Quanto custa um bicicletário

A instalação de um suporte modelo U invertido varia de 200 a 400 reais por suporte.

Cada suporte apoia duas bicicletas. Assim, uma vaga de bicicleta custa entre 100 e 200 reais, dependendo da região do país e do tamanho da cidade. Em capitais, serviços de serralheria geralmente são mais caros do que nas cidades do interior.Os preços acima consideram apenas compra e instalação do suporte. Caso seja necessário preparar a área, é preciso acrescentar outros gastos.

Fizemos uma amostragem de preço em São Paulo, Belo Horizonte e Montes Claros (MG) e também junto às empresas que vendem bicicletários pela internet. Levantamos somente o preço do modelo U invertido, considerado o mais adequado em termos de eficiência e benefícios para o ciclista.

Serão citados nominalmente todos os que responderam nosso contato e enviaram orçamento. Agradecemos ao Carlos Eduardo Queiroz pela ajuda na pesquisa.

Em São Paulo, Silas Batista cobra R$ 320,00 por suporte, incluídos gastos de instalação.
Em Belo Horizonte, a Serralheria Irmãos Santiago faz um preço unitário de R$ 205,00, também incluída a instalação. Veja cópia do orçamento.
Em Montes Claros, norte de Minas, a Ellit Móveis nos passou quatro preços, sem os custos de instalação:

• Modelo para fixação na superfície com:
Tubo de 50 mm ou 2” – R$ 98,00 (noventa e oito reais);
Tubo de 75 mm ou 2½” – R$ 138,00 (cento e trinta e oito reais).

• Modelo para chumbagem no solo com:
Tubo de 50 mm ou 2” – R$ 74,00 (setenta e quatro reais);
Tubo de 75 mm ou 2½” – R$ 114,00 (cento e quatorze reais).

Pela internet

Alguns empresas oferecem bicicletários pela internet. Das empresas listadas em nosso site,

Cicloparking
Altmayer
Soluwan
K9sports
Ilumak

apenas a Cicloparking respondeu ao contato. Além do tradicional modelo Uno, oferece outros tipos U invertido, inclusive com variações estéticas bem agradáveis, como os modelos Rio, Duo e Plus. Reproduzimos a seguir a resposta:

Nossos valores são bem variados de acordo com o modelo podendo atender às diversas necessidades dos clientes. Dentre os modelos mais utilizados em condomínios e escolas temos:

– Modelo suspenso (de parede) individuais = modelo G1… R$ 35,00
– Modelo suspenso módulo com 12 vagas = modelo T3…R$ 598,00
– Modelo de chão módulo com 5 vagas = modelo C5….. R$ 268,00 

Já modelo utilizados por empresas, espaço abertos/públicos, prefeituras de cidades, a Cicloparking desenvolveu uma linha específica com suportes de alta intensidade em itens de segurança, durabilidade e resistência, com vários modelos de design diferenciados à escolha:

– Linha Comercial modelos UNO/RIO/ARCO (e outros)…. R$ 378,00  

Espero ter ajudado com estas informações básicas, estando sempre à disposição do necessário.
Atenciosamente;
Ennio Oliveira
Cicloparking

Custos de preparação da área.

Em 2009, o Banco Central instalou um dos melhores bicicletários do DF, o primeiro que usou o suporte em U invertido na cidade. Veja mais no post Bicicletas no Banco Central

Foi necessário preparar toda área, que sofria com invasão de carros e motos e com o acúmulo de água e detritos na época da chuva. Foi preciso construir um piso elevado para instalar adequadamente 2 conjuntos de suporte. O custo total da reforma está detalhado na tabela:

tabela de preços
[clique na imagem para ampliar]

O terceiro conjunto citado na tabela foi instalado em outro local, sem necessidade de grandes acertos no piso. De modo aproximado, o custo unitário por suporte instalado com toda a preparação da área ficou em torno de R$500,00.

O que é melhor?

Recomendamos fazer uma pesquisa entre as serralherias da sua cidade. Colete pelo menos 3 orçamentos. Adote o modelo U invertido e evite bicicletário tipo grelha ou “escorredor de pratos”. Bicicletários ruins não serão usados, é dinheiro jogado fora. Utilize nosso Manual com Diagramas para construção e instalação. Preocupe-se com os preços, mas lembre-se que a boa qualidade reduz os custos ao longo do tempo. Por isto, compare os orçamentos locais com os preços encontrados via internet. Nem sempre é preciso adequar a área do bicicicletário, mas se for preciso, construa pisos elevados, rampas de acesso e delimite bem a área.

Consideramos bicicletário qualquer tipo de estacionamento para bicicleta. O bicicletário é composto de uma área (para aproximação, manobras, etc) e de suportes (peças metálicas onde são apoiadas e trancadas as bicicletas). A área pode ser delimitada por placas, pinturas no solo e piso diferenciado. A instalação exige alguns estudos, para evitar conflitos com pedestres, automóveis e permitir as manobras necessárias da bicicleta.

Veja mais em:
Guia para bicicletário Sustrans-UK, traduzido pela TA
Guia para bicicletários AAPB-EUA, traduzido pela TA
Soluções criativas para bicicletários, de onde foram tiradas as fotos que ilustram este post.  

 

Sempre à frente

A cidade do Rio de Janeiro tem planejado e executado uma série de intervenções cicloviárias espalhadas em toda a cidade. Tem na Zona Norte e na Zona Sul, na Zona Oeste e também na ilha do Fundão. A maior malha cicloviária em extensão segue em expansão.

Transformar uma cidade não é tarefa a ser feita do dia para a noite, mas assim como na bicicleta, quando a cidade entra em movimento, a mesma lei da inércia que paralisa, ajuda a seguir em frente.

O planejamento cicloviário no Rio de Janeiro tem sido feito como forma de corrigir graves problemas na mobilidade urbana da futura sede das Olimpíadas de 2016 que também será palco da Copa de 2014. Grandes eventos só fazem sentido quando fica presente o famoso “legado” e as bicicletas na cidade maravilhosa já estão usufruindo desde já desse famoso legado.

Malha Cicloviária Rio de Janeiro

A figura acima (clique para ampliar) ilustra em azul todas as obras em andamento ou que serão iniciadas em novembro. Em vermelho estão assinaladas a infraestrutura existente. Cabe ressaltar que nos projetos com previsão de conclusão até 2012 está a criação da maior rede interligada das Américas com um total de mais 100km, a malha cicloviária da Barra da Tijuca e baixada de Jacarepaguá.

Em detalhes temos o seguinte:

Zona Norte/Tijuca: liga a Praça Saens Peña ao Maracanã e a ciclovia existente lá, tem também uma variante pela rua Jaceguai.

Zona Sul: uma ligação da Orla de Copacabana à Botafogo via túnel velho, ligação da Orla de Ipanema à estação General Osório do Metrô, ligação da ciclovia Mané Garrincha à Praia Vermelha e por fim uma ligação da Ciclovia Rubro Negra na Praça Sibélius com a ciclovia da General Garzon via Jardim Botânico.

Zona Oeste: uma ligação da ciclovia Bangu/Campo Grande (existente) a estação de trem Campo Grande e daí até a ciclovia da Alfredo Del Cima, com mais uma ligação até a ciclovia existente na Senador Camará em Santa Cruz (14km), e daí segue por 5km pela João XXII até o acesso da Companhia Siderúrgica do Atlântico.

Baixada de Jacarepaguá: cria uma rede no entorno da ciclovia já existente em Curicica e a outra faz uma nova rede ligando a Praça Seca à Vila Valqueire, com 7,7 km.

Ilha do Fundão: serão 14km sendo 5 já inaugurados. O trajeto inaugurado passa pelos prédios da UFRJ e o refeitório. Os outros 9km serão mais bucólicos passando pelas praias e recantos da llha, esta foi uma iniciativa da Prefeitura do Campus da UFRJ.

No total serão implantados 64kms em 2010, 59kms em 2011 e 50kms em 2012, mas pelo jeito que as coisas vão é possível que esta marca seja superada.

Tudo sobre bicicletas públicas

Sistemas de transporte público em bicicleta (STPB), ou simplesmente bicicletas públicas, são um sucesso mundial. Estão na Europa, na Ásia e nas Américas. Mas desde os primórdios, com as bicicletas brancas na Holanda, muita coisa mudou.

O ITPD acaba de lançar um documento de mais de 70 páginas que descreve desafios e caminhos possíveis para bicicletas públicas na América Latina. Rio de Janeiro, Santiago do Chile e a cidade do México são analisadas. Mas muitos outros exemplos estão lá.

Das várias lições e dicas, uma delas é fundamental, a importância do planejamento e desenho do sistema. Não basta simplesmente disponibilizar bicicletas a preços convidativos em locais de grande movimento, tudo tem de ser pensado como qualquer outro meio de transporte público.

O sistema de Londres ainda não tinha sido implantado quando da conclusão da publicação e merece especial atenção. Foram 95 mil usuários cadastrados e mais de 1 milhão de viagens nas 10 primeiras semanas. Só esses números atestam o sucesso, mas uma peculiaridade londrina desenha um horizonte positivo ao sistema.

Na Inglaterra, o transporte público é altamente subsidiado. Cada ônibus que sai da garagem e cada trem que circula em Londres gera prejuízo ao sistema de transporte urbano. Por esse motivo, mesmo com a maioria das viagens de bicicleta pública sendo gratuita, o aluguel de bicicletas é lucrativo para a cidade. Cada usuário paga apenas £1 por dia de uso, mas acaba sendo uma viagem a menos nos já sobrecarregados trens e ônibus da cidade. Daí para um lucro operacional é apenas questão de tempo.

Seja onde for, iniciativas em prol dos serviços de bicicleta pública requerem uma adequação a realidade local e acima de tudo força do poder público para facilitar o uso da bicicleta na cidade.

Saiba mais:

ITDP publica documento sobre sistemas de bicicleta pública para América Latina
London bike hire scheme on road to be only public transport system in profit

Relacionados:

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Como Utilizar as Bicicletas de Aluguel Cariocas
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Diferença entre Ter e Usar

O direito inalienável de se desengarrafar

Uma das graves distorções que tem acometido nossos cidadãos é confundir a mobilidade individual motorizada com um direito. Ir e vir é sim um preceito constitucional. Ir e vir de carro, não.

Moema tem as condições ideais de ser um bairro modelo para uma nova São Paulo. Ruas tranquilas e largas que seguem paralelas as grandes avenidas. O compartilhamento entre veículos motorizados e bicicletas nas vias internas do bairro é uma abordagem interessante para facilitar os deslocamentos e diminuir os congestionamentos constantes.

Um plano modelo de circulação de bicicletas, desenvolvido pela TCUrbes, está sendo analizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e uma notícia já saiu nos jornais. Da reportagem entitulada “Projeto põe ônibus e bicicleta na mesma faixa“, surgiu a polêmica em relação as futuras ciclofaixas de Moema.

A viabilidade e vantagens da bicicleta já tem sido comprovada aos domingos. Há exatamente um ano, a ciclofaixa de lazer ajudou a impulsionar o fluxo de ciclistas. Alguns aproveitam para repor energias nos restaurantes ao longo do trajeto e tem até concessionária de automóveis que oferece água para chamar a atenção dos “ciclistas-consumidores”.

Durante apenas 7 horas na semana, ciclistas já começaram a impor uma pequena revolução. Trata-se de uma transformação na circulação, mas principalmente uma melhoria na qualidade de vida dos moradores e da cidade.

Mais bicicletas circulando, também durante a semana, irão garantir a construção de uma cidade com mais qualidade de vida, com um trânsito mais amistoso. Uma cidade na qual comerciantes poderão ter mais espaço para seus produtos ao invés de lojas funcionando como ilhas de prosperidade cercadas de carros por todos os lados.

É preciso coragem dos administradores e dos técnicos de trânsito para implementarem mudanças. Mas também é preciso informar com clareza o caminho que se pretende tomar. Assim a oposição as soluções alternativas poderão ser transpostas com mais facilidade.

Foram décadas para sufocar a cidade em engarrafamentos sem fim. Serão mais alguns anos para que se construa um trânsito livre e é esse o direito inalienável pelo qual todo paulistano, de nascimento ou por adoção, deve lutar. Sem distinção de bairro ou condição social, o ir e vir é inalienável e políticas que facilitem o fluxo de pessoas em bicicleta irão beneficiar a todos.

Outras opiniões:

“Por que punir Moema com ciclovia ?”
Campanha: PUNAM O MEU BAIRRO
How bike lanes and sharrows are born in Pittsburgh

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Mais espaço para a circulação
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Maneiras de encararar um problema

A segurança é sempre uma preocupação constante das pessoas, mas trata-se de um conceito complexo e difícil de ser medido. Uma “sensação” não tem escala definida nem números que possam comprovar sua eficácia, é apenas uma percepção difusa que muda dependendo do contexto.

No trânsito, segurança é ainda mais complexo e muitas vezes pode-se optar em proteger o touro que circula na loja de cristais ao invés de domá-lo. Circula na internet um vídeo que é a exemplificação de como não proceder para salvar vidas e reduzir danos no trânsito.

Trata-se de mais uma maneira cara e ineficiente que profissionais de design buscam “revolucionar a bicicleta”. Os exemplos são inesgotáveis e alguns são mais divertidos, outros menos.

O revolucionário sistema de cobrir a cabeça de um ciclista com um bóia inflável é exatamente como deixar livre o touro da loja de cristais e envolver todos os produtos em metros de plástico bolha. Solucionar o problema é acessá-lo por um caminho totalmente distinto.

Dispositivos de segurança passiva em automóveis são úteis e benéficos nas pistas de corrida. Nas ruas tendem a induzir excessos dos motoristas e aumentar os danos e custos sociais do trânsito por incentivarem a imprudência.

Por hora, melhor usar o capacete bóia para flutuar depois dos saltos no lago do post anterior.

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Em favor das reduções de velocidade