Promover a Troca

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Esse resumo para blog foi uma colaboração de Lourdes Zunino, bem como a tradução do sumário do estudo em questão.

Criar vias exclusivas para pedestres e ciclistas mais curtas e agradáveis que as compartilhadas com veículos motorizados é uma maneira de incentivar a troca de modal.

Um projeto desenvolvido na Europa entre 1996 e 1998 para incentivar o uso da bicicleta ou viagens a pé em vez de usar o carro para pequenos deslocamentos afirma que:

“Muitos dos deslocamentos de carro são curtos e podem significar 50% de todos os deslocamentos deste modal, na maioria das cidades da Europa. Viagens consecutivas representam apenas uma parte destes deslocamentos. Outras razões, como transportar coisas e pessoas, são mais importantes neste tipo de deslocamento. Se as viagens por automóvel menores que 1km fossem feitas a pé, o uso do carro seria reduzido em 15%. Caso o limite aumentasse para 2 km, a redução seria de 30%. Considerando deslocamentos de até 5 km, incluindo o uso de bicicletas, a redução do uso de carros passaria para 50%, na maioria das cidades européias.”

> Para mais detalhes sobre a pesquisa clique aqui.
> Fonte foto:
DULLAERT, I. (coord.) (2000) The European Greenways Good Practice Guide: Examples of Actions Undertaken in Cities and the Periphery. Association Européenne des Vois Vertes. Bélgica, Namur: European Greenways Association.
Disponível em http://ec.europa.eu/environment/cycling/greenways_en.pdf.

Mobilidade na Dinamarca

Na Dinamarca, uma das maiores rendas per capita do mundo, quase 50% dos 1,5 milhão de habitantes que vivem na capital vão de bicicleta para o trabalho. Em compensação, apenas um terço das famílias tem automóvel.

Fatores que incentivaram a utilização da bicicleta: geografia plana, construção de vias exclusivas e sinalização adequada, criação de impostos severos para o registro e estacionamento de autos. Vale recordar o vídeo “Dinamarca, cidade dos ciclistas”. Nele é dada a informação de que 70% dos usuários da bicicleta seguem pedalando mesmo no rigoroso inverno dinamarquês.

Implicações positivas: uma pesquisa realizada durante 15 anos pelo Centro de Estudos do Coração da Universidade de Copenhage, mostrou que os cidadãos dinamarqueses que optaram pela bicicleta como principal meio de transporte, vivem bem mais do que os sedentários, apresentando um baixíssimo índice de doenças cardíacas, contribuindo por tornar a Dinamarca um dos países europeus com o menor índice de mortalidade por problemas de coração.

Até mesmo os sedentários podem contar com opção de deslocamento em Ciclo-táxis. Uma empresa chamada “Cykeltaxi” tem um vídeo interessante. Como diz o slogan deles, “De uma volta no lado verde da vida”. Transporte Ativo de passageiros (aqui, outros exemplos).

Espaço Compartilhado

Mônica Campos*

Durante muitas décadas o sistema de tráfego urbano deveria organizar a circulação dos diversos modos de transporte estabelecendo uma série de regras postuladas por códigos de trânsito e implantando no cenário urbano um sistema de comunicação visual que orientasse as ações das pessoas ao se deslocar. Tanto para pedestres quanto para veículos, o sistema determinava através de placas de sinalização, sinais de trânsito, e também desníveis (calçada) onde deveria ser o lugar de cada um e como cada um deveria se “comportar” em seu lugar, para que houvesse segurança.

A inquestionável “separação” entre os diversos modos de deslocamento em nome da tão necessária segurança começou a ser colocada em cheque pelo holandês Hans Monderman em um novo conceito conhecido como Shared Space ou Espaço Compartilhado.

Engenheiro de tráfego e atuante na área de urbanismo desde 1969, Monderman iniciou suas reflexões a cerca desse tema há mais de 30 anos quando na Holanda havia 15 milhões de habitantes e se registravam 3,4 mil acidentes por ano. O governo holandês descontente pelas inúmeras tentativas de solucionar os problemas ocorridos pelos conflitos viários convidou Monderman para elaborar um projeto que acabasse com o grande número de acidentes ocorridos.

A sugestão do “compartilhamento do espaço” passou da sugestão à prática na cidade holandesa de Drachten. A idéia do engenheiro de tráfego Hans Monderman foi aplicada em apenas uma quadra, pavimentada com pequenos tijolos. Nenhuma faixa de demarcação e divisão de pistas para veículos ou de travessia de pedestres, semáforo, quebra-molas, indicação de velocidade ou um guarda para disciplinar o fluxo. Suprimiu-se também a calçada.

Embora se tratasse de uma via cujo volume de veículos circulantes era de 20.000 veículos/dia (via de trânsito pesado), Monderman conseguiu reduzir quase a zero o número de acidentes nas áreas em que o projeto foi implantado.

Na verdade o sucesso dessa nova filosofia de projeto urbano se deve à comunicação pelo olhar. Quando os motoristas param de consultar a toda hora a sinalização e se concentram no ato de dirigir, monitorando com seu olhar o que acontece em sua volta, acabam tornando mais seguro o ambiente por onde circulam. O princípio de tudo é o respeito ao ser humano, onde o pedestre tem sempre a preferência.

O objetivo dessa nova filosofia seria “integrar” as diversas formas de deslocamento ao invés de separá-las por meio de regras, placas de sinalização, semáforos, desníveis (calçadas). Nessa nova ótica, o espaço público seria devolvido ao ser humano, ator principal nos layouts dessas áreas de convívio.

O advento do carro fez com que o ato de pensar o tráfego adquirisse uma influência dominante deste modo de transporte sobre o uso e projetos de espaços públicos. Os espaços públicos passaram a se tornar locais destinados unicamente à movimentação e ao tráfego de veículos motorizados, refletindo em seus projetos viários a preocupação com a fluidez dos mesmos e com o desejo de limitar os perigos relacionados à segurança. O papel do homem, como usuário do espaço, foi reduzido ao de participante do trânsito. O êxito do Espaço Compartilhado é reverter estes papéis.

Implantado inicialmente na cidade em Drachten, o conceito será também aplicado no período de 2004 a 2008 em mais sete cidades na forma de projeto piloto. A iniciativa ficou a cargo do Programa da Comunidade Européia chamado INTERREG III. As cidades beneficiadas são: Bohmte (Alemanha), Ejby (Dinamarca), Emmen, Fryslân e Haren (Holanda), Ipswich (Reino Unido) e Ostende (Bélgica).

Frases de Monderman:
“Quanto mais organizado o comportamento do tráfego, mais sujeito a infrações. As pessoas têm que se organizar sozinhas, sem as autoridades”

“Quando há separação, as pessoas pensam, esse espaço é meu. Sendo compartilhado, têm a consciência de dividir o espaço”

“É uma evolução do conceito de preferência. Em vez de isolar a bicicleta em ciclovias, fazer com que ela tenha preferência em relação aos automóveis e, por sua vez, dêem preferência aos pedestres”.

Mônica Campos é Arquiteta Urbanista, mestre em Engenharia de Transportes e escreveu esse texto especialmente para o blog da Transporte Ativo.

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Imagens da Cidade de Roma – Exemplos de Espaços Compartilhados

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Ruas Inteligentes

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Pessoas ocupam sempre menos espaço do que pessoas com máquinas.

Uma iniciativa da Fundación Ciudad Humana de Bogotá mostrou a eficiência no uso do espaço urbano.

Cento e cinquenta pessoas numa mesma rua. Todas em automóveis, todas num mesmo ônibus e todas a pé. A diferença é clara e busca também sinalizar a importância de que mais e mais pessoas se mobilizem por meios mais eficientes pelas cidades. Seja eficiência energética, ou nesse caso, espacial.

Confira maiores informaçõe sobre “La Calle Inteligente.

Trânsito e Qualidade de Vida

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Grandes metrópoles são as que mais tem a se beneficiar de meios de transporte mais humanos. Nelas também que se mostra urgente a necessidade de se difundir os deslocamentos por bicicleta e meios a propulsão humana em geral.

A organização de “Transportation Alternatives” de Nova Iorque tem como missão:

Encorajar o uso da bicicleta, a caminhada e o transporte público como alternativas ao uso do automóvel. Visando assim reduzir o uso do carro e seus impactos ambientais e danos sociais.

Em seu informativo de final de ano a “Transalt”, ou simplesmente T.A. divulgou algumas das suas iniciativas ao longo de 2006. Um estudo merece destaque especial chama-se “Traffic´s Human Toll”, ou em tradução livre, “O Custo Humano do Trânsito”.

Vinte e um pesquisadores da T.A. passaram 14 meses estudando a implicação do trânsito de veículos motorizados sobre a população de algumas áreas da cidade de Nova Iorque. A idéia era medir o impacto que o tráfego pesado de automóveis, ônibus e caminhões tem sobre a vida cotidiana das pessoas.

Foram entrevistados 600 participantes que moravam em três tipos de ruas: de “trânsito pesado” (mais de 5.000 veículos/dia), “trânsito médio” (de 2 a 3 mil veículos/dia) e “trânsito leve” (1.000 veículos/dia ou menos).

A conclusão da pesquisa foi que além dos custos econômicos, engarrafamentos têm também uma conseqüência humana que precisa ser considerada.

Confira o estudo completo (em inglês).

Uma reportagem do New York Post abordou o tema: Traffic hurts New Yorkers’ quality of life.