Capacetes e Segurança

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O uso ou não de capacete é polêmico, e exatamente por isso não há opinião “certa”. Eles evoluíram muito desde aqueles modelos só de isopor, “cogumelão”, mas é sempre bom rever freqüentemente os conceitos em relação a esse equipamento. Cada pedalada é uma experiência diferente, não se pode generalizar as situações.

Quanto à questão de “usar pois assim estamos mais protegidos”, é uma meia verdade. Vejo dezenas de pessoas usando capacete, mas só uma pequena minoria usando campainha, refletores e espelho retrovisor, que têm uma eficácia muito maior. A valia desses acessórios está em prevenir o acidente, não minimizar suas conseqüências. Mesmo se formos nos ater a elas, deveríamos todos usar luvas, cotoveleiras e joelheiras, já que previnem a ocorrência de ferimentos que, mesmo de menor gravidade, ocorrem mais frequentemente.

Creio que uma das grandes vantagens da bicicleta é sua “despretensiosidade”. Todos comentamos como é fácil e gostoso simplesmente subir na bici e sair por aí. Portanto em certas situações, pra que complicar, tendo que usar capacete? Pra ir na padaria, não precisa de capacete. Precisa sim, de uma cestinha pra pôr o pão dentro, pois carregar a sacola no guidão tira o controle, é perigoso.

Outro motivo para não usar o capacete: é muito quente. Podem até tentar me convencer que os novos capacetes, com 357 aberturas de ventilação, não são quentes. Na verdade, são menos quentes e custam 700 reais, ou R$ 2 por furo de ventilação. Durante uma pedalada no ano novo, mesmo na serra catarinense o calor estava de rachar e optei por pedalar sem capacete para refrescar. Nesse momento, muito mais importante foi o boné.

Interessante como todo mundo, quando quer dar um exemplo de civilidade e uso da bicicleta, dá o exemplo da Holanda, de como eles têm intimidade com a bici, são o máximo. Vale assistir ao vídeo “Cidades Amigas da Bicicleta” e contar quantas pessoas estão usando o capacete. Claro que a realidade deles é diferente, que estão expostos a menos riscos, têm motoristas e ciclistas mais educados, vias melhores, etc. Mas não precisamos radicalizar, uma coisa é fazer um downhill a 80 km/h numa trilha cheia de pedras ou uma viagem de 200 km por uma BR, com uma bici pesando 40kg. Outra é fazer um passeio à beira-mar, de Ceci. O bom senso é nosso maior companheiro.

Uma outra questão relativa ao “pensamento único dominante” de que devemos todos, sempre, usar capacete, é que acabamos por afastar quem não faz. Acho que não podemos nos dar a este luxo, podemos sim sempre recomendar o uso, mas não obrigar e repreender. O capacete “entrou em cena” só após o mountain bike. Antes, nem os ciclistas de competição de estrada o usavam. Claro que muitos morreram e que inegavelmente é mais seguro usá-lo. Mas há uma diversidade enorme de modos como a bici é usada.

Capacete é legal, mas não é a solução do mundo. Há vida na cabeça pelada. Sentir o vento passar entre os fios de cabelo, é uma garantia de voltar à infância, pois essa é a autêntica sensação de liberdade que a bici traz. Não se prendam a dogmas.

– Mais sobre o tema em dois artigos anteriores:
Uso do Capacete” e “Capacetes e Cabelo

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