por mais pessoas em mais bicicletas mais vezes | Mobilidade Urbana e por Bicicletas | Qualidade de Vida | Educação Cicloviária | Transporte Sustentável
Influenciar comportamentos é ao mesmo tempo o maior desafio e ambição da publicidade. O exemplo húngaro é maravilhoso por mostrar a bicicleta para não ciclistas e sempre de maneira positiva.
Trata-se de buscar o caminho que os publicitários chamariam de “aspiracional”. Apesar da força da Massa Crítica na Hungria, o foco vai muito além de “nichos” ou de “tribos” de ciclistas. A idéia é mais bicicletas para mais pessoas mais vezes.
Vai ter bike-polo, bikester e prova do cotonete. Vale passar pelo Parque das Bicicletas a partir das 9h desse sábado, 27 de fevereiro e no domingo 28.
Quanto as definições, bike-polo é um pouco como o tradicional polo, mas com bicicletas no lugar dos cavalos. Bikester é um campeonato de arrancada com bicicletas infantis em que não valer se levantar do selim. Já a prova do cotonete é similar ao desafios medievais em que cada cavaleiro tinha que derrubar seu adversário com uma lança. Nesse caso, novamente saem os cavalos e no lugar das lanças, tubos de papelão com luvas de boxe.
Haverá também infraestrutura para os espectadores com direito inclusive a manobrista de bicicletas no local.
Pedro Davidson estudava biologia e pedalava por Brasília. Foi morto por um motorista em excesso de velocidade, que havia ingerido álcool, trafegou em local proibido e não prestou socorro. No julgamento em primeira instância o júri aceitou a acusação de homicídio com dolo eventual. O motorista foi condenado a cumprir pena de 6 anos em regime semi-aberto.
A jurisprudência de crimes de trânsito no Brasil ainda é complicada e prevalece o entendimento de dolo eventual. A tese é polêmica e também um entrave para que motoristas que tiram vidas sejam punidos com mais rigor.
Nesse contexto é importante a união da comunidade ciclística de Brasília em torno do caso de Pedro. Através da perspectiva daqueles que utilizam a bicicleta no trânsito será possível espalhar a noção de que do lado de fora dos veículos motorizados as vidas são muito frágeis e qualquer risco é grande demais. Por hora esse discurso ainda não ecoou nos tribunais.
Mas é chegado o tempo da bicicleta e com mais ciclistas nas ruas, mais motoristas serão também ciclistas e mais bicicletas serão vistas. Nas palavras de Bob Dylan:
“(…)
Porque a roda ainda gira
e não há como saber para quem
Ela está apontando.
Porque o perdedor agora
Será mais tarde vencedor
Porque os tempos estão a mudar.
(…)
A antiga estrada
Rapidamente envelhece”.
Enquanto se constroem as novas, que Brasília não tenha mais nenhuma bicicleta branca.
Mas foi apenas uma bicicleta que parou. A ciclista Márcia Prado, que estava na bicicleta continuou sua luta. Agora levada a campo por amigos, novos e antigos, que seguem pedalando na cidade de São Paulo e agindo para que pedalar seja uma atividade mais fácil e segura para cada vez mais paulistanos.
A Rota Cicloviária Márcia Prado faz parte desse esforço dos amigos para honrar a ciclista.
Explicar fatos e relatar a realidade estará sempre aquém do vivenciar. E a bicicletada é definitivamente um evento que não pode ser traduzido em imagens ou textos. A Bicicletada Paulistana de Novembro teve seu ápice na invasão pacífica de um novo shopping. Em desacordo com a legislação municipal vigente, o centro comercial não foi inaugurado com o bicicletário.
Antes da bicicletada, uma única ciclista e a Folha Online não conseguiram estacionar uma única bicicleta. Para deixar a mensagem ainda mais clara, a massa de mais de 200 ciclistas adentrou o estacionamento em ritmo de festa, cantou clássicos hinos e novos gritos de guerra e voltou as ruas. Pairou o mistério nos seguranças, sem entender aquele movimento sem líderes e que da mesma forma que entrou, saiu. Mas o poder da massa ficou claro e espera-se que novos centros comerciais não mais sejam inaugurados sem respeitar a legislação em favor dos ciclistas.