Pedalada Entre Museus Acessíveis | maio/2023

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No retorno das Pedaladas Entre Museus Acessíveis 15 ciclistas surdos e 3 cegos inauguraram a temporada 2023 do já consagrado passeio guiado entre o Museu do Amanhã e o Museu da República. Com a renovação do projeto a previsão é de atender mais de 120 pessoas portadoras de deficiência auditiva e visual em 7 rodadas.
Como no ano passado fazemos várias paradas para pequenas e valiosas aulas sobre a história da nossa cidade maravilhosa que fica ainda mais bela quando é explorada com bicicletas.

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Na manhã do dia 20 de maio de 2023 partimos da Praça Mauá em direção ao bairro do Catete, mais especificamente para o belo jardim do Museu da República. Com paradas no Largo da Misericórdia e no Museu de Arte Moderna, educadores do Museu do Amanhã trouxeram histórias sobre o Carnaval e, com a ajuda da áudio descrição e de intérpretes de Libras, pessoas surdas e cegas são contempladas e incluídas em atividades culturais em que normalmente não conseguem participar plenamente.

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Entre Museus Acessíveis é curtir a cidade em duas rodas numa bela manhã de sábado, conhecendo parte da história do Rio, compartilhando a cidade e convivendo com pessoas tão especiais.

Preparar! Carga!

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As comemorações do Dia do Trabalhador no Parque Madureira contaram com shows, serviços,…. e uma corrida, mas uma bem diferente. A Secretaria Municipal de Trabalho e Renda e a TA organizaram uma competição de entrega com bicicletas de carga neste 1º de maio. A premiação? Uma bicicleta de carga novinha.

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Com oito inscritos e baterias de dois participantes vimos uma disputa acirrada para entregar ou buscar um saco de pedras com 15 kg num trajeto com 200 metros ida e volta. O público torceu e os ciclistas suaram para concluir cada bateria. No final um vencedor levou a bicicleta, mas todos se divertiram no evento que chamou a atenção de quem estava no Parque Madureira.

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Nos últimos anos aprendemos a conviver com o termo precarização do trabalho e o serviço de entregas por aplicativos está no meio dos debates sobre emprego, trabalho, direitos e deveres de empregadores e empregados. Dar visibilidade e valorizar o serviço de entregas por bicicletas é um dos caminhos para que a sociedade discuta o tema de modo a melhorar o trabalho cotidiano dos entregadores. O evento do Dia do Trabalhador trouxe justamente essa pauta para a data comemorativa e teve a presença do Secretário Everton, um entusiasta da bicicleta e que está colocando a ciclomobilidade e a logística por bicicleta na pauta da Secretaria de Trabalho e Renda. Secretarias como Meio Ambiente e Juventude também estiveram presentes apoiando a iniciativa.

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A bicicleta e a qualificação da pressa na vida moderna

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Campanhas e regulamentos de trânsito modernos e verdadeiramente focados na preservação da vida adotam diversas formas de acalmar os ânimos dos condutores de veículos motorizados nas ruas.
E a bicicleta? O que tem a ver com isso?
Como o veículo humanizado mais comum nas cidades o aumento do uso da bicicleta exerce um papel forte e natural na redução das velocidades praticadas por motoristas e motociclistas, sem a necessidade dos impopulares quebra-molas/lombadas e radares de velocidade.
Por outro lado, a falta de tempo é cada vez mais comum no nosso cotidiano e a bicicleta é, em várias situações, a forma mais rápida de se deslocar pelas cidades, especialmente as grandes, mas também nas cidades médias do Brasil.
Claro que ainda é preciso manter o senso de coletividade e não pedalar em uma velocidade relativamente alta nas calçadas, parques e afins. Pois aí você se torna o opressor, ameaçando a integridade de pedestres no espaço destinado para eles. Pensa bem! Não é porque algumas ruas tem trânsito hostil às bicicletas que você vai fugir para pedalar na calçada imitando a agressividade que motoristas praticam nas ruas para tornar a caminhada do pedestre menos segura.

