Arte e Planejamento Cicloviário

A rua Clinton em Portland já é uma famosa rota ciclística na cidade mais ciclável dos Estados Unidos. Segundo contagem da própria agência de trânsito (PDOT) foram 1.800 bicicletas e 2.600 veículos motorizados em um único cruzamento durante um dia em 2007. Mas as condições podem ser melhoradas e serão.

Para contribuir pela “sensação de segurança” o PDOT resolveu reunir a comunidade ciclística da cidade para pensar soluções. A idéia é resolver alguns dos problemas: a quantidade e velocidade do fluxo motorizado, cruzamentos perigosos, falta de sinalização para os motoristas indicando tratar-se de um “cicloboulervard”

Com o Projeto de Melhorias da Rua Clinton, o PDOT está buscando algo novo. Eles irão trabalhar com um time de artistas locais para criar “ferramentas de comunicação poderosas e criativas que informem ao motorista que ele está em um cicloboulevard”.

Promover o uso da bicicleta e a mobilidade sustentável em geral não é um modelo que se compra, é um solução em eterna adaptação e melhora. Planejar a cidade é repensá-la e readequá-la diariamente em um ciclo incessante. Cidades para a bicicleta são como a própria bicicleta, não se pode parar nunca, ou caímos.

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Via:bikeportland.org

Espaço Compartilhado na Floresta

Estrada Dona Castorina

Meca dos subidores de montanha, cariocas, as estradas Dona Castorina e da Vista Chinesa são rotas bastante utilizadas por ciclistas há muitos anos. As ladeiras íngremes em meio a Mata Atlântica dentro da Floresta da Tijuca atraem atletas amadores, profissionais e muitos turistas. O asfalto que corta a maior floresta urbana do mundo é um grande facilitador para que cariocas e visitantes possam desfrutar e aprender a valorizar esse espaço verde.

O movimento de ciclistas em todas as estradas da Floresta da Tijuca é intenso, a maioria deles está lá por esporte ou por lazer. Nos dias de semana o fluxo é menor, mas aos finais de semana fica bastante movimentado. Por ser uma via estreita de mão dupla e sem calçada, a Estrada da Dona Castorina e a da Vista Chinesa são necessariamente “espaços compartilhados”. No entanto esse conceito ainda é novo tanto para pedestres e ciclistas, quanto principalmente para os motoristas.

A velocidade máxima permitida nas estradas dentro do parque sempre foi de 40km/h ainda que ocasionalmente desrespeitada. A falta de sinalização indicando a presença de ciclistas e existência da faixa divisória de pista, favoreciam um deslocamento mais livre para os automóveis. Para promover a segurança viária e ordenar o uso desse espaço compartilhado, a prefeitura optou por instalar uma nova sinalização horizontal e vertical. Inicialmente serão demarcados os 7,5km do Horto até a Gávea Pequena. Felizmente, a direção do Parque já pediu à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) que a sinalize todas as áreas do Parque Nacional da Floresta da Tijuca.

Uma Solução Pronta

São Paulo já tem alguns bairros que tem toda a infraestrutura preparada para o compartilhamento seguro das vias entre o trânsito motorizado e os ciclistas. No Jardins, basta apenas sinalizar e divulgar rotas por dentro do bairro. Será um enorme incentivo para os ciclistas acessarem o parque do Ibirapuera, interligando a região de Pinheiros com o bairro de Moema e outros. Uma solução expansível por toda a baixada do rio Pinheiros, uma região perfeita para deslocamentos de bicicleta e que conta com diversas rotas seguras que não envolvem percursos por grandes avenidas.

O Rio de Janeiro tem investido em um programa piloto de sinalização viária em prol das bicicletas. Algo simples, rápido e que traz grandes resultados para a mobilidade urbana. Basta sinalizar algumas rotas ciclísticas em ruas por onde já se pedala e avisar a todos. Naturalmente mais ciclistas serão induzidos a ir pelos caminhos sinalizados e o trecho vai se tornar cada dia mais popular e por isso mesmo seguro para pedalar.

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Dispositivos de acalmia de trânsito já estão implantados e um projeto simples na região tem grande potencial de mostrar a viabilidade e os benefícios da bicicleta na cidade de São Paulo. Seguindo o modelo sugerido pelo Alfredo Sirkis no Rio de Janeiro durante os anos 1990: “Na hora de começar o faça sempre pelo ponto de maior visibilidade da cidade.

O que foi feito em Berkeley na Califórnia e está exemplificado no vídeo abaixo merece uma tradução a altura na maior cidade brasileira. Certamente um exemplo capaz de inspirar o país inteiro.

Revolução Urbana em 72 horas

Via StreetFilms

Uma única rua foi aberta para as pessoas em apenas 72 horas. Os comerciantes foram contra, haviam muitas incertezas. O prefeito da cidade era Jaime Lerner, o ano 1972. Hoje, o calçadão da Rua XV de Novembro é rota preferencial para quem caminha no centro de Curitiba e passeio obrigatório para o turista.

Coragem e determinação foram responsáveis por uma pequena revolução urbana que colocou a cidade de Curitiba como um importante exemplo mundial na promoção a qualidade de vida. Somados aos corredores de ônibus, um transporte de massa rápido e fácil de ser implantado, a capital paranaense inspirou o mundo. Os sistemas de “canaletas” como dizem os curitibanos ou Bus Rapid Transit (BRT) na versão estrangeiras, se espalharam para diversas cidades do planeta.

Uma atitude inicial, tomada há mais de três décadas revolucionou Curitiba. Por lá os desafios hoje são outros e um dos motivos para que a cidade tenha crescido tanto, foi justamente a capacidade de atrair moradores. Todos atraídos a irem morar em um lugar cuja qualidade de vida ganhou fama mundial. Em pleno século XXI, o que era revolução em 1972, tornou-se uma necessidade urgente em quase todas as grandes cidades do mundo.

Novos Rumos em Copacabana

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As novas rotas cicloviárias de Copacabana são apenas um projeto piloto, mas os poucos quarteirões no bairro representam muito mais. A pintura no asfalto serve para informar da presença das bicicletas nas ruas e de seu direito de estar ali. Servem também para incentivar os ciclistas a se concentrarem nesses caminhos reforçando o conceito de “segurança pela quantidade.

Durante a inauguração, o prefeito Eduardo Paes aproveitou para pedalar um SAMBA ao lado do secretário estadual de Transportes Julio Lopes. Como não poderia deixar de ser, Paes se empolgou com o sistema. Essa empolgação, espera-se, será traduzida numa futura expansão para além das 50 estações inicialmente previstas. A praticidade e deficiência das bicicletas públicas as tornam excelentes aliadas do transporte público, mas para o efetivo sucesso, o número de estações e a proximidade delas tem de ser grande.

O futuro da cidade do Rio de Janeiro se desenha cada dia mais sobre duas rodas. Complementares ao transporte público e acima de tudo, indutoras da promoção a qualidade de vida urbana.

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Saiba mais:
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Primeiros Vestígios
Infraestrutura como Incentivo

Reportagem na Tv Globo, que infelizmente utilizada o termo “ciclofaixa”, uma definição incorreta para o que foi implantado.