Nossas cidades nós mesmos

O escritório Gehl Architects, em conjunto com o Institute for Transportation and Development Policy – ITDP, acabam de lançar a publicação Our Cities Ourselves: 10 Principles for Transport in Urban Life (Nossas cidades nós mesmos: 10 Princípios para o Transporte na Vida Urbana). O livreto mostra como cidades modernas podem enfrentar os desafios das mudanças climáticas e crescimento da população. E como, neste contexto, o transporte tem um papel decisivo.

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Os 10 princípios são:

1. Ande a pé: Crie bons ambientes para os pedestres.
2. Propulsão humana: Crie bons ambientes para bicicletas e não motorizados.
3. Vá de ônibus: Forneça transporte público de qualidade com bom custo benefício.
4. Controle de acesso: Permita o acesso de taxis e transporte coletivos limpos em velocidades seguras e em número significativamente reduzido.
5. Entrega de mercadorias: Sirva a cidade da maneira mais limpa e segura.
6. Misture tudo: Integre pessoas e atividades, edifícios e espaços.
7. Preencha os espaços: Construa bairros ao mesmo tempo adensados e atraentes, desenhados de forma a maximizar o transporte coletivo, e voltados para as pessoas.
8. Caia na real: Preserve e valorize o patrimônio natural, cultural e histórico local.
9. Conecte os quarteirões: Proporcione caminhadas diretas, interessantes e produtivas, com edifícios e quarteirões permeáveis e de pequeno tamanho.
10. Faça para durar: Construa para o longo prazo. Cidades sustentáveis atravessam gerações. São memoráveis, maleáveis, feita com materiais de qualidade e bem conservadas.

Original em inglês em: Cycling Embassy of Denmark

O livreto faz parte de um programa mais extenso do ITDP. Até 11 de setembro, em Nova Iorque, está acontecendo a exibição Our Cities Ourselves. Foram convidados 10 arquitetos para mostrarem sua visão de como serão 10 das mais fascinantes cidades do mundo, em 2030. Estas cidades já mostraram algum destaque no transporte sustentável e provaram ter liderança para abraçar as mudanças que estão por vir.
Uma destas cidades é o Rio de Janeiro. Confira na página ourcitiesourselves.org

A Lapa dos Pedestres

Dia após dia o Rio de Janeiro vem pensando em melhores formas de se usar a cidade e aos poucos estas começam a aparecer. Esta semana estava na capa do Diário Oficial da Cidade informação sobre a implantação de 22 quilômetros de vias exclusivas para ciclistas na Zona Oeste, interligadas a vários terminais de transporte público.

Uma importante mudança recente foi o fechamento das ruas da Lapa para o trânsito motorizado nas noites de sexta e sábado que, desde julho, estão livres, vivas e repletas de pessoas. Confira no belo vídeo abaixo.

Caminhos da Serra

pedalando na serra

Para ter sucesso, quem luta em favor das bicicletas precisa aproveitar as oportunidades e agir quando for preciso, sem esperar que alguém faça por nós.

Saber aproveitar as oportunidades requer estar aberto e antenado, sem nunca fechar canais de comunicação. Também é preciso saber dizer não quando preciso, para ter foco. Uma boa dose de conhecimento técnico ajuda muito. Agir, colocar a mão na massa, exige comprometimento, e a clara visão de que o futuro se constrói hoje. Estar pronto para enfrentar o que vem após a curva.

Um excelente exemplo disto é o movimento para implantação da Trilha Verde da Maria Fumaça, na região central de Minas Gerais, entre Diamantina e Monjolos. O objetivo é possibilitar o deslocamento de caminhantes e ciclistas pelo antigo ramal ferroviário da região, criado em 1909. Que foi totalmente desativado em 1973, dentro da política rodoviarista da época.

antigo leito ferroviário

Durante cerca de 30 anos a “linha do trem” ficou abandonada. Apesar de estar sob responsabilidade do DNIT e as construções sob responsabilidade do IPHAN, passou a ser aos poucos vendida, alugada, roubada e ocupada ilegalmente. Recentemente, o trajeto começou a ser usado em atividades de lazer e estudo por ciclistas, caminhantes, cavaleiros, professores, estudantes e um novo olhar passou a conviver com as belezas e problemas do caminho.

Em 2000 uma expedição encabeçada pela ONG Caminhos da Serra percorreu a pé todo o trecho de Diamantina a Corinto. Desde então, vem sendo discutida a proposta de se criar a Rota de Ecoturismo da Trilha Verde da Maria Fumaça, com cerca de 100km de extensão.

trilha da maria fumaça

Por ser um percurso criado para o tráfego ferroviário, a Trilha Verde da Maria Fumaça não possui ladeiras acentuadas ou curvas fechadas, apesar do trajeto serpentear por entre escarpas da Serra do Espinhaço e haver um desnível de mais de 800m.

estrada para Diamantina

A Serra do Espinhaço possui como características marcantes os afloramentos de rochas quartzíticas entremeados por campos e pequenas faixas de matas, e recebeu da Unesco o título de Reserva da Biosfera. Além de passar por 7 localidades, ao longo da Trilha da Maria Fumaça existe um grande número de atrativos naturais.

Serra do Espinhaço

O destaque fica para os vilarejos de Barão de Guaicuí, com a Cachoeira do Barão, e as formações e sítios arqueológicos da Serra do Pasmar; e o vilarejo de Conselheiro Mata, com mais de 10 cachoeiras no seu entorno.

Conselheiro Mata

A Trilha foi subdividida em seis trechos, conforme as localidades existentes ao longo do trajeto, com distâncias propícias para viagens a pé ou de bicicleta.
Trecho 1: Diamantina a Bandeirinha – 16,6 km
Trecho 2: Bandeirinha a Barão de Guaicuí – 10,5 km
Trecho 3: Barão de Guaicuí a Mendes – 17,6 km
Trecho 4: Mendes a Conselheiro Mata – 24,4 km
Trecho 5: Conselheiro Mata a Rodeador – 16,5 km
Trecho 6: Rodeador a Monjolos – 14,4 km

Em 2009 foi criado o Grupo Gestor da Trilha Verde da Maria Fumaça, que já se reuniu com prefeitos, DNIT, IPHAN, Procuradoria do Estado de Minas, entre dezenas de outras ações. Há poucos dias, foi concluído um relatório de identificação e diagnóstico para indução e apoio de fluxo turístico, dentro do Programa de Estruturação do Circuito dos Diamantes (estância de governança regional do turismo).

O relatório apresentado identifica os principais problemas da trilha e apresenta as soluções necessárias. Foi elaborado pelos turismólogos Felipe Marcelo Fernandes Ribeiro e Maria Luar Mendes de Souza, sob a Coordenação Técnica de Hugo Araújo.

A Transporte Ativo parabeniza todas as pessoas envolvidas e apóia a excelente iniciativa.

  • Mais: vídeo “Expedição Trilha da Maria Fumaça”
  • As fotos foram tiradas numa cicloviagem feita de Santa Bárbara a Diamantina, em julho de 2009. Passei pelos trechos da trilha entre Rodeador e Conselheiro Mata.

    Bicicleta a cara do Rio.

    http;//www.ta.org.br/blog/capa-bicicleta.jpg

    Nesta terça feira, 27 de julho, ocorre o lançamento do livro Bicicleta: a cara do Rio, escrito a seis mãos por Julio Lopes, ex-Secretário Estadual de Transportes, Claudio Santos, presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (FECIERJ), e José Lobo, presidente da Transporte Ativo.

    O livro mostra a bicicleta sob vários aspectos, focaliza os atuais problemas do transporte urbano e defende as bicicletas como parte das soluções.

    Clique aqui para ver o convite.
    E aqui para saber mais sobre o livro.