Fúria Automobilistica

Um carro, importado com almofadinha de camisa social rosa, causa pequena colisão por trás com bicicleta em cruzamento.

O ciclista pede ao motorista para descer para verificarem os danos.

O motorista diz “Sai da frente que estou com pressa”.

O ciclista então se senta ao capô do carro dizendo que não sai da frente e que o motorista não pode fugir do local do acidente. O motorista avisa que vai passar por cima e arranca com o ciclista sentado no capo, tomando o cuidado de desviar da bicicleta para não danificar o carro.

Durante a arrancada, o ciclista começa a esmurrrar o capô do carro e o motorista “ziguezagueia” para tentar derrubá-lo, nisso o ciclista desliza para a lateral e se agarra ao espelho retrovisor e ao limpador de pára-brisas para não cair. O motorista já tomado pela “road rage” não pára e segue por meio quarteirão parando apenas devido aos gritos da esposa dentro do automóvel.

Descontrolado, o motorista desce do carro e começa a esbravejar que tem que ir embora o ciclista diz que não antes de pedir desculpas e compreender que estava errado.

– Você é o que MALUCO fica andando de bicicleta no meio da rua, disse o motorista.

Vale dizer que se tratava de uma rua residencial, com carros estacionados em ambos os lados e apenas uma faixa de rolamento. Eu vinha pedalando poucos metros à frente, estávamos em velocidade totalmente compatível com a via e o motorista já havia buzinado.

Esbravejando, o motorista ainda acusou o ciclista de estar drogado, citando o nome de várias drogas. Confusão formada o carro parado no meio da rua, a multidão, o engarrafamento que se formou atrás. Cidade grande no final da tarde.

A primeira coisa que o ciclista disse depois do “surfe rodoviário involuntario” foi: “Tire o seu carro do meio da rua pois está atrapalhando o trânsito e estas pessoas nada tem a ver com isto”. O motorista continuou com seu “ataque”.

Chegou a autoridade, um PM do batalhão de Turismo que pegou o documento do ciclista mas não pegou o do motorista. Surgiram vários personagens nesse meio tempo, a grande maioria inclusive pedestres dava razão ao motorista inclusive um com jeito de segurança particular que tomou logo as dores do motorista e disse que “qualquer coisa tô ali na isquina“. Alguns poucos transeuntes, que se aproximaram mais para dar sua opinião pessoalmente, defendiam o ciclista com vários argumentos corretos, como: “ele não pode agredir uma pessoa com seu carro”.

Digno de nota a presença de um senhor francês de bicicleta, testemunha ocular de tudo e que dizia:

“Tudo para o almofadinha de rosa e nada para nós ciclistas”. Ele ainda repetia cada xingamento e dizia” *#@# anote isto, e &*###% anote isto também ele além de atentar contra sua integridade física ainda está te xingando e fazendo acusações, anote a placa dele”. Disse tudo isto na maior tranqüilidade enquanto o ciclista tentava explicar o incompreensível. Levou um “totó″por trás tentou dialogar, o motorista tentou fugir, ele sentou no capo para tentar impedir e foi arrastado pelo automóvel.

O soldado PM pediu que alguém chamasse um colega na esquina para proceder com a ocorrência. A esta altura o policial do Batalhão de Turismo já havia percebido quem estava fora de controle e tentava sem sucesso acalmar o motorista. Este, sem nunca acalmar-se chegou a despeitar o militar e por isso foi severamente repreendido.

O PM e o segurança do Hotel em frente tentavam promover uma conciliação. Buscavam demover o ciclista da idéia de proceder a ocorrência. Durante essa negociação o motorista soltou “Mas ele não teve dano material algum, prejuízo zero e veja meu capô!”. Certamente ele se esqueceu que havia ofendido e difamado publicamente o ciclista. Além de ter colocado sua vida em risco.

A PM de trânsito não chegava, a multidão se dispersou, o ciclista tentou em vão uma reconciliação, pedindo desculpas quando quem deveria estar se desculpando era o motorista. Que não aceitou o pedido de reconciliação assim como não admitiu estar errado.

O ciclista insistia em ir a delegacia, mas O PM o segurança do hotel e um amigo o aconselhavam a deixar de lado e evitar toda a apurrinhação que viria a seguir, com resultados dúbios e a longo prazo. Fomos todos embora e o local voltou a normalidade.

O ciclista saiu abatido por ter sido agredido física e moralmente e o motorista sai com um bom prejuízo material que vai lhe custar alguns poucos milhares reais, mas continua achando que tinha razão. Possivelmente na próxima vez que ele se aproximar de um ciclista, pense duas vezes antes de tomar qualquer decisão.

> “Road Rage” é um termo que pode gerar reflexões, como as do Apocalipse Motorizado.
Ou pode ser definido em vídeo.

> Exemplo definitivo e real:

> Exemplo cômico:

> Exemplo Dramatizado até as últimas conseqüências.

Alguns casos que se tornaram famosos:
Ciclista surrado em Ponte e Pancadaria em Kensington.

4 thoughts on “Fúria Automobilistica

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *