A Revolução Será Pedalada

Uma revolução está a caminho. Cada bicicleta que ganha as ruas, deixa para trás a poeira, a escuridão das garagens. Toda bicicleta que gira e faz do ar estático vento no rosto de quem pedala é o sinal da mudança em curso. Cada caixa de papelão deixada para trás faz eco a liberdade do novo ciclista.

O elo da corrente que puxa a catraca por mais um dente faz o som do mundo que muda. A sineta tocada traz consigo as boas novas em movimento. O pedal empurrado levanta seu oposto e gera o círculo virtuoso da mudança. As rodas que giram levam em cada selim as mulheres e os homens do futuro. A revolução acontece a cada pedalada.

“Seja pela tendência estética ou pela mensagem ambientalista, as bicicletas como meio de transporte trazem consigo um estilo de vida e um discurso que irá mudar a cara da indústria (de bicicleta).”

A constatação acima foi publicada na revista Bicycle Retailer – Transportation Bikes Take Flight at Retail. A matéria mostra que a aceitação das bicicletas para transporte no mercado tem sido cada vez maior. E o aumento de vendas se traduz na criação de uma nova marca pela Specialized, na aquisição da pequena Breezer pela tradicional Fuji ou na Raleigh que deixou de lado as MTB e Speeds e se concentrou nas bicicletas urbanas em 2009.

Mudanças de paradigma demoram para acontecer e são fabricadas aos poucos. Momentos de crise costumam ser também janelas de oportunidade para os que tem mais visão comercial e sabem explorar as possibilidades de um futuro sempre incerto. A indústria mundial de bicicletas cada dia mais tem buscado se antecipar as tendências e jogar de acordo com as novas regras econômicas que estão sendo postas pelas mudanças comportamentais em curso.

Da mesma maneira que durante os anos 1990 as bicicletas todo o terreno revolucionaram o mercado. As bicicletas para transporte representam uma nova tendência comercial e uma revolução comportamental muito maior do que foi o nascimento do esporte Mountain Bike.

– via bikeportland.org

—–
Mais no blog:
Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas
Mercado de Bicicletas no Brasil

Espaço Compartilhado na Floresta

Estrada Dona Castorina

Meca dos subidores de montanha, cariocas, as estradas Dona Castorina e da Vista Chinesa são rotas bastante utilizadas por ciclistas há muitos anos. As ladeiras íngremes em meio a Mata Atlântica dentro da Floresta da Tijuca atraem atletas amadores, profissionais e muitos turistas. O asfalto que corta a maior floresta urbana do mundo é um grande facilitador para que cariocas e visitantes possam desfrutar e aprender a valorizar esse espaço verde.

O movimento de ciclistas em todas as estradas da Floresta da Tijuca é intenso, a maioria deles está lá por esporte ou por lazer. Nos dias de semana o fluxo é menor, mas aos finais de semana fica bastante movimentado. Por ser uma via estreita de mão dupla e sem calçada, a Estrada da Dona Castorina e a da Vista Chinesa são necessariamente “espaços compartilhados”. No entanto esse conceito ainda é novo tanto para pedestres e ciclistas, quanto principalmente para os motoristas.

A velocidade máxima permitida nas estradas dentro do parque sempre foi de 40km/h ainda que ocasionalmente desrespeitada. A falta de sinalização indicando a presença de ciclistas e existência da faixa divisória de pista, favoreciam um deslocamento mais livre para os automóveis. Para promover a segurança viária e ordenar o uso desse espaço compartilhado, a prefeitura optou por instalar uma nova sinalização horizontal e vertical. Inicialmente serão demarcados os 7,5km do Horto até a Gávea Pequena. Felizmente, a direção do Parque já pediu à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) que a sinalize todas as áreas do Parque Nacional da Floresta da Tijuca.

Uma Pedalada a Frente

DSC04159

Foi promulgado na semana passada o Decreto Nº 50.708, que transfere para a secretaria de Transportes o Pró-Ciclista, o Grupo Executivo da PMSP para Melhoramentos Cicloviários criado em maio de 2006. Composto por diversos órgãos da prefeitura cuja principal missão é identificar oportunidades e articular as instituições para implantação de melhoramentos cicloviários.

No entanto o momento aponta para a necessidade de uma correção histórica no grupo, a inclusão da sociedade civil. Um dos pré-requisitos para que um grupo de trabalho em prol da bicicleta dê certo é a presença de ao menos um ciclista. Alguém que conheça a realidade das ruas, que saiba das dificuldades e aponte caminhos possíveis. Uma pessoa que diga “Jamais passarei por aí”! Ou “Precisamos disso e não daquilo”. Alguém que realmente coloque a bicicleta em seu devido lugar, com respeito motivação, que influencie os outros participantes do grupo até que este se torne autônomo por conhecimento e compreensão das bicicletas.

