Cicloturismo – Passo a Passo



Bicicleta junto ao mar.

Foto de Rodrigo Primo.

Viajar de bicicleta dá um novo significado ao ato de pedalar. Pegar a estrada sobre duas rodas e pedais exemplifica de maneira definitiva que não importa o destino, mas sim a jornada.

Só ou em grupo. Por dias, meses ou anos. O importante é vivenciar o caminho. Sentir-se parte do trajeto e não simplesmente cumprir uma distância.

Como em todas as atividades envolvendo a bicicleta, existe uma infinidade de maneiras de alcançar o mesmo objetivo. Um passeio de um dia até uma cidade próxima já é cicloturismo, assim como viajar o mundo durante anos.

Para quem nunca viajou pedalando, a Escola de Bicicleta traz dicas fundamentais.

Não é necessário ser um ciclista experiente para fazer cicloturismo. Qualquer um pode fazê-lo. Basta ir com calma, respeitar os próprios limites, beber água e alimentar-se na hora certa e assim vencer pouco a pouco a distância.

No cicloturismo há sempre uma sensação de aventura, retorno à infância, mistura de liberdade e molecagem sadia. É um escapar da mesmice. Bicicletas são simples e revelam que a vida pode ser muito simples. (…)

Para quem deseja fugir de tudo e encarar um roteiro pronto, o Clube de Cicloturismo criou “o primeiro circuito projetado de cicloturismo no Brasil”. São 300 quilômetros a serem cumpridos em 7 dias pela região do Vale Europeu, no interior de Santa Catarina. Um belo vídeo promocional ilustra um pouco das paisagens e emoções dessa viagem.

Aos que forem estar na capital paulista no dia 14 de abril (próximo sábado), haverá uma reunião gratuita do Clube de Cicloturismo, para conversar entre outras coisas, sobre o Circuito do Vale Europeu.

  • Mais Informações:
  • > Escola de Bicicleta:
    O Cicloturismo. Recomendações Gerais. Preparativos Iniciais.

    > Clube de Cicloturismo
    Circuito do Vale Europeu. Reunião no Sesc Ipiranga.

    Bicicleta como Bagagem

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    Foto: Cezar Barbosa

    O feriado de Páscoa se aproxima, como no Brasil os deslocamentos intermunicipais são majoritariamente feitos por ônibus, algumas dicas úteis para quem quer embarcar com a magrela na bagagem.

    O decreto 2.521 de 1998 informa no artigo 29 os direitos e deveres dos passageiros de ônibus. Já o artigo 70 trata do valor a ser cobrado quando a bagagem exceder a franquia (usualmente denominada pelos despachantes de excesso de bagagem).

    Parágrafo único. Excedida a franquia fixada nos incisos I e II deste artigo, o passageiro pagará até meio por cento do preço da passagem correspondente ao serviço convencional pelo transporte de cada quilograma de excesso.

    Vale também consultar os “Direitos e deveres dos Passageiros pela ANTT” que repete o que diz o decreto acima.

    Quando consultada a companhia em geral não há qualquer objeção para transportar as magrelas. Apenas recomendam que a bicicleta seja embalada para prevenir danos a ela e as outras bagagens. Na “linha de frente” é o despachante que pode criar problemas. Portanto diplomacia e pleno conhecimento dos seus direitos são as duas premissas básicas.

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    Mala bike Ararauna

    Uma solução que sempre resolve problemas e poupa aborrecimentos é um “mala bike”. Bicicletas dobráveis são uma outra opção.

    Para quem não tem nenhuma das possibilidades, na aquisição da passagem leve as normas da ANTT acima impressas. Caso necessário, entre em contato com o supervisor da empresa no ato da compra. Faça o mesmo se o despachante criar problemas durante o embarque. É direito do passageiro embarcar suas bagagens gratuitamente obedecendo os limites impostos.

  • Mais Informações:
  • > DECRETO Nº 2.521, DE 20 DE MARÇO DE 1998
    >Manifesto Bicicleta no Bagageiro do Ônibus do Clube de Cicloturismo.

    Agradecimentos a Juan Ramos da lista Cicloturismo Brasil.

    Integração Interestadual

    A missão: levar a bicicleta BTT que estava quebrando um galho no Rio de volta para São Paulo.

    O que a princípio poderia ser uma tarefa bem simples, trouxe uma sombra de dúvida: como chegar até a rodoviária Novo Rio pedalando, uma vez que não cabe em táxi (caber, até cabe, mas dá um trabalhão) e o metrô do Rio, infelizmente, só aceita bicicletas aos domingos e feriados? E chegando lá, me deixariam embarcar com a bicicleta no ônibus para Sampa?

    Após algumas dicas pelo telefone, dei uma olhada no Bikely para ter uma noção de onde passava o caminho. Pus a mochila nas costas e segui pela ciclovia da Lagoa, curtindo a paisagem. Porém, do Humaitá pra frente, era terreno ciclístico desconhecido. Ainda sem costume com o comportamento do trânsito carioca, fui com cautela. Redescobrindo parte da paisagem da cidade em cima de meu selim, passei ainda por Botafogo, Laranjeiras, Catete, Glória, Lapa, Centro até chegar na enorme Avenida Presidente Vargas, único trecho de pedal não tão prazeroso, dado o grande movimento.

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    Percurso Leblon – Rodoviária Novo Rio no Bikely.com

    Cheguei numa boa na rodoviária depois de 50 minutos de pedal. Empurrei a bici pelo saguão em direção ao guichês destino São Paulo e o vendedor de passagens gritava e gesticulava do guichê: “Primeiro ônibus pra São Paulo, saindo agora. Preço promocional!”. Encostei com a bicicleta e perguntei se havia algum problema para embarcar. Disse que não. Para meu espanto, embarquei a bicicleta tranquilamente, apesar dos relatos de muitos cicloturistas que tiveram problemas no embarque das magrelas em ônibus.

    Por esse motivo, o Clube de Cicloturismo do Brasil está coletando assinaturas para a definitiva regulamentação do transporte das magrelas em ônibus intermunicipais. Coloquei minha companheira de pé dentro do bagageiro, presa por um extensor de borracha.

    Seis horas, um filme e alguns cochilos depois, desembarquei com a bici na rodoviária do Tietê às 22 horas. Novamente a única opção para chegar em casa na Avenida Paulista era pedalar. Nunca tinha pedalado por aquela região, mas decidi cruzar a Marginal Tietê e farejar o melhor caminho. Para meu espanto, foi praticamente uma linha reta só, cruzando a Móoca e o Centro para chegar na Paulista apenas 20 minutos depois.

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    Percurso Rodoviária Tietê – Av. Paulista no Bikely.com

    Cheguei em casa com a grata sensação de satisfação pela missão cumprida com louvor e o prazer de pedalar.

    Mudança à Moda Holandesa

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    Foto Pablo

    Amsterdam, capital mundial das bicicletas. Para os holandeses, apenas mais um meio de transporte do dia a dia. Quanto têm que levar a mudança da casa, existem excelentes bicis cargueiras para alugar.

    A bicicleta nesse caso mostrou-se acima de tudo, uma alternativa real, de fácil acesso. Um dos componentes necessários à diversidade urbana, que se traduz em qualidade de vida para todos. Afinal, quando mais opções disponíveis para a população, menos sobrecarregadas se tornam as infra-estruturas de transporte.

    Mudança

    (…)

    Tentei chamar uma van que transporta. Mas não tinham mais horários. Então parti pra solução típica dutch: bike!!! Aluguei uma bakfiets igual a essa (um triciclo): caçamba de 1,90 x 1 m! 25 euros por 1 dia.

    É uma bike muito doida, porque o manuseio é bem diferente de uma comum. Claro, é enorme, mas além disso, tem duas rodas na frente, então nas curvas não há balanço com corpo. É pesada, e embora Amsterdam não tenha ladeiras, na hora de atravessar os canais, só aquelas subidas já eram mó esforço. A proporção das catracas é como na marcha mais leve de bikes comuns, então você pedala várias vezes pra locomover pouco e não consegue ir rápido com ela (a não ser nas descidas, já que ela é pesada e pega velocidade fácil).

