Uma fonte para inspiração

Prédios modernos, ruas e avenidas, monumentos, museus, paisagens. Uma cidade tem tudo isso, mas é mais que o somatório de infraestruras. A verdadeira riqueza urbana é produzida por seus habitantes e vai além daquilo que se produz em fábricas. Atualmente o maior produto em circulação nas cidades são serviços. Idéias produzidas por mentes criativas nessa nova economia tem portanto mais valor do que a produção fabril.

Dentro dessa ótica, uma cidade no sul dos Estados Unidos buscou uma forma inovadora de se destacar dentre milhões ao redor do mundo. Local de moradia de dois tipógrafos, Chattanooga no Tenesse passou a contar com uma fonte tipográfica única que poderá ser usada livremente pelos órgãos governamentais e empresas locais.

A idéia é dar uma unidade visual à Chattanooga mais em acordo com a imagem propagada nos últimos anos pela cidade, que já foi uma das comunidades mais sujas do mundo nos anos de 1960.

A revitalização da região ribeirinha e um projeto de atração de artistas foram o motor da inovação e requalificação urbana até agora. A fonte exclusiva é mais um passo para tranformar essa cidade de 167 mil habitantes em um pólo da indústria criativa, aquela que depende da criatividade humana para prosperar.

Certamente um exemplo para cidades brasileiras, principalmente para São Paulo, que hoje está imersa na encruzilhada da (i)mobilidade urbana. Ainda que nem sempre tenha sido assim, capital paulista em 1907:

A cidade é uma das maiores e mais atraentes do Brasil, sendo notável por seus belos edifícios públicos, parques bem conservados e lindos bairros.

Os últimos 100 anos foram duros com São Paulo, a riqueza produzida na cidade serviu para uma expansão urbana desenfreada focada na mobilidade individual motorizada. As consequências estão estampadas diariamente no noticiário, congestionamento, poluição e perda da qualidade de vida.

Quebrar o ciclo vicioso de degradação urbana não é tarefa fácil, mas é o único caminho a ser seguido para que uma cidade possa atrair pessoas e gerar riquezas, um dos papéis milenares das ocupações urbanas.

Com informações da revista Good.is sobre Chattanooga e do Cidade para Pessoas sobre São Paulo.

Carnaval na Avenida

Carnaval, além da festa de Momo com desfiles, blocos e a alegria incontida é também um momento de êxodo temporário das grandes cidades. Quando ruas e avenidas deixam de ser espaços de congestão motorizada para se tornarem vazios urbanos ou festas de rua.

A cidade vai sempre além da quarta-feira de cinzas e as vidas dos urbanóides voltam a uma rotina mais regrada. Fica para trás o momento excepcional da festa da carne, o asfalto tomado por pessoas, ou a imensidão vazia das grandes avenidas. Há que se esquecer o lazer distante na praia ou no campo e voltar ao concreto.

Para além do ócio, da festa e da alegria, podemos trazer para a rotina um pouco do que nos ensinam as viagens e os momentos de folia. Caminhar na areia fofa com a brisa do mar e o barulho das ondas é insuperável, mas no dia a dia é possível procurar o caminho mais arborizado de calçadas mais bonitas e ir a padaria, ao trabalho ou até ao dentista.

Quando não houverem boas calçadas, nem uma ciclovia junto à areia do mar, a solução é pressionar para modificar a paisagem do local onde construímos nossas vidas. Tudo para que a volta de um feriadão prolongado seja mais uma simples transição do que um momento de tortura.

Bicicleta e participação cidadã

O prazer de pedalar gera efeitos colaterais, o principal deles é a vontade de pedalar mais e disseminar o hábito entre amigos, conhecidos e até desconhecidos. Condições adversas de circulação para a bicicleta acabam inclusive por reforçar a união entre ciclistas. Quem pedala acaba por buscar transformar problema em pressão para a resolução.

Um excelente exemplo da união dos ciclistas em prol de uma solução propositiva aconteceu em São Paulo. Acessar o sistema de trens metropolitanos e o metrô é permitido em São Paulo em determinados horários, mas o ciclista deveria subir e descer escadas carregando a própria bicicleta. Esse pequeno detalhe operacional era um grande desincentivo para a integração modal da bicicleta com o transporte sobre trilhos. Mas as perguntas certas e um vídeo bem produzido foram capazes de reverter a situação em favor dos ciclistas.

Por conta do vídeo acima e sua repercussão, os operadores do sistema (CPTM e Metrô) passaram a permitir que os ciclistas utilizem as escadas rolantes, mas somente para subir. Um passo importante para que os técnicos das empresas entendam a dinâmica de circulação e para que os ciclistas ajudem a comprovar que bicicleta na escada rolante é seguro e não atrapalha os demais passageiros.

Pedalemos pois. Para mais informações e detalhes visite o Vá de Bike, Na Bike e a Cicloliga.

Visões de uma mesma São Paulo

Megalópole sulamericana, centro financeiro do Brasil e outras diversas expressões buscam traduzir o que é hoje a velha Vila de Piratininga. A São Paulo que nasceu de um barracão de taipa entre os rios Tietê, Tamanduateí e Anhangabaú e onde 458 anos depois habitam 11 milhões de seres humanos.

Como comemoração de aniversário da cidade, o site Catraca Livre convidou paulistanos de coração e nascimento à enviarem vídeos com suas visões sobre o que é São Paulo. Foram escolhidos 10 finalistas e dentre eles um será premiado com uma câmera fotográfica profissional. A escolha do vencedor é feita pelo voto popular.

Dentre os dez, apresentamos 3 com visões distintas de uma cidade cuja maior riqueza é a efervescência e a impermanência, ainda que ao custo da destruição de sua história arquitetônica. Afinal, dos rios que marcavam as fronteiras iniciais da cidade um foi soterrado e os outros dois canalizados. Já o barracão de taipa é hoje apenas uma parede perdida em meio ao Pateo do Colégio, construído no mesmo local.

Julio Brunet Rocha

Fabio Adriano Nikolaus – Cinema de Rua

Cristiane Schmidt

Arte carioca e as bicicletas

As cidades respiram arte, e pela soma de diversidades humanas, produzem cultura. Uma reportagem da Folha de São Paulo, focada na rivalidade artística entre cariocas e paulistanos, indiretamente fala sobre os impactos da atmosfera urbana na produção artística.

O Rio de Janeiro é a cidade do informal, da produção que visa mais que o lucro financeiro. São Paulo é onde está o dinheiro de grandes galerias, colecionadores e o mercado. Até que ponto esse clichês são verdadeiros é algo a ser debatido.

No entanto, um detalhe na foto que ilustra a matéria chama atenção de qualquer ciclista, a presença da bicicleta como acessório do artista. E a partir daí é possível mergulhar naquela que é uma grande riqueza carioca, seus espaços públicos.

Além de riqueza e belezas naturais, desde os tempos de João do Rio, os cariocas produzem reflexões sobre a tal Alma Encantadora das Ruas. Não é só a exuberância das praias e dos maciços rochosos que vem a inspiração carioca, mas da fluidez de encontros, conflitos e convívios somente possível nas ruas. Nas esquinas com seus botecos, nas ladeiras de Santa Teresa, sob os Arcos da Lapa ou em uma lanchonete em Copacabana.

O carioca é das ruas e por isso a bicicleta é o veiculo perfeito para quem produz sua arte na Cidade Maravilhosa. Quem pedala pode flanar sem rumo, ou voar rumo ao um destino certo, basta escolher.

A matéria da Folha pode ser lida na integra, somente por assinantes, aqui: Bonitos Bacanas Sacanas Modernos