Destaques
A importância de premiar quem promove a bicicleta
Posted onAuthorJoão LacerdaLeave a comment

Promover a bicicleta é algo que se faz com muito arroz, feijão e reconhecimento. Assim foi na trajetória da Transporte Ativo e justamente por reconhecer a importância de prêmios que desde 2014 realizamos o Prêmio – Promoção da Mobilidade por Bicicleta.
Em sua terceira edição, o prêmio segue divido nas categorias: “Ação Educativa e Conscientização”, “Levantamento de Dados e Pesquisas” e “Empreendimentos”. Mais do que uma oportunidade de conhecer belas iniciativas, é também um momento de medir o crescimento da importância geral que a mobilidade em bicicleta ganha com o passar dos anos.
Saiba mais sobre as melhores iniciativas em prol da Bicicleta, agora vamos a elas:
Ação Educativa e Conscientização

Foto: Michelle Castilho
Vencedor Ciclocidade – Bicicleta Faz Bem ao Comércio – São Paulo
Menção Honrosa Rodas da Paz – Caminhos da Cidade – Brasília
Levantamento de Dados e Pesquisas

Foto: Michelle Castilho
Vencedor Ciclo Urbano – Pesquisa Origem Destino – Aracaju
Menção Honrosa Cidade Ativa – Painéis interativos para a Paulista Aberta – São Paulo
Empreendimentos

Phelipe Rabay da Ciclovida recebeu o prêmio em nome da Úrbici. Foto: Michelle Castilho
Vencedor Úrbici Café – Fortaleza
Menção Honrosa Bike Rio Café – Rio de Janeiro
Menção Honrosa Compartibike – São Paulo
Menção Honrosa Biciponto – Porto Alegre
Infraestrutura para as pessoas em Alegrete
Posted onAuthorGabriela Binatti1 Comment
A Prefeitura de Alegrete, no Rio Grande do Sul, abriu processo de licitação para construção da primeira ciclofaixa de uso compartilhado (por pedestres e ciclistas) da cidade. A nova infraestrutura será construída com recursos oriundos do repasse do estacionamento rotativo implementado a pouco mais de 2 anos na região central da cidade.
Trata-se de um importante avanço para a cidade que está trabalhando para garantir uma infraestrutura mínima de deslocamento para as pessoas. Entre os principais benefícios do projeto em questão podemos citar:
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a garantia de circulação para quem se desloca a pé ou em bicicleta;
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maior equidade no uso do espaço público;
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reconhecimento do uso de bicicleta na cidade, pois somente na ponte Borges de Medeiros foram contabilizados mais de 1600 ciclistas em 12 horas em maio de 2015;
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preferência ao deslocamento das pessoas garantindo um melhor acesso aos bens e serviços que a cidade tem a oferecer;
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maior diversidade na oferta de infraestrutura viária básica, promovendo inclusão social e melhorando auto estima de quem usa a bicicleta e a sola do pé como meio de transporte;
Além do mais, a iniciativa da Prefeitura de Alegrete está totalmente alinhada com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/12), que estabelece a correta priorização nas políticas públicas aos modos ativos de deslocamento.
Mais do que uma ciclofaixa de uso compartilhado, a cidade está construindo infraestrutura para as pessoas.
Este texto foi produzido a quatro mãos com a colaboração de Daniel Guth.
Saiba mais:
Aberta a licitação para implantação da primeira ciclofaixa em Alegrete
Primeira ciclofaixa em Alegrete, na Eurípedes, abre licitação
As melhores iniciativas em prol da Bicicleta
Posted onAuthorJoão LacerdaLeave a comment

Saiu o resultado do “III Prêmio – A Promoção da Mobilidade por Bicicleta no Brasil“. Foram ao todo 37 inscrições nas três categorias. Destaque absoluto foi a bela disputa entre os empreendimentos, foi tão concorrido que acabaram sendo dadas três menções honrosas ao invés das esperadas duas. Já as outras duas categorias tiveram resultados quase de consenso entre a comissão julgadora.
Ação Educativa e Conscientização
Vencedor Ciclocidade – Bicicleta Faz Bem ao Comércio – São Paulo
Menção Honrosa Rodas da Paz – Caminhos da Cidade – Brasília
Levantamento de Dados e Pesquisas
Vencedor Ciclo Urbano – Pesquisa Origem Destino – Aracaju
Menção Honrosa Cidade Ativa – Painéis interativos para a Paulista Aberta – São Paulo
Empreendimentos
Vencedor Úrbici Café – Fortaleza
Menção Honrosa Bike Rio Café – Rio de Janeiro
Menção Honrosa Compartibike – São Paulo
Menção Honrosa Biciponto – Porto Alegre
As melhores iniciativas na promoção ao uso da bicicleta
Vale colocar um pouco mais sobre as iniciativas, na palavra dos responsáveis. Primeiro “Ação Educativa e Conscientização“. Dividida em três fases e ainda está em execução:
A campanha “Bicicleta faz bem ao Comércio” foi lançada ao final do mês da mobilidade (30/9) de 2015, com o objetivo de sensibilizar comerciantes ainda resistentes com a presença cada vez maior de ciclistas em São Paulo.
Também ainda ativo, o projeto “Caminhos da Cidade – Atividades interdisciplinares sobre mobilidade urbana“, recebeu a menção honrosa com um material que:
pretende proporcionar atividades em uma linguagem mais lúdica para trabalhar o tema bicicleta no universo escolar. A proposta é promover uma reflexão sobre mobilidade sustentável, incentivando a criatividade e a sensibilidade ambiental e social de estudantes da nona série do ensino fundamental e do primeiro ano do ensino médio.
“Levantamento de Dados e Pesquisas” é a categoria fundamental para que mobilidade em bicicleta seja feita menos com base em achismos e paixões e mais centrada nos impactos positivos que mais bicicletas nas ruas trazem.
Realizada entre 2014 e 2015, a “Pesquisa Origem e Destino das viagens de bicicleta no município de Aracaju” é a primeira do gênero no país e abrangeu todos os bairros da capital sergipana.
Como resultado, foram produzidos dados inéditos de “grande utilidade para a elaboração de politicas públicas municipais relacionadas à bicicleta.”
Os “Painéis interativos para a Paulista Aberta” foi a consolidação de uma metodologia desenvolvida pela Cidade Ativa em diversos projetos e pesquisas.
A pesquisa forneceu dados para fortalecer os argumentos do Movimento Paulista Aberta, junto com outros levantamentos realizados por outras organizações envolvidas na causa, e foram apresentados à Prefeitura e apontados na Audiência Pública que debateu a abertura da avenida.
Quem tiver interesse, pode conferir o relatório completo da pesquisa sobre a Paulista Aberta.
Dentre os “Empreendimentos“, surgiu muita coisa boa que mostram que há uma nova economia ao redor da bicicleta. Paixão e sustento tem pedalado juntos.
Grande vencedor da mais disputada categoria:
O Úrbici Café é uma cafeteria de rua e, inspirado no papel que a bicicleta desempenha no cenário urbano, nasceu consciente de que empresas devem exercer papel social fundamental para o bem estar coletivo, dessa forma trabalhamos de maneira responsável sempre fomentando o uso da bicicleta como ferramenta para melhorar a cidade e promovemos outras ações que incentivam boa convivência entre os indivíduos e estimulam novas formas de pensar sobre problemas do cotidiano.
Café e bicicleta é uma história que tem andado junto, mas a força do Úrbici está justamente em trazer para a praça algo que em geral funciona dentro de espaços tradicionais de comércio. Os jurados reconheceram portanto a importância de ser leve e simples como a bicicleta.
Reconhecida por uma menção honrosa, outra iniciativa similar, visou atender a uma demanda dos ciclistas cariocas e acolher necessidades.
O Bike Rio Café é uma bicicletaria, um espaço multifuncional, que promove e incentiva a utilização e da bicicleta como mobilidade urbana. Oferece estacionamento, vestiários com chuveiros, espaço bistrô/café para lanches e refeições e loja especializada com oficina.
Nascida da iniciativa de jovens estudantes da USP:
A Compartibike é uma empresa especializada em soluções inovadoras de mobilidade urbana, tendo como principal área de atuação o planejamento, implantação e operação logística de sistemas de bicicletas compartilhadas.
O reconhecimento veio brindar o crescimento da iniciativa que de 2009 até hoje saiu de uma premiação de empreendedorismo e hoje está presente em mais de 10 cidades brasileiras e viu seu faturamento crescer 10 vezes em 2015 na comparação com o ano anterior. Aceleração na velocidade dos pedais.