    E o mais estranho de tudo: não existe roda livre. Quando ela anda pra frente, sempre os pedais rodam pra frente — logo, se você roda ele pra trás, ela dá ré! O freio é uma alavanca no meio do quadro. Demorei para me adaptar a isso!

    Por causa disso tudo, quase bati no início — fui falar no celular enquanto pedalava, e isso não dá mesmo! Quando descia as ladeiras, o pedal vai rodando mais e mais rápido e dá um certo desespero — depois peguei a manha de tirar os pés mesmo e deixar eles rodarem o mais rápido que for, para pegar velocidade… só recolocava quando já tinha diminuído de novo.

    [Outra manha que peguei durante o uso foi de em vez de ficar me matando pra subir a ladeira em cima da bike, pular dela e empurrar até o cume, e depois de atingi-lo, pular rapidamente pra cima de novo pra aproveitar a descida]

    Pois bem, com a bike fiz 3 viagens de ida de volta. A distância entre casa velha e nova é de aproximadamente 4km, então pedalei 25 km em uma dia! Devo ter carregado uns 400 quilos no total. No fim do dia tava exausto!

    Para ficar mais emocionante, chovia na segunda viagem! Eu, com casaco, capuz e cachecol, suando pacas — não podia me descobrir e ao mesmo tempo tava fazendo mó esforço — com cadeiras, peças compridas de madeira de uma cama, mais um monte de caixas e mochilas cheias, cortando o vento e tomando água na cara!

    Muito guerreiro! Me senti um herói, ainda mais porque meus companheiros de casa não carregaram quase nada. Foi tudo em uma dia, só com bike (com exceção de um colchão de casal enorme, que só foi no carro de uma amiga, 1 dia depois).

    Originalmente publicado no blog pessoal do Pablo.

    Bicicleta na estrada

    Muitos usuários da bicicleta como meio de transporte acabam, mais cedo ou mais tarde, caindo na estrada com a magrela. Uma viagem turística ou apenas de deslocamento soa, para muitos, como loucura. É verdade que a velocidade dos veículos automotores é muito maior nas estradas e os acidentes costumam ser graves. Porém há estradas e estradas. Parte do processo de viajar de bicicleta inclui o planejamento das distâncias, paradas e a escolha da rodovia. Estradas secundárias com acostamento e pouco trânsito são as mais seguras e prazerosas aos que viajam a pedal. Mesmo estradas principais podem ser uma boa escolha quando já conhecidas pelo ciclista por sua tranqüilidade e pela sinalização.

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    Rodovia Santos Dumont (Rio – Teresópolis).
    Foto Edu

    Um atrativo a mais é a solidariedade que se pode encontrar na estrada, principalmente de caminhoneiros, que ao entenderem que aquela bicicleta com alforjes está sendo usada numa viagem se identificam com o ciclista que tem gosto pela estrada. A bicicleta, aliás, é muito mais querida na estrada do que na cidade e é um cartão de visita capaz de quebrar barreiras de comunicação e aproximar as pessoas do viajante.

    Para quem quer começar a dica é escolher estradas mais calmas e procurar um companheiro mais experiente. Depois é só curtir os finais de semana em viagens curtas no entorno de sua cidade.

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    Estrada secundária na região de Vassouras RJ.
    Foto Edu

    Se o ciclista já estiver acostumado com a sua bicicleta pode experimentar uma viagem curta sozinho, se bem planejada será uma viagem memorável. Quando já estiver mais tarimbado pode começar a se aventurar em viagens mais longas, com alguns dias de duração e por lugares inóspitos onde o contato com a natureza e o auto-conhecimento são ainda maiores. Para isso o planejamento deve ser ainda mais detalhado e a companhia de amigos já conhecidos de outras pedaladas é muito importante pra concluir a viagem sem aborrecimentos e com boas histórias e fotos para mostrar.

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    Travessia da Praia do Cassino no Rio Grande do Sul.
    Foto Marcelo Kulevicz Bartoszeck

    > Saiba mais em: www.clubedecicloturismo.com.br