Menos isopor, mais bicicletas

Mais bicicletas nas ruas trazem um enorme benefício para as cidades e toda a sociedade, ainda assim, existem pessoas que insistem em colocar o uso da bicicleta como uma atividade insegura e cheia de riscos, como se pedalar fosse equivalente à prática de esportes radicais.

O tema do capacete para ciclistas já esteve presente algumas vezes aqui no blog, mas a cultura do medo sobrevive. Portanto nasceu mais um texto publicado na Folha de São Paulo que reproduzimos parcialmente aqui, antes de mais nada, vale destacar o absurdo que é a coerção contra quem eventualmente pega a bicicleta ganha as ciclovias, ruas e avenidas da própria cidade.

É moralmente inaceitável e legalmente injustificável atacar o uso da bicicleta como uma atividade de alto risco e que necessita do uso obrigatório de equipamentos de proteção individual. É fundamental levantar alguns dos motivos para que os próprios ciclistas, as autoridades e a sociedade em geral deixe de lado o capacete para bicicleta e se engaje para que mais pessoas pedalem cada vez mais.

Abaixo dez motivos para pensar sobre o uso do capacete para ciclistas.

  1. Uso do capacete não é um ítem obrigatório pela legislação brasileira
  2. Ciclistas estão MENOS expostos a ferimentos e traumas na cabeça do que pedestres, motociclistas e até motoristas de carro
  3. Obrigar o uso do capacete é a pior forma de promover o uso de bicicleta e produz efeito inverso ao desejado
  4. Capacetes são inócuos para proteger sua cabeça
  5. Capacetes e equipamentos de proteção individual desviam a atenção dos problemas reais
  6. Paises com maiores índices de uso de bicicleta têm os mais baixos índices de uso de capacete
  7. Uso de capacete aumenta o comportamento de risco
  8. Um capacete salvou minha vida! (será?)
  9. Usar capacete = levar mais finas!
  10. Indústria automobilística incorporou, desconfie.

Confie mais na bicicleta

Esperamos que os dados, estatísticas, estudos e evidências aqui detalhados possam esclarecer um pouco mais o debate sobre o uso do capacete e, mais do que isto, que possam diminuir a animosidade causada pelo preconceito, falta de dados e pelo senso comum emburrecedor.

Da próxima vez que você ouvir “cadê o capacete?” pare, dialogue e mostre os fatos. Desconstruir um senso comum é um processo educativo longo e deve ser encarado com respeito e serenidade.

Pedalemos, pedalemos! Com ou sem capacete. Mas que a escolha seja integralmente sua.

Saiba mais:

Entenda por que o capacete para ciclistas é apenas um boné de isopor sem qualquer poder mágico

Bicicleta, potência mundial – #BrasilnoVelocity

 

Os temas do Velo-City 2015 foram desde infraestrutura cicloviária até cultura da bicicleta, como era fisicamente impossível participar de todas as mesas e debates, resta resumir dentro das limitações pessoais. Estiveram presentes representantes da sociedade civil, governos, universades e do mercado. No total, foram cerca de 1.500 inscritos de 60 países, unidos para discutir o futuro da bicicleta. Recorde de participação que o Brasil ajudou a impulsionar.

Plenária de abertura de bicicleta rumo à COP21

Mesmo diante da grandeza do evento e a preponderante presença européia, o Velo-City e a bicicleta ainda são temas à margem de grandes discussões globais. O desafio de incluir a bicicleta é portanto mundial. A Federação Européia de Ciclismo (ECF) é a responsável pelo Velo-City. Manfred Neun, presidente da Federação, abriu a conferência propondo o desafio de colocar a bicicleta no patamar central que ela merece como veículo capaz de construir o futuro que almejamos.

Nantes é parte do protagonismo francês em 2015. Em dezembro acontecerá em Paris a COP 21 quando, espera-se, a ONU adote suas novas metas de desenvolvimento sustentável. Para preocupação e tristeza de quem promove a bicicleta, as magrelas seguem ausentas na agenda das Nações Unidas.

Outra apresentação de destaque coube a Michael Cramer, membro do comitê de Transporte e Turismo do Parlamento Europeu. Além de ressaltar que 90% das viagens dentro das cidades são feitas em distâncias menores do que 6km, Cramer resaltou ainda que 50% das entregas, ou “viagens de logística” podem ser realizadas em bicicletas de carga. Copacabana está aí para ser exemplo mundial.

O principal destaque do depoimento do deputado no entanto foi relativo a outros números. Em uma comparação fácil de entender, Cramer deu a dimensão do tamanho do mercado europeu de cicloturismo, 44 bilhões de Euros/ano comparável aos 42bi do mercado de cruzeiros. A dimensão do problema está que quando se demanda investimentos em infraestrutura para receber grandes navios, 2bi é um orçamento possível para ampliar um porto, mas 20 milhões é uma quantia grande demais para se construir ciclovias.

