Contagem fotográfica de bicicletas


capa do Manual de contagem

A contagem fotográfica de bicicletas foi desenvolvida pela Transporte Ativo para proporcionar um método fácil, barato e alternativo, que une o baixo custo e a flexibilidade das contagens manuais e a confiabilidade dos processos automáticos.

Como forma de facilitar a execução deste tipo de contagem, por outras organizações, em qualquer lugar do Brasil, decidimos produzir e publicar o Manual de Contagem Fotográfica. Ao mesmo tempo, construímos um mini-site, onde colocamos o Manual online (faça o download do pdf), mais os modelos base de planilhas, do relatório e o formulário para contagem.

É ideal que o uso da bicicleta seja mensurado antes e depois da introdução de novas medidas. Isso se aplica tanto a campanhas educativas, construção de infraestruturas, ou mudanças em políticas cicloviárias. Contagens posteriores ajudam a justificar despesas e/ou atividades e também contribuem para demonstrar o valor de investimentos adicionais.

Contagens de bicicleta são interessantes não somente para engenheiros de trânsito e planejadores urbanos. Os dados podem ser úteis também para agentes de saúde, interessados em promover estilos de vida saudáveis. O número de ciclistas em idade escolar é fundamental para programas de educação para o trânsito ou implantação de rotas seguras para a escola. A polícia pode encontrar, nos dados coletados, bons motivos para reforço do policiamento e da segurança na região. Os benefícios são incontáveis.

Nosso objetivo final é que ciclistas possam ter um diálogo produtivo com técnicos da prefeitura, balizado em números e imagens irrefutáveis.

  • Faça o download do material para as contagens fotográficas .
  • Mais: o que já foi publicado aqui sobre contagens.

    Bicicletas na tela

    Gostamos tanto de pedalar, que mesmo agora, na frente do computador, estamos pensando em bicicletas.
    Por isto, fizemos papéis de parede exclusivos para personalizar nossos computadores. O tema é… bicicleta!, com as ilustrações incríveis que o Lelis fez para a TA.

    wallpaper grátis - menino wallpaper gratis - menina

    Sabemos que você também gosta de bicicletas, por isto os papéis podem ser baixados no saite da TA ou diretamente aqui. Os wallpapers são gratuitos, para monitores normais ou widescreen.

    reveja: calendário 2009

    Massa Crítica ou Falha Crítica?

    Vamos deixar uma coisa clara. Embora não sejamos ativistas que carregam faixas e apitos, achamos que o ativismo é fantástico. Damos todo nosso apoio, especialmente ao ativismo que busca criar uma cultura da bicicleta, como há em Copenhague e outras cidades do mundo.

    Apenas sentimos necessidade de fazer o papel de advogado do diabo em relação ao movimento Massa Crítica (Bicicletada).

    É um conceito brilhante. Democracia por princípio. Celebração, sim. Mesmo que haja apenas um par de dezenas de ciclistas. Gostaríamos de pedalar em Budapeste, com dezenas de milhares de outras bicicletas. Seria excitante. Também achamos que movimentos como a Pedalada Pelada (Naked Bike Ride) abordam questões importantes, e com humor.

    Não aprovamos a repressão policial exagerada que ocorre em várias cidades, mas também não temos admiração por aqueles ciclistas que são agressivos com os motoristas. A democracia torna-se anarquia. Da mesma forma, não apreciamos a atitude elitista de muitas pessoas do movimento ambientalista. Aquelas que olham com desprezo para os motoristas.

    Entendemos que o objetivo da Massa Crítica é chamar a atenção para a necessidade de uma cultura da bicicleta e todas as vantagens ambientais inerentes a isso. O que é muito bom. Portanto, um dos principais objetivos é fazer com que mais pessoas usem suas bicicletas. Por qualquer motivo: sustentabilidade, redução da dependência do petróleo, melhor saúde para seus concidadãos.

    Se for assim, a Massa Crítica funciona? Não temos certeza. Passados 15 anos, existe alguma cidade que alcançou melhorias suficientes para aproximá-la da cultura da bicicleta que se vê em muitas cidades européias?

    Uma Alternativa Simples

    Nós sabemos que vemos uma simples alternativa. Um caminho mais fácil. E se todos aqueles ciclistas da Massa apenas pedalassem suas bicicletas todos os dias? Com roupas normais, como pessoas normais? Tal como os milhões de cidadãos dos países ao norte da Europa.

    O que poderia acontecer?

    Conheça nosso personagem – o Sr. Motorista. Ele dirige de casa para o trabalho e vice-versa, como sempre faz. Ouvindo a mesma estação de rádio. Mesma rota, com pequenas variações. É o que ele faz.

    É um cidadão mediano numa sociedade do automóvel. Como a grande maioria, ele não é um ativista ambiental e nunca, jamais será.

    Sr. Motorista olha para fora das janelas de seu carro enquanto vagarosamente se move no trânsito. O que ele pensa quando vê um ciclista radical, vestindo lycra, numa bicicleta especial, indo acelerado em seu caminho no bordo da pista?

    Sr. Motorista, no tráfego da manhã, poderia pensar, “Hmm. Eu poderia ir pedalando para o trabalho, também …”

    Contudo, ele não vai se ver refletido na imagem. Ele estará vendo um membro de uma sub-cultura, muitas vezes militante. Ele verá alguém que normalmente chama de “ambientalista” – um rótulo que não é positivo em muitas culturas. Ele vai ver uma pessoa vestindo um uniforme quase oficial – o Sr. Motorista não tem nada em seu armário que se assemelha aos apetrechos do ciclista – e ele verá uma bicicleta muito distante daquelas que já teve algum dia.

    Ele vai perceber que, para andar de bicicleta, teria de se infiltrar em uma sub-cultura povoada por indivíduos muito diferentes dele mesmo. Teria que investir em equipamentos e roupas. Pior de tudo, ao pedalar, o Sr. Motorista veria a si mesmo levantando uma bandeira.

    Sr. Motorista, como a maioria das pessoas, não quer levantar bandeiras. Ele só quer viver sua vida, não quer subir em palanques ou entrar para um grupo de ativistas ruidosos. Ele sabe que o meio-ambiente é uma questão importante. Ele conhece os fatos. Mas ele é apenas um cidadão comum e sempre será. Ele só pensa que pedalar de bicicleta para o trabalho seria agradável, saudável e mais rápido do que dirigir seu carro. Mas a idéia é rapidamente descartada.

    Quando o Sr. Motorista fica preso no trânsito a caminho de casa por causa de um protesto/demonstração/celebração de bicicleta, isto não o convencerá mais facilmente a optar pela bicicleta. Ele, mais do que sempre foi, vai querer distância desta idéia. O cidadão comum não tem muito respeito por este tipo de ativismo. Gostaríamos que tivesse, mas não tem. Ele só vai ficar extremamente irritado.

    Boa metáfora

    Agora vamos imaginar o Sr. Motorista sentado no trânsito e olhando de relance para fora da janela. Ele Vê um sujeito passando. Uma pasta presa com elásticos no bagageiro traseiro. Vestindo um terno. Sem estar voando como se fosse quebrar recordes, apenas pedalando firme. O único equipamento é uma tira prendendo as pernas das calças e, se quiser, um capacete. Numa boa, sem desafiar o tráfego motorizado, apenas indo no fluxo. A bicicleta do homem parece aquela que está na garagem do Sr. Motorista.

    Então o Sr. Motorista vê uma mulher passar por ele. Numa bicicleta confortável e charmosa. Sua pasta na cestinha, decorada com flores de plástico. A cesta, e não a pasta. Ela está usando uma saia e sapatos estilosos. Ouvindo seu iPod. Num ritmo sereno e constante.

    Então, ousamos supor, o Sr. Motorista pensaria: “eu não me importaria de andar de bicicleta para o trabalho. São apenas 15 km. Esse cara se parece comigo. Mesma roupa. Mesma bicicleta. E essa mulher faz isso parecer tão fácil…”

    Sr. Motorista veria a si mesmo no reflexo desses ciclistas. Ele iria perceber que, para pedalar ao trabalho, teria apenas que tirar sua bicicleta para fora da garagem, comprar uns clipes de perna e, se ele gostar, um capacete. Em muito menos tempo do que gasta para dirigir ao trabalho, ele estaria pronto para pedalar.

    Ele não teria que levantar bandeiras. Ele seria apenas outro ciclista indo para o trabalho. Em harmonia. Ele sentiria como se estivesse fazendo algo de bom para si e para o planeta. Sem ter que gritar palavras de ordem para fazer isto.

    Xis da questão

    Aqui está o busílis. Todos aqueles que são muito entusiasmados em ajudar a aumentar o uso da bicicleta em áreas urbanas, compreendem como o cidadão comum pensa. Ajude o cidadão comum a fazer parte do grupo. Não o coloque contra a parede, destacando as diferenças entre você e ele. Estamos todos juntos nessa.

    Ativistas são os primeiros da fila e todo louvor a eles, mas é o cidadão comum e seus companheiros que vão salvar o planeta no final das contas, se lhes for dada a oportunidade.

    E, quando aumenta o uso da bicicleta, diminuem os acidentes com bicicleta e as cidades não terão escolha a não ser investir em infra-estrutura para bicicletas. Se você construir, elas virão.

    Faça com que pedalar pareça fácil e o caminho rumo a uma cultura da bicicleta também o será.

    Essa é a nossa opinião a respeito. Sinta-se livre para mandar seu comentário.

    Esse texto é uma tradução de Critical Miss or Critical Mass?

