Enxurradas urbanas

Quando a bicicleta é a opção, devagar e sempre, vão todos.

De trem, movem-se no ritmo das composições que vem e vão.

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Na enxurrada de carros, ninguém se move.

Cento e cinquenta pessoas em de Bogotá. Com ruas inteligentes a cidade pode ser de poucos, de muitos, ou de todos.

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Linhas de desejo e representatividade

Rios sempre foram obstáculos naturais. Em São Paulo são a grande barreira para os meios de transporte ativos. Os rios Pinheiros e Tietê formam uma linha real que separa o centro expandido da capital do resto da mancha urbana metropolitana.

Alças de acesso que permitem velocidades altas para os motorizados e a ausência de faixas de pedestres acabam por desencorajar viagens a pé e de bicicleta nas pontes. Em algumas delas caminhar e pedalar é até proibido.

Como forma de reforçar o desejo de pedalar em segurança sobre o rio Pinheiros, ciclistas pintaram uma ciclofaixa na ponte Cidade Universitária. O fluxo de pedestres é enorme por conta da USP de um lado e da estação de trem do outro lado do rio. Some-se a isso a grande oferta de empregos de um lado e moradias do outro.

O “cicloativismo apocalíptico” exemplificado na sinalização não-oficial carrega consigo o desejo ancestral de traçar o caminho mais curto e seguir por ele. Nas palavras do filósofo Gaston Bachelard, é a linha de desejo, ou trilha social. Foi desse modo humano de viajar que se fizeram caminhos na mata, que viraram trilhas, estradas. Por onde passaram boiadas, trilhos e estradas.

Caminhos em qualquer cidade, ou espaço humano habitado, serão sempre os mais curtos e fáceis. Durante as últimas décadas esse caminho era pensado para a utilização de veículos motorizados. A demanda e ineficiência em deslocar pessoas provaram a falência desse modelo. Para mitigar o colapso, resta investir em alternativas que encoragem o uso de meios de transporte inteligentes para as inúmeras demandas humanas por ir e vir.

Leia mais:
atos de amor e coragem (pedaline)
23 de maio (apocalipse motorizado)
Desire path (wikipedia)
Subconscious Democracy and Desire (Copenhagenize)

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Espaço público em debate

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Almoço grátis não existe. E no uso do espaço público, tudo que é de graça na verdade tem seu custo dividido por todos. Um exemplo clássico é o estacionamento gratuito de automóveis particulares nas vias. Um espaço que pertence à sociedade é utilizado livremente pelo dono de uma propriedade particular.

No nobre bairro de Moema, em São Paulo, a prefeitura, reduziu o espaço para o estacionamento gratuito visando benefícios para a fluidez do trânsito. Além disso, para compensar a redução dos espaços para estacionar, implantou o estacionamento rotativo nas ruas. Tudo para gerenciar de maneira mais eficiente o território limitado das ruas.

A medida, infelizmente, gerou descontentamento junto a um grupo de moradores e comerciantes da região. Um caso claro de confusão entre interesses privados e o bem maior.

Reverter o cenário de imobilidade motorizada em São Paulo envolve uma série de medidas, muitas vezes polêmica. A restrição ao estacionamento em locais públicos é uma delas.

Isso implica na readequação da circulação de moradores e visitantes do bairro. Comerciantes precisam depender mais da clientela local que aos poucos terá mais incentivos para deixar o carro na garagem e circular a pé ou de bicicleta pelo próprio bairro.

Para qualificar o debate, estão sendo promovidas audiências públicas na Assembléia Legislativa:

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Serviço:
Audiência Pública
Terça-feira, dia 25 – às 19h
Local: Plenário José Bonifácio
Assembleia Legislativa de São Paulo
Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, 1 andar
Em frente ao Parque do Ibirapuera

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Quando vagas vivas tornam-se política pública, o resultado é impressionante. O espaço coberto de asfalto, de uso exclusivo para circulação e estacionamento de veículos motorizados, ganha uma enorme variedade de usos. Gera-se um círculo virtuoso em que o comércio local tem benefícios imediatos e também a longo prazo.

Nossas cidades devem comportar a maior diversidade de usos possível e incentivar que o asfalto vire praça e estacionamento mesa de bar é estimular cidades melhores. Para as pessoas e para os comerciantes.

Leia mais na categoria “Vaga Viva“.

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