A qualidade e quantidade do dinheiro que circula nas bicicletas pelas estradas mundo afora é apenas um oceano de dinheiro que ainda permanece invisível como potencial transformador das bicicletas.

O Hangout com Renata Falzoni e o #BrasilnoVelocity tem mais informações sobre esse dia:

Um grande desfile – Velo Parade

O Velo-City é acima de tudo para inspirar, e a pedalada de milhares de pessoas pelas ruas e avenidas de Nantes foi o encerramento perfeito para o segundo dia da conferência. Sob o sol da primavera francesa, a cidade de Nantes transformou suas vielas e suas grandes avenidas em uma grande festa em duas rodas.

Mesmo para quem não entende francês, o vídeo abaixo dá uma dimensão em imagens do que rolou:

Um outro vídeo mostra a Velo Parade em um drone.

Saiba mais:

Os bate-papos diários do #BrasilnoVelocity na página Bike é Legal.
Uma visão brasileira do Velo-City 2015, por Renata Falzoni
Velo-city 2015 Day 2 round-up – Wednesday, 3 June

#BrasilnoVelocity – as expectativas

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Começou o Velo City 2015 – Nantes, será a maior delegação brasileira nessa que é a mais importante conferência sobre mobilidade em bicicleta no mundo. Nunca fomos tantos presentes nem tantas participações no programa.

São centenas de apresentações, impossível estar presente a todas, mas a missão dos brasileiros aqui em Nantes é assistir ao maior número possível delas e compartilhar o conhecimento. As informações serão diariamente compartilhadas através de um Hangout, uma parceria Bike é legal, Bike Anjo e Transporte Ativo.

Confira como foi o primeiro Hangout #BrasilnoVelocity:

Ter acesso ao conhecimento e trazê-lo para nosso país irá fortalecer nossa busca por cidades mais amigas das bicicletas.
O Velo City é a experiência de viver por alguns dias um mundo que sonhamos, o ambiente, a cidade, as cabeças pensando bicicletas durante todo o tempo. É possível encontrar desde o ativista ao técnico, passando por políticos, administradores, empresários, todos com o mesmo objetivo, conhecer as tendências, o que vem funcionando e o que não, no mercado, nos gabinetes, nas ruas, uma enxurrada de informações e folhetos.

Transporte Ativo no Velo-City

Nantes será o sexto Velo City em que estivemos presentes. A cada um, importantes mudanças ocorreram na vida da organização e no Rio de Janeiro, certamente acontecerá com todos os presentes, nunca mais serão os mesmos. Pra quem pensa a mobilidade por bicicletas a experiência é sempre um marco.

Que a partir daqui possamos transformar nosso país e nossas cidades, como vem acontecendo com o Rio desde o meu primeiro Velo City em 2007.

Saiba mais:

Confira a programação completa do Velo-City 2015 (em inglês, ou francês)

Cobertura direta de Nantes – Bike é Legal

Planejamento urbano para pedestres

Barreiras para pedestres em travessa - foto via Mapillary

Barreiras para pedestres em travessa – foto via: Mapillary

O simples ato de caminhar pelas ruas de grandes cidades brasileiras pode ser revolucionário, ou no mínimo contra cultura. Muito da lógica de engenharia que constrói rodovias é ainda hoje aplicada no desenho e planejamento para a fluidez do espaço de circulação urbano.

Entender e definir trajetos para o fluxo de pessoas e cargas sempre foi uma necessidade urbana, mas um aspecto fundamental ficou de fora quando se institucionalizou o rodoviarismo urbano com prática padrão. Esquecemos das ruas como um componente vital de zonas urbanas, estrutas que impactam diretamente a qualidade de vida da população local.

A importância de marcadores de qualidade para o trânsito pedestre é tão fundamental que é preciso lembrar da lógica dos shoppings centers. Em cidades com primazia do transporte motorizado sobre os deslocamentos humanos, centros de compras que são locais adequados para circulação e contemplação e funcionam como ilhas de tranquilidade cercadas de estacionamentos lotados por todos os lados.

Descobrir os caminhos dos pedestres

Vista de cima a cidade é feita apenas de linhas e vazios.

Vista de cima a cidade é feita apenas de linhas e vazios.

