Bicicletas aos Montes

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Acontece em Montes Claros (MG), neste domingo 28 de junho, um passeio ciclístico organizado pela Universidade Estadual Unimontes.

Em 2007, a Transporte Ativo elaborou uma proposta concreta para começar a introduzir a bicicleta na política de transporte e mobilidade da cidade. Talvez o projeto saia do papel quando ciclistas e setores atuantes da sociedade aceitarem o desafio de quebrar paradigmas e preconceitos. Nada mais propício do que o ambiente universitário para que isto aconteça.
A Unimontes tem todas as credenciais para discutir e revelar o valor das bicicletas para o trânsito e as pessoas de Montes Claros. Que este Passeio Ciclístico seja o começo deste caminho.

Reconstruindo o Mundo

Brooke Fraser é uma cantora gospel da Nova Zelândia que, além de ter um rosto bonito e uma voz marcante, usa seu sucesso para ajudar as vítimas de genocídio na África.

Albertine, canção mostrada no videoclipe, foi escrita em homenagem a uma menina órfã que Brooke Fraser encontrou em Ruanda. Ao som de versos fortes como

agora que eu já vi
sou responsável
a fé sem atos é morta

o vídeo traz imagens das pessoas de Ruanda, com rostos sofridos e marcados. Ao mesmo tempo, mostra cenas com bicicletas, algumas singelas e até belas, como a sequência no final do clipe.

Num mundo destruído que se reconstrói, a bicicleta está presente e ajuda seguir em frente.

Veja mais:

Bicicletas em Condomínios

Para que a bicicleta tenha espaço e possa mostrar seu real valor, algumas mudanças são necessárias. A mais lembrada e reclamada é tornar o trânsito mais amigável, impondo restrições aos automóveis e garantindo maior segurança para quem pedala.

Contudo, algumas dificuldades do dia-a-dia são barreiras maiores do que o medo do trânsito.

bicicletas em condomínios

Quem mora em apartamento enfrenta vários problemas para guardar sua bicicleta. Quando há espaço dentro de casa, é complicado entrar com a bicicleta no elevador. Em alguns condomínios, é até proibido. Nos prédios sem elevador, é preciso carregar a bicicleta nas costas. Quando não há espaço no apartamento, na maioria das vezes também não existe lugar para guardar a bicicleta no próprio prédio. Quando existe, é um quartinho entulhado, ou um canto de difícil acesso na garagem.

A mudança que queremos nas ruas precisa acontecer também dentro do espaço onde moramos. Edifícios habitacionais precisam ser projetados com espaço exclusivo para bicicletas, de fácil acesso, onde a bicicleta possa ser colocada e tirada a todo momento, sem dificuldades, por qualquer pessoa de qualquer idade.

Em abril deste ano, a Prefeitura de Nova Iorque aprovou uma emenda à sua resolução sobre edificações, estabelecendo requisitos mínimos para estacionamento de bicicletas em prédios residenciais e comerciais. A emenda propõe que haja no mínimo uma vaga de bicicleta para cada duas unidades residenciais, e apresenta modelos para que os bicicletários sejam construídos segundo padrões de segurança e conforto.

O Department of City Planning (DCP) da Prefeitura de NY reconhece que:

a falta de um lugar seguro para estacionar a bicicleta é o principal fator que impede as pessoas de pedalarem para o trabalho. Além disto, a falta de condições para guardar bicicletas em edifícios residenciais pode fazer com que possuir uma bicicleta seja algo impraticável.

Maiores detalhes na página Zoning For Bicycle Parking, que mostra também uma didática apresentação (ambas em inglês).

As cidades precisam encontrar soluções efetivas e eficientes que possam fazer frente aos efeitos adversos do uso excessivo do automóvel. É necessário repensar o Código de Edificações. É preciso reeducar arquitetos e sensibilizar construtoras. Caso contrário, as vantagens da bicicleta ficam encobertas pela inércia da rotina do dia-a-dia e dificuldades caseiras.

E você? quais problemas enfrenta no seu condomínio?

Ouro Preto para Pedestres

Cidades históricas sofrem duplamente com automóveis. Além de congestionamento, poluição, isolamento das pessoas e devoração do espaço urbano, comum nas demais cidades, as ruas, casas e prédios das cidades históricas não foram projetados para suportar o abalo diário causado pelo trânsito de carros. Ao longo dos anos têm sido registrados vários casos de danos irreversíveis em paredes e alicerces.

Alguns centros históricos tombados, como Paraty e Olinda, já protegem o patrimônio arquitetônico, impondo restrições ao trânsito motorizado.

Ouro Preto vinha sofrendo com o excesso de carros e caminhões. Um de seus chafarizes foi destruído duas vezes. Esta tragédia fez a cidade acordar para o problema. Pouco depois, o trânsito de caminhões foi proibido no centro.

Agora, notícia do Portal Uai informa que a Prefeitura adotou medidas sérias para disciplinar o trânsito na cidade e impor restriçoes aos carros, inclusive devolvendo aos pedestres o espaço da Praça Tiradentes, com forte apoio da população. Foi construído um calçadão, que restituiu a amplidão da Praça e a beleza sem interferências do Museu dos Inconfidentes e o antigo Palácio dos Governadores.

Um decisão que merece muitos elogios e deve servir de exemplo para todas as cidades que querem proteger suas construções, humanizar suas ruas e proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas.

A Cidade Invisível

“Eram multidões que passavam às pressas, sem desgrudar os olhos do chão, parecendo saber exatamente para onde iam, subindo e descendo ruas inexistentes, entrando e saindo de edifícios invisíveis.

– Não vejo cidade nenhuma, disse Milo baixinho.

– Nem eles, observou Alex com tristeza, mas não faz a menor diferença, porque não sentem a falta dela.
Muitos anos atrás, aqui mesmo neste lugar, havia uma linda cidade com casas agradáveis e parques convidativos. Seus habitantes nunca estavam com pressa. As ruas eram cheias de coisas interessantes para ver e as pessoas frequentemente paravam para contemplá-las.

– Eles não tinham nenhum lugar para ir? perguntou Milo.

– Claro que sim, continuou Alex, mas, como você sabe, a razão mais importante para se ir de um lugar a outro é ver o que existe entre eles, e as pessoas tinham grande prazer em fazer exatamente isso. Certo dia, contudo, alguém descobriu que, se andasse tão depressa quanto possível e só olhasse para os sapatos, chegaria muito mais rápido a seu destino. Logo, logo todo mundo estava fazendo o mesmo. Todos corriam pelas avenidas sem reparar nas belezas e maravilhas da cidade ao passar por elas.
Ninguém dava a menor pelota para o aspecto das coisas e, à medida que andavam mais e mais depressa, tudo foi ficando mais feio e mais sujo. Quanto mais feio e mais sujo, mais depressa andavam, até que por fim começou a acontecer algo muito estranho. Como ninguém ligava para nada, a cidade começou pouco a pouco a desaparecer. Dia após dia os edifícios foram ficando menos nítidos e as ruas desbotaram, até que tudo se tornou invisível. Não havia mais nada para ser visto.

– O que é que eles fizeram? indagou Mausquito, de repente se interessando pelo relato.

– Nadinha, continuou Alex. Continuaram a viver aqui como sempre haviam vivido, nas casas que não podiam mais ver e nas ruas que haviam desaparecido, porque ninguém tinha prestado atenção em nada. E é assim que vivem até hoje.

– Ninguém contou para eles? perguntou Milo.

– Não adianta, respondeu Alex, porque, andando sempre tão depressa, nunca conseguem ver aquilo que nem se interessam em olhar.”

trecho do livro Tudo depende de como você vê as coisas, de Norton Juster, pela Cia das Letras