No Rio de Janiero foi criado também por decreto o GT Ciclovias no inicio dos anos 90 e muito se passou sem que nada de bom acontecesse para os ciclistas. Em 2003 este grupo passou a contar com os usuários e a sociedade civil. A visão das bicicletas começava a mudar, não que a sociedade civil tenha passado a comandar o GT, mas ela estava ali sempre dizendo que a bicicleta é boa também para isso , as vantagens são estas, esta solução será ignorada pelos ciclistas, sempre motivando e elevando os participantes do grupo a serem realmente pró ciclistas.
Hoje o Rio anda sozinho mas mesmo assim não dispensam nem por um minuto o apoio da sociedade civil organizada e dos usuários para os quais estão planejando. Resultado: uma cidade mais amiga das bicicletas e dos pedestres e com um futuro promissor pela frente.

A Transporte Ativo sempre se colocou a disposição do Pró Ciclista, para passar a experiência de anos no Rio adiante, para passar seu expetise no assunto, que conta com suporte técnico de organizações internacionais como ITDP e ICE, totalmente sem custo, visando apenas o crescimento do conhecimento interno do Pró Ciclista sobre seu assunto principal.

Uma parceria da TA com a cidade de São Paulo já foi feita através do Curso de Introdução ao Mundo Cicloviário (IMC). A CET ouviu os usuários e apresentou para mais de 200 técnicos da PMSP o IMC em parceria com TA e ITDP. Ali se desenhou um caminho para a mudança. A Transporte Ativo segue totalmente disponível para apoiar a administração da cidade no assunto.

São Paulo precisa melhorar a sua mobilidade como um todo e a bicicleta tem um papel fundamental nessa mudança. Trata-se de rever paradigmas e de pensar qual cidade queremos. Em que departamento as bicicletas estarão torna-se um problema menor enquanto não for construída a vontade política e o conhecimento técnico que valoriza a bicicleta e os transportes sustentáveis.

—-
Saiba sobre o histórico do Pró-Ciclista no Apocalipse Motorizado.

Cicloliberdade em Números

O sistema de bicicletas públicas em Paris vai completar 2 anos, os números indicam um estrondoso sucesso. Ao olhar friamente os números, é possível diagnosticar algumas tendências e caminhos.

– 53 milhões de viagens

– 36.5 com passes anuais

– 16.5 milhões com passes semanais ou diários

– Os terminais de Vélib já emitiram 7 milhões de bilhetes

– Aumentou o uso integrado com o sistema de transporte público

– Estações estão sendo aumentadas em pontos com grande demanda

– Há o monitoramento contínuo e a realização de melhorias nas bicicletas, estações, na distribuição e no software.

– Aumento na manutenção e redistribuição noturnas

– As principais bandeiras de cartão de crédito são aceitas (Visa, MasterCard, Europay, American Express e JCB)

– As estações passaram a contar com instruções completas em inglês, espanhol, alemão além de francês (por vezes ainda necessário)

– Quando não há vagas ou bicicletas em uma estação, pressione 5 depois 6 no terminal. Será mostrada a disponibilidade de vagas e de bicicletas nas estações mais próximas.

– Tem Vélib no iPhone

Novas comunas ao redor de Paris passaram a contar com o sistema

– 17 já tem estações Vélib abertas entre abril e Junho

– 136.556 viagens nas novas áreas

– O programa tem ramificações em 30 comunas ao redor de Paris (algumas são cidades com leis próprias)

Para mais informações em francês http://velib.centraldoc.com/newsletter/

Desafios e Conquistas

Acontece hoje em São Paulo o lançamento do livro: “20 anos de Lições no Trânsito – Desafios e Conquistas do Trânsito Brasileiro de 1987 a 2007”. O Autor é João Pedro Corrêa com fotos de Sergio Sade. A obra faz uma radiografia das duas últimas décadas e mostra os avanços e revezes no trânsito brasileiro.

João Pedro é o responsável pelo Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito que já está em sua 18° edição sempre em busca de selecionar trabalhos e iniciativas que colaborem para a diminuição do número de vítimas em nossas ruas e estradas.

O livro será lançado às 19h30 de hoje (07 de julho 2009) no Centro de Exposições da Fecomercio que fica na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista.