Destaques
Intermodalidade infantil
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Malu quer ir ver as luzes de Natal na Avenida Paulista, aquelas luzinhas do Papai Noel. Depois do passeio de metrô, a alegria do vento no rosto.
Nossas cidades precisam ser cada dia mais adequadas para que muitos outros pais e mães copiem a idéia do pai da Malu e desfrutem da gostosa experiência de pedalar pelas atrações urbanas e poder desfrutar do espaço público.
Feliz Natal Maria Luiza e que o futuro tenha cada vez mais bicicletas.
Uma estrada de bicicletas
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Foto Willian Cruz – Vá de Bike
Milhares de ciclistas em um dia chuvoso foram de São Paulo à Santos. As estimativas dão conta de um total de 2.800 pessoas que refizeram, em sentido contrário, o caminho dos primeiros europeus que chegaram ao planalto paulista, subindo a Serra do Mar.
O evento ganhou o nome de Rota Márcia Prado. Assim como no dia da morte da homenageada, a chuva lavou o asfalto. Mas ao contrário da última viagem de Márcia ao mar com os amigos e da primeira bicicletada Interplanetária os ciclistas foram aceitos na estrada e escoltados pela polícia rodoviária até a Estrada de Manutenção da Imigrantes, a parte mais bonita da viagem com suas ladeiras e a visão do mar no horizonte.
Das centenas de ciclistas que fizeram parte da Bicicletada Interplanetária e foram barrados na estrada, até os milhares que tomaram parte no “3º Passeio Cicloturistico Rota Márcia Prado 2011”, pouca coisa mudou para a circulação das bicicletas nas estradas paulistas. Mas a cada ano fica claro que muita coisa pode e, principalmente, precisa mudar.
Enquanto a bicicleta for apenas uma convidada ilustre nas estradas ou personagem insólito nas ruas, a demanda continuará reprimida e menos pessoas irão optar pelos benefícios da bicicleta, multiplicando os malefícios para a sociedade do excesso de veículos motorizados.
O caminho é simples, valorizar quem já optou pela bicicleta e convidar aqueles que quiserem pedalar a faze-lo mais vezes. E esse convite se traduz, principalmente, em uma infraestrutura permanente e de qualidade para a circulação de bicicletas. O que na estrada quer dizer exatamente o que se vê no vídeo abaixo.
Conheça a verdadeira Ecovia:
Leia mais informações sobre a via expressa para bicicletas em Copenhague.
Informalidade como solução
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O grande papel da inserção das bicicletas na cidades brasileiras talvez não seja pelos benefícios óbvios, mas por uma característica por vezes desvalorizada, a informalidade. Quem pedala é mais ser humano do que “condutor de um veículo”. A identidade permanece com a pessoa, não se transfere para o objeto.
Ao manter-se humano, o ciclista é capaz de continuar tão cidadão quanto é fora da bicicleta, e no Brasil isso pode significar muito. Em um país que ainda tem muito o que aprender sobre representação e representatividade política o exercício constante da cidadania é um bom caminho.
Planejar para a bicicleta é buscar entender comportamentos universais ao invés de fabricar um código de conduto aplicável apenas à máquinas. Pensar no ciclista é incluir o erro humano em tudo.
Uma cidade para ciclistas só é possível quando pensada fora de um escritório com ar condicionado. A cidade brasileira de bicicletas é aquela que tem favelas, tem o transporte público como alternativa precária, tem concentração de renda, mas é acima de tudo uma cidade que sobrevive à desorganização e é repleta de redes de relacionamentos.
Pela total incapacidade de organizar o Brasil do zero, estamos fadados a buscar nossas próprias soluções, fabricar o nosso urbanismo antropofágico que vá além do modelo milenar europeu e seja capaz de corrigir o rumo do rodoviarismo norte-americano que também falhou em terras brasileiras.
Como propõe o jornalista Denis Russo Burgierman, talvez nossos problemas urbanos sejam grandes demais e essa seja uma grande vantagem.
Natália Garcia escreveu sobre esse mesmo tema em um post chamado “Soluções informais” no blog Cidades para Pessoas.
O futuro das ciclorrotas
Posted onAuthorJoão LacerdaLeave a comment
A mobilidade urbana é um sistema complexo que muitas vezes está além da capacidade de resolução linear a qual estamos acostumados. A solução está sempre além do óbvio. Por exemplo, quanto mais investimentos no sistema viário para automóveis, maiores os congestionamentos. Ou seja, veículos motorizados tendem a se comportar como os gases, ocupam todo o espaço que lhes é disponibilizado.
É preciso, antes de mais nada, rever a maneira de encararmos o problema e prover incentivos corretos. E em um sistema complexo e consolidado, como a mobilidade urbana, não há fórmula ou manual simples que possa ser replicado de maneira universal. Cada cidade tem sua lógica e cada bairro é um pequeno universo.
O caminho da experimentação paulistana em prol das bicicletas define-se aos poucos. A iniciativa recente mais clara e emblemática foi a criação das ciclofaixas de lazer, uma vitrine para a bicicleta e acima de tudo um celeiro de novos usuários. Sucesso estrondoso, a iniciativa tem sido ampliada. Ao mesmo tempo em que deu visibilidade e projeção à bicicleta, possibilitou o florescimento de mais e melhores iniciativas à favor dos ciclistas.
A vitrine da ciclofaixa de lazer funciona ao que se propõe, mas por ser uma infraestrutura que funciona apenas aos domingos e feriados, não contribui diretamente para a resolução do problema da mobilidade urbana. Daí surgem as ciclorrotas, basicamente a sinalização que legitima o fluxo de bicicletas. Ao mesmo tempo convidando o ciclista a percorrer as ruas de menor tráfego motorizado e alertando aos condutores sobre a preferência da bicicleta na via.
Ciclorrotas, no entanto, estão circunscritas à ruas de bairro em que o trânsito motorizado é menos carregado. Em vias em que o fluxo e a velocidade dos automóveis é maior, torna-se necessária uma ciclofaixa. Através da confluência de ambas as iniciativas São Paulo começa a intervir de maneira direta para facilitar e incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte no dia a dia.
O próximo passo está em aberto e, como anteriormente, não há solução pronta, será necessário medir resultados e definir rumos. Seja qual for o caminho escolhido e qual a infraestrutura o sinalização a ser implantada nas ruas de São Paulo, é preciso coibir o abuso de velocidade e a imprudência. Como no vídeo que ilustra esse post, é preciso incutir nos condutores paulistanos a incerteza que obriga a negociação.
Ciclofaixas, ciclorrotas ou qualquer sinalização no sistema viário em favor das bicicletas só irá surtir o devido efeito quando estiver presente a negociação entre os diferentes atores dentro do espaço de circulação. São Paulo optou pela publicidade em favor do respeito ao pedestre e pela legitimação da presença do ciclista na rua, são apenas os primeiros passos. Em breve será a hora de intervir no asfalto para que o fluxo nas ruas seja feito de menos arroubos de velocidade e de mais negociação fluída.
Leituras para ampliar visões:
– Os sete mandamentos cicloviários.
– Ruas mais tranquilas e ciclorrotas.
– As mudanças em curso em Moema e suas ciclofaixas.
A importância da acessibilidade
Posted onAuthorJoão LacerdaLeave a comment
Para os pedestres, uma calçada mal conservada é sinômino de desconforto e muitas vezes acidentes. Um estudo de 2005 feito no Hospital das Clínicas de São Paulo atestou que a circulação de pedestres é na verdade um enorme problema de saúde pública. São milhares de casos todos os anos que oneram os custos dos hospitais que também geram um enorme prejuízo econômico para a sociedade.
Já para um cadeirante, calçadas sem condições de circulação representam um custo ainda maior, a perda de acesso à cidade. De maneira consistente ou com improvisos, garantir o direito de ir e vir à pessoas com mobilidade reduzida ganha a devida atenção em nossas cidades. É a luta em prol do que se convencionou chamar de acessibilidade, ou “desenho universal“.
Ao reforçar a lógica de pensar primeiro no mais frágil, o planejamento urbano garante acesso à todos. Sejam ciclistas nas ruas ou os cadeirantes nas calçadas. Parabéns aos irmãos Ramon e Thomaz Ballverdu que junto com Marcelo Silva, produziram o vídeo que ilustra esse post. Moradores de Pelotas, nenhum dos três é cadeirante, mas sabem da importância de uma cidade inclusiva.
Com informações de:
Parkour Roulant: atletismo sobre rodas – Pelotas, Capital Cultural
Cerca de 100 000 pedestres caem e se machucam nas calçadas todos os anos – VejaSP
