Reconhecimento na bienal de Veneza 2016

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Biennale Architettura 2016

O projeto “Ciclo Rotas do Centro do Rio de Janeiro” foi um dos selecionados para a 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. A proposta geral do curador “Alejandro Aravena” chama-se “Reporting from the Front” (Notícias do front em tradução livre) e é uma provocação sobre o papel da arquitetura como ferramenta de transformação.

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REPORTING FROM THE FRONT será sobre compartilhar com uma audiência mais ampla o trabalho de pessoas que estão revirando o horizonte em buscas de novos meios de agir, encarando questões como segregação, desigualdade, periferias, acesso ao sanemamento, desastres naturais, crise habitacional, imigração, informalidade, crime, trânsito, lixo, poluição e participação popular. E simultaneamente, serão apresentados exemplos em que diferentes dimensões são apresentadas, integrando o prático com o existencial, pertinência e coragem, criatividade e senso comum.

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Introdução por: Alejandro Aravena

Washington Fajardo foi o curador escolhido pela Fundação Bienal de São Paulo para escolher os melhores exemplos brasileiros a serem mostrados em Veneza. São 15 trabalhos que compõe a mostra “JUNTOS” que irá compor o Pavilhão do Brasil da Bienal de Veneza. A idéia é buscar “evidenciar histórias de pessoas que lutam e alcançam mudanças na passividade institucional das grandes cidades do País, conquistando arquitetura em processos lentos cujo vagar não é problema, mas um apontamento de soluções ao esfacelamento político do planejamento do território.

Histórico do projeto Ciclo Rotas do Centro do Rio de Janeiro

Tudo nasceu em uma parceria entre a Transporte Ativo, o ITDP Brasil e o Studio-X Rio. Foi durante o período pré-eleitoral de 2012 que nasceu a idéia das “Ciclo Rotas Centro”. Um presente da Sociedade Civil ao Prefeito recém empossado, visando estruturar uma rede cicloviária no centro da cidade. Para isso, ciclistas cariocas se uniram para construir um plano completo de ciclorrotas cruzando toda a região central, uma rede capaz de integrar os bairros centrais e ao mesmo tempo unir a Zona Sul à Zona Norte.

Para além do cicloativismo, a proposição de um plano estruturado foi uma maneira eficiente de municiar os técnicos da administração municipal para que eles pudessem ter subsídios para aumentar a malha cicloviária. Uma estratégia que independe dos humores políticos e que se constrói para além do calendário eleitoral.

Já em 2013, a malha proposta pelo projeto Ciclo Rotas Centro foi oficializada e passou a fazer do parte do planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro. Aos poucos a infraestrutura construída coletivamente vem ganhando as ruas.

Reconhecimento Internacional

Desde 2013, o Ciclorrotas centro já passou pelo no III Fórum Mundial da Bicicleta em Curitiba, no Urban Age da London School of Economics, na bienal de design em Shezen na China, no Velo City em Adelaide Australia, Medelin na Colombia e Taipei em Taiwan. Sempre sendo reconhecido como exemplo de projeto colaborativo “de baixo pra cima” feito através de uma parceria público privada sem verba dedicada.

Saiba mais:

Anunciado o tema do pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza 2016
Ciclorrotas de construção coletiva
Receita pronta para o uso da bicicleta

Existem mil receitas para adotar a bicicleta nas cidades

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Todas as cidades de dentro do carro são iguais. Afinal, o planejamento feito pela engenharia de tráfego transforma as ruas e avenidas em versões atravancadas de grandes rodovias. Um sonho global de cidade para pessoas é uma utopia genérica, mas que possibilita transformar o ambiente urbano com o uso de receitas locais.

Por seu tamanho e influência global, o Velo-City tem o poder de moldar o debate sobre mobilidade urbana em favor das bicicletas. Foi assim em Viena em 2013 com as zonas 30. Agora em 2016, em Taiwan já se fala na remoção total do trânsito motorizado de regiões centrais.

