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Definir o “cicloativismo” é difícil, mas certamente promover a bicicleta passa por tudo o que aconteceu no dia 03 de dezembro na Recicloteca. O palco estava quente, mas não houveram reclamações. Aproximadamente 80 pessoas compareceram e 60 livros foram vendidos. Retumbante sucesso.
A conclusão e coroamento de um projeto de 20 anos. Um grande encontro de ciclistas. Um marco na história do cicloativismo brasileiro. Assim foi o lançamento do “Manual de Sobrevivência do Ciclista Urbano”, mais que um livro um momento histórico que constrói, agrega e faz amizades.
A vida é um caminho sem volta e a rota pedalada nunca mais é a mesma depois que passamos por ela. Assim foi com o ainda estudante Osvaldo Stella. Cruzar a Transamazônica em uma bicicleta foi a solução para a “alma desesperada” dele. A estrada mudou-lhe a vida e ensinou muito a quem achava que sabia tudo, mesmo sendo jovem.
Ser ciclista é definitivamente ver além do que a vida cotidiana pode retratar. A bicicleta é o melhor veículo para conhecer não só o mundo como a si mesmo. O horizonte que se expande em longas jornadas não é só o que se vê do lado de fora, mas também o que está dentro de cada um.
Nas palavras de Osvaldo: “Quanto mais longe você avança, mais longe você fica do começo e mais difícil é de voltar.”
Confira a história de Osvaldo Stella contada na conferência TEDxSP. Pouco mais de 15 minutos da engenharia até a Amazônia.
Para ajudar mais pessoas a sairem as ruas em bicicleta sem perder a compostura, a Transporte Ativo apoiou a edição do “Manual de Sobrevivência do Ciclista Urbano”. Um livro para quem quer pedalar mas ainda não sabe bem como. As idéias são para facilitar a vida de todos, ciclistas e não-ciclistas. Os textos e ilustrações são de Sérgio Magalhães.
Lançamento do Manual de Sobrevivência do Ciclista Urbano
Dia: 3 de dezembro de 2009, quinta-feira
Horário: 19 hs
Local: Recicloteca
Rua Paissandu 362 – Laranjeiras – Rio de Janeiro, RJ
O termo em inglês “bike-hype” já circula livremente pelas bocas dos ciclistas. A bicicleta começa a aparecer cada dia mais na mídia, e além dela. A quantidade de aparições da bicicleta é notável, mas a qualidade pode sempre melhorar. Muitos erros no discurso ainda são cometidos, mas a forte presença em diversos círculos ajuda a fortalecer a visibilidade.
Qualificar a visibilidade é o desafio em curso e que vai além do hype, ou da “moda”. O ciclista urbano brasileiro ainda pode ser visto como parte de uma tribo, ou simplesmente pobre demais para utilizar o transporte público. E essa dicotomia entre pobreza urbana e conduta tribal são maléficas para alastrar o uso da bicicleta.
A bicicleta está na moda e seus benefícios já se alastraram para o discurso de todos. É impossível falar em sustentabilidade urbana ou mobilidade e não mencionar bicicleta. Todos falam de como pedalar faz bem para a saúde e o trânsito das cidades. O ciclista ganhou aura de herói e defensor do ar que respiramos. Mas isso é pouco.
Os administradores e cidadãos de nossas cidades precisam encarar a bicicleta não como um futuro utópico ou atividade para poucos. Pedalar tem que ser para todos e ser incentivado de tal forma que mães possam levar filhos aos colégios e crianças maiores possam ir sozinhas pedalando a escola. A bicicleta pode revolucionar as cidades, mas para isso tem de ser encarada com a devida seriedade.
Abaixo um video clipe que inspirou essa reflexão. Visto primeiro no Copenhagenize.com
A beleza das imagens impressiona e emociona, um tratamento digno de grandes campanhas publicitárias que vendem sonhos. A banda é 30 Seconds to Mars e a música “Kings and Queens” fala sobre os que eram reis e rainhas da esperança. Fica clara a intenção de associar os ciclistas ao futuro, como uma promessa. Mas a bicicleta já é para hoje, para o século XXI que está em curso.
O uso da bicicleta no meio urbano tem um papel fundamental em reconstruir individualmente o olhar. Quem pedala não é simplesmente mais saudável e pontual, mas principalmente passa a olhar para o ambiente onde vive de uma maneira distinta. As ruas deixam de ser apenas local de passagem rumo a um destino, passam a ser parte indissociável do diário ir e vir.
A cada dia, em cada rua que um ciclista cruza, por breves instantes, o asfalto pertence a quem pedala e vice-versa. A bicicleta é o único veículo capaz de tornar seu usuário proprietário e propriedade do espaço onde circula. Essa ligação efêmera se desfaz e se renova a cada giro dos pneus e segue. Sem deixar marcas, mas capaz de mudar para sempre o olhar de quem se locomove nas duas rodas a pedal.