Candelária, rota de carga

Triciclos de Carga cruzam a Avenida Presidente Vargas

Dentro do projeto de ciclorrotas do centro do Rio de Janeiro, a quinta e última contagem foi realizada na terça-feira dia 11 de dezembro de 2012. O local dessa vez foi a Candelária, em plena Avenida Presidente Vargas na esquina com a Avenida Rio Branco.

Como já é tradição, alguns números saltam aos olhos. Enquanto na Praça XV do total de bicicletas que transitaram em 12 horas, 20,5% eram dobráveis, na Candelária impressionou o fluxo de triciclos de carga.

Triciclo de Carga e ônibus na avenida Rio Branco

Ao longo de 12 horas foram 305 triciclos, ou 48,7% do total de ciclistas que passaram no local. Outro detalhe que reforça a preponderância do transporte de carga no local é o horário de pico de trânsito de ciclistas. Entre às 11 horas e o meio-dia foram 70 ciclistas, bem acima da média do dia de 52 ciclistas por hora.

Alguns números da Contagem de ciclistas na Candelária:

627 ciclistas em 12 horas, média de 52 ciclistas por hora.

305 Triciclos 48.5%

619 homens 98.7%
8 mulheres, apenas 1.3% do total

Horário de Pico: 11 às 12 com 70 ciclistas
Horário de Vale: 18 às 19 com 23 ciclistas

Confira o relatório completo da Contagem de Ciclistas Candelária – Centro

Contagem de ciclistas na Praça XV

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A praça XV é destino pedestre, local de integração entre os dois lados da baía da Guanabara. Barcas e catamarãs partem e chegam diariamente. O grande fluxo são de pessoas vindas de Niterói e municípios vizinhos, com destino a seus locais de trabalho no centro do Rio.

Para conhecer e entender o fluxo de ciclistas nesse grande ponto de interligação de transportes da região metropolitana do Rio, a Tranporte Ativo, com o apoio de valentes voluntários realizou mais uma contagem de ciclistas. Parte do projeto das Ciclorrotas do Centro do Rio de Janeiro.

A contagem foi realizada na terça feira, dia 22 de novembro de 2012. O número de ciclistas foi baixo em relação a outros locais, mas um dado aponta uma tendência interessante, 20,5% do total de bicicletas eram dobráveis, um número muito acima da média de todas as outras contagens.

Esse retrato deixa evidente a importância da bicicleta como veículo de integração modal. Historicamente a dupla metrô-bicicleta dobrável é sempre eficiente nos desafios intermodais cariocas. Mas os DIs também nos ensinam que a bicicleta pública, quando presente, é ainda mais rápida e eficiente na integração com o metrô.

Ou seja, uma rede de estações de bicicletas públicas ao redor do centro certamente irá colaborar para uma maior utilização desse modal no total de viagens. Já que hoje a estação praça XV de bicicletas públicas ainda é isolada das demais estações.

Alguns números:

350 ciclistas em 12 horas, média de 29 ciclistas por hora.

72 Dobráveis 20.5%

241 homens 97.5%
9 mulheres, apenas 2.5% do total

Horário de Pico: 08 às 09 com 43 ciclistas
Horário de Vale: 10 às 11 com 14 ciclistas

Confira o relatório completo da Contagem de Ciclistas Praça XV – Centro

Resíduos à tração humana

Tudo que se compra mais cedo ou mais tarde vira resíduo. Tudo é questão de tempo, embalagens são descartadas rapidamente já um pneu da bicicleta demora alguns bons quilômetros até ser descartado. Com tanto estímulo para comprarmos mais e mais, é natural que aumente a quantidade de resíduos.

Os resíduos sólidos podem parecer uma questão dissociada da mobilidade, muito pelo contrário. Mobilidade urbana, desigualdades sociais e resíduos sólidos estão intimamente conectados. Há transporte em cada produto que chega para ser comprado e mais transporte tem de ser feito quando chega a hora do descarte.

Nessa equação um elemento da logística de transporte de resíduos está presente, mas constantemente desvalorizado, é a figura do catador. Herdeiro histórico do garrafeiro, aquele que cruzava as ruas entoando “Olha o garrafeiro, olha o ferro-velho!” Hoje o catador não entoa músicas, mas vasculha e vive das sobras e dos excessos da sociedade de consumo. Cruza a cidade carregando toneladas no braço, segurando sua carroça ladeira abaixo, puxando com força ladeira acima.

A logística reversa é mais complexa e requer esforços maiores do que os que são capiteneados diariamente pelos catadores nas ruas das cidades brasileiras. No entanto em meio a caminhões de lixo, cooperativas de catadores e empresas de coleta seletiva transitam, movidos pelas próprias forças, os catadores.

Os catadores são um impulso espontâneo de uma sociedade que precisa aprender a lidar melhor com o que produz. Fazem o trabalho fundamental de encaminhar para a reciclagem o que iria entulhar aterros sanitários e lixões. No entanto a produção sustentável precisa mimetizar a natureza, que, tal e qual a bicicleta, é eficiente e está sempre girando toda a energia que produz.

As imagens que ilustram esse post foram feitas durante a intervenção “Pimp My Carroça” no Vale do Anhangabaú. A iniciativa foi certamente um marco na valorização da profissão de catador e mais um passo para discutir a sociedade que queremos e também valorizar a invisibilidade de quem se desloca pelas próprias forças, levando nas costas o que muitos chamariam de lixo.