Bicicletas e ônibus urbanos

Turma de motoristas de ônibus

Turma de motoristas de ônibus

A bicicleta é para muitos motoristas uma estranha desconhecida. Com o aumento da infraestrutura cicloviária, conversar com motoristas é fundamental. O melhor a fazer no diálogo é gerar empatia e foi com essa intenção que participamos do curso “Ônibus e Bicicletas, uma convivência possível” – iniciativa da secretaria municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro através do Centro de Educação Ambiental (CEA).

O curso foi ministrado para motoristas da Viação Ideal, que circulam na Ilha do Governador, bairro que tem recebido diversas melhorias cicloviárias, com destaque pro Anel Cicloviário da Ilha.

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Dentro da estrutura do curso, os motoristas de ônibus foram apresentados ao programa “Rio Capital da Bicicleta”, depois puderam conhecer um pouco sobre os dados sobre o uso da bicicleta e o que diz a legislação de trânsito.

Sinalização horizontal e vertical. Foto: Alex Gomes

Sinalização horizontal e vertical.
Foto: Alex Gomes

Nossa participação foi para mostrar como os ciclistas são grandes aliados do transporte público, com destaque para as parcerias possíveis entre os ônibus urbanos e as bicicletas nas ruas.

Cruzamento sinalizado. Foto: Alex Gomes

Cruzamento sinalizado.
Foto: Alex Gomes

Os motoristas adoraram a abordagem e com certeza hoje estão até dando cobertura para os ciclistas da ilha. Afinal o bairro está repleto de ciclofaixas, sinalização horizontal e vertical ostensivas, cruzamentos demarcados e bicicletários em diversas esquinas.

Dá-lhe Ilha do Governador!

Leia mais: Motoristas de ônibus do RJ são treinados para respeitar ciclistas – Jornal do Brasil

Por mais estacionamentos para ciclistas




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São mais de 1,5 milhão de ciclistas diariamente nas ruas da região Metropolitana do Rio de Janeiro. Um número expressivo e que só faz aumentar. Dentre os problemas que enfrentam, 40% apontam que estacionar a bicicleta é uma dificuldade.

A futura Designer Bruna Montuori em seu projeto de conclusão de curso buscou problematizar essa realidade almejando caminhos para incentivar ainda mais a circulação em bicicleta no Rio de Janeiro.

Faltam bicicletários seguros e práticos e isso é, dentre outros, um fator que faz com que menos pessoas optem pela bicicleta em seus deslocamentos, sejam os pendulares (casa-trabalho/estudo-casa) ou uma simples ida à padaria.

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Bruna fez um recorte na área da Gardênia Azul, onde impera a cultura do “não cuidado”, bicicletários improvisados que atendem a mais de 400 ciclistas todos os dias (cerca de 40% mulheres) que pedalam por necessidade. Já que é onde o transporte público é mais precário que a bicicleta desempenha seu papel social mais importante.

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O estudo faz ainda uma comparação entre os investimentos na infraestrutura na área nobre da zona Sul e o pouco zelo e a total falta de opções que o ciclista da zona Oeste do Rio tem acesso.

Afinal, o ciclista quer mais que ciclovia ele quer mais pistas e onde estacionar. E quer estacionar com segurança, praticidade, em um local resistente, durável e que reconheça seu valor.

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Confira a íntegra do projeto de conclusão de curso:

Fórum Internacional de Mobilidade Urbana

Nos dias 03 e 04 de abril de 2013, a Transporte Ativo esteve presente no Fórum Internacional de Mobilidade Urbana que aconteceu no Hotel Majestic em Florianópolis, Santa Catarina.

O Fórum contou com a participação de Gil Peñalosa do 8-80 Cities, do Canadá, e Ton Daggers da rede Cities for Mobility, da Holanda, além de outros especialistas e representantes de empresas do ramo.

Ambos os dias foram repletos de palestras onde foram relatados exemplos e estudos de caso sobre mobilidade urbana em diferentes localidades. Também foram realizadas apresentações sobre variadas soluções de transporte de massa aplicadas em diversos lugares do mundo e novas possibilidades para velhas e já conhecidas tecnologias, como monotrilhos e teleféricos.

