Reduza a Velocidade

Ciclista no Quebra Molas

A boa convivência entre os meios de transporte nas ruas das cidades necessita que todos transitem em uma velocidade compatível. Uma maneira simples e popular de obrigar os motoristas a irem mais devagar é através de “ondulações na pista”, ou como são chamadas no Brasil, “quebra-molas”.

Apesar de sua popularidade no uso, não estão livres de polêmica e tão pouco são a única maneira de garantir um ritmo mais lento no trânsito.

Nessa semana foi inaugurado um quebra-mola no bairro de Copacabana. O local certamente merecia atenção. Na saída do túnel Velho, uma área de travessia de pedestres onde os veículos automotores rotineiramente vinham em velocidade incompatível com a segurança viária.

Os efeitos da medida podem ser notados na foto abaixo, todas as luzes de freio acessas e os carros passando em baixa velocidade numa zona de 30 km/h.
Luzes de Freio

  • Mais:
  • > Fotos do Local.
    > Traffic Calming na wikipedia.
    > Acalmia no Trânsito – da Holanda via Portugal.

    Patrulha Ciclística

    A bicicleta é famosa pelos benefícios à saúde das cidades e de seus habitantes, mas ela também é capaz de ser um veículo para emergências. Bombeiros, policiais, guardas de trânsito ou o patrulhamento comunitário.

    Os custos são muito menores além de outras vantagens. Um agente do Estado que esteja numa bicicleta está necessariamente mais disponível para o contato direto com a população civil. Certamente um excelente maneira de aumentar a tão desejada “sensação de segurança” nas cidades é a presença discreta e cotidiana de policiamento.

    Um excelente texto da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB) ilustra:
    A importância do patrulhamento em bicicleta.”

    A bicicleta permite uma maior proximidade física e até emocional entre agentes e cidadãos. Estando visíveis mais vezes estão efectivamente mais perto, mas também mais disponíveis para qualquer necessidade, criando maior sensação de segurança entre os cidadãos. Esta sensação real de segurança trará por si só outras vantagens: cidadãos mais descansados para prosseguírem as suas tarefas quotidianas e impacto na exclusão das intenções de eventuais prevaricadores.

    Um benefício indireto portanto do patrulhamento ciclístico é encorajar que mais pessoas saiam as ruas, a pé ou de bicicleta, condição necessária para a efetiva segurança de uma área. Afinal, locais desertos são justamente os mais propícios para a ação de criminosos e “prevaricadores” em geral, como definem os portugueses.

    • Mais:

    > International Police Mountain Bike Association

    Quadriciclo a Pedal - Bombeiros
    Foto wiccked
    “Caminhão” dos bombeiros movido a pedal. Veículo do início do século XX.

    Sobre Portas e Janelas

    Acordar, fazer o desjejum, se lavar, pegar chave, pasta, celular e carteira. Nos primeiros metros porta afora ele se depara com o primeiro desafio do dia. Não é novidade para ele, mas passa-lhe um rápido pensamento de como aquela parede de carros presos no engarrafamento matinal é chata. Mas não há como fugir. Tem que enfrentar.

    Cruza a calçada com cuidado e atento ao trânsito se junta a tantas pessoas em deslocamento. Ao mesmo tempo em que pensa sobre chegar inteiro ao trabalho, já alinha seu veículo no mesmo sentido dos demais… Porém a sua bicicleta é mais estreita e ele se posiciona de frente para o longo e livre corredor à direita dos veículos parados, como uma janela aberta ao lado de uma porta fechada. Prudente, segue numa velocidade compatível, suficientemente lento pra observar que, às 7 da manhã, algumas pessoas já aparentam cansaço, enfado ou irritação e até agressividade. O pensamento o faz sentir um desconforto, aliviado pelo vento no rosto num momento de maior segurança em que imprime maior velocidade.

    Ao sinal amarelo uma lenta frenagem, sem trancos e a parada com o pé esquerdo no meio fio, é uma oportunidade para ler as manchetes na banca da esquina.

    O sinal abre, mas dois carros demoram alguns segundos para arrancar e, caminho livre à frente, nenhum carro ao lado e aquela parede momentaneamente deixada pra trás o fazem refletir que realmente Deus fecha uma porta e abre uma janela. Cabe a nós saber identificar quando as portas se fecham e quando as janelas se abrem.

    Fim da reflexão, ele olha pra frente e segue tranqüilo e seguro para os seus compromissos. Naquele trajeto de poucas quadras, não voltou a ver os carros que lentamente ultrapassou. Pode ser que os veja amanhã no mesmo horário e local, mas ele preferia ter a companhia de outros ciclistas para usar aquela janela.

    O sonho de todo o ciclista é estar sempre bem acompanhado.

    Proteção as Idéias

    Um novo texto contra o uso obrigatório do capacete está disponível no banco de dados da Transporte Ativo. O autor é Colin Clarke da organização inglesa Cyclists Touring Club.

    O documento reforça os argumentos de que os malefícios da obrigatoriedade não compensam os benefícios gerais para a sociedade. Trata-se de colocar o uso do capacete dentro da esfera de decisão de cada ciclista, já que obrigar a todos, diminui o uso da bicicleta o que acarreta danos a saúde da população em geral.

    Naturalmente que para a prática esportiva o capacete é um item mais do que recomendado, mas no dia-a-dia, o uso da bicicleta deve ser pensado para que todos que pedalam possam desfrutar livremente do espaço público das ruas, em segurança. Sabe-se que a melhor maneira de dar mais segurança aos ciclistas é com cada vez mais bicicletas nas ruas. O que necessariamente implica na consolidação de incentivos e facilidades aos usuários.

    • Mais:

    > The Case against bicycle helmets and legislation – Colin Clarke

    > No Blog:
    Capacetes e Segurança
    Capacetes e Cabelos
    Uso do capacete

    > Bicycle Helmet Safety Institute (Organização Norte Americana)

    Cultura no Trânsito

    As bicicletas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) tem prioridade em relação aos veículos maiores. No entanto, a realidade das ruas costuma ser de opressão aos mais fracos. Há uma disparidade entre a lei escrita e o que acontece no tráfego. Veículos motorizados ainda são símbolo de poder econômico e social. A barreira é fácil de ser vista e para que possamos transpô-la, faz-se necessária uma mudança cultural.

    O significado da palavra “cultura” está assim descrito no dicionário:

    conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos de uma sociedade;

    Estão dados os padrões (desfavoráveis) e as instituições (favoráveis). Resta agir para que aflore em todos os componentes do trânsito os valores morais fundamentais descritos no CTB, o zelo acima de tudo pela segurança do pedestre e dos mais fracos.