Bicicleta na Rio+20


A Rio+20 é mais do que uma conferência, um momento de reflexão conjunta e criação de pontes entre grupos e entidades. Além dos líderes de Estado, a sociedade civil se fará presente.

Para difundir informações, jovens jornalistas vieram de diversas partes do Brasil e do mundo. A ONG Viração trouxe um grupo de 80 adolescentes e jovens de 12 estados brasileiros, da Europa, África, América Latina e América do Norte, para promover uma Agência Jovem de Notícias Internacionais da Rio+20.

Para facilitar o deslocamento de todos, nada melhor do que bicicletas e transporte público. Com o apoio da Transporte Ativo, Programa Rio Estado da Bicicleta e da Supervia, os jovens poderão contar com 25 bicicletas para serem utilizadas livremente por todos da Agência Jovem. Elas serão utilizadas pelos quase 100 jovens e sorteadas entre eles ao final da Rio+20. Além disso, todos receberam também Bilhetes Únicos para os deslocamentos no transporte público.

Bicicleta, veículo de transformação urbana

O grande diferencial da bicicleta como meio de transporte urbano reside justamente no fato da bicicleta ser um veículo. Na lógica do planejamento urbano consolidado ao longo do século XX a prioridade aos poucos foi sendo reconstruída para comportar a circulação de veículos motorizados.

Reverter uma lógica presa à circulação veicular motorizada é um trabalho árduo e que requer diversas frentes. Talvez a melhor delas seja a bicicleta e a razão é bastante simples. Veículo movido pela força humana, uma bicicleta é uma versão mais eficiente de um pedestre. Apesar de mais veloz e com menor gasto energético, continua dentro da lógica humana, dada a fragilidade do conjunto ciclista+máquina.

A subversão da lógica urbana através da bicicleta nem sempre é entendida por aquele sujeito chamado de “Senso Comum”. Quando uma massa de ciclistas toma uma grande avenida, erroneamente julga-se que o trânsito foi impedido. Na realidade o que ocorre é um movimento cidadão de retomada do espaço de circulação viário que normalmente tem uso único. Em lugar do trânsito motorizado cotidiano, circula uma massa uniforme de pessoas em bicicletas, essa ocupação convencionou-se chamar de Massa Crítica, ou Bicicletada.

A Massa Crítica de São Francisco foi criada em 1992 e é filha da mesma ideologia dos movimentos anteriores de contestação do status quo. E aí reside a limitação de movimentos dessa natureza, costumam esvaziar-se com o tempo e em geral tem tendência autocentrada, nem sempre capazes de influenciar as mudanças sociais a que se propõem. O texto “Massa Crítica ou Falha Crítica” escrito por Mikael Colville-Andersen, e traduzido por nós, aprofunda o tema.

Inserida pela sutileza de ocupar pouco espaço e ser mais veloz que qualquer veículo motorizado nas cidades, a bicicleta também se insere pela força daqueles que de maneira anárquica celebram a rua como espaço público para comemoração, protesto e circulação, tudo ao mesmo tempo.

Grandes avenidas tomadas por bicicletas à perder de vista são sempre um espetáculo para os olhos e a alma. Revigora e possibilita sonhar com cidades melhores, e as pessoas que compõem essa massa sem líderes certamente querem transformar a utopia em realidade. Há no entanto um problema a ser equacionado para que os “cicloativistas” tornem-se efetivamente agentes da transformação urbana.

O valor de todo “movimento cicloativista” é principalmente de unir pessoas, fortalecer os vínculos humanos de uma minoria engajada em favor da bicicleta. Esse valor será ainda maior quanto menos reativa for a postura dos que defedem a bicicleta. Não basta protestar quando ciclistas são mortos no trânsito, tirar a roupa e sair pedalando chama a atenção da mídia, mas não muda a paisagem urbana. Cada “cicloativista” tem que ter uma postura de defensor do uso da bicicleta ser especialista em mobilidade urbana. Ter um discurso que seja apreendido e levado a sério por planejadores urbanos, técnicos nas prefeituras, jornalistas e a sociedade como um todo.

A inserção da bicicleta nas cidades é o primeiro ato, as pedaladas seguintes são as mais complexas, requerem menos festa e um esforço constante, articulação política e pressão na medida certa. Ao invés de reclamar com os jornais por matérias erradas e pela lentidão do poder público, é preciso pautar a imprensa e aliar-se ao poder público, sem ser cooptado. A rebeldia adolescente do “cicloativismo” tem o potencial de amadurecer e, com isto, mudar o espaço urbano. E tudo sem perder a alegria do vento no rosto e o sorriso aberto que faz lembrar as primeiras pedaladas na infância.

Pedalar até o estádio pra ver

O Brasil será a sede da Copa do Mundo de 2014, estádios estão sendo construídos e a palavra da vez é “legado”. Para discutir o papel da bicicleta nesse grande evento, convidamos o consultor de transporte Jonas Hagen a contar um pouco da história da experência de Berlim durante a Copa de 2006.

