Reconstruindo o Mundo

Brooke Fraser é uma cantora gospel da Nova Zelândia que, além de ter um rosto bonito e uma voz marcante, usa seu sucesso para ajudar as vítimas de genocídio na África.

Albertine, canção mostrada no videoclipe, foi escrita em homenagem a uma menina órfã que Brooke Fraser encontrou em Ruanda. Ao som de versos fortes como

agora que eu já vi
sou responsável
a fé sem atos é morta

o vídeo traz imagens das pessoas de Ruanda, com rostos sofridos e marcados. Ao mesmo tempo, mostra cenas com bicicletas, algumas singelas e até belas, como a sequência no final do clipe.

Num mundo destruído que se reconstrói, a bicicleta está presente e ajuda seguir em frente.

Veja mais:

Buenos Aires, Europa Sulamericana

Buenos Aires apresenta características marcadamente européias. Uma mistura de Barcelona, Madri e Paris. Os prédios, as amplas avenidas, os parques. Até mesmo os portenhos são fisicamente mais europeus do que a população brasileira.

O perfil histórico é complexo mas estão lá os traços europeus no urbanismo, na fisionomia das pessoas e em suas roupas. Mas nada disso é “puro” ou simples mimetismo. Só a presença de imigrantes italianos e espanhóis em um mesmo território já traria características únicas. Mas a mistura com os nativos e entre os imigrantes aconteceu. Ainda que tenha sido bastante diferente da que ocorreu no Brasil.

Talvez o caracter tão europeu da população seja o motivo da melancolia Argentina, dos tangos, da rebuscada arquitetura. A necessidade de aproveitar o sol nos parques no outono também é comum na Europa. E aí está a interseção entre o urbanismo portenho e o caráter majoritariamente europeu dos seus habitantes.

Buenos Aires é uma cidade que tem espaços públicos de grande valor. Um cidade que se desenvolveu ao longo dos anos e hoje é o centro da segunda maior região metropolitana da América do Sul. Mas ao mesmo tempo soube preservar espaços de qualidade para as pessoas.

Não são só os parques que impressionam, mas as amplas avenidas e o traçado das tranquilas e arborizadas ruas secundárias. A cidade durante anos foi capaz de preservar um caráter fundamental de uma grande metrópole, ser um local agradável de estar e de circular.

O Brasil, maior pais do continente, tem duas cidades de nível mundial. No entanto em diversos aspectos tanto São Paulo, quanto o Rio de Janeiro tem muito a aprender com Buenos Aires. A construção das “cidades globais sulamericanas” é certamente fundamental para fortalecer aos países e também ao Mercosul.

Toda e qualquer cidade de projeção mundial precisa ser um ambiente que possibilite a realização de negócios, mas precisam acima de tudo serem lugares em que se possa circular e que seja agradável viver, trabalhar, ou visitar.

Diversidade nas Ruas

As mesmas 8 pistas, o mesmo asfalto, o mesmo canteiro central. Um outro objetivo, comemorar a diversidade sexual.

O resultado de um trânsito intenso de milhões de pessoas a pé certamente foi responsável por alegrar a avenida Paulista no domingo de desfile da Parada GLBT. Foram apenas algumas horas, de uma outra Avenida Paulista. Impossível não imaginar uma outra mobilidade possível.

Personagens:

Espectadores:

Mar de Gente:

Mar de Gente 2:

Alegria no Asfalto:

Multirão de Limpeza ao cair da noite:

Mais:
Fotos do Domingo da XII Parada do Orgulho GLBT de São Paulo.
Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo.

Um dia na Vida de um Ciclista

Eu li as notícias hoje sobre um homem de sorte preso no enfarrafamento. Apesar da matéria ser bem triste eu tive que rir. Eu vi a foto do trânsito parado e ele dentro do carro. Os pedestres caminhando, as bicicletas cruzando em velocidade. Engarrafado, não faz diferença ser bacharel ou deputado.

Acordei, cai da cama (8:15)

Um pouco de subida e lá está a Oscar Freire (8:23)

Acima o céu azul (8:23)

Para eles o trânsito é motivo de atraso (8:23)

De bicicleta, nada de deixar fumaça pra trás (8:28)

Asfalto corre solto abaixo (8:28)

Sinal Fechado (8:28)

Não feche o cruzamento (8:36)

Sombra solitária (8:36)

Como voar sem asas (8:38)

Reta Final (8:38)

Pronto para o trabalho. Duas bicicletas, um ciclista (8:40)

Fim do dia. Boa Noite São Paulo (21:02)

Livremente inspirado em “A Day in the Life“, música dos Beatles.

Sementes para o futuro

A cultura do automóvel encontrou terreno fértil no Brasil.
A matriz exploratória como se faz a ocupação da terra em nosso país desde sua origem, firmada em monocultura e latifundios, lançou profundas raízes em toda a organização social brasileira. A forma como urbanistas e governos pensaram nossas cidades, sobretudo após a década de 50, é uma mera transplantação urbana das práticas latifundiárias mais perversas.
Assim como nas fazendas dos barões, de café ou de soja, nossas cidades são uma imensa e vasta plantação de automóveis. Margens dos rios, passeios, veredas, praças e quintais, tudo está sendo explorado em benefício de uma minoria, cada espaço urbano é planejado e feito para que mais carros sejam colocados nas ruas.
Mas como toda monocultura latifundiária traz dentro de si o germe da sua destruição, os malefícios da monocultura do automóvel estão ficando cada vez mais evidentes.

Vamos plantar bicicletas!
A terra está exaurida e cheia de vossorocas, um vento ressequido de CO2 e enxofre torna nossas cidades um deserto de asfalto e petróleo. Mas nossa plantinha é resistente. Melhor de tudo, ela se adapta facilmente a qualquer clima e relevo.
Vamos plantando uma semente de bicicleta aqui e outra ali. Com o tempo as sementes brotam e vão crescer plantinhas. Basta ter o cuidado de regar e adubar, sempre. As árvores vão crescer e elas próprias vão dar novas sementes, que cairão no chão ou serão levadas por passarinhos. Assim, em volta daquela primeira árvore de bicicleta, nascida com tanto sacrifício, haverá outras tantas brotando, e mais outras e outras. Um dia, as cidades serão uma floresta de bicicletas.