A Bicicleta Elétrica

A bicicleta é basicamente a mesma desde o século XIX, as dificuldades são notáveis para trazer algo de verdadeiramente novo a máquina mais perfeita de transformação de energia em movimento. Atrás da moda das bicicletas que tem varrido o mundo, uma pequena marola tem vindo atrás com as “bicicletas elétricas”. Veículos de propulsão mista, essas mobiletes sem barulho tem ganho espaço face a necessidade de diminuição dos impactos dos transportes na poluição local e global.

No entanto, uma bicicleta com acelerador na manopla deixa automaticamente de ser uma bicicleta e passa a ser outra coisa. Uma moto extremamente leve e com motor elétrico? Uma scooter que aceita ser pedalada? Uma moto com alforges de íon-lítio que plugam na tomada? As opções são muitas, mas nenhuma delas define uma bicicleta.

Em uma tentativa de promover a mobilidade sustentável cientistas desenvolveram a bicicleta eletro-assistida com sistema de recuperação de energia. O nome é longo, mas define uma bici com uma roda traseira bem pesada e imãs dentro do cubo. Quando o ciclista freia e durante as pedaladas, o sistema armazena energia e devolve quando o ciclista precisar. Tudo sem baterias ou cabos.

Certamente temos aí um uso inteligente para a alta tecnologia e bicicletas. Tudo é controlado pelo iPhone que também traz informações sobre performance, quilometragem, condições de trânsito, poluição, usos do espaço, etc. A idéia é que os usuários da bicicleta eletro-assistida possam também informar aos planejadores urbanos suas rotas preferidas e pontos de interesse. Tudo não passa de um protótipo, mas vale pela tentativa de dar um empurrãozinho para as magrelas mundo afora.

Saiba mais sobre a “Roda de Copenhague” no site e confira o teaser do projeto em inglês:

Compromissos Internacionais

Fim de Tarde no Rio

Líderes do mundo todo estão em Copenhague essa semana para discutir compromissos na 15ª Conferência das Partes (COP15). Muitos impasses, discussões, propostas e mesas de debate visam traçar um caminho. Apesar da natureza global do evento, muitos representantes de cidades estão presentes.

O Rio de Janeiro esteve na mesa que tratou sobre como as cidades podem acelerar o desenvolvivemto verde nas cidades. Os impactos negativos do transporte são um importante componente das mudanças climáticas, natural portanto que os prefeitos tomem atitudes para diminuir o impacto do ir e vir de seus cidadãos. O carioca tem tido o prazer de cada vez mais receber incentivos para pedalar mais. São bicicletários, infraestrutura de circulação e principalmente, a presença constante da bicicleta na agenda política da cidade.

Compromissos, quanto mais públicos se tornam, mais tendem a serem cumpridos. Em conversa com o I-Ce, a Transporte Ativo sugeriu que a mesa a cargo deles em Copenhague contasse com a participação do governo da cidade do Rio de Janeiro. A presença em um evento pode parecer pouco, mas ajuda a reforçar compromissos e ajudar para que metas sejam cumpridas. Dessa maneira, de maneira simples e direta, conseguimos aproximar pessoas e seguir no rumo de solidificar a bicicleta como componente cada dia mais importante na política urbana carioca.

O vice-prefeito e secretário do Meio Ambiente Carlos Alberto Muniz, foi a Copenhague representando o prefeito Eduardo Paes. Esteve ao lado dos líderes da Cidade do México, Lion e Amsterdã para afirmar que o Rio pretende dobrar o total da malha cicloviária para 340km. O número impressiona e fará do Rio de Janeiro a cidade com a maior infraestrutura pra bicicletas na América Latina.

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Sabia Mais:
Rio em duas rodas – Oikos Já!

