O mais simples meio de transporte

Caminhar é a maneira mais antiga de ir de um ponto a outro, mas é sempre bom relembrar. Conhecer o próprio bairro a pé, ou refazer um trajeto rotineiro andando é certamente uma atividade lúdica e até mesmo científica. É oportunidade para descobrir a moda das ruas e a arte dos muros, a melhor maneira de conhecer o comércio e ver in loco quem frequenta os botecos.

As grandes cidades vão muito além da capacidade humana de absorver conhecimento. Tanto acontece ao mesmo tempo e muda com frequência tão grande que nem mesmo a criatura que criou a cidade é capaz de compreende-la e conhece-la. Caminhar pelas ruas é por isso a melhor maneira de, sem sucesso, entender a urbe. Flanar é arte antiga, mas as vezes ir pelos próprios pés procurando algo que não se acha é ser objetivo e sonhador com um pé depois do outro.

O trajeto nunca é o mesmo quando caminhamos, em cada lado da rua, uma calçada. Em cada calçada pontos de interesse distintos, prédios, perspectivas e sempre encontros fortuitos com o inesperado. Um amigo na esquina, moça bonita que passa, rapaz faceiro que segue seu rumo. Casal de idosos de mãos dadas.

Caminhar é o meio de transporte mais antigo e certamente nunca pode ser esquecido. Por mais que sejamos incapazes de entender a diversidade da urbe, melhor fazer parte dela movendo-se com os próprios pés. Para saber dos problemas, das vantagens e ao mesmo tempo sentir-se vivo e fazer parte de onde se vive.

Uma música de flaneur apaixonado a beira mar:

Wilson Simoninha – É bom andar a pé.

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