A última menção honrosa coube ao Biciponto projeto que facilita a vida de quem pedala integrando a bicicleta no comércio local que de outra forma não estaria totalmente apto a atender as necessidades de quem usa a bicicleta.
Diante de uma emergência como um pneu furado, o ciclista acessa a plataforma on line com sistema de geolocalização e encontra o biciponto e a bicicletaria mais próximos.
(…)
Essa rede gera autonomia para o ciclista e ao mesmo tempo cria novas conexões entre os usuários desse modal, o comercio local e o comércio especializado, disseminando o senso de comunidade e enriquecendo as relações interpessoais.
Todas as iniciativas estarão presentes no “IV Workshop – A Promoção da Mobilidade por Bicicleta no Brasil”
Os critérios de avaliação
Votaram para escolher os melhores um “grupo de notáveis” composto por 15 pessoas próximas à Transporte Ativo. Todos deveriam ter em mente os seguintes parâmetros na hora de avaliar os trabalhos:
· Comprometimento e Alcance dos Resultados
· Inovação e Desenvolvimento
· Combinação de diferentes estratégias
· Variedade de Resultados
· Praticidade e Replicabilidade
Além disso, não havia obrigação de indicar um vencedor ou menção honrosa. A comissão julgadora estava livre para premiar uma iniciativa e até 2 menções por categoria, ou votar em branco caso julgassem que nenhuma inscrição merecia ser o prêmio principal ou ser mencionada.
Cada projeto escolhido como vencedor por um dos jurados recebeu 3 pontos, cada menção honrosa recebeu 1 ponto.
Para manter um padrão de qualidade nas premiações, decidimos que para receber uma menção honrosa deve-se ter pelo menos metade dos pontos do vencedor da categoria.
Pelos critérios apontados, duas categorias tiveram apenas uma menção honrosa, porém na categoria “Empreendimentos” três projetos tiveram mais de metade dos pontos do vencedor, julgamos então justo que também recebesse o devido reconhecimento.
Reconhecimento na bienal de Veneza 2016
Posted onAuthorJoão LacerdaLeave a comment

Biennale Architettura 2016
O projeto “Ciclo Rotas do Centro do Rio de Janeiro” foi um dos selecionados para a 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. A proposta geral do curador “Alejandro Aravena” chama-se “Reporting from the Front” (Notícias do front em tradução livre) e é uma provocação sobre o papel da arquitetura como ferramenta de transformação.
(…)
REPORTING FROM THE FRONT será sobre compartilhar com uma audiência mais ampla o trabalho de pessoas que estão revirando o horizonte em buscas de novos meios de agir, encarando questões como segregação, desigualdade, periferias, acesso ao sanemamento, desastres naturais, crise habitacional, imigração, informalidade, crime, trânsito, lixo, poluição e participação popular. E simultaneamente, serão apresentados exemplos em que diferentes dimensões são apresentadas, integrando o prático com o existencial, pertinência e coragem, criatividade e senso comum.
(…)
Washington Fajardo foi o curador escolhido pela Fundação Bienal de São Paulo para escolher os melhores exemplos brasileiros a serem mostrados em Veneza. São 15 trabalhos que compõe a mostra “JUNTOS” que irá compor o Pavilhão do Brasil da Bienal de Veneza. A idéia é buscar “evidenciar histórias de pessoas que lutam e alcançam mudanças na passividade institucional das grandes cidades do País, conquistando arquitetura em processos lentos cujo vagar não é problema, mas um apontamento de soluções ao esfacelamento político do planejamento do território.”
Histórico do projeto Ciclo Rotas do Centro do Rio de Janeiro
Tudo nasceu em uma parceria entre a Transporte Ativo, o ITDP Brasil e o Studio-X Rio. Foi durante o período pré-eleitoral de 2012 que nasceu a idéia das “Ciclo Rotas Centro”. Um presente da Sociedade Civil ao Prefeito recém empossado, visando estruturar uma rede cicloviária no centro da cidade. Para isso, ciclistas cariocas se uniram para construir um plano completo de ciclorrotas cruzando toda a região central, uma rede capaz de integrar os bairros centrais e ao mesmo tempo unir a Zona Sul à Zona Norte.
