Bicicletas no Plano Diretor

Corre no Senado um projeto de lei de 2005 que estabelece a obrigatoriedade da inclusão da mobilidade “não-motorizada” no plano diretor das cidades. O último passo foi dado no final do mês de maio após a aprovação pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).

De maneira resumida:

O projeto, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), propõe financiamento federal para plano de circulação que contemple os espaços para ciclovias e estacionamentos de bicicletas.

Já o substitutivo aprovado pela comissão estabelece prioridade para as bicicletas nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Para isso, o município deverá elaborar um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

Iniciativas no âmbito do legislativo federal são sempre bem vindas. Mas são acima de tudo a constatação dos senadores de que é necessário atender aos interesses da população que já usa bicicleta hoje e acima de tudo, aumentar o número de usuários para que os benefícios possam se alastrar por toda a sociedade.

Falta apenas o devido cuidado em não confundir a pura e simples construção de ciclovias com planejamento cicloviário. Prioridade para as bicicletas não se trata de segregar os ciclistas em pistas exclusivas, mas promover o melhor uso das ruas por todos os meios de transporte. Tem de ser respeitado o que já estabelece o Código de Trânsito Brasileiro. A prioridade será sempre do veículo mais frágil e todos devem garantir a segurança dos pedestres.

Portanto iniciativas que contemplem uma circulação mais segura em nossas cidades irão naturalmente promover a mobilidade por bicicleta.

  • Mais

> No Blog:
Planejamento Cicloviário
Outros

> No Senado:
Aprovado projeto que determina prioridade para bicicletas em cidades com mais de 500 mil habitantes
Tramitação de Matérias (Proposições)

Conversa com Enrique Peñalosa

Nessa entrevista, o ex-prefeito de Bogotá fala sobre as mudanças implementadas em sua administração. O conselho é simples, precisamos saber que tipo de cidades queremos, uma que seja amigável com as pessoas, ou com os carros.

 

Vale conhecer o serviço de hospedagem de videos legendados. De maneira colaborativa o dotSUB.com convida os usuários a traduzirem os filmes disponbilizados. Por hora, quase nada sobre bicicletas.

Palestra PontoOrg

Dahon Matrix e Baía de Guanabara

Durante a quinta feira do Feriado de Corpus Christi a Transporte Ativo cruzou a Baía para prestigiar o último dia da semana do Meio Ambiente do PontoOrg.

Trata-se de um espaço cultural temático voltado para promoção da educação ambiental no dia-a-dia. Por isso, nada melhor do que a bicicleta para mostrar a importância de perpetuarem-se melhores hábitos cotidianos.

Estacionamento PontoOrg

O uso da magrela se dá também por outros fatores além da consciência ecológica. O prazer de pedalar, a praticidade de estacionar, a rapidez da bicicleta, além do baixo custo. Todos certamente são fatores preponderantes para a utilização cotidiana desse veículo tão eficiente na promoção, individual e coletiva, da qualidade de vida humana.

O vídeo abaixo ilustra um pouco do percurso até Niterói além da palestra. Primeiro, o Aterro do Flamengo, via expressa de 8 pistas que se transforma em espaço de convivência humana durante domingos e feriados. Por fim, o convite. Vá de Bicicleta!

No caminho de volta às barcas uma surpresa. Uma rua no centro de Niterói coberta por um tapete decorativo de Corpus Christi. Outro uso alternativo para o espaço público das ruas.

Corpus Christi em Nitéroi

> Mais informações sobre o espaço PontoOrg.

Sobre Vôos e Bicicletas

Na Inglaterra pesquisadores foram capazes de associar o nível de poluição sonora nas cidades durante o dia ao número de pássaros que cantam à noite. O aumento no barulho e não o excesso de luzes artificiais são apontados como a principal causa da mudança de hábito das aves.

Os danos do barulho também são bastante sentidos pelos humanos. É o impacto ambiental que mais atinge as pessoas e sua causa principal são os transportes motorizados. Investir em meios de transporte saudáveis é portanto reduzir também essa causa de transtornos ambientais.

Por fim Mário Quintana, num poema curto que pode ser lido como a oposição entre as bicicletas e os veículos motorizados nas cidades hoje.

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!

  • Mais

> Mário Quintana – Biografia

> City birds sing for silent nights

> Na Wikipedia:
Poluição Sonora
Noise Pollution

O dilema das ciclovias

As cidades chegaram ao seu limite e agora todos buscamos soluções. Precisamos fazer escolhas decisivas e mudar de rumo com certa urgência e isto causa ansiedade. Causa também confusão. A mais comum é achar que ciclovias vão resolver o problema do trânsito e das cidades, fazendo com que mais pessoas adotem a bicicleta como meio de transporte. Ciclovias são apenas parte da solução.

Por que há pouco uso de bicicletas nas grandes cidades brasileiras? Identificamos três causas:

  1. insegurança no trânsito;
  2. falta de infra-estrutura;
  3. por resistência pessoal.

As ciclovias solucionam a falta de segurança e de infra-estrutura, mas apenas em parte. Para melhorar a segurança, por exemplo, é preciso também educação, fiscalização e punição.

Da mesma forma, pouco adianta construir vias exclusivas para bicicletas se não há bicicletários adequados e seguros para estacioná-las no local de destino.

Ciclovias pensadas fora de um planejamento cicloviário são apenas vias de lazer ou esporte e vão contribuir minimamente para melhorar o trânsito engarrafado das metrópoles. Pior que isto, se mal planejadas, mal construídas ou mal conservadas – vício comum em nosso país – podem até aumentar o número de acidentes envolvendo bicicletas.

Incrementar o uso da bicicleta pode reduzir o uso excessivo de automóveis, com isto minimizar o efeito estufa e diminuir problemas urbanos como sedentarismo, estresse, engarrafamentos e sobretudo uso das verbas públicas para beneficiar apenas uma classe, os donos de carros. Mas para fazer crescer o uso da bicicleta é preciso atuar em frentes distintas.

Além de pressionar os governos para aumentarem a infra-estrutura cicloviária, temos que fortalecer ainda mais as campanhas educativas e de conscientização. Com elas, podemos reduzir a violência, abrandar a discriminação social contra os biciclistas e enfraquecer o preconceito contra a bicicleta até reduzi-lo a zero. Com ações diretas, como a Bicicletada, o Dia 22 de Setembro e as Vagas Vivas podemos atuar diretamente junto às pessoas que são até simpáticas à bicicleta, mas na prática, oprimidas pela automovelcracia, demonstram resistência ao uso da bicicleta como veículo de transporte no dia-a-dia para ir e voltar ao trabalho, escola, compras.

Todas estas idéias estão estruturadas no diagrama “Uso da Bicicleta: árvore do problema“, disponível na página da Transporte Ativo.

O conceito de árvore do problema é uma metodologia simplificada de planejamento estratégico situacional que identifica um problema e relaciona suas causas e efeitos em um fluxograma, de forma a mapear os pontos críticos onde se deve atuar para solucionar o problema com o menor esforço e o melhor resultado possível.

O documento está aberto à discussão, críticas e melhorias. Pode ser usado e copiado, citando-se a fonte.

  • Mais

> The Bikeway Controversy – John Forrester
> What about striped bike lanes?
> Cycle Facility of the Month