Assim em Copenhague como no Japão

Um olhar dinamarquês em Tóquio. A maravilha da propulsão humana na região metropolitana mais populosa do mundo. São pedestres e ciclistas para todos os lados mas sem deixar faltar o estilo despojado. O vídeo foi visto primeiro no Copenhaguen Cycle Chic, blog referência na promoção ao uso da bicicleta através da valorização da beleza e da moda sobre duas rodas a pedal.

Copenhagen Cycle Chic – Tokyo Nights – Turning Japanese from Colville Andersen on Vimeo.

O mundo todo está ficando um pouco mais japonês pelas bicicletas por todos os lados e ao mesmo tempo o Japão está ficando parecido com o resto do mundo com mais e mais ciclistas nas ruas. É a marcha inexorável da história.

Ouro Preto para Pedestres

Cidades históricas sofrem duplamente com automóveis. Além de congestionamento, poluição, isolamento das pessoas e devoração do espaço urbano, comum nas demais cidades, as ruas, casas e prédios das cidades históricas não foram projetados para suportar o abalo diário causado pelo trânsito de carros. Ao longo dos anos têm sido registrados vários casos de danos irreversíveis em paredes e alicerces.

Alguns centros históricos tombados, como Paraty e Olinda, já protegem o patrimônio arquitetônico, impondo restrições ao trânsito motorizado.

Ouro Preto vinha sofrendo com o excesso de carros e caminhões. Um de seus chafarizes foi destruído duas vezes. Esta tragédia fez a cidade acordar para o problema. Pouco depois, o trânsito de caminhões foi proibido no centro.

Agora, notícia do Portal Uai informa que a Prefeitura adotou medidas sérias para disciplinar o trânsito na cidade e impor restriçoes aos carros, inclusive devolvendo aos pedestres o espaço da Praça Tiradentes, com forte apoio da população. Foi construído um calçadão, que restituiu a amplidão da Praça e a beleza sem interferências do Museu dos Inconfidentes e o antigo Palácio dos Governadores.

Um decisão que merece muitos elogios e deve servir de exemplo para todas as cidades que querem proteger suas construções, humanizar suas ruas e proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas.

O Valor de Andar a Pé

O ato de caminhar é a mais primordial forma de deslocamento do ser humano. Foi com os pés que dominamos o mundo e hoje no zoológico urbano em que a maioria da nossa espécie vive, caminhando descobrimos nossos arredores mais imediatos. Indo e vindo, movidos pelas próprias forças andamos até a padaria, a um restaurante na esquina ou ao cabeleireiro.

Caminhar é um ato que carrega consigo uma alta simbologia, a passos lentos e ritmados somos capazes de percorrer grandes distâncias. No entanto em nossas cidades o pedestre e a “caminhabilidade” tem perdido espaço para formas motorizadas de deslocamento. Ainda que as viagens a pé sejam as campeãs dos deslocamentos, mesmo em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Quatro pontos fundamentais acabam pondo de lado o grande valor de andar a pé. Como aponta o documento em inglês: “O Valor Econômico de Andar a Pé” de Todd Litman.

  • Primeiro, é difícil medir a “caminhabilidade”, para contar o fluxo motorizado câmeras e computadores são usados. Já o fluxo de pedestres é errático, é difuso. Levando-se em conta os atrativos de uma determinada região para que mais pessoas caminhem nela, a medição torna-se ainda mais complexa. De qualquer maneira, muito pode ser feito em prol dos pedestres.
  • Um segundo fator ajuda a deixar de lado o valor das caminhadas, o baixo status social dessa ação tão primordial. O que se convencionou definir como “progresso” está associado ao fluxo motorizado, as grandes obras. Felizmente exemplos como o de Bogotá e Seoul nos fazem lembrar que qualidade de vida também rende dividendos políticos.
  • Outro fator contrário a valorização do pedestrianismo é o baixo custo. Quem caminha não precisa se abastecer em postos de gasolina, nunca visita uma oficina mecânica para consertar o motor, nem troca pneus furados. Portanto caminhar não gera dividendos imediatos, nem faz a “roda da economia girar”. Mas essa visão é bastante míope, já que a obesidade e a poluição atmosférica causam enormes prejuízos a toda população. O pedestre portanto tem grande valor na redução de custos sociais associados a mobilidade urbana.
  • Por fim, a última barreira política a ser enfrentada é a crença de que o fluxo de pedestres “se resolve sozinho”. Certamente uma percepção errada e que felizmente tem perdido espaço entre planejadores urbanos. O pedestre é capaz de desbravar caminhos em quaisquer condições, seja em uma calçada esburacada ou em uma trilha de terra a beira de uma estrada asfaltada. Mas as consequências de deixar os atrativos para os caminhantes são graves, comunidades sem calçadas de qualidade tendem a ter mais viagens motorizadas e sofrem mais com os efeitos negativos do uso excessivo dos motores.

Dirigir ou ser passageiro é um ato transitório, todo o ser humano é pedestre. Planejar para quem caminha é portanto mais do que priorizar os mais de 30% da população cujo principal meio de transporte são os próprio pés, trata-se de pensar a cidade em função da figura mais importante no ambiente urbano, as pessoas.

Mais:
– Baixe o PDF “O Valor Econômico de Andar a Pé” de Todd Litman no site da TA.
– Saiba o índice de caminhabilidade de qualquer endereço nas 40 maiores cidades norteamericanas.

Um Dia Memorável para as Cidades

A última segunda feira de Maio nos Estados Unidos é o “Memorial Day”. Um feriado prolongado para lembrar os mortos em combate. No entanto, o dia 25 de maio de 2009 em Nova Iorque será para sempre lembrado pelas gerações futuras por outros motivos.

É comum se referir ao trânsito como uma guerra e em nome da paz e da qualidade de vida, a prefeitura de Nova Iorque resolveu priorizar os pedestres em um ícone urbano norte americano. Desde o último sábado Times Square está mais amigável aos pedestres, com menos tráfego motorizado e mais facilidades para o enorme fluxo de pessoas.

Pedestres ao redor do mundo caminham pela Broadway, a famosa via nova iorquina, o que acontece por lá certamente irá repercutir ao redor do mundo. Afinal, em cidades grandes e pequenas, somos todos pedestres e as vezes “estamos” motoristas. Uma cidade que ambiciona continuar sendo referência mundial, tem de tomar um passo a frente e é isso que Nova Iorque está fazendo.

A ilha de Manhattan precisa ser apenas um dos epicentros que mudará para sempre e para melhor a maneira com que vivemos nas cidades.

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Na Contramão da História?

Bicicletas Estacionadas

Improviso nas Ruas do Rio

A nova administração municipal do Rio de Janeiro encampou uma campanha de inestimável valor para a sociedade. O lema desde o primeiro dia de governo é o “Choque de Ordem”. Uma série de ações tem mostrado ao carioca que há um novo governo e que a prefeitura irá privilegiar a organização da cidade.

No entanto a medida que segue em seus esforços, podem haver erros. Um deles foi cometido com a apreensão de bicicletas estacionadas em postes nos bairros do Flamengo e do Catete. Segundo a Prefeitura elas pertenciam a estabelecimentos comerciais e obstruíam a calçada dificultando o trânsito de pedestres.

Por mais bem intencionada que possa ser a medida de deixar livres as calçadas do Rio de Janeiro, cortar correntes e apreender bicicletas é uma medida que não só é polêmica, mas acima de tudo um enorme retrocesso na promoção da qualidade de vida na cidade. Bicicletas em todo o mundo são incentivadas e é desejo de qualquer prefeito no planeta ter uma cidade melhor. Certamente as magrelas fazem parte da melhoria na qualidade de vida urbana. Silenciosas, limpas e esguias, deslizam pelas ruas sem poluir e sem gerar engarrafamentos.

Bicicletas nas calçadas são um problema, com certeza. No entanto a solução não passa pela remoção pura e simples da bicicleta, tratando-a como um “obstáculo”. Onde bicis demais tomam o espaço do pedestre, um bicicletário torna-se necessário. Estabelecimentos comerciais fazem entrega em bicicleta, parabéns. A Prefeitura deveria facilitar o contato para que eles solicitem a instalação de um bicicletário em local adequado junto a loja.

Bicicletas na Rua

Espaço adequado para o estacionamento de bicicletas

O Rio de Janeiro tem muito a se beneficiar com a adesão cada vez maior dos cariocas as bicicletas, mas não se pode deixar de lado a mobilidade dos pedestres e a limpeza das calçadas. Bicicletários bem localizados e adequados são portanto a melhor solução para resolver um problema e ao mesmo tempo impulsionar a solução de outros.

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Sr. Prefeito do Rio, não ataque as bicicletas! – O Globo