A Bicicleta e a Copa – Jonas Hagen

Pedalar até o estádio para ver um jogo de uma Copa do Mundo, é um sonho inalcançável? Na Copa 2006, a bicicleta teve um papel fundamental no transporte em Berlim. A cidade, que já era dotada de 1,090 km de infraestrutura para ciclistas (incluindo ciclovias, ciclofaixas, ruas de baixa velocidade e preferência para o ciclista), fez uma grande campanha para incentivar as pessoas a desfrutarem dos jogos, e festas (“fanfest”) que acompanharam à Copa, de bicicleta e transporte público.

“Tínhamos o desafio de transportar muitas pessoas numa área cujas ruas já eram definidas. Sabíamos que isso só podia ser feito como modos mais eficientes, como a bicicleta e o transporte público. Imaginamos que poderíamos transferir a imagem do futebol, da atividade física, e da agilidade, para o transporte urbano de bicicleta,” explica Dr. Friedeman Kunnst, então funcionário da prefeitura de Berlim, que estava encarregado do projeto.

A campanha consistiu nos seguintes elementos: mapas da rede de ciclovias, cartões postais, um site, uma conferência de imprensa, quatro bicicletários protegidos (um na frente do estádio, outros três na área do “fanfest”), e campanhas nas ruas da cidade.

A campanha nas ruas enfatizava a bicicleta como o meio de transporte mais eficaz para os deslocamentos durante a Copa. Durante a conferência de imprensa foi mostrada a área que 60 pessoas de carro ocupavam versus 60 ciclistas (aproximadamente 540 m² versus 60 m²). Muitos dos 75.000 mapas da rede cicloviária foram distribuídos nos pontos mais congestionados pelos carros, diretamente aos motoristas engarrafados.

A reação da imprensa foi muito positiva e os bicicletários lotaram. Uma pesquisa mostrou que um aumento de 25 % nas viagens de bicicleta e transporte público durante a Copa, e uma queda de 5 % de viagens de carro no mesmo período. A mesmo pesquisa apontou que 20 % dos usuários dos bicicletários usavam normalmente o carro, e que o principal motivo de usar a bicicleta foi a economia em tempo de procurar estacionamento.

Três meses depois da Copa, outra pesquisa mostrou que o transporte de bicicleta aumentou 15 % em Berlim – isso é um legado legal!

Mobilidade para cidades saudáveis

De 18 a 21 de outubro, aconteceu no Rio de Janeiro o 18º Congresso da ANTP, evento voltado ao transporte público, repleto de soluções, pesquisas e boas praticas. Muito do mundo motorizado estava lá e apresentava soluções mais limpas como veículos híbridos e elétricos, mas ainda muito ligados a lógica de transportes do século passado.  Em meio a isso lá estavam duas seções sobre Transporte Não Motorizado, pelo título da seção podemos ver que os meios de transporte mais eficientes e antigos foram colocados de forma subalterna aos modais motorizados. De qualquer forma já é um grande passo, um evento deste tipo e porte dando espaço às bicicletas e pedestres.

A Transporte Ativo esteve presente, na seção técnica 27, onde além de coordenarmos a mesa, apresentamos dois artigos. Um em parceria com a prefeitura do Rio entitulado  A importância do GT Ciclovias para a consolidação da malha cicloviária da Cidade do Rio de Janeiro. E outro em parceria com a Clinton Climate Initiative, ITDP e Jonas Hagen,  Os Benefícios dos Veículos de Carga à Propulsão Humana: Cidades Podem Alcançar Menores Emissões e Maior Segurança. Confira os artigos clicando em seus títulos.

A ordem é Samba

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Já esta no ar o sistema de aluguel de bicicletas carioca. O Samba agora tem patrocínio do Banco Itaú-Unibanco e se chama BikeRio. Com esse apoio o sistema evolui com integração total com smartphones e um total de 60 estações espalhadas pelo Zona Sul e centro da cidade.

Além da novidade tecnológica e do aumento no número de estações, o uso do sistema agora também está mais barato. O passe diário, válido por 24h, custa R$ 5,00 enquanto o passe mensal custa R$ 10,00. E claro, continua valendo a regra de uso gratuito por uma hora. Os primeiros 60 minutos de uso, o usuário cadastrado não paga mais nada. Além disso, 15 minutos após a devolução da bicicleta em qualquer estação, dão direito a mais uma hora sem cobrança de tarifas excedentes. Perfeito para viagens rápidas, mas não recomendável para passeios longos e ininterruptos.

As estações espalhadas, pela Zona Sul e centro da cidade irão facilitar a vida de quem mora, frequenta ou visita a região.

Visite o site movesamba.com.br/bikerio e cadastre-se.

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A Transporte Ativo sempre deu todo o suporte ao sistema Samba e a localização das estações foi definida com base em um mapa de sugestões elaborado em conjunto por nós.

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Todo mundo vai querer colocar a mão em uma, porque a ordem é Samba!


Valeu ultimobaile.com por apresentar essa do mestre Jackson do Pandeiro.

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