Vinte é o suficiente

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Na Inglaterra o lema é: “20 é o bastante”. Diversas cidades tem unificado o limite de velocidade das ruas residenciais para 20 milhas por hora, o equivalente a 32 km/h. O maior benefício da unificação é a universalização do comportamento.

Motoristas que vivem em ruas mais tranquilas onde crianças podem caminhar e pedalar com segurança entendem melhor porque é bom ir devagar. A segurança viária passa a ser portanto um conceito comunitário para além de placas e sinalização não respeitada.

Violações aos limites de velocidade tem um forte componente de coerção social. A campanha “20’s Plenty” trata com extremo louvor o princípio de que as pessoas respeitam mais regras que “fazem sentido”. Afinal cada motorista tem como parâmetro a conduta em “sua rua” e passa a universalizar o comportamento cortês na “rua dos outros”.

Um grande problema da mobilidade urbana é a atitude dos condutores e para reverter comportamentos detrutivos, novas idéias são o único caminho. A universalização das Zonas 30 por trás do lema “20 é o bastante” é certamente uma abordagem que trabalha não só com a informação estática, mas principalmente com a mudança de comportamento.

No Brasil, o Rio de Janeiro já criou as suas “Zonas 30”, que teve sucesso e adesão por parte dos motoristas. Para o exemplo de Copacabana se espalhar, já fica a sugestão de slogan: 30 é bom pra gente!

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A Lapa dos Pedestres

Porquinhos pela floresta

Vivemos na sociedade do culto ao corpo. É uma forma das pessoas encontrarem-se a si mesmas e reagir à sociedade de consumo que transforma gente em consumidores.

Mesmo que o próprio corpo tenha se tornado objeto de consumo – basta ver as capas de revistas e propagandas que usam corpos sensuais para vender de tudo – os exercícios físicos e a valorização do corpo são uma forma de autoconhecimento, de se encontrar no mundo. Devemos sim cuidar do corpo, da saúde. Malhar, correr, pedalar. Por isto, atletas são modelos para a sociedade. Ou deveriam ser…

Porque não basta apenas pensar em si mesmo.

Mais: 10 mandamentos para uma cidade melhor

Após a última Meia Maratona Internacional do Rio, em apenas 2 quarteirões foram encontrados 76 pacotes vazios de aditivo energético pelo chão.

lixo pelo chão

lixo deixado por atletas

A pergunta que fazemos é: se os atletas carregavam os pacotes cheios no bolso, por que jogá-los vazios na rua??

Talvez seja para diminuir o peso morto. Sabe como é, depois que bate o cansaço, um grama faz muita diferença. Carregar o flaconete até o lixo mais próximo seria um esforço sobrehumano, capaz de causar tontura e até desmaio, VO2max!
lixo

Mas depois de pesquisar muito, na internet, nas academias e nos manuais, nós encontramos a verdadeira resposta: o lixo jogado no chão marca uma trilha, como aqueles miolos de pão que os porquinhos deixavam pela floresta para encontrar o caminho de volta.

 

Nossas cidades nós mesmos

O escritório Gehl Architects, em conjunto com o Institute for Transportation and Development Policy – ITDP, acabam de lançar a publicação Our Cities Ourselves: 10 Principles for Transport in Urban Life (Nossas cidades nós mesmos: 10 Princípios para o Transporte na Vida Urbana). O livreto mostra como cidades modernas podem enfrentar os desafios das mudanças climáticas e crescimento da população. E como, neste contexto, o transporte tem um papel decisivo.

(Clique em “menu”e “view fullscreen” para facilitar a leitura)

Os 10 princípios são:

1. Ande a pé: Crie bons ambientes para os pedestres.
2. Propulsão humana: Crie bons ambientes para bicicletas e não motorizados.
3. Vá de ônibus: Forneça transporte público de qualidade com bom custo benefício.
4. Controle de acesso: Permita o acesso de taxis e transporte coletivos limpos em velocidades seguras e em número significativamente reduzido.
5. Entrega de mercadorias: Sirva a cidade da maneira mais limpa e segura.
6. Misture tudo: Integre pessoas e atividades, edifícios e espaços.
7. Preencha os espaços: Construa bairros ao mesmo tempo adensados e atraentes, desenhados de forma a maximizar o transporte coletivo, e voltados para as pessoas.
8. Caia na real: Preserve e valorize o patrimônio natural, cultural e histórico local.
9. Conecte os quarteirões: Proporcione caminhadas diretas, interessantes e produtivas, com edifícios e quarteirões permeáveis e de pequeno tamanho.
10. Faça para durar: Construa para o longo prazo. Cidades sustentáveis atravessam gerações. São memoráveis, maleáveis, feita com materiais de qualidade e bem conservadas.

Original em inglês em: Cycling Embassy of Denmark

O livreto faz parte de um programa mais extenso do ITDP. Até 11 de setembro, em Nova Iorque, está acontecendo a exibição Our Cities Ourselves. Foram convidados 10 arquitetos para mostrarem sua visão de como serão 10 das mais fascinantes cidades do mundo, em 2030. Estas cidades já mostraram algum destaque no transporte sustentável e provaram ter liderança para abraçar as mudanças que estão por vir.
Uma destas cidades é o Rio de Janeiro. Confira na página ourcitiesourselves.org

A Lapa dos Pedestres

Dia após dia o Rio de Janeiro vem pensando em melhores formas de se usar a cidade e aos poucos estas começam a aparecer. Esta semana estava na capa do Diário Oficial da Cidade informação sobre a implantação de 22 quilômetros de vias exclusivas para ciclistas na Zona Oeste, interligadas a vários terminais de transporte público.

Uma importante mudança recente foi o fechamento das ruas da Lapa para o trânsito motorizado nas noites de sexta e sábado que, desde julho, estão livres, vivas e repletas de pessoas. Confira no belo vídeo abaixo.