Quem vai a pé ou de bicicleta tem a real experiência urbana. Dá pra sentir a cordialidade do povo, a qualidade da infraestrutura. E as soluções utilizadas em Taipei refletem as transformações que a cidade está passando.

As transformações urbanas de Taipei

A organização dos espaços de cada cidade refletem a própria cultura do povo que ali vive. A paisagem é espelho e os problemas e soluções tem sempre que levar em conta as pessoas que irão compor o espaço construído.

O modelo norte-americano de amplos espaços de circulação para quem escolher motores aos poucos perde espaço para soluções em favor das pessoas, um momento de transição que emana das capitais européias, mas que precisa sempre de tempero local para funcionar.

Em Taipei, vultosos investimentos foram responsáveis por empilhar autopistas entre prédios. As rodovias elevadas estão lá, sólidas, mas sua destruição é símbolo da vontade de construir novos modelos urbanos.

Certamente não foi coincidência a divulgação de um belo vídeo do desmonte de um viaduto que fez ressurgir na paisagem um prédio histórico. Na prática, o pequeno trecho suprimido apenas trocou os automóveis de lugar, agora circulam junto ao chão e deixam o prédio em uma isolada ilha cercada de asfalto por todos os lados.

O momento de transição global para cidades que sejam novamente para as pessoas ainda tem um bom caminho pela frente. O consenso vindo do Velo-City de Taipei no entanto é que essa transição está claramente atrelada a limitação do acesso aos veículos motorizados.

Taipei, cidade compartilhada

semcalcada30O tecido urbano de Taipei tem três grandes componentes. Os longos e empilhados viadutos, as grandes avenidas e as vielas.

A segregação em benefício do fluxo motorizado é total nos viadutos. Nas grandes avenidas o asfalto pertence a quem usa motores e as calçadas, mesmo amplas, são compartilhadas pelo estacionamento de duas ruas rodas, ciclistas e pedestres.

Na última camada de tecido, ruas estreitas compartilhadas entre motorizados e pedestres. A infraestrutura construída mostra com clareza a lógica de que pedestres compartilham espaço com todos, motorizados e bicicletas.

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O tempo do pedestre é um componente fundamental na organização dos espaços de circulação. A velocidade motorizada e mesmo das bicicletas traz tensão para a caminhada e conflitos que tem os caminhantes como vítimas. Certamente a defesa da liberdade e tranquilidade para andar a pé é a utopia geral que se traduz na restrição absoluta da circulação motorizada em determinados espaços.

A atenção aos detalhes e a qualidade do acabamento da ciclovia compartilhada denunciam um cuidado com a infraestrutura que tanto faz falta às empreiteiras que fazem obras nas ruas  do Brasil.

A atenção aos detalhes e a qualidade do acabamento da ciclovia compartilhada denunciam um cuidado com a infraestrutura que tanto faz falta às empreiteiras que fazem obras nas ruas do Brasil.

A paixão pela bicicleta é o que nos move – Velo-City 2016

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O primeiro dia de Velo-City é o que dita o ritmo para os demais com a abertura oficial recheada de falas inspiradoras em painéis que reúnem todo o público presente ao evento. Em Taipei, nesse 27 de fevereiro de 2016 não foi diferente.

A maior inspiração para o público presente, em especial aos brasileiros, foi certamente a fala de King Liu presidente e fundador da Giant, maior fabricante mundial de bicicletas.

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Em sua fala o empresário mostrou que é “da bicicleta”. Atualmente com 82 anos, King Liu comemorou oito décadas de vida sobre pedais. Foram mais de 300 km cruzando a ilha Formosa (Taiwan).

Sua maior realização no entanto foi bancar a implementação do sistema de bicicletas públicas na capital taiwanesa, Taipei. Chamado de U-bike, o serviço é tão eficiente que conta com a aprovação de mais de 90% dos usuários.

