Tijuca, um Bairro Ciclável

Bicicletas na Tijuca

Bicicletas em todas as direções na Tijuca. Fotos Zé Lobo

A Tijuca é um bairro tradicional da Zona Norte do Rio de Janeiro. De urbanização antiga, conta com ruas estreitas e um trânsito motorizado bastante complicado. Ainda assim, as bicicletas são um meio de transporte bastante popular. Além disso, diversas empresas economizam tempo e dinheiro através das entregas movidas a pedal.

Foi lançado o anteprojeto da Rota Cicloviária da Barão de Mesquita. O plano é melhorar as condições de quem trafega por lá, viabilizar o plano de bicicletas públicas e aumentar o número de viagens por bicicleta na região. O plano tem tudo para aumentar a fluidez viária e dar mais qualidade de vida a todos os tijucanos e a população flutuante do bairro. Afinal nada melhor do que pedalar com segurança em uma região planejada para abrigar o trânsito de transportes ativos.

Mas a Tijuca é apenas o começo. O decreto nº 29693 de 14 de Agosto de 2008, marca o início de uma nova fase na mobilidade por bicicleta no Rio de Janeiro. Através dele:

” Fica instituído o Programa Rede de Ciclo-Faixas da Cidade do Rio de Janeiro, sendo iniciado na área de Planejamento, inicialmente no bairro da Tijuca.
(…)
Fica autorizada a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos – SMO, a, imediatamente, orçar e executar ações relativas à implementação da primeira Rota de Ciclo-Faixas a ser chamada “RCF Barão de Mesquita”, interligando a Praça Saens Peña a rua General Canabarro (…).”

O plano a ser feito na Tijuca já conta com medidas que aos poucos serão replicadas pela cidade. Será a primeira vez que se adota na cidade o conceito de “Zona 30”. Trata-se de uma medida simples de redução da velocidade dos automóveis para dar mais segurança viária aos ciclistas e pedestres. Sem grandes intervenções é possível garantir que motorizados e transportes ativos convivam harmonicamente.

A RCF Barão de Mesquita no entanto é apenas a primeira rota que irá estruturar o planejamento cicloviário na região. Serão pelo menos mais oito, sempre para beneficiar os atuais e futuros usuários da bicicleta.

Todo o projeto é fruto do trabalho dos técnicos do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e da Secretaria do Meio Ambiente, com o apoio da Transporte Ativo. Todos os órgãos e a TA fazem parte do Grupo de Trabalho Ciclovia, que se reune regularmente para promover melhorias no sistema cicloviário carioca.

Mais:
Confira a íntegra do Decreto e do Plano das Rotas Cicloviárias para a Tijuca.

Devagar e Sempre

Z308

A Transporte Ativo recentemente apresentou um plano de Zonas de velocidade máxima em 30km/h e para a Prefeitura do Rio e para a Secretaria de Transporte do Estado. A proposta foi muito bem recebida e tem se espalhado, sendo inclusive pensada para outras regiões da cidade e do estado.

A adoção de áreas seguras para o uso da bicicleta através de restrições amigáveis ao uso do carro particular com sistemas de ruas com velocidade reduzida à 30km/h e uso de bicicletas em ambas as direções já é adotado em muitas cidades européias.
Em ruas onde a velocidade já é baixa e já existe o trânsito de bicicletas, a demarcação destas áreas proporciona segurança para as bicicletas consequentemente aumentando seu uso na região. Além disso, o artigo 58 do CTB permite a circulação de bicicletas no sentido contrário aos carros desde que exista de sinalização específica.

Copacabana, Zona Sul do Rio, conta com um movimento intenso de bicicletas particulares e de empresas circulando diariamente.
Muitas das ruas secundárias em Copacabana já possuem o limite de velocidade em 40km/h hora, têm um trânsito razoavelmente tranquilo. Além disso, já existe um enorme número de ciclistas que cruzam em todas as direções por estas vias. Temos portanto as condições ideais para implementação de zonas com limite de velocidade de 30km/h.

O uso da bicicleta vem aumentando em toda a cidade e também em Copacabana, veículo ecologicamente correto que estrategicamente tem sido usado, cada vez mais, em várias cidades do mundo como parte das soluções para o transporte urbano é a melhor opção para distâncias de até 5 km.
Com o incentivo de áreas mais seguras para uso deste modal, a tendência é o aumento do uso e conseqüente melhoria para a saúde da população, e de toda a cidade. Além de uma melhor fluidez no trânsito motorizado na região.

Copacabana por sua fama mundial e grande visibilidade tem tudo para se tornar um exemplo a ser replicado em outros bairros e cidades. Ao formar uma rede para a circulação de bicicletas integrando o metrô e os bairros vizinhos, os ciclistas contarão com uma infra-estrutura convidativa que fará com que hajam mais bicicletas mais vezes pelas ruas.

Veja aqui a apresentação “Zona 30 em Copacabana“.

– Mais sobre Acalmia no Trânsito.
– Confira a Contagem de Ciclistas na ligação Lagoa-Copacabana.

Conhecer para Melhorar

Ciclista no Cantagalo

Ciclistas muitas vezes utilizam as ruas mesmo sem qualquer melhoria na segurança viária para eles. O planejamento urbano voltado para o automóvel cria areas inadequadas para a circulação de ciclistas e pedestres. Com vistas a lutar para que essa condição seja revertida, a Transporte Ativo foi a campo comprovar o fluxo de ciclistas na principal ligação entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o bairro de Copacabana no Rio de Janeiro.

Os dados oficiais mais recentes apontam apenas 1500 viagens/dia no bairro de Copacabana. Ao fim das 12 horas de contagem, 779 ciclistas haviam passado por apenas uma única avenida de acesso ao bairro.

O corte do Cantagalo é a única via de ligação Copacabana – Lagoa. Em ambos os destinos, dois importantes implementos cicloviários, a ciclovia da Orla e a faixa compartilhada da Lagoa. Há no caminho a Estação do Metrô com um bicicletário modelo a ser implementado e haverão ainda duas estações de Bicicletas Públicas.

Mesmo sem qualquer infra-estrutura adequada, o Corte é via de intenso trânsito de bicicletas e esse movimento tende a aumentar com a inauguração do bicicletário no Metrô e as estações de bicicletas públicas.

Visando confirmar o uso e demonstrar o potencial de crescimento no trânsito de bicicletas, a Transporte Ativo realizou na quarta feira, dia 9 de julho de 2008, uma contagem fotográfica das 7 às 19 horas. O objetivo foi levar às Secretarias de Transporte e Urbanismo e CET-Rio os resultados para permitir uma melhor avaliação da área tendo em vista os projetos futuros.

A contagem fotográfica nos permite contar e re-contar, ver e rever vários itens correspondentes ao deslocamento por bicicletas.

Mais:
Baixe o relatório da Contagem de Ciclistas no Corte do Cantagalo.
Confira todas as imagens da contagem.

Restrições aos automóveis

Vários fatores fazem do trânsito nas cidades um problema sério, quase insolúvel. Por isto, ciclovias, bicicletas públicas, não podem ser vistas como solução única. É preciso haver um conjunto de medidas integradas de forma a atacar com eficácia as raízes do problema, que são longas e profundas.

Medidas que incentivam e valorizam o uso de bicicletas, da caminhada, de patins e skates, precisam vir acompanhadas de ações de restrição ao uso de automóveis. Quais são estas ações? O que pode ser feito? Que conseqüência trará para o trânsito da cidade?

Estas perguntas estão respondidas na tese de mestrado Avaliação dos impactos de restrições ao trânsito de veículos, defendida na Unicamp em 2006, por Margarida Maria Lourenço Cruz, orientadora Profa. Maria Lucia Galvez.
O texto integral da tese, um dos poucos e bons estudos teóricos disponíveis em português sobre este tema, está agora disponível na biblioteca virtual da TA.
Embora seja um texto acadêmico, a tese é de leitura fácil e ajuda a derrubar alguns mitos e tabus que sempre são postos como argumentos quando se fala em restrição de circulação e estacionamento de automóveis. Boa leitura!

  • mais:

o dilema das ciclovias
Boulevard Bicicleta

Vá de bicicleta para o trabalho

52% das pessoas que visitam este blog usam a bicicleta como meio de transporte diário. Deste total, 33% usam a bicicleta para ir ao trabalho e 19% como meio de transporte diverso (confira o gráfico).

ir ao trabalho – 100 – 33%
lazer – 69 – 23%
esporte – 63 – 21%
meio de transporte diverso – 57 – 19%
outros… – 9 – 3%
turismo – 8 – 3%
TOTAL = 306

O resultado parcial foi colhido na pesquisa lançada aqui no dia 30 de abril.
Perguntamos também quais seriam os motivos que impedem as pessoas de usar a bicicleta como veículo para o trabalho. O medo do trânsito foi apontado como a principal dificuldade, atingindo 26% das respostas. Em seguida, vem a falta de um lugar adequado para estacionar/guardar a bicicletas.
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(confira quais são os outros motivos citados para não usar a bicicleta)

Embora tenha sido feita sem critérios científicos ou rigor estatístico, mesmo assim achamos que a pesquisa fornece dados que merecem reflexão. O medo do trânsito e a falta de bicicletários representam 50% dos motivos para o não-uso da bicicleta. Mostra que os problemas concentram-se basicamente em poucas causas. Qualquer melhoria na segurança e na oferta de vagas para bicicletas pode aumentar o número de usuários da bicicleta nas cidades.
Numa análise global, por outro lado, os critérios subjetivos (ter medo do trânsito e achar incômodo o uso da bicicleta, 44%) são maiores que os fatores objetivos (falta de estacionamento e distância, 35%). Isto comprova que o uso da bicicleta depende muito de uma postura pessoal, do modo como cada um de nós vê o problema. Até que ponto, por exemplo, o incômodo do suor e da necessidade de trocar de roupa é maior do que o incômodo de ficar buscando vagas ou ficar presos em engarrafamentos??

Ir de bicicleta para o trabalho tem mais vantagens do que desvantagens. A Transporte Ativo preparou o folheto Vá de bicicleta para o trabalho para incentivar as pessoas a adotarem este hábito saudável e econômico.

Pense nisto. E divulgue!