Eis que surge e se consolida nas ruas um novo elemento, o veículo elétrico. Com poluição e ruído zero, baixíssimo custo de abastecimento e menor custo de manutenção que um motorizado a combustão, ainda que mais caros de se comprar. E, no caso dos ciclomotores e bicicletas elétricas, sem necessidade de emplacamento. Tudo isso embalado em um papel verde, bonito e brilhante de que é um veículo mais amigo do meio ambiente faz cada vez mais pessoas adotarem o elétrico. Girar a economia e atender os anseios dos consumidores é louvável, mas em meio  a tantas e boas intenções, é preciso considerar que a velocidade sempre seduziu mentes e corações.
E o elétrico, com sua forte aceleração tem conquistado cada vez mais o consciente e o sub-consciente dos seus condutores. Mas uma parcela dos humanos nascidos aqui (e o mesmo acontece em outras partes do mundo) deixa o bom senso e o espírito de coletividade em casa ou joga fora mesmo, e aí abusa. Nas ciclovias e ruas é crescente o conflito entre pedestres/ciclistas e ciclomotores elétricos conduzidos em velocidade incompatível. Aumentou a pressa e a vontade de correr, o elétrico atende a essa dupla ânsia por velocidade e o perigo é maior.
É claro que algo precisa mudar.
Com legislação e fiscalização diriam uns, com educação e conscientização diriam outros. Banir é um caminho obtuso, polêmico, adotado em algumas cidades, mas regulamentar tem sido o mais usual.
E aqui sugere-se um outro caminho.
Vamos qualificar nossa pressa, refletir sobre a relação da economia de tempo com aumento da insegurança. Até onde vale a pena correr (com elétricos ou não) para ganhar uns poucos minutos? O quanto de nossa pressa tem a ver com falhas de planejamento e organização antes de sair para algum compromisso? Sair atrasado e tentar compensar no trajeto é coerente e racional? Ou será que conduzimos rápido apenas por prazer/ satisfação com a velocidade?
Condutor de bicicleta, ou de ciclomotor elétrico, não precisa ter pressa pois será mais rápido que qualquer um no trânsito engarrafado. É um paradoxo, o veículo mais lento cumpre alguns trajetos mais rápido que os velozes a combustão. E se equilibrar a velocidade vai cumprir seu trajeto com muito mais tranquilidade, prazer e segurança, sem perder tempo. Saia mais cedo para ir mais devagar e chegar ao destino na hora desejada/marcada sem perder o tempo de aproveitar o espaço público de onde você mora, humanizando sua rua, seu bairro, sua cidade. Inverta a lógica da pressa para a lógica de qualificar seu tempo.

Vento e sorriso no rosto, mais calma na pilotagem e o trânsito vai ficar mais agradável e seguro por ação dos próprios condutores. Viva a sua cidade! Sem pressa e com gentileza!

Tem até música para embalar sua reflexão (letra abaixo):

Os curiosos atrapalham o trânsito
Gentileza é fundamental
Não adianta esquentar a cabeça
Não precisa avançar no sinal
Dando seta pra mudar de pista
Ou pra entrar na transversal
Pisca alerta pra encostar na guia
Pára brisa para o temporal
Já buzinou, espere, não insista,
Desencoste o seu do meu metal
Devagar pra contemplar a vista
Menos peso do pé no pedal
Não se deve atropelar um cachorro
Nem qualquer outro animal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Motoqueiro caminhão pedestre
Carro importado carro nacional
Mas tem que dirigir direito
Para não congestionar o local
Tanto faz você chegar primeiro
O primeiro foi seu ancestral
É melhor você chegar inteiro
Com seu venoso e seu arterial
A cidade é tanto do mendigo
Quanto do policial
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Travesti trabalhador turista
Solitário família casal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Sem ter medo de andar na rua
Porque a rua é o seu quintal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Boa noite, tudo bem, bom dia,
Gentileza é fundamental
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Pisca alerta pra encostar na guia
Com licença, obrigado, até logo, tchau.
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual

 

6º Encontro Bicicletas & Meio Ambiente | Bicicletas e Créditos de Carbono

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No encontro Bicicletas e Meio Ambiente de dezembro, fechamos o ciclo de debates com chave de ouro, trazendo de São Paulo a Carol Rivas da TemBici e de Belo Horizonte, por onde está passando agora em sua volta para o Janga – PE, o cicloturista Enio Paipa para conversar sobre Créditos de Carbono com duas abordagens bem distintas, mas igualmente importantes e inspiradoras. A Carol nos deu uma aula sobre o Mercado de Créditos de Carbono que foi esclarecedora até para quem (pensava que) sabia do que se trata. E na sequência mostrou como as bicicletas compartilhadas estão ganhando mais um forte argumento para solidificar sua importância para a qualidade de vida nas cidades.

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O Enio por sua vez apresentou seu sistema simples e eficiente de humanizar ainda mais a relação dele com os apoiadores novos ou antigos de sua viagem. Ele troca fotos da viagem com histórias da viagem escritas a mão por uma ajuda financeira qualquer. À medida que acumula quilômetros de viagem e histórias ele garante parte do financiamento para continuar pedalando rumo a Janga. Vale ressaltar que nesse encontro tivemos a presença de debatedores de encontros passados: Lucas Chiabi (Bicicletas e Negócios Sustentáveis) e Marcelo Guimarães (Bicicletas e Saúde Pública).

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Uma das maiores virtudes da nossa espécie é a capacidade de se comunicar de maneira  sofisticada. Por áudio e imagens conseguimos evoluir nossa espécie e nossa sociedade pois compartilhamos conhecimentos, dividimos problemas e assim, desafios são superados. Nos Encontros Bicicletas e Meio Ambiente exercitamos nossa qualidade, propondo debates que nos encheram de informação, reflexão e inspiração. Os problemas urbanos são graves, não há dias fáceis, mas em 6 ocasiões a nossa querida bicicleta ajudou a catalisar energia positiva suficiente para garantir muitos anos de pedaladas rumo a um espaço coletivo mais humanos, equilibrado e sustentável.

Agradecemos a Tembici por ceder seu espaço para este encontro e ao Enio, por interromper sua viagem para nos falar sobre ela. Buscamos o Enio e o devolvemos para o mesmo lugar em que estava.

 

5º Encontro Bicicletas e Meio Ambiente | Bicicletas de Carga e Descarbonização dos Transportes

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Em novembro voltamos na TOCA para uma edição muito especial dos nossos encontros mensais sobre Bicicletas e Meio Ambiente. A Transporte Ativo já realizou pesquisas sobre a importância das bicicletas de carga para a economia, geração de empregos, para o meio ambiente, enfim, para a cidade do presente e do futuro. No Brasil, em especial no Rio de Janeiro, o uso das simples, quase artesanais, bicicletas e triciclos de carga transportam em peso e volume, mais do que compras, lanches, remédios, cachorros e prestadores de serviços. Elas levam uma ideia simples de usar o mais sustentável dos veículos para ajudar negócios, gerar empregos e ter mínimo impacto nas ruas. É o que se pode chamar de pleno uso de nossa inteligência.

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Na TOCA propusemos um debate sobre como as bicicletas de carga podem ser importantes na descarbonização do quilômetro final do transporte nas cidades. Apresentamos nossa experiência recente em Amsterdam quando visitamos o Festival Internacional de Bicicletas de Carga e uma das melhores cidades do mundo para se pedalar. Curiosamente, lá as entregas por bicicleta são bem diferentes. Quase não há triciclos, as bicicletas de carga, em sua maioria no modelo Long John, são usadas para levar crianças e as poucas entregas são feitas em modelos elétricos. Guardadas as devidas proporções podemos inferir que no Rio o quilômetro final do transporte/entregas é mais sustentável que em Amsterdam já que aqui se usam transportes ativos puros, sem motores, e em grande escala. Claro que é fundamental a discussão da questão laboral pelo impacto físico de se pedalar com cargas de 200 – 250 kg em bicicletas pesadas, sem marchas ou motores auxiliares. Há espaço e necessidade de se aperfeiçoar essa logística em diferentes aspectos, mas as conversas trouxeram reflexões saudáveis para o grupo presente que, formador de opinião e atuante na promoção do uso da bicicleta, construiu uma qualificação valiosa para continuar essa pedalada rumo a uma cidade mais limpa e humanizada, também pelo setor de transporte final e entregas

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