    Relacionados:
    Ciclistas Apocalípticos e Integrados
    Pelo fim do cicloativismo
    Caminhos da Massa Crítica

    O futuro é hoje

    labirinto - caminho da escola

    O trânsito nas cidades oprime as pessoas, causa estresse e medo da violência. As cidades são construídas por adultos e para adultos, que têm uma carga racional e emocional mais apta a lidar com situações extremas – ou deveriam ter.

    Crianças sofrem muito mais com a degeneração do espaço urbano, porque elas não são “pequenos adultos”. Elas têm uma dimensão própria e uma forma lúdica de lidar com o espaço onde moram e se movem. Precisam de liberdade para explorar e descobrir o mundo. Desconhecem os perigos reais e os fictícios.

    As crianças são totalmente esquecidas e alienadas pelo urbanismo, pelos arquitetos e planejadores das cidades. Os espaços públicos, os meios de transporte e as ruas são projetadas para adultos. Adultos que dirigem um carro. Mas estes adultos estão abandonando as cidades, mesmo morando nelas. Estamos cada vez mais nos fechando em conchas de aço e vidro.

    Movidos pelo medo, que brota nesta cidade fragmentada, há todo um movimento de pais e mães no sentido de deixar as crianças o mais longe possível das ruas. Cada vez mais as crianças caminham menos, andam menos de bicicleta e adquirem doenças típicas de adultos mais cedo, como estresse e obesidade.

    O projeto “Transporte Ativo na escola” tem a intenção de contribuir para este debate. Mais do que isto, queremos que as bicicletas voltem a ser coisa de criança! Que as ruas sejam espaço de encontro, não um canal de violência e medo.

    Em dezembro do ano passado, entramos em contato com o renomado ilustrador Lelis e ele doou para a TA cinco desenhos infantis inéditos e exclusivos. Com estas ilustrações produzimos folhas para colorir, labirintos e palavras cruzadas. Os jogos estão disponíveis na página do Projeto Transporte Ativo na escola e podem ser usados livremente.

    Se você é professor, leve para sua sala de aula. Se você é pai ou mãe, divirta-se com seus filhos e indique na escola deles. Se o presente parece escapar das nossas mãos, vamos construir o futuro agora: uma cidade onde meninos e meninas possam andar a pé e de bicicleta.

    para colorir - menino de bicicleta - coloring page boy riding a bicycle

    Lelis é ilustrador mineiro, atualmente contribui para o Jornal Estado de Minas. Tem albuns de quadrinhos publicados, inclusive na França; participou do projeto Cidades Ilustradas, da Editora Casa 21, para quem fez um livro sobre Ouro Preto “Cidades do Ouro“; está trabalhando na ilustração de Clara dos Anjos, obra do Lima Barreto que vai sair em quadrinhos.
    Lelis tem um traço marcante. Confira 3 de suas ilustrações:

  • City monster
  • Cavaleiro do apocalipse
  • Cidade para carros
  • e faça um passeio pelo blog dele em busca de mais bicicletas!

    Relacionados:
    Bicicleta de Sucata
    Padrão de riqueza
    Transporte Ativo nas escolas

    Operação Limpa Brasília

    A Media Player is required.

    O trânsito é um sistema complexo, que não se resume a conceitos bidimensionais simples como tempo de deslocamento, fluxo de veículos (quantidade/tempo) e espaço para vagas.

    É preciso considerar questões subjetivas como atratividade, conforto, beleza, principalmente quando se fala em calçadas e espaço para pedestres.

    Andar a pé vai muito além do tempo gasto no percurso, pois caminhar é o encontro mais direto entre as pessoas e o espaço público, entre nós e a cidade que nos abriga e condiciona nossa existência.

    Para o pedestre, o tempo gasto num trajeto geralmente não muda, caminhar não causa engarrafamento. As distâncias geralmente não se encurtam, pois, embora digam que o pedestre tem um trajeto “errante”, na verdade ele escolhe o caminho mais curto e aprazível dentro das possibilidades. Ao contrário dos carros em canaletas pré-estabelecidas, o andar do pedestre é um sistema complexo feito de decisões simples tomadas a cada segundo.

    Por isto, é fundamental que políticas de trânsito considerem questões que não são medidas com réguas ou relógio. Além de levar de um lugar a outro, calçadas precisam ser agradáveis e convidativas. Queremos andar num lugar bonito.

    Infelizmente, isto tem sido rotineiramente negligenciado nas políticas urbanas brasileiras. A culpa não é só dos motoristas que usam a calçada como estacionamento. O poder publico cuida mal das calçadas, que são mal construídas e mal conservadas, quando existem. A iniciativa privada por vezes usa as calçadas como espaço privado, mas por tradição não considera que também deveria cuidar delas. Se todos fizessemos nossa parte, a cidade seria melhor.

    Relacionados:
    Mutirão deixa a ciclovia limpa
    A Ciclovia está Limpa, Obrigado!
    Bicicletas no Banco Central
    Um pouco de ação direta