Saúde das Cidades

ANTP Bicicleta

O Seminário Nacional de Política de Transporte Cicloviário da ANTP em Sorocaba serve para reforçar o intercâmbio e as trocas entre velhos conhecidos e ajudar a informar e formar novos planejadores e promotores da bicicleta.

Durante o primeiro dia as reflexões começaram pelo que já foi feito e será feito na cidade de Sorocaba. O prefeito Vitor Lippi, um médico, deu os motivos que achou válido para promover o uso das bicicletas e o incentivo as viagens a pé na cidade.

Valorizar um estilo da vida saudável é o melhor programa de saúde para a cidade. Cidadãos que se exercitam regularmente oneram menos o poder público com a menor necessidade por tratamentos hospitalares, remédios e atendimentos médicos em geral. O administrador precisa acima de tudo pensar na saúde dos cidadãos e não focar só no tratamento de doenças.

A bicicleta se insere facilmente no ideal de cidades mais saudáveis. Ela também cabe na pasta de esporte e lazer, na de transportes, na de meio ambiente e somando os efeitos, os benefícios se alastram para a área da saúde.

Em Sorocaba as ciclovias se somam as pistas de caminhada e a essa infraestrutura se somam passeios regulares de bicicleta e grupos de caminhada. O trânsito para uma cidade tem de ser encarado cada dia mais como um dos componentes. O ir e vir tem grande importância, mas se apenas o tráfego motorizado for levado em consideração a cidade perde qualidade de vida a cada dia. Já uma cidade que encara o ir e vir como uma necessidade humana e insere todos os tipos de deslocamentos torna-se pouco a pouco mais saudável e por consequencia, um lugar melhor para seus habitantes.

Infraestrutura como Incentivo

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Contagem Rodolfo Dantas

Em Parceria com o ITDP a Transporte Ativo realizou mais uma contagem em Copacabana no Rio de Janeiro. Mas ao contrário das anteriores no Corte do Cantagalo e no Túnel Velho, essa foi em uma rua tranquila dentro do bairro. Foram doze horas seguidas na esquina das ruas Rodolfo Dantas e Ministro Viveiros de Castro. Os números no entanto surpreenderam de novo, uma vez mais foram acima da expectativa. Não se tratava de um eixo de ligação entre bairros, o que deixa claro o indício de que as viagens intrabairros são bastante expressivas.

A escolha do local foi proposital, não só por ser uma rua interna de Copa, mas principalmente porque apenas 4 dias antes, foi inaugurada a pista preferencial para bicicletas ligando a estação Cardeal Arcoverde do metrô e a ciclovia na orla da praia. A idéia é incentivar o uso da bicicleta nesse circuito e também medir o impacto da infraestrutura no número de viagens de bicicleta realizadas. Para poder comparar com propriedade, estaremos de volta daqui a três meses para mais doze horas de contagem fotográfica.

Por hora já podemos concluir que a infraestrutura implantada já beneficia diretamente os usuários que pedalam, resta a dúvida se ela será capaz de atrair mais ciclistas.

Confira o relatório da primeira contagem da Rodolfo Dantas x Ministro Viveiros de Castro.

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Saiba mais sobre o planejamento Cicloviário de Copacabana:
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Primeiros Vestígios

Amor ao Metal que Ama de Volta

A bicicleta é um conceito que se busca promover, algo que está ali para ser consumido. Promover a bicicleta é algo que cabe dentro da lógica do marketing, a “mercadologia”. Mas aí reside a contradição, muitas vezes nem tudo é está dentro da lógica de compra e venda, do interesse em obter algum lucro através da comercialização de um conceito/idéia, serviço ou produto.

Pedalar pertence mais a esfera do “ser” do que do “ter” é estado de espírito e uma atividade cotidiana, é tão essencial quanto respirar e tão simples quanto colocar um pé a frente do outro. No entanto a vida em simplicidade e a valorização de valores menos mercadológicos para as pessoas e as relações sociais é um conceito que tem sido amplamente promovido. A bicicleta, naturalmente cabe nesse conceito.

Dentro do intuito de promover a bicicleta e seus inúmeros benefícios para o indivíduo e a sociedade, o “Mobilidade Bruxelas” distribuiu sinetas de bicicleta em forma de coração para divulgar o site de incentivo ao uso das magrelas na cidade. Vale a visita para quem é fluente em flamengo e francês.