A mobilidade por bicicletas foi tema central da palestra proferida pelo holandês Ton Raggers que apresentou e defendeu a utilização das bicicletas PEDELC, as “elétricas de pedal assistido” como são conhecidas aqui no Brasil, para a promoção e difusão da bicicleta como meio de transporte de cargas e pessoas. Tratou também da importância da bicicleta como parte de um sistema de transporte público, falou sobre as rodovias para bicicletas e encerrou sua explanação concluindo que é necessário treinamento e capacitação, dos técnicos e decisores públicos, para implantação de um cenário favorável a mobilidade por bicicleta nas cidades.

A bicicleta como alternativa

Metro_bicicleta

O metrô do Rio de Janeiro está em expansão em direção à Barra, as obras já impactam diretamente a circulação no Leblon. Como forma de diminuir os impactos, a Prefeitura e o consórcio responsável pelas obras estão com uma campanha nas ruas para encorajar o uso da bicicleta como alternativa.

Pelos custos e prazos, as infraestruturas metroviárias representam um enorme impacto nas cidades, mas a presença do transporte sobre trilhos ao redor da cidade representa um enorme ganho depois que as obras são concluídas.

De acordo com o consórcio responsável:

A campanha procura não só amenizar os transtornos com as obras, mas deixar um legado importante para a cidade, com menos poluição e mais mobilidade.

Afinal, quem descobre a bicicleta, tende a se acostumar com sua eficiência para os deslocamentos urbanos e a cada ciclista a mais nas ruas, o ganho maior é da cidade.

Por outro lado, a campanha também foi alvo de críticas por conta do texto do cartaz que busca incentivar o uso do transporte público e traz a imagem de um ônibus.

De acordo com Ivan Acciolly, que compartilhou a foto do cartaz, há um grave erro no texto, de se referir ao transporte público por ônibus como alternativa ao metrô. Com isso, dá-se a entender que o metrô não é transporte público.

Essa e outras polêmicas ainda renderão muito assunto. Mas até que os trilhos estejam assentados nos subterrâneos cariocas, o melhor mesmo é seguir tranquilamente de bicicleta pela superficie.

Progresso urbano

A imagem acima é, diz-se, a primeira fotografia a registrar uma figura humana. Um homem que ficou parado durante os dez minutos em que a foto foi tirada. Esse foi o tempo necessário para que a luz pudesse modificar os sais de prata e produzir o retrato da paisagem.

Nos dez minutos em que ficou parado, passaram pelo homem pessoas, cavalos, charretes, carruagens. Nada disso pode ser visto por serem rápidos demais para a máquina registrar. Desde 1838 até hoje, a noção de tempo e espaço mudou, mas a que custo e para o benefício de quem.

O vídeo abaixo ainda é do século XIX, carruagens, charretes e ônibus puxados por cavalos compartilham uma ponte. O passo é lento, o cavalo segue no ritmo do caminhar de uma pessoa.

Anos depois e já estamos no século XX, na ponte de Londres em 1926. O trânsito segue pesado, mas agora o transporte é motorizado. Nas calçadas ainda há vida, os pedestres seguem em largas calçadas e os veículos tracionados por cavalos seguem presentes nas ruas.

Los Angeles, século XXI, cidade exemplo máximo do planejamento centrado no transporte individual motorizado. Não há cidade, não há vida na rua. O espaço urbano pertence aos congestionamentos durante a hora do rush. Mas olhando bem, não passa de um grande vazio de asfalto, com largas pistas e nenhuma vida.

Running on Empty (Revisited) from Ross Ching on Vimeo.

Havia algo de correto que ficou perdido ao longo da história das cidades durante o século XX. O século XXI é o tempo de revermos nossa trajetória, sem apontar culpados. É hora de pensar em alternativas para o queremos fazer na maior obra de arte aberta de todos os tempos, as cidades.

Todo esse longo caminho em vídeos antigos foi inspirado em duas reflexões, também em vídeo, sobre caminhos e tecnologias humanas.

O primeiro mostra um planeta sedento por petróleo:

Bendito Machine IV – Fuel the Machines from Zumbakamera on Vimeo.

Já o segundo é uma propaganda que mostra o caminho que a agricultura industrial tomou nos últimos anos:

O futuro se constrói no presente. Ao olhar para o passado é possível ver o legado imprevisível deixado por aqueles que viveram antes. O legado futuro não nos pertence, apenas o momento presente resta-nos imaginar e realizar um futuro que seja melhor que aquele que foi construído no passado.