Como posso transformar minha cidade

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Para além de receitas, a construção coletiva e constante é o melhor caminho para recuperar e revitalizar áreas centrais.

Através da articulação entre a requalificação do espaço público e a mobilidade em sua pequena escala – pedestres e ciclistas – é possível construir uma cidade mais humana e sustentável. Com esse objetivo, desde julho de 2012 a Transporte Ativo, o ITDP Brasil e o Studio-X Rio iniciaram um estudo de mapeamento da demanda de uma malha cicloviária para o Centro do Rio de Janeiro.

O projeto Ciclo Rotas teve como eixo norteador o atributo de participação. Nosso desejo era ter o máximo possível de vozes envolvidas, nas mais diferentes esferas. No decorrer do projeto, lidamos como uma série de ideias e possibilidades sobre participação:

  • Com os cidadãos podem participar?
  • O que podem oferecer no processo?
  • Como usar metodologias que sejam abrangentes, capilares, democráticas e transparentes?
  • Quais plataformas utilizar?

O debate “Como eu posso transformar minha cidade”, no dia 13 de agosto tem como objetivo discutir propostas de participação para que os processos participativos sejam, de fato, efetivos.

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O Studio-X fica na Praça Tiradentes, 48, no centro do Rio de Janeiro. Inscreva-se e conheça os debatedores.

Bicicleta como política pública

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A mobilidade é um fenômeno coletivo de percepção individual. Todo condutor é especialista em trânsito por conta das horas paradas em congestionamentos. Mas essa é apenas uma percepção, das muitas percepções equivocadas, que é possível ter ao volante de um automóvel, no guidão de uma moto, pedalando e até caminhando.

Cada papel exercido pelos cidadãos muda a sua percepção da realidade urbana. Mas pelo caráter opressivo das ruas brasileiras, o ciclista tem normalmente dois caminhos a seguir. Conformar-se e seguir pelas bordas, ou lutar contra o status quo que privilegia a fluidez veloz dos veículos motorizados.

O caminho para reverter condições desfavoráveis é dos mais variados e a própria opressão rotineira de dividir as ruas com motoristas agressivos acaba “embrutecendo” a conduta dos ciclistas ciosos por mudar a realidade que enfrentam.

É fácil ser tomado pela agressividade, querer queimar todos os carros, destruir pontes e agredir motoristas. A guerra completa nas ruas certamente em nada irá contribuir para a paz de circulação.

Natural portanto que entender a bicicleta como política pública passa acima de tudo por promove-la sem denegrir outros atores do trânsito. Ir além do maniqueísmo e de ciclistas contra motoristas.

O caos na mobilidade urbana é certamente um promotor do uso da bicicleta em potencial, pela simplicidade e confiabilidade das magrelas. A garantia da bicicleta como o melhor meio individual para percorrer uma distância e gastar o mesmo tempo todos os dias é um argumento forte para que mais pessoas pedalem. Mas não pode ser o único.

Acreditar na bicicleta como solução para os próprios problemas é apenas a primeira pedalada. O desafio é focar sempre nos estímulos positivos e propositivos que incentivem mais pessoas a pedalarem. Não haverá lei, ordem suprema ou imposição que tornará nossas cidades mais cicláveis, será a construção coletiva de incentivo para que as melhores decisões individuais de mobilidade sejam as melhores para a cidade.

Quando se obriga alguém a fazer alguma coisa, ela fará por obrigação e deixará de fazer na primeira oportunidade. Quando se ensina, sensibiliza, conscientiza, a pessoa agirá por livre e espontânea vontade.

Recomendamos a leitura do texto: Desvendando Motoristas

A evolução do mapeamento cicloviário

Representar a cidade para a bicicleta é sempre o desafio e os dados sobre infraestrutura cicloviária no Rio de Janeiro já estiveram perdidos em diversas fontes. Era difícil conhecer um pouco da história das ciclovias e seus trajetos.

Para suprir essa necessidade, criamos (em 2006) um banco de dados em nosso site com o mapa e um resumo sobre cada uma das ciclovias cariocas. A iniciativa cumpriu seu papel e ganhou algumas atualizações ao longo dos anos.

Até que veio o mapa cicloviário unificado do Rio de Janeiro e a partir dele um outro caminho se desenhou para mapear os espaços da bicicleta na cidade. Era preciso ir além da delimitação de uma cartografia, tornou-se necessário um diálogo entre os ciclistas e o espaço urbano para ir além da infraestrutura existente e influenciar na construção de uma cidade amiga da bicicleta.

Como mostra o vídeo acima, o Itinere é parte desse diálogo, uma iniciativa que visa ajudar “ciclistas urbanos a identificarem pontos seguros e problemas na sua cidade.”

Os idealizadores do aplicativo colaborativo estão com o projeto em crowdfunding para que os ciclistas do Brasil inteiro possam ajudar a viabilizar a iniciativa e seguir com o diálogo urbanístico que visa nada menos que modificar as nossas cidades de maneira afetiva e efetiva.

A receita está pronta e qualquer um pode criar o mapa cicloviário da sua cidade.

Mapas baseados no da Transporte Ativo:

Mapa cicloviário de São Francisco do Sul

Mapa Cicloviário de Belo Horizonte

Mapa Cicloviário do Rio de Janeiro

Niterói a caminho

Outros mapas cicloviários legais:

– Bikeit (avaliação dos lugares com bicicletário em São Paulo)

Bikepoints Ciclomídia (estabelecimentos comerciais com bicicletários em São Paulo)

Sistema Cicloviário do Recife

– Mapa Cicloviário de Sorocaba (em googleMaps)

Conhece algum outro, mande nos comentários!

Apps:

Rio de Bicicleta, para dispositivos Android

Mapa Cicloviário do Rio de Janeiro para dispositivos iOS

Itinere

Conheça a evolução do Mapa Cicloviário da Transporte Ativo:

– Fase 1

– Fase 2

– Fase 3

– Fase 4

– Fase 5

 

Ciclovias para o centro do Rio de Janeiro

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A cidade do Rio de Janeiro está em transformação e grandes reformas urbanas são também momentos de oportunidades. Natural que busquemos promover o uso da bicicleta enquanto a cidade passa por uma de metamorfose.

Foi essa a visão central do projeto ciclorrotas do centro do Rio de Janeiro, reunir pessoas para propor, através da participação cidadã, uma cidade mais humana. Nada melhor portanto que pensar o futuro da paisagem central do Rio de maneira a incluir a bicicleta.

As pesquisas e os processos de construção do planejamento cicloviário para o centro do Rio vai estar no ar no Studio-X.

Confira:

Ciclo Rotas Centro

Uma malha cicloviária para o Centro do Rio de Janeiro

Venha participar do diálogo sobre a mobilidade que queremos para o Rio de Janeiro.

Abertura dia 23 de julho, terça-feira, às 18:30

Exposição de 24 de julho a 01 de novembro

Studio-X Rio – Praça Tiradentes, 48

A exposição tem o patrocínio do Banco Itaú.

Bicicletas: questão de meio ambiente ou transportes?

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Uma campanha no site “Panela de Pressão” quer pressionar para que a pauta das bicicletas e intervenções cicloviárias no Rio de Janeiro seja levada da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) para a Secretaria de Transportes (SMTR).

Há um grande poder político e simbólico em ter a bicicleta tratada diretamente pela pasta de transportes, mas isso pode levar a bicicleta para um terceiro plano, melhor ficar sem simbolismos e ter soluções indo para as ruas.

Por isso somos contra levar a bicicleta para a pasta de transportes (por enquanto) e para entender o porque, é preciso analisar um pouco da história do planejamento cicloviário carioca para se conseguir avanços.

O bom planejamento precisa de dados confiáveis para poder ser exercido e um ativismo focado apenas no simbolismo pode ser um retrocesso, justamente por não levar em conta a perspectiva histórica.

No inicio dos anos 1990, o então secretário de meio ambiente Alfredo Sirkis, resolveu iniciar algo para as bicicletas por aqui. Nascia assim a gestão cicloviária dentro da Secretaria de Meio Ambiente.

Ao longo da década de 1990, a SMAC iniciou a implementação da infraestrutura cicloviária também na Zona Oeste e durante uns dez anos a coisa andou devagarinho, mas andou.

Em 2003 o mesmo Sirkis volta à prefeitura como secretário de Urbanismo e leva para a SMU a pauta das bicicletas. Assim começou a segunda geração de ciclovias com projetos bem diferentes das primeiras, até 2008, foi um periodo de poucas obras, mas muito treinamento, pela primeira vez, técnicos brasileiros iam para o exterior estudar bicicletas e infraestruturas cicloviárias, ao mesmo tempo que organizações estrangeiras como a Holandesa ICE (atual Dutch Cycling Embassy), a rede Urbal nº8 (atual Movilization) e o ITDP começam a aportar por aqui trazendo seu expertise.

Ao final da gestão Cesar Maia, com o novo prefeito já eleito e prestes assumir, ficou definido que as ciclovias passariam para transportes na próxima gestão, articulações foram feitas, reuniões e trocas de projetos e objetivos foram trocados entre secretarias e futuros secretários. A Transporte Ativo participou de algumas destas reuniões, por vezes comandadas pela Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS).

Já 2009 o então sub prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, se interessou pelas bicicletas por acreditar que promove-las iria ajudar a cumprir as ousadas metas de redução de emissões de poluentes e gases estufa. Por conta disso a bicicleta foi incluída entre os 40 principais projetos da cidade até 2016.

Enquanto isso a SMTR continuou focada em BRTs, VLTs, pontes estaiadas e na expansão do viário. Com isso a bicicleta deixaria de ser prioridade na administração municipal e passaria a ser apenas um modal que impacta negativamente no fluxo motorizado.

Da decisão política de manter a bicicleta vinculada à SMAC, que corre com apoio técnico da SMTR, tivemos no Rio de Janeiro em 5 anos um avanço maior que nos 15 anos anteriores.

Naturalmente que a bicicleta precisa mais cedo ou mais tarde ir para a pasta de transportes, mas esse ainda não parece ser o momento. Por hora o corpo técnico do Meio Ambiente está mais capacitado e até mesmo interessado no planejamento cicloviário do que o transporte.

Os técnicos da SMAC tem sido presença constante nos Velo City desde 2010, e em 2013 estiveram lá apresentando o paper: Rio‘s Cycling Culture: Strategies, Challenges, and Solutions for Integrating the Public and Private Sectors with Social Organisations.

O ideal para o planejamento cicloviário no Rio de Janeiro é que a bicicleta esteja dentro da pasta de transportes, mas isso irá acontecer no momento certo. Por hora estamos felizes com a maneira que a bicicleta é tratada dentro da secretaria de Meio Ambiente.