Já durante o primeiro dia de evento, os participantes do Velo-City puderam testar as bicicletas e ficaram impressionados com a rapidez para destravar uma magrela e sair pedalando.

Foi preciso primeiro agir em favor da causa da bicicleta, com resultados vindo na esteira. Mesmo sem saber dos impactos possíveis de um sistema da bicis públicas, a Giant bancou a implementação. Os números hoje comprovam o acerto. Cidades com sistemas de compartilhamento pedalam mais e compram muito mais bicicletas.

A paixão pela bicicleta no entanto precisa no entanto ser integrada e é isso que faz a diferença e o sucesso de qualquer iniciativa. As bicicletas públicas de Taipei (e qualquer outro sistema) precisam de integração e, principalmente, estar acima das expectativas ao ser simples de ser utilizado, com bicicletas perfeitas e 24 horas no ar, 7 dias por semana.

Restrição ao espaço da mobilidade individual motorizada

Tema que esteve presente no painel de abertura e que se manteve forte ao longo do primeiro dia de Velo-City foi o da restrição ao uso do automóvel.

A cidade do futuro é a que conseguir ter 50% dos seus deslocamentos a pé ou em bicicleta, 40% através do uso de transporte público e os 10% restantes para as viagens individuais motorizadas. Administrar uma cidade hoje é portanto o desafio de adequar as políticas públicas para contemplar essa lógica.

As diretrizes do governo federal brasileiro inclusive já contemplam, em teoria, essa lógica. Resta colocar na prática os orçamentos para se adequarem à expansão de infraestrutura para beneficiar as pessoas nas cidades.

No painel “Urban Challenges for Smart Cities” (Desafios urbanos para cidades inteligentes) foram feitas apresentações de Xangai na China, Los Angeles nos EUA e Gronigen na Holanda, três cidades em estágios diferentes de transição para o futuro de humanização urbana.

Há um consenso mundial de que as cidades do futuro serão de restrição à mobilidade individual motorizada e de promoção ao uso eficiente dos espaços de circulação em benefício das pessoas tendo ainda o incremento de espaços públicos de qualidade.

Até mesmo em Los Angeles o caminho para aumentar o número de pedestres e ciclistas é por meio de políticas de restrição ao uso dos automóveis. Já em Gronigen, na Holanda todo o centro histórico é inacessível para quem está de carro.

As resistências estarão sempre presentes em qualquer implementação que beneficia as pessoas. Mas depois das melhorias consolidadas, o resultado é que as pessoas não querem voltar ao passado de privilégio motorizado.

O uso de dados para favorecer a bicicleta

No painel “The Data we Have, The Data we Use” (Os dados que temos, os dados que usamos), foi apontada a necessidade para que quem planeja para a bicicleta, quem promove seu uso e que administra precisa trabalhar junto. A produção de dados atualizados e confiáveis é a melhor maneira de apontar os rumos da implementação de infraestruturas cicloviárias e corrigir eventuais desvios ao longo da trajetória.

Resumão do primeiro dia de Velo-City 2016, Taipei

Renata Falzoni, do Bike é Legal conduziu um bate-papo com a delegação brasileira presente ao Velo-City desse ano:

Leia mais:

VELO-CITY GLOBAL TAIPEI 2016 – DAY 01
Menos Carros = Mais Espaço para Pessoas – Velo-City 2016

Maior encontro sobre mobilidade em bicicletas do mundo será no Rio em 2018

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Maior evento sobre mobilidade em bicicletas do mundo, a conferência Velo City Global acontecerá no Rio de Janeiro em 2018. Será a primeira vez que o evento será realizado na América do Sul.

Organizado pela Federação Européia de Ciclismo (ECF – European Cycling Federation) o congresso tornou-se global a partir de 2010 e acontece a cada dois anos em cidades  que promovem o uso da bicicleta. São cerca de 4 dias em que técnicos e políticos da administração, empresários e membros da sociedade civil vindos do mundo todo reunem-se para discutir soluções para promover a cultura ciclística e as pedaladas como meio de transporte.

Velo City Global 2018 Rio de Janeiro

O Velo City Rio 2018 é o coroamento de uma longa trajetória que começou em 2007 com a primeira participação de uma delegação brasileira no encontro. Em Munique 2007 já ficou clara a importância de trazer um evento desse porte para o Brasil. Nós da TA levamos as primeiras conversar a sério e desde então pedalamos para ter um Velo City brasileiro e carioca.

Em 2010, no primeiro Velo City Global, em Copenhagen, o assunto voltou a tona entre a delegação Brasileira e ganhou força. O Rio de Janeiro pleiteou sediar a edição 2014, chegando a ficar entre as 3 possíveis sedes, mas a escolhida acabou sendo Adelaide na Austrália.

Durante o Bici Rio 2015, a possibilidade da cidade sediar o evento foi apresentada pela ECF e logo virou notícia. Ao todo, foram mais de 6 anos nos quais a Prefeitura do Rio e a entidade organizadora dialogam para realização o Velo City na cidade, foram diversas reuniões, idas e vindas até o anúncio  que oficializou o nascimento do Velo City Global 2018 Rio de Janeiro.

Esse é apenas o começo. Nos próximos 2 anos, prefeitura, iniciativa privada, ECF toda a sociedade civil, que trabalha em prol da mobilidade em bicicleta irão trabalhar juntas para para realizar este grande encontro do ciclismo.

São esperadas cerca de três mil pessoas, direta e indiretamente, de diversas cidades do mundo que, em um período de quatro dias, em junho de 2018, se reunirão para debater todos os temas relacionados à “magrela” tais como ciclovias, ciclofaixas, infraestrutura, negócios, logística, segurança, lazer, saúde, cultura e inclusão.

Com informações Diário Oficial do Município

Bicicletas para crianças, o livro

 

 

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Um livro para buscar faíscas para relembrar boas memórias e ajudar na formação dos alicerces das gerações futuras.

Será lançado no Rio de Janeiro de Janeiro e em São Paulo “Bicicletas para crianças – Saúde, Diversão e Trânsito”. De autoria de João Lacerda e com ilustrações de Milla Scramignon. A publicação é uma realização da Transporte Ativo com patrocínio do Itaú.

Dividido em 7 capítulos, “Bicicletas para crianças” busca ser inspiração para novas fábulas e também um manual prático de como promover a mobilidade humana dentro e fora do ambiente escolar.

Para construir cidades para as crianças

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No olhar de cada criança há sempre o impulso pela descoberta, uma coragem de desbravar o desconhecido e absorver tudo que é belo no mundo. Preservar a sabedoria inata da infância é dever dos adultos e existem várias formas de fazê-lo.

A experiência ao longo dos anos por vezes solidifica percepções e até mesmo inviabiliza transformações necessárias. Cada nova vida humana que chega ao mundo nos faz lembrar que nada está pronto.

Somos, e seremos sempre, capazes de inventar novas fábulas, descobrir soluções inéditas para velhos problemas, manipular o tempo e o espaço, escrever ensinamentos para o presente, desbravar os caminhos menos trilhados e acima de tudo, oferecer o nosso melhor para as futuras gerações honrando o que recebemos de nossos antepassados.

Entre o passado e o que está por vir, são as crianças que nos ensinam o valor de viver cada momento. A beleza está em juntar a pureza da infância com humildade e utilizar a sabedoria dos anos vividos para transformar para melhor as cidades ao nosso redor, dia após dia.

Serviço:

Rio de Janeiro
Data: Sexta, 11 de dezembro de 2015
Hora: 18:00h
Local: Bike Rio Café, rua do Senado, 176

São Paulo
Data: Sábado, dia 12 de dezembro de 2015
Hora: 15:00h
Local: Preto Café, rua Simão Álvares, 781