Copenhague e o Futuro do Planeta

O século XX foi o ápice da expansão industrial desenfreada de um mundo sem limites. Nossas cidades foram modificadas para se adequarem a circulação de um bem material privado que necessitava cada vez mais de espaço público. Os impactos negativos dos excessos são sentidos todos os dias em consequência do consumo desenfreado de energia e materiais. Os combustíveis fósseis que fazem girar a roda da economia mundial são os mesmos que sujam o ar das cidades e alteram o balanço climático global.

O mundo está reunido em Copenhague na Dinamarca para atingir um consenso sobre maneiras de reduzir as emissões de gases do efeito estufa causadas por atividades humanas: da flatulência de vacas no campo ao escapamento de veículos motorizados, passando pela energia de termoelétricas e o lixo que produzimos. As soluções são acima de tudo políticas e os meios já estão dados, basta a mobilização de agir em direção a novos rumos. Os mesmos definidos pelo relatório Brundtland e “Nosso Futuro Comum”.

Mas não basta a retórica de um “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. São necessárias ações que favoreçam atitudes sustentáveis por parte da população garantindo a todos o atendimento as suas necessidades básicas, sem que isso implique em impactos negativos ao meio ambiente que inviabilizem a existência humana.

Comunidades densas, onde o ser humano é prioridade, são certamente o caminho para o futuro e o que tem sido desenhado cada vez mais no século XXI. Afinal quando passarmos a pensar no ser humano e em suas necessidades principais, será mais fácil respeitar o ciclo de vida do planeta como um todo. As metas e acordos portanto terão de ser apenas os meios, e não fins em si mesmos para atingirmos um nível adequado de equílibrio entre a satisfação das necessidades humanas e as do Planeta.

Natal, Bicicletas e Eletricidade

No dia de abertura do COP 15, uma árvore de Natal especial foi montada em Copenhague. Com 17 metros de altura, todas as suas luzinhas são mantidas acesas pela força de voluntários que se revezam pedalando 15 bicicletas. A árvore foi montada para demonstrar como é fácil tomar medidas para economizar energia.

Um outro exemplo na Inglaterra mostra que 80 ciclistas são capazes de gerar eletricidade suficiente para gerar energia elétrica para uma casa durante um dia inteiro. A hora do banho no chuveiro elétrico foi o momento de maior esforço. Um exemplo de como a mais eficiente maneira de transformar energia em movimento é capaz de gerar eletricidade em quantidades significativas. Mas o consumo e a eficiência de eletricidade em nossas casas tem muito a evoluir e a ser racionalizado. Afinal nem todo mundo pode contar com a ajuda de 80 amigos para tomar um banho de chuveiro elétrico.

A lição de Copenhague é que uma comunidade pode se reunir para pedalar e manter acessa uma árvore de natal. Cada um fazendo um pequeno esforço para manter acesa sua parte.

Águas e Asfalto

Água e Asfalto

Nossas cidades foram construídas em aço, concreto e asfalto, mas tudo tem seu custo e assim como água e óleo não se misturam, chuva e impermeabilização excessiva não se dão muito bem. O calor tropical representa grande desconforto para o microclima urbano nos dias mais quentes, no entanto o maior terror são as chuvas torrenciais. Apesar de não termos monções, chuva acima do esperado são normais no Brasil.

Do caos sempre pode brotar o questionamento. Do excesso de asfalto, podem surgir plantas, árvores e espaços públicos de qualidade. Nossas cidades são construções coletivas e portanto políticas. Muitas realidades nasceram utópicas e viraram status quo. As “cidades jardim” falharam na promessa de mais qualidade de vida em um misto de meio urbano e rural. Cidades que fazem sentido são densas e intensas, onde a mobilidade é racional e há proximidade.

Já é passada a hora de “des-asfaltar” nossas cidades, possibilitando que a natureza tenha mais espaço e a água possa seguir seu fluxo incontrolável. Humanos, frágeis habitantes dos zoológicos de pedra agradecem.

O vídeo mostra a iniciativa do projeto Depave.org de Portland nos EUA. No lugar de um estacionamento asfaltado sem graça, uma área para a natureza e o convívio das pessoas.