Para além do cicloativismo, a proposição de um plano estruturado foi uma maneira eficiente de municiar os técnicos da administração municipal para que eles pudessem ter subsídios para aumentar a malha cicloviária. Uma estratégia que independe dos humores políticos e que se constrói para além do calendário eleitoral.
Já em 2013, a malha proposta pelo projeto Ciclo Rotas Centro foi oficializada e passou a fazer do parte do planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro. Aos poucos a infraestrutura construída coletivamente vem ganhando as ruas.
Reconhecimento Internacional
Desde 2013, o Ciclorrotas centro já passou pelo no III Fórum Mundial da Bicicleta em Curitiba, no Urban Age da London School of Economics, na bienal de design em Shezen na China, no Velo City em Adelaide Australia, Medelin na Colombia e Taipei em Taiwan. Sempre sendo reconhecido como exemplo de projeto colaborativo “de baixo pra cima” feito através de uma parceria público privada sem verba dedicada.
Saiba mais:
– Anunciado o tema do pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza 2016
– Ciclorrotas de construção coletiva
– Receita pronta para o uso da bicicleta
Doutor Carrocrata
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Ou porque parei de falar de carros e passei a amar mais a bicicleta.
Trocar idéias sobre bicicletas, trânsito, espaço urbano e cidades em geral pode ser um grande desafio na esfera doméstica. Eventualmente em um jantar de família irão surgir perguntas sobre “indústria da multa, radares, ciclovias…” Eis que então surge o desafio.
Impactos do automóvel na organização das cidades
Antes de mais nada é preciso entender o papel da popularização do transporte individual motorizado na organização urbana. O viés histórico rende muitas horas de conversa e naturalmente teses de mestrado e doutorado.
Foi exatamente para simplificar a discussão e exemplificar as transformações em prol das pessoas em Amsterdã que a canadense radicada na Holanda, Cornelia Dinca, mergulhou em fotografias antigas da cidade paraíso para as bicicletas. Daí nasceu a tese para seu mestrado em planejamento urbano. A idéia foi explorar a conexão, muitas vezes esquecida, entre transporte e planejamento urbano.
Automóvel, luxo, privilégio ou necessidade?
Invarialmente, apontar os malefícios do uso desenfreado do automóvel nas cidades gera reações adversas. A tese de que a mobilidade individual motorizada é um privilégio soa agressivo para quem por ventura nasceu e cresceu vendo no carro particular um símbolo de status, ascenção social e principalmente de conveniência. Mas do que seu valor simbólico, as carruagens com motor carregam aspectos práticos das pessoas que sentem como imutável suas escolhas de mobilidade.
Exatamente pelos riscos de confronto, o caminho mais confortável para repensar a mobilidade em conversas no ambiente doméstico é deixar de lado a história e a sociologia do planejamento urbano e trazer à tona os aspectos práticos. Ao olhar para qualquer grande cidade brasileira, Amsterdã pode parecer utopia, mas como provam as fotos desse post, a cidade holandesa já foi muito parecida com a distopia urbana em que milhões de brasileiros vivem hoje.
Os custos sociais da mobilidade individual
Tema ainda mais espinhoso é o dos custos sociais do uso do carro particular, uma conta que passa por cima e extrapola IPVA, IPI e qualquer outra fonte de arrecadação. O governo dinamarquês, através da sua “Embaixada da Bicicleta”, calcula periodicamente o quanto custa para todas as pessoas as decisões de mobilidade de cada uma delas.
Para se chegar ao total os métodos são complexos, a lógica é simples. Cada quilômetro pedalado, economiza dinheiro de todos pelos benefícios individuais e coletivos que gera. Por outro lado, cada quilômetro percorrido em automóvel gera prejuízos sociais imensos, que passa pelos congestionamentos, poluição do ar, mortes no trânsito etc.
Qual o modelo de cidade que queremos?
Certamente não somos dinamarqueses, muito menos holandeses e como define a mestranda Cornelia: “Não se trata de tornar todas as cidades iguais à Amsterdã. Trata-se de tornar cada cidade uma versão melhorada delas mesmas”.
Então, da próxima vez que surgir o assunto mobilidade urbana no jantar de família ou no almoço de Páscoa, tenha na memória as origens e os processos de desenvolvimento urbano, mas leve a conversa para o lado da esperança, trazendo as mudanças possíveis na sua cidade para que ela venha a ser melhor a cada dia.
Saiba mais:



