Maior encontro sobre mobilidade em bicicletas do mundo será no Rio em 2018

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Maior evento sobre mobilidade em bicicletas do mundo, a conferência Velo City Global acontecerá no Rio de Janeiro em 2018. Será a primeira vez que o evento será realizado na América do Sul.

Organizado pela Federação Européia de Ciclismo (ECF – European Cycling Federation) o congresso tornou-se global a partir de 2010 e acontece a cada dois anos em cidades  que promovem o uso da bicicleta. São cerca de 4 dias em que técnicos e políticos da administração, empresários e membros da sociedade civil vindos do mundo todo reunem-se para discutir soluções para promover a cultura ciclística e as pedaladas como meio de transporte.

Velo City Global 2018 Rio de Janeiro

O Velo City Rio 2018 é o coroamento de uma longa trajetória que começou em 2007 com a primeira participação de uma delegação brasileira no encontro. Em Munique 2007 já ficou clara a importância de trazer um evento desse porte para o Brasil. Nós da TA levamos as primeiras conversar a sério e desde então pedalamos para ter um Velo City brasileiro e carioca.

Em 2010, no primeiro Velo City Global, em Copenhagen, o assunto voltou a tona entre a delegação Brasileira e ganhou força. O Rio de Janeiro pleiteou sediar a edição 2014, chegando a ficar entre as 3 possíveis sedes, mas a escolhida acabou sendo Adelaide na Austrália.

Durante o Bici Rio 2015, a possibilidade da cidade sediar o evento foi apresentada pela ECF e logo virou notícia. Ao todo, foram mais de 6 anos nos quais a Prefeitura do Rio e a entidade organizadora dialogam para realização o Velo City na cidade, foram diversas reuniões, idas e vindas até o anúncio  que oficializou o nascimento do Velo City Global 2018 Rio de Janeiro.

Esse é apenas o começo. Nos próximos 2 anos, prefeitura, iniciativa privada, ECF toda a sociedade civil, que trabalha em prol da mobilidade em bicicleta irão trabalhar juntas para para realizar este grande encontro do ciclismo.

São esperadas cerca de três mil pessoas, direta e indiretamente, de diversas cidades do mundo que, em um período de quatro dias, em junho de 2018, se reunirão para debater todos os temas relacionados à “magrela” tais como ciclovias, ciclofaixas, infraestrutura, negócios, logística, segurança, lazer, saúde, cultura e inclusão.

Com informações Diário Oficial do Município

Carnaval: tempo de purpurinar as ruas

Há alguns anos, ainda na primeira década do século XXI, um fenômeno começou a tomar conta das ruas do Rio de Janeiro durante o carnaval, foi o fenômeno da multiplicação dos blocos. Nos bairros, no centro da cidade, da zona sul à zona norte a ruas e avenidas passaram a pulsar com gente.

Hoje o samba e a alegria já estão consolidados muito além do sambódromo da Marques de Sapucaí. Todos os anos, quem gosta de espaços públicos democraticamente ocupados por pessoas pode ser deslumbrar com a diversidade da diversão. Seja rico ou seja pobre, o rei Momo sempre vem.

A consolidação da festa pagã durante o feriado religioso ainda coloca cidades no mapa, Salvador e Rio de Janeiro ainda são as praias famosas para quem quer tomar as ruas na busca de diversão. Tanto que em ambas, existe além dos consolidados roteiros, a aventura dos “pipocas” baianos, ou os “blocos clandestinos” dos cariocas.

Carnaval para redescobrir cidades

O ano de 2016 foi de consolidação da redescoberta das festividades de rua pelos paulistanos. Houve quem dissesse que a culpa foi da crise econômica que limitou os orçamentos e fez com que mais gente optasse por ficar em casa durante o carnaval. Uma análise mais ampla aponta para um fenômeno que se alastra Brasil afora. Carnaval deixou de ser a época de escapar dos grandes centros em busca de diversão sem limites nas cidades carnavalescas.

As pessoas continuam buscando as ladeiras de Olinda, Ouro Preto e tantas outras. Mas cada ano torna-se mais possível e razoável escolher entre ir dormir em casa depois da folia ao invés de enfrentar estradas ou aeroportos.

São Paulo é cidade de fugitivos. Destino de homens de negócio durante a semana e palco de gigantescos congestionamentos nas estradas causados por moradores em fuga para locais mais aprazíveis nos feriados prolongados. O necessário embate entre lazer/prazer e trabalho é ainda mais necessário na maior cidade brasileira, a noção de que a cidade é engrenagem de produção de riqueza e moedor de carne humana precisa ser reinventada.

Os cariocas descobriram primeiro que é possível ter prazer nas ruas da cidade em que se vive. Os paulistanos estão seguindo no caminho, e com seus superlativos, buscam espalhar a folia pela cidade para que o carnaval seja a apoteose da felicidade e menos parecido com o apocalipse da bebedeira, urina e lixo.

Saldo positivo para apresentar São Paulo já tem. A cidade arrecada mais dinheiro com o Carnaval de rua do que com o sambódromo do Anhembi e principalmente, desloca-se em massa através dos ônibus, metrô e trens. Mas acima de tudo, o reinado motorizado do resto do ano submete-se ao reinado das pessoas alegres, fantasiadas e dançantes.

Até quando o próximo carnaval chegar, o importante é tirar a purpurina do corpo, mas deixá-la guardada na alma.

Para além da visibilidade

Uma boa política pública precisa ter visibilidade e também abrangência. O desafio é portanto que as pessoas possam conhecer as mudanças e desfrutar delas. O Rio de Janeiro nos dá um bom exemplo do caminho traçado durante o século XX da motorcracia e o que está sendo feito para valorizar uma outra mobilidade no século XXI.

A conexão cicloviária entre a zona Sul e a zona Oeste é demanda antiga de ciclistas cariocas. Todos os trajetos disponíveis (por enquanto) envolvem cruzar maciços rochosos em túneis feitos para o fluxo motorizado expresso, ou subir e descer montanhas. A ciclovia que contorna a avenida Niemeyer, fincada nos pilares do costão, é o primeiro passo para quebrar barreiras geográficas para a bicicleta. Agora quem quiser ir do Leblon a São Conrado pode fazer o trajeto com conforto e segurança.

100 anos de atraso

Com suas rampas suaves e curvas sinuosas, a avenida Niemeyer é um livro escrito na rocha, testemunho da fascinação do século XX pelos motores. Idealizada para ser uma ligação ferroviária, logo tornou-se estrada. Os trabalhos de abertura começaram ainda no século XIX, mas a inauguração data de 20 de outubro de 1916. O grande responsável pela conclusão do trajeto foi o comendador Conrado Jacob Niemeyer, grande proprietário de terras na região e que depois de patrocinar a obra de ligação das chácara do Leblon à antiga praia da Gávea cedeu o direito de passagem em suas terras à prefeitura.

Para a visita do rei da Bélgica em 1920 a estrada em homenagem ao comendador Niemeyer foi ampliada e pavimentada. Lógica similar ao que aconteceu com a linha Vermelha, uma “ampliação” de um viaduto para a passagem dos chefes de Estado em visita ao Rio para a Eco92.

Durante os anos 1930 e 1940 o belo trajeto à beira mar foi palco do incipiente automobilismo brasileiro. Foram os tempos do “Trampolim do Diabo”, apelido do Circuito da Gávea que abrigou o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro.

As Olimpíadas e uma ciclovia à beira mar

Investimentos em mobilidade urbana são o maior dos legados de grandes eventos esportivos. Seja a visita do rei da Bélgica, a Eco92, Copa do Mundo ou Olimpíadas. Os valores gastos pelo poder público com diferentes soluções de mobilidade mostram um progresso. O Rio de Janeiro voltará a ter trilhos na superfície (os novos bondes do Centro), mais metrô (o linhão 1 até a Barra), corredores de ônibus, ciclovias e também obras para a mobilidade individual motorizada.

Continuação da ligação entre as zonas Oeste e Sul, o elevado do Joá foi durante muitas anos o maior atalho expresso entre a Barra e São Conrado. Aos ciclistas e pedestres restava o sobe e desce da sinuosa Estrada do Joá. As pistas para carros e ônibus junto ao mar serão duplicadas e, de brinde, a futura ciclovia também terá um atalho de baixa altimetria.

A inauguração da ciclovia da Niemeyer, suspensa no costão rochoso do morro Dois Irmãos, precisa ser guardada como um marco para a cidade. Uma grande obra de importância vital para a circulação em bicicletas. Por hora ainda está longe de representar uma prioridade absoluta para as pessoas que utilizam transportes ativos, mas certamente servirá como exemplo futuro.

