Ciclos do Diamante

Uma viagem de bicicleta durante 7 dias pela Serra Geral (do Espinhaço), no Norte de Minas. Agora, quase 12 meses depois, ficou pronta a página que mistura muitas fotos com bastante informação sobre a cicloviagem e as cidades visitadas.

Só para aguçar a curiosidade:

– Itacambira, primeira cidade, foi uma feitoria do bandeirante Fernão Dias. A cidade fica incrustada na Serra Resplandecente. Uma serra lendária que brilhava ouro e esmeraldas e que atraiu o bandeirante para a região.

– A Lagoa Vapabussu fica ali. O terreno de quartzito da serra fez com que os corpos enterrados se mumificassem naturalmente; múmias na Matriz de Itacambira – a mesma igreja de batismo de Diadorim, que está nas últimas páginas do “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa.

Foram 7 dias na estrada, mas em aproximadamente 20 minutos pode-se ler tudo e ver algumas das fotos do trio. Vale o convite para os que tiverem a oportunidade algum dia, repitam a aventura. Pedalando serra acima, morro abaixo, vida adentro.

Visite a página da viagem “Ciclos do Diamante“.

“Não se tem onde se acostumar os olhos, toda firmeza se dissolve. Isto é assim. Desde o raiar da aurora, o sertão tonteia.”

João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas

Pedal do Silêncio

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Texto de Humberto Guerra
Fotos Martuse Fornaciari

No dia 16 de maio o grupo de ciclistas Mountain Bike BH organizou em Belo Horizonte sua versão do Ride of Silence (Pedal do Silêncio), uma pedalada que já acontece em diversas cidades do mundo na mesma data. O objetivo é homenagear ciclistas que já foram vítimas de acidentes de trânsito e lembrar à sociedade que as bicicletas são veículos e têm direito de fazer uso compartilhado das vias públicas.

O movimento, que teve sua primeira edição na cidade americana de Dallas em 16/05/2003, em homenagem ao ciclista de endurance Larry Schwartz, morto em um acidente com um ônibus meses antes, prevê um passeio silencioso por alguns quilômetros na cidade, com os ciclistas trajando uma camiseta branca e uma tarja preta em algum dos braços. A história e o propósito do evento estão em rideofsilence.org.

Em Belo Horizonte, a pedalada contou com cerca de oitenta ciclistas, que saíram da Praça da Liberdade no começo da noite e percorreram algumas ruas dos bairros Funcionários e São Pedro, para então seguirem pela BR-040 – saída da cidade para o Rio de Janeiro e local onde acidentes fatais envolvendo ciclistas já tiveram lugar. O grupo Le Vélo, que realiza um tradicional passeio ciclístico por Belo Horizonte todas as quartas-feiras, juntou-se ao MTB-BH para o evento, e vários ciclistas “avulsos” também resolveram aderir. O bairro São Pedro, onde o trânsito é menor e as ruas são geralmente silenciosas, foi palco do momento mais marcante para os participantes. Eles demorarão a esquecer a imagem do pelotão de ciclistas em silêncio ocupando uma faixa das ruas, tendo como único som produzido o “clique” do encaixe e desencaixe dos taquinhos nos pedais ao parar nos semáforos. Também causou muito impacto o pelotão de luzes vermelhas piscantes subindo a rodovia escura. Vários motoristas não entendiam o que estava acontecendo, e paravam os carros ou reduziam a velocidade para perguntar de que se tratava. Dois canais de televisão (Alterosa e o Rede Minas – programa Mais Ação) enviaram repórteres para cobrir o evento. O percurso total percorrido pelos ciclistas foi de cerca de 35 quilômetros.

A avaliação dos organizadores é de que o evento foi extremamente bem-sucedido, teve boa visibilidade na mídia e nas ruas, e conseguiu passar o recado para muitas pessoas. Foi a primeira vez que ele foi realizado em Belo Horizonte, e o comparecimento foi considerado satisfatório, sobretudo porque toda a convocação foi feita via internet (e-mails e fóruns de discussão) e em apenas uma semana. Pretende-se repetir o manifesto todos os anos.

Nos links abaixo estão alguns registros do Ride of Silence belo-horizontino, feitos pelo fotógrafo-ciclista Martuse Fornaciari.

  • Mais Fotos
  • Pedal do Silêncio 1
    Pedal do Silêncio 2
    Pedal do Silêncio 3
    Pedal do Silêncio 4
    Pedal do Silêncio 5
    Pedal do Silêncio 6
    Pedal do Silêncio 7
    Pedal do Silêncio 8
    Pedal do Silêncio 9

    Pedalar para o futuro

    Uma menina de 13 anos discursa durante a ECO-92 no Rio de Janeiro. A mensagem não é simplesmente para os líderes de nações ao redor do mundo. Como ela enfatiza, antes de serem líderes, são pais, mães, tios, tias, avós. Acima de tudo, somos todos filhos. Seremos portanto sempre crianças aos olhos daqueles que nos antecederam.

    Além disso, somos o reflexo de nossas atitudes e pedalar não é só agir para ir a algum lugar. Pedalar é promover um mundo melhor através da eficiência do potencial humano. É valorizar o que de melhor nos deram nossos antepassados, para que hoje possamos garantir qualidade de vida aos que ainda não nasceram.

    Assista ao vídeo:

    Emplacamento de Bicicletas

    O assunto é bastante polêmico. Não há informações de países aonde o emplacamento de bicicletas seja obrigatório. Existem no entanto pontos localizados, até mesmo no Brasil, aonde as bicicletas tem de ser emplacadas obrigatoriamente. O exemplo mais notório é a cidade de Lorena no interior de São Paulo.

    O argumento principal para justificar a medida é coibir o roubo. No entanto, mirando-se no exemplo dos veículos auto-motores, emplacar não coibiu que eles fossem alvo de ladrões. As desvantagens do emplacamento de bicicletas seriam mais taxas, mais burocracia. A imprudência de alguns colegas ciclistas, outra justificativa, pode ser combatida com educação ou apreensão do veículo e multa, mesmo sem placa, como já acontece em Santos e em Ubatuba.

    Durante o Seminário “Bicicletas e a mobilidade Urbana no Brasil”, técnicos e especialistas de todo o Brasil puderam conhecer um pouco melhor a mobilidade por bicicleta na cidade paulista. Abaixo trechos de apresentações sobre Santos e Lorena e um pequeno relato sobre o seminário:

    A CET-Santos, Rogério Crantschaninov, apresentou suas linhas de ação em infra-estrutura e educação. Dentre elas a sensacional blitz de fiscalização e educativa. Ciclistas infratores, nas ruas e ciclovias, são abordados e orientados a agir corretamente, aqueles que não acatam a orientação, são abordados mais a frente por outro grupo, comunicado por rádio, e o infrator será autuado pelo artigo 255 do CTB tendo sua bicicleta apreendida. A fiscalização visa principalmente o pedalar na contra-mão, avanço de sinais e pedalar nas calçadas. Os agentes de trânsito contam com apoio da PM nestas blitzes. Uma ação simples, barata e de grande eficácia educativa. Em Santos a fiscalização anda junto a educação.

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    Placa para ciclistas em Lorena, SP.

    A palestra que mais causou polêmica no seminário, “Disciplinamento da Circulação das Bicicletas” com Marcelo Pazzini da Prefeitura de Lorena. Cidade aonde as bicicletas tem a obrigatoriedade do emplacamento. A palestra foi muito boa e foi bom conhecer mais de perto iniciativas deste tipo. São aproximadamente 80 mil habitantes para 70 mil bicicletas e pouco mais de 25 mil carros. Todas as bicicletas devem ser emplacadas, o emplacamento começou em janeiro e aproximadamente mil já estão emplacadas. Qualquer infração o infrator tem a bicicleta apreendida no ato sem direito a apelação ou recursos. As principais vantagens do sistema apresentadas por eles: diminuição de roubos; perfil dos ciclistas da cidade; regulamentação do veículo; disciplinamento do trânsito; auxílio na fiscalização; diminuição de acidentes e melhor harmonia no trânsito. Benefícios também tangíveis com outras medidas que não o emplacamento. A impressão que ficou foi de desconhecimento e discriminação da bicicleta e que a repressão antecedeu a educação, as pesquisas e mesmo a infra-estrutura.

    No caso de Lorena, as bicicletas foram tratadas como vilãs, em Santos e Ubatuba elas são tratadas com respeito. No Rio de janeiro foi feito um estudo para analizar qual a melhor forma de regulamentar as bicis e a conclusão foram medidas semelhantes as de Santos e Ubatuba, educar e autuar sem a necessidade do emplacamento que é algo que sem dúvida iria inibir o uso de bicicletas, algo negativo sobre qualquer ponto de vista.

    Na Europa, as bicicletas são multadas e apreendidas também sem a necessidade de placas. Holanda e Dinamarca, países campeões no uso da bicicleta como meio de transporte, também não emplacam sua bicicletas.

    Dentre os grandes benefícios das bicicletas está a liberdade. Vantagem que diminui com o emplacamento. Na Espanha existe um cadastramento voluntário de bicicletas feito por uma organização local. Seu objetivo é coibir o roubo mas só cadastra quem quer, como no projeto-lei 5368/2005 que foi arquivado aqui no Brasil.
    http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=288137

    Ainda restou mais uma dúvida em relação a Lorena, não esclarecida pelos representantes locais no seminário, como seria para o cicloturista em passagem pela cidade.

    • Mais:

    > Seminário ANTP “Bicicletas e a mobilidade Urbana no Brasil

    > Matéria no programa Raio X com Renata Falzoni fala sobre Santos e seu sistema cicloviário.

    > Vídeo institucional de Ubatuba e seu sistema cicloviário.

    > Noticia de maio de 2006 sobre o emplacamento em Lorena.

    Pólo Urbano

    A popularização da bicicleta na mobilidade individual contribuiu para que o cavalo tivesse uma presença cada vez menor nas cidades e vilas ao redor do mundo. Hoje a propulsão por tração animal é raridade na maioria das cidades e proibida em muitos casos.

    Há no entanto uma aura de glamour ao redor dos cavalos que são utilizados na prática esportiva. As duas rodas à propulsão humana no entanto também estão presentes nesse esporte inusitado que é o bici-pólo. Geralmente é jogado por entregadores de bicicleta em grandes cidades da América do Norte. O esporte envolve ainda o reaproveitamento de sucata para a confecção dos tacos, além da preferência por bicicletas sem marcha ou roda livre.

    Um vídeo convida para a participação da edição de Chicago, realizada na grama.

    • Mais

    > Versão urbana do pólo é febre em Nova York