Caminhos da Serra

pedalando na serra

Para ter sucesso, quem luta em favor das bicicletas precisa aproveitar as oportunidades e agir quando for preciso, sem esperar que alguém faça por nós.

Saber aproveitar as oportunidades requer estar aberto e antenado, sem nunca fechar canais de comunicação. Também é preciso saber dizer não quando preciso, para ter foco. Uma boa dose de conhecimento técnico ajuda muito. Agir, colocar a mão na massa, exige comprometimento, e a clara visão de que o futuro se constrói hoje. Estar pronto para enfrentar o que vem após a curva.

Um excelente exemplo disto é o movimento para implantação da Trilha Verde da Maria Fumaça, na região central de Minas Gerais, entre Diamantina e Monjolos. O objetivo é possibilitar o deslocamento de caminhantes e ciclistas pelo antigo ramal ferroviário da região, criado em 1909. Que foi totalmente desativado em 1973, dentro da política rodoviarista da época.

antigo leito ferroviário

Durante cerca de 30 anos a “linha do trem” ficou abandonada. Apesar de estar sob responsabilidade do DNIT e as construções sob responsabilidade do IPHAN, passou a ser aos poucos vendida, alugada, roubada e ocupada ilegalmente. Recentemente, o trajeto começou a ser usado em atividades de lazer e estudo por ciclistas, caminhantes, cavaleiros, professores, estudantes e um novo olhar passou a conviver com as belezas e problemas do caminho.

Em 2000 uma expedição encabeçada pela ONG Caminhos da Serra percorreu a pé todo o trecho de Diamantina a Corinto. Desde então, vem sendo discutida a proposta de se criar a Rota de Ecoturismo da Trilha Verde da Maria Fumaça, com cerca de 100km de extensão.

trilha da maria fumaça

Por ser um percurso criado para o tráfego ferroviário, a Trilha Verde da Maria Fumaça não possui ladeiras acentuadas ou curvas fechadas, apesar do trajeto serpentear por entre escarpas da Serra do Espinhaço e haver um desnível de mais de 800m.

estrada para Diamantina

A Serra do Espinhaço possui como características marcantes os afloramentos de rochas quartzíticas entremeados por campos e pequenas faixas de matas, e recebeu da Unesco o título de Reserva da Biosfera. Além de passar por 7 localidades, ao longo da Trilha da Maria Fumaça existe um grande número de atrativos naturais.

Serra do Espinhaço

O destaque fica para os vilarejos de Barão de Guaicuí, com a Cachoeira do Barão, e as formações e sítios arqueológicos da Serra do Pasmar; e o vilarejo de Conselheiro Mata, com mais de 10 cachoeiras no seu entorno.

Conselheiro Mata

A Trilha foi subdividida em seis trechos, conforme as localidades existentes ao longo do trajeto, com distâncias propícias para viagens a pé ou de bicicleta.
Trecho 1: Diamantina a Bandeirinha – 16,6 km
Trecho 2: Bandeirinha a Barão de Guaicuí – 10,5 km
Trecho 3: Barão de Guaicuí a Mendes – 17,6 km
Trecho 4: Mendes a Conselheiro Mata – 24,4 km
Trecho 5: Conselheiro Mata a Rodeador – 16,5 km
Trecho 6: Rodeador a Monjolos – 14,4 km

Em 2009 foi criado o Grupo Gestor da Trilha Verde da Maria Fumaça, que já se reuniu com prefeitos, DNIT, IPHAN, Procuradoria do Estado de Minas, entre dezenas de outras ações. Há poucos dias, foi concluído um relatório de identificação e diagnóstico para indução e apoio de fluxo turístico, dentro do Programa de Estruturação do Circuito dos Diamantes (estância de governança regional do turismo).

O relatório apresentado identifica os principais problemas da trilha e apresenta as soluções necessárias. Foi elaborado pelos turismólogos Felipe Marcelo Fernandes Ribeiro e Maria Luar Mendes de Souza, sob a Coordenação Técnica de Hugo Araújo.

A Transporte Ativo parabeniza todas as pessoas envolvidas e apóia a excelente iniciativa.

  • Mais: vídeo “Expedição Trilha da Maria Fumaça”
  • As fotos foram tiradas numa cicloviagem feita de Santa Bárbara a Diamantina, em julho de 2009. Passei pelos trechos da trilha entre Rodeador e Conselheiro Mata.

    Bicicletas públicas em Londres

    Um programa de aluguel de bicicletas públicas começou a operar nesta sexta-feira na capital britânica, Londres.
    A organização Transport for London (TfL), que coordena o transporte da capital, disse que mais de 12.450 chaves foram entregues para que os londrinos que se cadastraram possam destrancar as bicicletas deixadas em mais de 330 estações.
    As chaves custam 3 libras (R$ 8) e o aluguel das bicicletas varia de uma libra (R$ 2,7) por uma hora de uso até 50 libras (R$ 137) por 24 horas.
    As bicicletas pesam 23 quilos e têm três marchas. Elas não vêm com travas – mas são trancadas automaticamente quando colocadas de volta nas estações encerrando o período de aluguel, para evitar que as pessoas fiquem com as bicicletas por longos períodos.

    O serviço funciona 24 horas por dia, durante o ano todo.

    O programa foi oficialmente lançado no parque Jubilee, na região londrina de South Bank, pelo prefeito Boris Johnson.

    A TfL espera chegar a seis mil bicicletas e 400 estações até o fim do ano.

    Com informações da BBC Brasil e imagens da Transport for London (TfL)

    Veja mais em:
    BBC News (em inglês)
    BBC Vídeo com o prefeito de Londres, Boris Johnson

    Mais espaço para pedestres

    Aos poucos Brasília pode deixar de ser apenas uma “cidade feita para carros”. Embora historicamente a mobilidade seja tratada com alargamento de vias e construção de viadutos, há sinais de que alguma coisa está mudando na cidade.

    Estão acontecendo obras de melhorias para os pedestres em pleno Setor Comercial Sul, área crítica sempre citada na mídia pela falta de vagas e carros estacionados sobre calçadas. Nestas obras, que inclui ampliação das calçadas, estão sendo tomadas vagas de carros!

    revitalização de calçada no SCS - Brasília
    A foto mostra um calçada sendo construída próximo ao Hospital de Base. Foram tomadas pelo menos 10 vagas de carros, num local onde a procura por espaço chega a virar discussão raivosa entre motoristas.

    revitalização de calçada - SCS
    Esta outra foto mostra uma calçada com cerca de 50 metros, onde antes só havia estacionamento. Foram eliminadas no mínimo 20 vagas para dar mais espaço ao pedestre. E não é só: a calçada terá piso tátil, canteiros e árvores.

    Em todo Setor Comercial Sul, calçadas e áreas de pedestres estão sendo revitalizadas, com alargamento, nova concretagem e instalação de piso tátil e rebaixamentos. Estas duas últimas características leva-nos a crer que a CPA está envolvida nestas melhorias.

    A Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) é um órgão vinculado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) e tem por finalidade acompanhar o desenvolvimento do Programa de Governo “Acessibilidade: Direito de Todos”.

    Cada metro destinado ao pedestre torna a cidade melhor. Ainda falta muito. Uma sucessão de equívocos levou a cidade ao caos, a ponto de um administrador admitir que “a cidade hoje está escondida atrás dos carros”.

    Mas sempre é o momento de recomeçar, de refazer, de mudar a direção e pensar no futuro que se faz hoje. A semente da mudança pode estar em uma única pessoa, num único órgão; mas se germinar com vigor, vira árvore e floresta.

    Bicicletas para a saúde

    O Governo de Alagoas anunciou a entrega de 5.300 bicicletas para as ações no Programa Saúde da Família nos 102 municípios do estado.

    5.300 bicicletas para a saúde

    A intenção é garantir melhor meio de transporte dos agentes comunitários de saúde. A demanda surgiu entre os próprios agentes que, durante o Fórum Viva Vida, falaram das dificuldades que encontravam para atender as famílias e realizar as visitas periódicas necessárias, pois muitas pessoas a serem visitadas residem em localidades distantes.

    O objetivo do governo, com esta iniciativa, é ampliar a cobertura à assistência as gestantes, crianças e idosos, contribuindo para redução dos índices de mortalidade infantil e melhoria da qualidade do atendimento à população
    Myrna Pimentel, diretora de Atenção Básica

    Quando falamos em bicicletas e sustentabilidade, não pensamos apenas no meio ambiente. Sustentabilidade é um conceito necessário em condições de escassez de recursos ou, de outra forma, é usar os recursos disponíveis com eficácia, efetividade, sabedoria.

    Em locais tão díspares como Londres, na Inglaterra; Kaberamaido, Uganda; ou vilarejos longínquos no Nepal, a bicicleta dá sua fundamental contribuição para o sistema de saúde.

    when looking at ways of providing patient care in the city it was clear that bicycles were the most effective way to get to the parts of the city normal ambulances couldn’t reach
    Wayne Badcock, St John Bicycle Ambulance Service

    É mais do que sabido que usar a bicicleta é ótima escolha para melhorar as condições pessoais de saúde. Combate doenças, contribui para diminuir o peso, aumenta a força e a condição física. Reveja aqui.

    Mais do que tratar doentes, um sistema de saúde eficiente passa antes por medidas de prevenção bem feitas. Ao fornecer agilidade aos agentes comunitários, mais pessoas podem ser atendidas em menos tempo, ampliando o leque de atuação dessas medidas preventivas de saúde. Da mesmíssima forma, se as cidades tomassem medidas preventivas no trânsito, nossas ruas não precisariam ser levadas para a UTI dos engarrafamentos.

    A bicicleta está aí, disponível para ser adotada em soluções inteligentes como esta adotada pelo governo alagoano.

    Mais:
    Quem pedala vive mais
    Cidades e prostitutas
    Bonita, saudável, sexy
    Tudo que a Bicicleta pode Ser