Ciclo rotas chegam à Londres

Este mês, o projeto Ciclo Rotas Centro teve a honra de ser apresentado numa conferência na London School of Economics and Political Science. Veja como foi:

No evento Urban data: From fetish object to social object, oito participantes de vários países do mundo mostraram projetos que se utilizaram de dados geoespaciais para realizar mudanças concretas. A Transporte Ativo participou do evento, através de seu representante Arlindo Pereira, com o Ciclo Rotas Centro, projeto realizado em parceria com o ITDP Brasil e o Studio-X, que contou com a participação de mais de 50 ciclistas e criou uma rede de infraestrutura cicloviária para o Centro do Rio, que já teve 3km de ciclofaixas implementados.

A apresentação está em inglês; caso queira ver em português, confira Ze Lobo apresentando o projeto no Studio-X:

Ciclista também quando viaja, aproveita e conhece a cultura da bicicleta em outros países. Natural portanto que o Arlindo conte em primeira mão como é pedalar em Londres. Mas isso fica para o próximo post. 😉

As bicicletas de Viena

Bonde e bicicleta, opções de transporte em Viena

Bonde e bicicleta, opções de transporte em Viena

Além de sediar o Velo City, 2013 também é o ano da bicicleta na cidade. São centenas de atividades ao longo do ano. O uso da bicicleta na capital da música aumentou muito nos últimos dez anos e hoje já tem 3% de todas os deslocamentos urbanos feitos em bicicleta. A meta da divisão modal é chegar em 5% das viagens em bicicleta até 2015.

As opções de transporte em Viena contrastam imensamente com a das cidades brasileiras. Há uma imensidão de opções, tem metrô, bonde, trem, ônibus, taxis, dois sistemas de carros compartilhados, dois sistemas de bicicletas públicas, a calçadas mais lisas que o asfalto das ruas, um delírio para pedestres, patinadores, skatistas e um modal que lá surpreende pela enorme quantidade e variação etária, o patinete.

Mãe usa patinete para acompanhar o filho de bicicleta

Mãe usa patinete para acompanhar o filho de bicicleta

Viena é a Capital Mundial (informal) do Patinete. São centenas de tipos, modelos e usuários. A variedade de opções e os usos dos meios de transporte tornam a mobilidade em Viena surpreendente. A cidade sempre foi conhecida com a cidade dos transportes públicos de qualidade, hoje podemos chamar de cidade da mobilidade e integração modal, com soluções modernas, simples e efetivas. Um lugar onde as ruas são compartilhadas por automóveis superesportivos  senhoras que pedalam tranquilamente e modernos e silenciosos bondes.

Ciclofaixa em avenida de Viena

Ciclofaixa em avenida de Viena

Atualmente a cidade conta com mais de 1700kms de infraestrutura cicloviária. E por incrível que parece a extensão de ciclovias segregadas é menor do que as do Rio de Janeiro. Viena tem muitas vias compartilhadas, faixas compartilhadas, calçadas compartilhadas, com poste no meio do caminho e tudo que tem direito, vias com contrafluxo, muitas Zonas 30 e uma infinidade de bicicletários espalhados por todos os cantos da cidade.

Foi certamente uma excelente escolha para cidade sede do Velo City 2013 pela história e pelo carinho e dedicação em fazer da bicicleta, do transporte público e dos deslocamentos humanos uma opção convidativa.

Bicicleta, ferramenta de aproximação

Pedalando pela África do Sul, os fotógrafos Stan Engelbrecht e Nic Grobler produziram uma série de livros com retratos de ciclistas sulafricanos chamado de Bicycle Portraits (ou Retratos de Bicicleta). Em visita à São Paulo, Nic irá expor algumas das fotos do livro na Ciclo Vila e participar de um bate-papo informal nesse sábado 07 de julho, às 14h30. Confirme presença no facebook.

A África do Sul é um planeta dentro de um único país, com diversas culturas, e uma história trágica de segregação e racismo. Através desse projeto, esperamos poder oferecer as pessoas um olhar sobre a vida de cada um através de um objeto dotado de movimento, praticidade e alegria – a bicicleta.”

Do outro lado do Atlântico, através da arte, a bicicleta busca ser uma ferramenta de assistência e construção da independência de uma parcela menos favorecida. Essa reflexão é também necessária e está cada vez mais em curso no Brasil, a presença de um ciclista do “sul do planeta” nos ajuda a repensar nossa própria realidade através de um país que tem diversas semelhanças com o Brasil.

Pedalar até o estádio pra ver

O Brasil será a sede da Copa do Mundo de 2014, estádios estão sendo construídos e a palavra da vez é “legado”. Para discutir o papel da bicicleta nesse grande evento, convidamos o consultor de transporte Jonas Hagen a contar um pouco da história da experência de Berlim durante a Copa de 2006.

A Bicicleta e a Copa – Jonas Hagen

Pedalar até o estádio para ver um jogo de uma Copa do Mundo, é um sonho inalcançável? Na Copa 2006, a bicicleta teve um papel fundamental no transporte em Berlim. A cidade, que já era dotada de 1,090 km de infraestrutura para ciclistas (incluindo ciclovias, ciclofaixas, ruas de baixa velocidade e preferência para o ciclista), fez uma grande campanha para incentivar as pessoas a desfrutarem dos jogos, e festas (“fanfest”) que acompanharam à Copa, de bicicleta e transporte público.

“Tínhamos o desafio de transportar muitas pessoas numa área cujas ruas já eram definidas. Sabíamos que isso só podia ser feito como modos mais eficientes, como a bicicleta e o transporte público. Imaginamos que poderíamos transferir a imagem do futebol, da atividade física, e da agilidade, para o transporte urbano de bicicleta,” explica Dr. Friedeman Kunnst, então funcionário da prefeitura de Berlim, que estava encarregado do projeto.

A campanha consistiu nos seguintes elementos: mapas da rede de ciclovias, cartões postais, um site, uma conferência de imprensa, quatro bicicletários protegidos (um na frente do estádio, outros três na área do “fanfest”), e campanhas nas ruas da cidade.

A campanha nas ruas enfatizava a bicicleta como o meio de transporte mais eficaz para os deslocamentos durante a Copa. Durante a conferência de imprensa foi mostrada a área que 60 pessoas de carro ocupavam versus 60 ciclistas (aproximadamente 540 m² versus 60 m²). Muitos dos 75.000 mapas da rede cicloviária foram distribuídos nos pontos mais congestionados pelos carros, diretamente aos motoristas engarrafados.

A reação da imprensa foi muito positiva e os bicicletários lotaram. Uma pesquisa mostrou que um aumento de 25 % nas viagens de bicicleta e transporte público durante a Copa, e uma queda de 5 % de viagens de carro no mesmo período. A mesmo pesquisa apontou que 20 % dos usuários dos bicicletários usavam normalmente o carro, e que o principal motivo de usar a bicicleta foi a economia em tempo de procurar estacionamento.

Três meses depois da Copa, outra pesquisa mostrou que o transporte de bicicleta aumentou 15 % em Berlim – isso é um legado legal!

Vida em movimento

Talvez por conta das endorfinas, talvez pela sensação de liberdade, a bicicleta atrai o ciclista para pedalar sempre mais. Em nome desse prazer, que passa de pai pra filho, que não se explica bem em palavras, que o canadense Guillaume Blanchet fez esse vídeo acima. A maneira mais literal do que é viver em cima de uma bicicleta.