”. Embora historicamente a mobilidade seja tratada com alargamento de vias e construção de viadutos, há sinais de que alguma coisa está mudando na cidade.

Estão acontecendo obras de melhorias para os pedestres em pleno Setor Comercial Sul, área crítica sempre citada na mídia pela falta de vagas e carros estacionados sobre calçadas. Nestas obras, que inclui ampliação das calçadas, estão sendo tomadas vagas de carros!

revitalização de calçada no SCS - Brasília
A foto mostra um calçada sendo construída próximo ao Hospital de Base. Foram tomadas pelo menos 10 vagas de carros, num local onde a procura por espaço chega a virar discussão raivosa entre motoristas.

revitalização de calçada - SCS
Esta outra foto mostra uma calçada com cerca de 50 metros, onde antes só havia estacionamento. Foram eliminadas no mínimo 20 vagas para dar mais espaço ao pedestre. E não é só: a calçada terá piso tátil, canteiros e árvores.

Em todo Setor Comercial Sul, calçadas e áreas de pedestres estão sendo revitalizadas, com alargamento, nova concretagem e instalação de piso tátil e rebaixamentos. Estas duas últimas características leva-nos a crer que a CPA está envolvida nestas melhorias.

A Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) é um órgão vinculado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) e tem por finalidade acompanhar o desenvolvimento do Programa de Governo “Acessibilidade: Direito de Todos”.

Cada metro destinado ao pedestre torna a cidade melhor. Ainda falta muito. Uma sucessão de equívocos levou a cidade ao caos, a ponto de um administrador admitir que “a cidade hoje está escondida atrás dos carros”.

Mas sempre é o momento de recomeçar, de refazer, de mudar a direção e pensar no futuro que se faz hoje. A semente da mudança pode estar em uma única pessoa, num único órgão; mas se germinar com vigor, vira árvore e floresta.

Árvores, ar e planejamento urbano

A natureza nos presta grandes serviços sem cobrar nada. É a chuva que lava o ar que respiramos, trazendo de volta as toneladas de fumaça que mandamos para os ares.

Mas a água com a qual contamos para lavar a sujeira que emitimos tem um ciclo próprio. No sudeste brasileiro é no inverno que chove menos. Frio e o clima seco se somam para prejudicar a saúde da população.

Muitos morrem e outros tantos acabam com pulmão de fumante compulsivo sem tragar um cigarro sequer. E a culpa certamente não é do inverno, mera estação do ano, processo cíclico de bilhões de anos.

E é justamente durante o inverno que recomeça a repercussão do discurso de que a qualidade do ar e a baixa umidade são motivos para que as pessoas se abstenham de fazer atividades físicas. Mas pouco se fala em medidas que efetivamente possam evitar que a qualidade do ar se torne péssima.

O rodízio de veículos foi implementado também para diminuir os efeitos da poluição. O envelhecimento e aumento da frota neutralizaram os efeitos benéficos para a qualidade do ar. No entanto uma medida fundamental do planejamo urbano pode e deve ser mais utilizada, a arborização. Cinco benefícios fundamentais são:

– Filtragem do ar
– Regulação do micro-clima nas ruas e na cidade
– Redução da poluição sonora
– Drenagem da chuva
– Recreação e preservação de valores culturais

Viver em uma cidade não é fácil, mas os benefícios compensam para a maioria da população, nem que seja para viver com pouca qualidade de vida, mas com a subsistência garantida. A construção de políticas públicas para garantir a qualidade de vida dos urbanóides é condição fundamental para que as cidades possam continuar a existir. E a vida humana necessariamente precisa dos serviços da natureza, seja a chuva que lava os ares os a árvores que regulam o clima.

Mais:
Mapa da qualidade do ar em São Paulo
Ecosystem services in urban areas – Bolund

Relacionados:
Bicicletas e a natureza das cidades
O ambiente natural e as cidades
Geologia, engenharia e harmonia

Devagar também nas estradas

Um estudo preliminar holandês concluiu o que qualquer motorista atento ao consumo de combustível sabe, ir devagar na estrada ajuda a economizar. Ao manter velocidades menores durante uma viagem, é possível também diminuir as emissões de CO2.

A tese que os pesquisadores da CE Delft levantaram é que trata-se de uma boa política pública reduzir os limites de velocidade nas estradas. Para emitir menos CO2 e portanto contribuir menos para o aquecimento global. Os ganhos podem chegar a 30% com a redução do limite de velocidade para 80 km/h nas auto-estradas. Vale lembrar que em muitas estradas brasileiras o limite para veículos pesados já é de 90 km/h.

Vale destacar os custos e benefícios:

CUSTOS SOCIAIS:

– Maior tempo de viagem
– Redução no índice de passageiros transportados/veículo/quilômetro
– Custos de fiscalização

BENEFÍCIOS SOCIAIS:

– Redução da emissão de CO2
– Redução na emissão de poluentes
– Redução da poluição sonora
– Aumento da segurança viária
– Redução dos congestionamentos
– Diminuição nos gastos com infraestrutura
– Economia de combustível

Transplantando esse estudo para a realidade brasileira, os benefícios podem ser ainda maiores. Tanto por salvar vidas nas estradas e também por tornar possível igualar a velocidade máxima dos veículos leves e pesados.

Para ler o resumo:
Why slower is better
(via treehugger)

Relacionados:
Visão Zero
Em favor das reduções de velocidade
Um número mágico