As razões para que o órgão de trânsito – ou “deslocamentos” como eles chamam – promova a bicicleta são as mais óbvias, diminuiu a pressão sobre todo o sistema de deslocamentos na cidade. Tanto o transporte público quanto o sistema de suporte para o transporte privado se beneficiam pelo maior uso da bicicleta. Nada mais natural portanto que os responsáveis por gerenciar o tráfego em Bruxelas tenha um amor declarado pela bicicleta e acreditem na reciprocidade desse amor.

Caso tivessem a possibilidade, as bicicletas amariam verdadeiramente nossas cidades. Como não pode haver amor entre o metal, a borracha e o asfalto e o concreto, resta ao ciclista ser o maestro e intermediador do cicloamor. Um amor que não se vende e não se compra, apenas ciclicamente, flui.

Bicicletas em Condomínios

Para que a bicicleta tenha espaço e possa mostrar seu real valor, algumas mudanças são necessárias. A mais lembrada e reclamada é tornar o trânsito mais amigável, impondo restrições aos automóveis e garantindo maior segurança para quem pedala.

Contudo, algumas dificuldades do dia-a-dia são barreiras maiores do que o medo do trânsito.

bicicletas em condomínios

Quem mora em apartamento enfrenta vários problemas para guardar sua bicicleta. Quando há espaço dentro de casa, é complicado entrar com a bicicleta no elevador. Em alguns condomínios, é até proibido. Nos prédios sem elevador, é preciso carregar a bicicleta nas costas. Quando não há espaço no apartamento, na maioria das vezes também não existe lugar para guardar a bicicleta no próprio prédio. Quando existe, é um quartinho entulhado, ou um canto de difícil acesso na garagem.

A mudança que queremos nas ruas precisa acontecer também dentro do espaço onde moramos. Edifícios habitacionais precisam ser projetados com espaço exclusivo para bicicletas, de fácil acesso, onde a bicicleta possa ser colocada e tirada a todo momento, sem dificuldades, por qualquer pessoa de qualquer idade.

Em abril deste ano, a Prefeitura de Nova Iorque aprovou uma emenda à sua resolução sobre edificações, estabelecendo requisitos mínimos para estacionamento de bicicletas em prédios residenciais e comerciais. A emenda propõe que haja no mínimo uma vaga de bicicleta para cada duas unidades residenciais, e apresenta modelos para que os bicicletários sejam construídos segundo padrões de segurança e conforto.

O Department of City Planning (DCP) da Prefeitura de NY reconhece que:

a falta de um lugar seguro para estacionar a bicicleta é o principal fator que impede as pessoas de pedalarem para o trabalho. Além disto, a falta de condições para guardar bicicletas em edifícios residenciais pode fazer com que possuir uma bicicleta seja algo impraticável.

Maiores detalhes na página Zoning For Bicycle Parking, que mostra também uma didática apresentação (ambas em inglês).

As cidades precisam encontrar soluções efetivas e eficientes que possam fazer frente aos efeitos adversos do uso excessivo do automóvel. É necessário repensar o Código de Edificações. É preciso reeducar arquitetos e sensibilizar construtoras. Caso contrário, as vantagens da bicicleta ficam encobertas pela inércia da rotina do dia-a-dia e dificuldades caseiras.

E você? quais problemas enfrenta no seu condomínio?

Assim em Copenhague como no Japão

Um olhar dinamarquês em Tóquio. A maravilha da propulsão humana na região metropolitana mais populosa do mundo. São pedestres e ciclistas para todos os lados mas sem deixar faltar o estilo despojado. O vídeo foi visto primeiro no Copenhaguen Cycle Chic, blog referência na promoção ao uso da bicicleta através da valorização da beleza e da moda sobre duas rodas a pedal.

Copenhagen Cycle Chic – Tokyo Nights – Turning Japanese from Colville Andersen on Vimeo.

O mundo todo está ficando um pouco mais japonês pelas bicicletas por todos os lados e ao mesmo tempo o Japão está ficando parecido com o resto do mundo com mais e mais ciclistas nas ruas. É a marcha inexorável da história.