Bicibus: de bicicleta para a escola

planetgreen.com

Um bicibus é uma reunião de crianças, em grupos, para irem juntos de bicicleta para a escola (por vezes também ao jardim de infância). Normalmente, as crianças mais novas são acompanhadas por adultos. O bicibus é uma boa alternativa para substituir o hábito de levar as crianças à escola de carro, especialmente quando o medo de acidentes e alegações de segurança de trânsito são os principais motivos dos pais não deixarem seus filhos pedalarem nas ruas.

Andar de bicicleta dá às crianças uma chance de serem mais ativas fisicamente, de melhorar suas habilidades de convivência no trânsito urbano, e de aprender mais sobre seu meio ambiente. Ir de bicicleta para a escola é também uma oportunidade de explorar um território mais vasto na comunidade e experimentar uma crescente independência e responsabilidade, à medida que as crianças crescem.

Normalmente, o bicibus é mais efetivo quando implementado como parte de um Plano de Mobilidade Escolar. Este Plano geralmente é estabelecido com a participação de professores, pais e autoridades locais, a fim de incentivar os pais a não levarem seus filhos à escola de carro. As crianças são integradas ao Plano por meio de atividades educativas centradas na segurança de trânsito e comportamentos pró-ambientais. Este plano de mobilidade escolar geralmente inclui diversas ações, como a criação de rotas mais seguras e o redesenho das áreas proximas da escola, a elaboração de jogos de mobilidade para as crianças, ou a organização de uma central de carona com os pais.

Impacto

A redução do uso do carro pode chegar a 30%, dependendo do grau de comprometimento de todos os envolvidos no processo (escola, pais, crianças, polícia de trânsito, autoridades municipais).

Caminhos para o sucesso

Um bicibus precisa de um forte envolvimento de muitos parceiros: a prefeitura, o conselho da escola, professores, pais e, claro, as próprias crianças! Concebido como um projeto de ensino em matéria de segurança de trânsito, mas também abordando os impactos sobre a mudança climática, o bicibus pode ter um impacto de longo prazo sobre a juventude.

Quando implantada como parte de um plano de mobilidade da escola, a medida pode ser mais eficaz ser for aplicada juntamente com um programa de treinamento para andar de bicicleta. Com isto, um maior número de crianças indo de bicicleta para a escola deve ser esperado.

A localização da escola e seu entorno podem ter um impacto significativo na percepção da segurança do trânsito e no número de veículos. Melhorar as condições para se andar a pé ou de bicicleta nas áreas de aproximação da escola e aumentar a proximidade entre escolas e zonas residenciais aumenta o número de viagens ativas e reduz os deslocamentos com automóvel.

ctc.org

Possíveis obstáculos

Os pais muitas vezes citam questões de segurança como um dos principais motivos para ficarem relutantes em permitir que seus filhos pedalem de bicicleta para a escola. Fornecer supervisão de um adulto em todo o trajeto pode ajudar a reduzir essas preocupações. Os benefícios podem ser percebidos mais facilmente pelas as famílias que moram a uma distância que dê para ir de bicicleta para a creche ou a escola.

Problemas podem aparecer quando o bicibus conta com a participação voluntária dos pais. Isto exige esforço contínuo para recrutar novos voluntários a cada ano, quando as crianças deixam a creche ou escola primária.

Os custos da medida

Um bicibus não implica custos elevados, uma vez que a maioria das ações consiste em organizar os trajetos para reunir as crianças, com a ajuda voluntária dos pais.

texto traduzido de: European Plataform on Mobility Management, com adaptações

em inglês, usa-se a expressão cycling bus. A tradução literal seria “ônibus-bicicleta”, mas, como o conceito é novo em língua portuguesa, optamos por adotar o termo bicibus, que é mais simples, segue o uso já consolidado nas línguas latinas como o italiano e o espanhol, e tem tudo a ver. Começa com BICIcleta, que é como se inicia a pedalada, e termina como um ôniBUS, com várias bicicletas pedalando juntas. Na implantação de futuros projetos, nomes criativos podem ser adotados: biciclétibus, ciclobus, onibicicleta. O importante é a ideia e sempre ouvir a criançada!

Crianças em Movimento

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As crianças são muitas vezes mais vulneráveis aos efeitos negativos de um ambiente degradado do que os adultos, especialmente em áreas urbanas. No entanto, elas não são apenas pequenas vítimas inocentes. As crianças têm um potencial ainda inexplorado para incentivar e influenciar outras pessoas a adotarem comportamentos mais sustentáveis. Nós, adultos, devemos assumir nossa responsabilidade para envolvê-las no planejamento e na tomada de decisões com maior seriedade, para que elas tenham uma chance de influenciar o presente e moldar o futuro.

O manual “Kids on the move” foi lançado pela Comissão Europeia, Diretório Geral do Meio Ambiente, em 2002, após ser anunciado pela Sra. Margot Wallström na conferência Velocity daquele ano. Está sendo publicado hoje, em português, com o título “Crianças em movimento”.

Assim como o manual “Cidades do futuro, cidades para bicicletas”, que reconheceu o valor das bicicletas para as cidades, “Crianças em movimento” mostra a importância de reconhecer as necessidades específicas das crianças no trânsito. O manual destaca as iniciativas desenvolvidas, na Europa, por escolas, empresas de transporte público ou autoridades locais que tenham objetivo de promover o bem-estar dos nossos filhos.

“Crianças em movimento” contém numerosas sugestões práticas, endereços internet e documentação de referência sobre como abordar a questão da mobilidade da criança no trânsito do ponto de vista de um pai, uma escola, uma empresa de transporte, uma autoridade local e do ponto de vista da própria criança. O manual também inclui uma breve descrição de quinze iniciativas que foram tomadas a nível local, nacional ou internacional (assembleias de crianças e jovens, rotas seguras para as escolas, pédibus e grupos de bicicleta, campanha em favor dos transportes públicos, bicicletas para jovens mulheres, eventos como o italiano Bimbimbici, dias sem carro, etc).

A publicação foi apresentada oficialmente durante um seminário organizado pela Federação Europeia de Ciclistas (ECF) na Green Week, em Bruxelas. O manual foi criado para ser distribuído tanto através dos canais habituais de informação da União Europeia e através de redes ou associações de autoridades locais, escolas, pais, jovens, etc, e pode ser uma ajuda útil com ideias para aqueles que querem participar do Dia 22 de Setembro – Na Cidade sem meu Carro.

A Associação Transporte Ativo obteve autorização expressa, a tradução foi feita por Patrícia Casela, e agora o manual está disponível gratuitamente em língua portuguesa.

Compartilhamos aquelas mesmas preocupações sobre o futuro, a saúde e o lugar das crianças no trânsito. Com a tradução do manual Kids on the move almejamos dar outro enfoque para a “Semana do Trânsito” nas escolas e as discussões sobre o assunto, em vez de moldar “pequenos motoristas” e forjar uma dependência ao carro, muitas vezes desnecessária e quase sempre prejudicial.

Temos certeza que podemos aprender com o exemplo europeu. Autoridades e escolas precisam conscientizar-se de que crianças e adolescentes possuem necessidades próprias no trânsito. Ruas vivas e espaços vivos nas cidades influenciam diretamente o desenvolvimento corporal, mental e de cidadania das crianças. Mostrar a elas, e aos jovens em formação, o caminho dos transportes ativos é o primeiro passo da independência. Construir cidades onde seja permitido crianças nas ruas é abrir as portas para que elas encontrem seu lugar no espaço urbano, desde bem cedo. Isto só trará benefícios. Uma cidade mais segura, mais saudável e mais agradável para crianças é uma cidade boa para todo mundo.

Clique aqui para baixar.

Convocação para o Dia Mundial sem Carros

participe você também

A próxima quarta feira é o Dia Mundial sem Carros. Junte-se à millhões de pessoas que ao redor do mundo estarão nesta data experimentando novas formas de se deslocar por suas cidades, buscando uma solução que se adapte ao seu dia a dia para que no futuro todos os dia sejam dias sem carros.

No Rio a semana do Dia sem Carros começou quente; um passeio com milhares de ciclistas abriu o domingo no Aterro do Flamengo, à tarde foi a vez do Passeio Completo, pedalada “Cycle Chiccarioca , fazer sua edição também homenageando a data.

O site oficial do Dia sem Carros no Rio também entrou no ar neste domingo, confira aqui.

No dia 22 de setembro a Transporte Ativo, em parceira com a Prefeitura do Rio, Brasil 1 e ITDP, estará no Buraco do Lume, no Centro, e na Praça Edmundo Rego, no Grajaú, com dicas sobre mobilidade urbana, educação cicloviária, manutenção, uso adequado de sua bicicleta e muito mais.

Mais sobre o dia 22 de setembro no blog

Bicicleta com cano de descarga

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Poluição atmosférica e sonora em um passeio ciclístico. Foto: André G. Soares

Meu sobrinho teve uma bicicleta que imitava uma moto. Tinha acelerador e tanque de gasolina de plástico (falso, claro), mas não tinha cano de descarga e mesmo que tivesse seria falso também e não emitiria fumaça nenhuma.

Mas tem surgido e, infelizmente se firmado nas grandes cidades uma atividade que faz as bicicletas serem co-responsáveis pela emissão de gases poluentes: os grandes passeios promocionais. Uma seguradora, um supermercado, uma lanchonete e até loja de bicicleta tem organizado passeios em que a ‘infra-estrutura’ inclui carros, motos, caminhões, trio-elétricos e até ônibus numa clara incoerência entre a bicicleta, o veículo convidado e a ser promovido, e um dos seus maiores trunfos que é ser um meio de transporte limpo, de emissões zero.

Uma grande massa de ciclistas ajuda a chamar atenção das pessoas pra bicicleta, mas parece mais uma grande festa pelo aspecto lazer do que o incentivo ao uso das magrelas como transporte no cotidiano. Sim, porque se para usar a bicicleta na rua, como nesses passeios, é preciso fechar o trânsito, colocar um trio elétrico a diesel na frente e um cortejo de carros, motos e ambulâncias atrás e aos lados, é preferível ir a pé! Acho mais honesto.

Sejamos francos, mega eventos com uma enorme massa de bicicletas envoltas por veículos poluentes não ajudam a promover o uso da bicicleta como transporte nem tão pouco a melhorar a aceitação delas nas ruas. Eles se resumem a ações de marketing que se aproveitam da simpatia das bicicletas para promover esta ou aquela empresa como amiga da bicicleta.

Em setembro, por conta da celebração do Dia Mundial sem Carro, as atenções da mídia e da sociedade vão se virar para o veículo a propulsão humana que pode não resolver o problema dos engarrafamentos, mas ajuda a melhorar a mobilidade de muitas pessoas em curtas e médias distâncias. De quebra ocupa pouco espaço, é limpo, silencioso e melhora a saúde do pedalante. Nada a ver ter carros e caminhões num evento para estimular a reflexão em torno da poluição pelo uso exagerado dos meios de transporte motorizados, especialmente os individuais.

Quem pedala com caminhão de som e frota de veículos no apoio está compactuando justamente com o mau uso do veículo motorizado. Isso deveria ser repensado. Como bandeira promotora do transporte saudável e sustentável a bicicleta basta a si mesma. É com a cabeça no lugar e os pés nos pedais que o mundo vai girar na direção da sustentabilidade. Vamos juntos?

Passeios limpos, silenciosos e sustentáveis são possíveis. Veja como fazer nesse ÁLBUM DE FOTOS:

banda de musica movida a pedal

Nossas cidades nós mesmos

O escritório Gehl Architects, em conjunto com o Institute for Transportation and Development Policy – ITDP, acabam de lançar a publicação Our Cities Ourselves: 10 Principles for Transport in Urban Life (Nossas cidades nós mesmos: 10 Princípios para o Transporte na Vida Urbana). O livreto mostra como cidades modernas podem enfrentar os desafios das mudanças climáticas e crescimento da população. E como, neste contexto, o transporte tem um papel decisivo.

(Clique em “menu”e “view fullscreen” para facilitar a leitura)

Os 10 princípios são:

1. Ande a pé: Crie bons ambientes para os pedestres.
2. Propulsão humana: Crie bons ambientes para bicicletas e não motorizados.
3. Vá de ônibus: Forneça transporte público de qualidade com bom custo benefício.
4. Controle de acesso: Permita o acesso de taxis e transporte coletivos limpos em velocidades seguras e em número significativamente reduzido.
5. Entrega de mercadorias: Sirva a cidade da maneira mais limpa e segura.
6. Misture tudo: Integre pessoas e atividades, edifícios e espaços.
7. Preencha os espaços: Construa bairros ao mesmo tempo adensados e atraentes, desenhados de forma a maximizar o transporte coletivo, e voltados para as pessoas.
8. Caia na real: Preserve e valorize o patrimônio natural, cultural e histórico local.
9. Conecte os quarteirões: Proporcione caminhadas diretas, interessantes e produtivas, com edifícios e quarteirões permeáveis e de pequeno tamanho.
10. Faça para durar: Construa para o longo prazo. Cidades sustentáveis atravessam gerações. São memoráveis, maleáveis, feita com materiais de qualidade e bem conservadas.

Original em inglês em: Cycling Embassy of Denmark

O livreto faz parte de um programa mais extenso do ITDP. Até 11 de setembro, em Nova Iorque, está acontecendo a exibição Our Cities Ourselves. Foram convidados 10 arquitetos para mostrarem sua visão de como serão 10 das mais fascinantes cidades do mundo, em 2030. Estas cidades já mostraram algum destaque no transporte sustentável e provaram ter liderança para abraçar as mudanças que estão por vir.
Uma destas cidades é o Rio de Janeiro. Confira na página ourcitiesourselves.org