Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas

Bicicletas dobráveis no Brasil são um “nicho de mercado”. As norte-americanas Dahon são uma das representantes. Fabricadas em Taiwan seguem da fábrica direto para o Brasil onde são vendidas a preços relativamente altos o que impossibilita que elas possam ser os veículos de transporte dos mais pobres que já usam a bicicleta.

Fabricante e importador têm o foco no uso como meio de transporte, mas por hora o sucesso maior é na Europa, onde as dobráveis são mais comuns. Além da China, maior mercado de bicicletas, onde 15% do total são dobráveis.

As que chegam ao Brasil hoje são todas importadas e a tarifação para as magrelas ainda as considera brinquedos. Isso faz com que o consumidor final de uma bicicleta importada pague até 60% do seu veículo em impostos. Vale ressaltar que a fabricação, importação e exportação de veículos motorizados ainda conta com inúmeros incentivos por parte do governo brasileiro.

A estrutura do comércio é outra dificuldade para o aumento das vendas de bicicletas em geral e das dobráveis especificamente. Os maiores revendedores são as bicicletarias que são pouco capitalizadas e incapazes portanto de fazer grandes pedidos e gerar economia de escala.

As ruas de nossas cidades ficam lotadas de veículos automotores parcelados à perder de vista, mas ainda não estão presentes os incentivos necessários para que os consumidores possam comprar boas bicicletas em mais do que 10 ou 12 vezes. Os custos em encargos financeiros inviabilizam ao pequeno comerciante oferecer condições vantajosas para quem não pode comprar a sua bici à vista.

O problema está dado, as bicicletas dobráveis são um nicho porque poucos compram ou porque não há oferta? A resposta pode estar nos 15% de mercado desse tipo de bicicleta na China. País com poder de compra equivalente ao do Brasil. Para que hajam mais e melhores bicicletas em nossas ruas, não se pode desprezar o fator macro-econômico.

Mais:
Carro de Branco, Bicicleta de Negro.

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Esse post foi escrito com a colaboração de Luis Felipe, sócio da Alternation, importadora das dobráveis Dahon e parceira da Transporte Ativo.

4 thoughts on “Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas

  1. Na edição de maio desse ano a revista VO2max trouxe uma matéria sobre uma alternativa nacional à Dahon: Flexbike (www.flexbike.com.br). A venda é direta e o preço á mais acessível – R$ 650,00. Ainda não é o ideal, mas já é um avanço.

  2. Hoje, no Globo de Domingo, saiu uma matéria justamente sobre as bikes dobráveis. Quem não teve de comprar ainda pode ler online:

    http://oglobo.globo.com/rio/transito/mat/2009/07/18/bicicletas-dobraveis-conquistam-cariocas-que-deixam-carro-em-casa-para-fugir-de-engarrafamentos-756879123.asp

    Os comentários são variados, mas a maioria trata o assunto reativamente e muitos criticam justamente o fator PREÇO abusivo. Realmente não há como nesse patamar elas se popularizarem e invadirem nossas ruas. Já não vão faltar as velhas e tradicionais “desculpas” de falta de infra-estrutura para circular no trânsito, de chegar suado no trabalho etc-etc… Então, com o valor que se cobra até pela marca mais inferior (a Blitz), não “decola”. Brasileiro, em si, não tem atitude para usar bicicleta como transporte ativo. É comodista por natureza, não gosta de reivindicar, de tomar iniciativas que contrariem o “status quo”. Acomoda-se, passivamente, nas dezenas de quilômetros de engarramentos que atolam as nossas grandes cidades diariamente.

    Parabéns a todos que têm capacidade de mudar o seu comportamento diante do caos urbano que impera nas metrópoles.

  3. Sera que as eco 1 estão saindo de linha? Tenho encontrado dificuldade em encontra-la, ainda mais num preço baixo.

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