Realidade Ciclointervencionista

Explicar fatos e relatar a realidade estará sempre aquém do vivenciar. E a bicicletada é definitivamente um evento que não pode ser traduzido em imagens ou textos. A Bicicletada Paulistana de Novembro teve seu ápice na invasão pacífica de um novo shopping. Em desacordo com a legislação municipal vigente, o centro comercial não foi inaugurado com o bicicletário.

Antes da bicicletada, uma única ciclista e a Folha Online não conseguiram estacionar uma única bicicleta. Para deixar a mensagem ainda mais clara, a massa de mais de 200 ciclistas adentrou o estacionamento em ritmo de festa, cantou clássicos hinos e novos gritos de guerra e voltou as ruas. Pairou o mistério nos seguranças, sem entender aquele movimento sem líderes e que da mesma forma que entrou, saiu. Mas o poder da massa ficou claro e espera-se que novos centros comerciais não mais sejam inaugurados sem respeitar a legislação em favor dos ciclistas.

Promover o uso da bicicleta pode ser feito de diversas formas. No Rio de Janeiro a Transporte Ativo buscou a diplomacia para convencer os shoppings a cumprirem a lei e terem infraestrutura para bicicletas. Em São Paulo a voz sem líderes da bicicletada tem sido uma grande responsável por dar visibilidade as bicicletas e também pressionar para que os ciclistas sejam vistos e respeitados.

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Saiba mais sobre a Bicicletada Paulistana de Novembro de 2009

Nichos e Marketing de Massa

O termo em inglês “bike-hype” já circula livremente pelas bocas dos ciclistas. A bicicleta começa a aparecer cada dia mais na mídia, e além dela. A quantidade de aparições da bicicleta é notável, mas a qualidade pode sempre melhorar. Muitos erros no discurso ainda são cometidos, mas a forte presença em diversos círculos ajuda a fortalecer a visibilidade.

Qualificar a visibilidade é o desafio em curso e que vai além do hype, ou da “moda”. O ciclista urbano brasileiro ainda pode ser visto como parte de uma tribo, ou simplesmente pobre demais para utilizar o transporte público. E essa dicotomia entre pobreza urbana e conduta tribal são maléficas para alastrar o uso da bicicleta.

A bicicleta está na moda e seus benefícios já se alastraram para o discurso de todos. É impossível falar em sustentabilidade urbana ou mobilidade e não mencionar bicicleta. Todos falam de como pedalar faz bem para a saúde e o trânsito das cidades. O ciclista ganhou aura de herói e defensor do ar que respiramos. Mas isso é pouco.

Os administradores e cidadãos de nossas cidades precisam encarar a bicicleta não como um futuro utópico ou atividade para poucos. Pedalar tem que ser para todos e ser incentivado de tal forma que mães possam levar filhos aos colégios e crianças maiores possam ir sozinhas pedalando a escola. A bicicleta pode revolucionar as cidades, mas para isso tem de ser encarada com a devida seriedade.

Abaixo um video clipe que inspirou essa reflexão. Visto primeiro no Copenhagenize.com

A beleza das imagens impressiona e emociona, um tratamento digno de grandes campanhas publicitárias que vendem sonhos. A banda é 30 Seconds to Mars e a música “Kings and Queens” fala sobre os que eram reis e rainhas da esperança. Fica clara a intenção de associar os ciclistas ao futuro, como uma promessa. Mas a bicicleta já é para hoje, para o século XXI que está em curso.

Vida, Liberdade e a Busca pela Felicidade

O título deste post é a tradução de um dos mais famosos trechos da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Essa simples frase é repetida como um pequeno mantra ético do país e foi reescrita no streetsblog para se adequar a uma nova lógica em nascimento nos EUA e ao redor do mundo. Cidades cada vez mais adotam o lema da “Vida, Liberdade e Busca pelo Espaço Público“.

O século XX do automóvel redistribuiu o espaço urbano e fez das ruas local de fluxo. A perda de qualidade de vida salta aos olhos e está sendo revista. Urbanóides mundo afora já promovem a mudança de percepção que irá construir as cidades do futuro. Um espaço onde o mais importante seja a vida, a liberdade e a busca pela felicidade.

Enquanto isso, ao ver um gatinho na rua, grite!

“Scream With Me” // PeaPod Pilot from Nate Byerley on Vimeo.

Propostas para o Clima Urbano

A conferência da ONU sobre mudanças climáticas irá começar no dia 07 de dezembro em Copenhague. Até lá os países debatem entre si e internamente qual será o papel que irão se comprometer a assinar quando chegarem na Dinamarca. O Brasil por hora está comprometido com a redução do desmatamento da Amazônia, maior gerador de emissões do país. No entanto os compromissos a serem firmados podem colaborar para desenhar um futuro de prosperidade ambiental para os brasileiros.

O modelo de desenvolvimento do século XX já se mostrou fadado ao insucesso e as nações mais ricas do mundo já começaram a rever diversos conceitos. Todas as grandes capitais européias já estão refazendo o desenho de futuro urbano, e o uso da bicicleta naturalmente não para de crescer e ser incentivado. Nessa disputa informal entre as cidades, Amsterdã e Copenhague saíram a frente no planejamento cicloviário. Ambas redescobriram a bicicleta nos anos 1970 e hoje oferecem excelentes condições para que seus cidadãos possam pedalar para todos os lugares.

Reduzir as emissões de CO2 dentro das cidades é uma meta a ser debatida e que implicará diversos ganhos. No contexto urbano a queima de combustíveis fósseis mostra suas desvantagens comparativas de maneira mais clara. Natural portanto que o transporte público e o uso da bicicleta sejam prioridade absoluta. Reduzir o uso de derivados de petróleo no transporte urbano ajuda a reduzir as emissões globais de dióxido de carbono além de melhorar a qualidade do ar nas cidades.

As esferas locais, estaduais e o governo federal no Brasil tem nas metas de redução das emissões de carbono uma maneira de se alinharem ao futuro que já está sendo traçado. Os erros cometidos no século XX nas cidades mais ricas do planeta não precisam ser repetidos por nós para chegarmos a conclusão de que as melhores cidades do futuro serão aquelas em que todos podem ir e vir sem impactar negativamente o clima global, nem poluir o ar que respiram.

Mais cedo ou mais tarde o Brasil terá de se alinhar a “nova economia de baixo carbono” e o quanto antes for iniciada a transição, maiores serão os benefícios e menores os custos.

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Mais:
Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (AM)
Política de Mudança do Clima no Município de São Paulo
Projeto de Lei da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (SP)
Rich cities: Don’t repeat our mistakes – Cop15.dk
Brasil não deve ter meta de emissão de CO2 – estadao.com.br

Abaixo um vídeo da Campanha TicTac sobre as cidades:

22 Pessoas, 2 Cachorros e o Clima from Leão Filmes on Vimeo.

Bicicleta para Levar nos Braços


Pouco a pouco termino o trabalho
e relaxo pouco a pouco.
Pouco a pouco fico triste
e pouco a pouco supero.
Pouco a pouco de bicicleta,
pouco a pouco pedalo.

Pouco a pouco, pelas bordas
pouco a pouco com uma aro 20.


Vídeo gravado no parque do Ibirapuera e na Praça do Por do Sol em São Paulo. Para saber mais sobre as dobráveis Dahon, visite dahon.com.br