O Rio de Janeiro que se modificou para ser confortável para a transporte individual motorizado não foi construído em um dia. A cidade maravilhosa para as pessoas a pé, em bicicleta ou no transporte público aos poucos se mostra aos olhos da população e do mundo.

Saiba mais:

Avenida Niemeyer – História
Fotos do projeto do novo Viaduto do Joá

A inauguração da mais bela das ciclovias

“Imaginação é a faculdade de criar a partir da combinação de ideias; criatividade.”

Quem poderia imaginar uma ciclovia como a que foi feita ao lado da Avenida Niemeyer no Rio de Janeiro? Contornando o costão rochoso entre os bairros de Leblon e São Conrado ela será inaugurada dia 17/01/2016 como a primeira etapa da futura ligação cicloviária completa de toda a orla carioca.

A criação e ampliação da malha cicloviária carioca não é fruto da imaginação de ninguém, apenas uma adequação urbana aos novos tempos. Pedalar em ciclovias faz parte do cotidiano carioca desde os anos 1990 e como a cidade tem uma beleza natural famosa  as bicicletas circulam com paisagens belíssimas ao fundo. Mas a da Niemeyer extrapolou essa qualidade da capital fluminense. Quem imaginaria que a mobilidade urbana carioca acrescentaria uma obra com tamanha capacidade de gerar empatia (e antipatia também) no Rio, no Brasil e mundo afora?

Feliz a cidade que explora os novos tempos de liberdade de opinião para discutir abertamente a validade e qualidade da ciclovia da Niemeyer. A (polêmica) ciclovia ganhou cores fortes, opiniões apaixonadas, declarações de amor ao Rio e de ódio a quem construiu. Há quem queira vir de outros estados para pedalar e há quem pense que a hora é de se mudar do Rio de mala e cuia.

Nossa imaginação pode nos permitir sonhar com o dia em que a bicicleta será uma unanimidade e que a ciclovia da Niemeyer será o ícone dessa nova matriz urbana, voltada mais para as pessoas que para veículos motorizados. Mas como toda a unanimidade é burra quem pedalar pela nova e mais bonita pista da cidade o fará não só com a vista deslumbrante, mas também com a certeza que pode debater de forma aberta e democrática como será a cidade que queremos.

Para lembrar

A avenida Niemeyer foi palco do famoso vídeo “Como ultrapassar mais de 100 carros em 5 minutos”. Um desafio apocalíptico em uma avenida que só agora permite o acesso seguro e confortável para quem pedala.

Bicicletas para crianças, o livro

 

 

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Um livro para buscar faíscas para relembrar boas memórias e ajudar na formação dos alicerces das gerações futuras.

Será lançado no Rio de Janeiro de Janeiro e em São Paulo “Bicicletas para crianças – Saúde, Diversão e Trânsito”. De autoria de João Lacerda e com ilustrações de Milla Scramignon. A publicação é uma realização da Transporte Ativo com patrocínio do Itaú.

Dividido em 7 capítulos, “Bicicletas para crianças” busca ser inspiração para novas fábulas e também um manual prático de como promover a mobilidade humana dentro e fora do ambiente escolar.

Para construir cidades para as crianças

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No olhar de cada criança há sempre o impulso pela descoberta, uma coragem de desbravar o desconhecido e absorver tudo que é belo no mundo. Preservar a sabedoria inata da infância é dever dos adultos e existem várias formas de fazê-lo.

A experiência ao longo dos anos por vezes solidifica percepções e até mesmo inviabiliza transformações necessárias. Cada nova vida humana que chega ao mundo nos faz lembrar que nada está pronto.

Somos, e seremos sempre, capazes de inventar novas fábulas, descobrir soluções inéditas para velhos problemas, manipular o tempo e o espaço, escrever ensinamentos para o presente, desbravar os caminhos menos trilhados e acima de tudo, oferecer o nosso melhor para as futuras gerações honrando o que recebemos de nossos antepassados.

Entre o passado e o que está por vir, são as crianças que nos ensinam o valor de viver cada momento. A beleza está em juntar a pureza da infância com humildade e utilizar a sabedoria dos anos vividos para transformar para melhor as cidades ao nosso redor, dia após dia.

Serviço:

Rio de Janeiro
Data: Sexta, 11 de dezembro de 2015
Hora: 18:00h
Local: Bike Rio Café, rua do Senado, 176

São Paulo
Data: Sábado, dia 12 de dezembro de 2015
Hora: 15:00h
Local: Preto Café, rua Simão Álvares, 781