A eficiência do transporte público

Em pleno século XXI ainda pode causar surpresa a constatação de que o transporte público (e as bicicletas) são uma maneira bem mais lógica e racional de utilizar o espaço limitado das ruas.

A galeria mostra alguns exemplos e o vídeo abaixo descreve em imagens em movimento a importância de garantir que o transporte público possa ter espaço para fluir livremente e transportar muito mais gente através de grandes distâncias.

E para quem prefere o transporte individual, a bicicleta é a solução perfeita por ocupar menos espaço para circular e também estacionar.

Aos interessados em saber a importância de privilegiar o transporte público nas ruas da cidade, vale a leitura do texto de Eduardo Vasconcellos.

Pequenas e grandes perversões urbanas

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Viver em cidades, especialmente em grandes cidades, expõe as pessoas a desafios constantes. Muita gente junta é algo inviável para o nosso limitado cérebro primata lidar com facilidade.

Dentro dos espaços possíveis para os citadinos, existe o espaço das perversões. Sem entrar profundamente em conceitos psicanalíticos, nossas cidades hoje vivem a loucura de estruturas perversas que inviabilizam a sanidade mental da população.

A fuga mais comum, e exatamente por isso mais perversa, é a busca por soluções individuais para problemas coletivos. A velha premissa de comprar (à vista ou parcelado) o conforto da (i)mobilidade individual motorizada.

Quando ampliada para a sociedade como um todo, essa perversão retroalimenta cidades que produzem dinheiro e riqueza, mas asfixiam a presença humana. Certamente São Paulo é o melhor exemplo brasileiro desse comportamento.

Felizmente existe espaço para um desvio de comportamento de outra natureza. O prazer, quase sádico, do ciclista em se esgueirar por meio do mar de carros travados no congestionamento.

Aos poucos esse prazer (tende) a se tornar um desejo por mudança na estrutura das cidades. Readequando, principalmente o fluxo, para as reais necessidades humanas.

Para que o ciclo-sadismo não tome conta de quem pedala, é sempre bom variar o meio de transporte. Propor-se ônibus e trens com seus itinerários fixos e paradas delimitadas. Ou até a lenta e reflexiva caminhada, lentamente apreciando os dramas e alegrias da realidade urbana.

Recentemente no entanto uma nova atitude tem se aberto aos cidadãos, experimentar as cidades em bicicletas compartilhadas. Pontos fixos para pegar e deixar as bicicletas, trajetos livres e por fim uma caminhada em terreno conhecido até a porta de casa, do escritório ou de qualquer destino que não esteja em frente a uma estação de bicicleta pública.

Essa perversão certamente está presente na campanha em relógios nas ruas de São Paulo que convida os motoristas presos em seus carros a experimentarem uma outra cidade possível hoje. A cidade em que um serviço de mobilidade abra portas para outra mobilidades possíveis. Longe do conforto perversivo da (i)mobilidade individual e mais ligada à independência e o conforto de ter nos deslocamentos um serviço.

A campanha de marketing em prol das bicicletas do Itaú (que patrocina esse blog e outros projetos da Transporte Ativo):

Tour do Brasil Transporte Ativo

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Setembro é o mês da mobilidade e sempre muito movimentado. Nesse ano pela primeira vez abrimos mão de realizar eventos comemorativos, como o tradicional desafio intermodal e a vaga viva.

Ainda assim, foram muitas outras atividades com o mesmo propósito, a promoção ao uso da bicicleta e dessa vez muito além das fronteiras do Rio de Janeiro.

Da câmara municipal de São Paulo à Manaus, das obras do metrô no Rio às ciclovias de Aracuju. Um pequeno tour do Brasil em busca da mesma mensagem, buscar sempre mais pessoas em mais bicicletas, mais vezes. Em todas as cidades.

· Foram 15 Palestras consórcio linha 4 do metrô carioca na Semana De Mobilidade;
· Mesa Redonda Bicirio – O Código de Trânsito Brasileiro e a bicicleta:
· Por que é tão difícil para os usuários seguir regras e leis tornando a convivência no trânsito perigosa?
· Palestra Bicirio – Comportamento e Cultura do ciclista no Rio.
· Apresentação “Bicicleta, mobilidade e design” para a turma da disciplina Projeto de produto 4, no Departamento de Desenho Industrial, UNB, Brasília.
· Bate papo O que o Velo City tem a nos ensinar?, Bar e Bicicletaria Las Magrelas – São Paulo.
· Apresentação Bicicleta: Passado, Presente e Futuro no Conselho Regional de Administração – Rio de Janeiro.
· Palestra Fórum Salvador vai de Bike – A TA e As Bicicletas Públicas no Mundo
· Palestra Niterói – Motorista + Ciclista. Compartilhando a rua
· Palestra Niterói – Zonas 30
· Palestra Niterói – As bicicletas Públicas
· Palestra OAB – Mobilidade por Bicicletas no Centro do Rio de Janeiro.
· Palestra Cidades Verdes – Transporte a Propulsào Humana e o futuro das cidades
· Palestra Forum Sergipano da Bicicleta – A Transporte Ativo
· Seminário “A bicicleta em São Paulo: políticas públicas para transformar a cidade” – à convite da Ciclocidade e da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana da Câmara Municipal de São Paulo

Devolvam a cidade para as crianças

As ruas das cidades um dia já foram para jogar bola, queimada, pular amarelinha, ralar o joelho nas primeiras pedaladas. Hoje a diversão é contra a lei e as crianças precisam se proteger do onipresente fluxo motorizado.

Questionar o uso do espaço público das ruas é papel de todos e uma atividade que interessa a ciclistas, mas também a pais, mães e todos os que vivem e circulam pelas cidades. A devolução da cidade para as pessoas tem um caminho simbólico a ser percorrido através das crianças.

As grandes (e caras) estruturas de concreto que se espalharam por nossas cidades tem sido questionadas, porém ainda são sinônimo de progresso. Mas com quantas toneladas de aço, cimento e brita se faz uma cidade melhor?

Em Utrecht na Holanda tem até escorrega no lugar de escada para acessar mais rápido uma estação de trem, diversão e promoção ao uso do transporte público para crianças e adultos. É um “acelerador de transferência ferroviária“.

Quando a cidade puder ter fluxos compatíveis com a vida e espaços para as brincadeiras livres das crianças, estaremos todos um pouco melhor. Até lá serão muitas pedaladas e o enfrentamento de um discurso que considera o fluxo motorizado soberano em relação à vida.

Assista ao vídeo veiculado em um jornal local carioca: Menino é flagrado descendo Elevado Paulo de Frontin de velocípede

O que comprovam as contagens de ciclistas

O milésimo ciclista em contagem na Zona Norte de São Paulo - Foto:Roberson Miguel

O milésimo ciclista em contagem na Zona Norte de São Paulo – Foto: Roberson Miguel/Ciclocidade

Contar ciclistas é um saudável hábito e uma tradição na Transporte Ativo que felizmente se espalhou pelo Brasil.

Tudo começou com uma idéia simples, comprovar aos técnicos de transporte da Prefeitura do Rio de Janeiro que tem muita bicicleta em circulação em um determinado ponto. Para garantir a fidelidade do levantamento, nada mais natural que fotografar cada um dos ciclistas.

Fotografar ciclistas em movimento durante um dia inteiro em um mesmo ponto é, acima de tudo, uma maratona motivadora para todos que promovem o uso da bicicleta.

Conhecer quem pedala, ver as diferentes bicicletas e os diferentes usos que se faz desse veículo. A quem nunca participou como voluntário em contagens de ciclistas, recomendamos. Só quem já esteve nas ruas contando entende esse prazer.

Em São Paulo a Ciclocidade realizou duas contagens com mais de mil ciclistas cada uma. Foram comprovações maravilhosas de que, com um mínimo de infraestrutura, é possível ter um grande fluxo. Afinal, ambas as contagens foram realizadas em pontos de ciclovias construídas em canteiros centrais de grandes avenidas.

Os números acima de tudo atestam que promover o uso da bicicleta é a maneira mais eficiente de garantir a fluidez para mais pessoas com um impacto menor. Para exercer uma pressão eficiente por mais infraestrutura de qualidade para a circulação de bicicletas, contemos ciclistas!