Para entender e planejar a mobilidade é preciso “descer ao nível pedestre”, caminhar e descobrir o movimento de quem se desloca a pé. Descobrir barreiras, tais como qualidade do piso, calçadas estreitas, posts, placas, comércio ambulante, abrigos de ônibus, falta de sinalização e iluminação focada no pedestre, falta de acessibilidade, cruzamentos inseguros, caminhos indiretos, desrespeito às linhas de desejo, invasões e interferências na calçada através de carros estacionados ou obras etc.

O pedestre requer mais do que linhas e planos traçados em escritórios com ar condicionado, entender as necessidades de deslocamento urbano a pé requer um profundo conhecimento do espaço urbano, seus caminhos e seus locais de pausa.

Sinergias entre bicicletas e pedestres

Pai ciclista prefere a calçada. foto via Mapillary

Pai ciclista prefere a calçada – foto via: Mapillary

Por ser veículo e por ser compatível com velocidades humanas a bicicleta é um excelente colonizador para espaços urbanos desgastados por excessos rodoviaristas. Com um mínimo de adequação do viário existente é possível incluir mais pessoas pedalando o que invarialmente torna as ruas mais agradáveis para caminhar e gera um círculo virtuoso de promoção à qualidade de vida.

Utopias e o futuro da mobilidade

Vai acontecer em Viena, na Áustria o Walk21, um conferência mundial realizada por uma rede de organizações e pessoas que promovem a mobilidade a pé. A idéia é inspirar e envolver as pessoas através da disseminação de boas práticas e implementação de soluções que criem espaços de circulação para que mais pessoas escolham caminhar. Por mais pedestres, caminhando com mais conforto mais vezes.

O futuro da mobilidade já está aparecendo - foto via Mapillary

O futuro da mobilidade já está aparecendo – foto via: Mapillary

Saiba mais:

– Vale conferir os projetos inspiradores enviados para a seleção.
– Leia o manual de desenho urbano para pedestres elaborado pelo governo inglês.

A Bicicleta no Brasil – O Livro

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Uma compilação de dados, informações e curiosidades acerca dos usos e da cultura da bicicleta em 10 capitais brasileiras. Esse é o livro “A Bicicleta no Brasil”, que será lançado simultaneamente em 8 cidades no dia 07 de maio de 2015.

Parceria entre a associação Aliança Bike, a rede Bicicleta para Todos, a rede Bike Anjo e a UCB – União dos Ciclistas do Brasil com o apoio do Itaú. “O livro é o início de uma série importante de publicações que romperão com muitos paradigmas e preconceitos sobre a mobilidade por bicicletas no Brasil”, declara Daniel Guth, líder da rede Bicicleta para Todos e diretor de participação da Ciclocidade.

Além dos organizadores, também participaram da elaboração do livro grupos, entidades e organizações de dez cidades diferentes. São elas: Ameciclo (Recife-PE), BH em Ciclo (Belo Horizonte-MG), Ciclocidade (São Paulo-SP), Cicloiguaçu (Curitiba-PR), Ciclourbano (Aracaju-SE), Ciclovida (Fortaleza-CE), Pedala Manaus (Manaus-AM), Rodas da Paz (Brasilia-DF), Transporte Ativo (Rio de Janeiro-RJ) e ViaCiclo (Florianópolis-SC).

Organizado por André Geraldo Soares, Daniel Guth, João Paulo Amaral e Marcelo Maciel, a publicação tem fotografias de Felipe Baenninger e diagramação, design e ilustrações de Giovana Pasquini. “O maior resultado deste livro é ver que o Brasil já é um país das bicicletas e que diversas cidades já estão se mobilizando para dar ainda mais espaço às magrelas”, afirma João Paulo Amaral, articulador da rede Bike Anjo.

No mesmo dia do lançamento, o livro também estará disponível em versão digital, nos sites das organizações participantes.

Lançamentos simultâneos confirmados do livro “A Bicicleta no Brasil”

Dia 07 de Maio (5ª feira)

  • Recife: 18h30
    Local: Reciclo Bikes do Impacto Hub – Rua do Bom Jesus, 180 (Bairro do Recife)
  • Rio de Janeiro: 18h30
    Studio X – Praça Tiradentes, 48 (Centro)
  • Aracaju: 19h
    Local: Sociedade Semear – Rua Leonardo Leite, 148 (São José)
  • Belo Horizonte: 19h
    Local: Casa do Jornalista – Av. Álvares Cabral, 400 (Centro)
  • Brasília: 19h
    Balaio Café – CLN 201 – Bloco B – Loja 19/31
  • São Paulo – 19h
    Local: Biblioteca Mario de Andrade – Rua da Consolação, 94 (Centro)
  • Curitiba: 19h30
    Bicicletaria Cultural – Rua Presidente Faria, 226
  • Manaus: 20h
    Anfiteatro do Parque dos Bilhares – Av. Djalma Batista, s/n (Chapada)