Bicicletas evitando mortes por Covid-19

No atual cenário mundial de pandemia, o caos provocado na economia mundial, no cotidiano dos indivíduos e nos sistemas de saúde tem na morte das pessoas sua face mais angustiante. Ainda que o índice de mortes em relação ao número de infectados seja relativamente baixo toda vida é valiosa e zero era o único número aceitável. Infelizmente isso não aconteceu e a luta agora é para salvar vidas reduzindo ao máximo a taxa de mortalidade pela doença.
A ciência tem se dedicado a entender rapidamente todos os aspectos do vírus, algo fundamental para encontrar vacina, definir tratamentos, chegar à cura. A reação é fundamental para acelerar o enfrentamento, mas não resta dúvida que ainda teremos muitos meses de combate ao Covid-19. Cada dia, cada medida conta.
Neste sentido o uso da bicicleta pode ser uma aliada ainda mais relevante.

Estudo recente relaciona a poluição do ar a taxas de mortalidade bem mais altas em pacientes com Covid-19
Em estudo recente, pesquisadores da Escola de Saúde Pública T. H. Chan da Universidade de Harvard nos EUA cruzaram os dados de óbitos e poluição de 3080 condados daquele país e descobriram que a maior concentração do fino e perigoso material particulado conhecido como PM 2,5 estava associado às mais altas taxas de mortalidade por coronavírus.

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Imagens de satélites capturadas na internet, com poluição do ar antes e durante as quarentenas. (NASA/BBCESA)

Este particulado tem origem na queima de combustíveis fósseis e nas grandes cidades o transporte motorizado é o principal responsável pela sua emissão. Piora quando se analisa que os engarrafamentos, que geram ainda mais consumo de combustível e poluição do ar ocorrem em grande parte pela baixa taxa de ocupação dos carros que entopem as ruas com um número de veículos maior do que o necessário.

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Imagem: Diego Hemkemeier (Bem estar – G1)   .

Pedalar salva vidas
Pedalar sempre foi um meio de deslocamento mais humanizado, por ser silencioso, emissão zero, ocupar pouco espaço, conectar as pessoas entre si e com suas cidades e por ajudar a saúde de quem pedala. Não se deve esperar que a bicicleta resolva todos os impactos ambientais e socioeconômicos da poluição urbana, mas é fato que sua contribuição sempre foi e sempre será relevante, ainda mais com o mundo em tempos de crise pandêmica.
Além de sua ajuda imediata nos deslocamentos essenciais durante a quarentena o uso da bicicleta pode ter efeito direto na redução de mortes pela doença a partir de agora, tendo em vista a provável longa duração dessa crise.
Também com isso em mente algumas cidades estão aumentando a infraestrutura cicloviária e para pedestres de modo a incentivar o uso de transportes ativos inibir os motorizados poluentes e, de quebra, aumentar o espaço para permitir que nestes deslocamentos ciclistas e pedestres possam manter distância maior entre si.
A falsa percepção de normalidade que leva muitas pessoas a retomar suas rotinas é ajudada em parte pelo trânsito de automóveis, portanto pedalar quando o deslocamento for inevitável reduzirá essa cilada social e continuará a incentivar as pessoas a ficarem em casa, medida mais eficiente para conter o avanço da epidemia.

Não custa repetir: fique em casa!
Mas se precisar sair vá de bicicleta, sempre que possível, sabendo que estará ajudando a manter a sensação de importância do estado de quarentena e reduzindo a poluição do ar para que menos pessoas padeçam de doenças respiratórias graves, entre elas a Covid-19.

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Bicilogística na pandemia do novo coronavírus
Bicicletas na Quarentena

Cegos pedalando, cadeirantes e muita história pra contar

Já imaginou uma pedalada com cegos, cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida? Foi isso que aconteceu na tarde de sábado, dia 13, no entorno do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

O evento, batizado de Mauá 360, contou com participação de aproximadamente 30 pessoas e a presença de um historiador especializado na região. Deslizando pelo Boulevard Olímpico, todos descobriram fatos e curiosidades sobre a região, famosa por seus prédios do período colonial que marcaram a história do nosso país.

Exclusivamente nessa postagem, estamos utilizando um recurso para descrição das imagens, a hashtag #pracegover,  que serve para mostrar o conteúdo das fotos para pessoas com deficiência visual.

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#pracegover – Imagem 1 – Grupo de pessoas reunidas para dar início à pedalada. O grupo já está pronto para começar o roteiro, com os participantes posicionados nas bicicletas e nas cadeiras de roda. Nesse momento, recebem orientações iniciais sobre a atividade

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#pracegover – Imagem 2 – Imagem final da atividade, com os participantes reunidos, com cadeiras de roda posicionadas à frente das bicicletas e o prédio do Museu Histórico Nacional ao fundo.

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#pracegover – Imagem 3 – Foto com grupo de pessoas que conduziu a pedalada, a partir da esquerda temos o voluntário Rodrigo Souza, do projeto Pedala Junto, que conduziu a bicicleta tandem, ao lado do cego Álvaro, que foi seu companheiro na atividade. Seguido por Fábio Nazareth, representando os Pedalentos, que cedeu a bicicleta tandem para a atividade. Na sequência temos Zé Lobo e Erika Cordeiro, da Associação Transporte Ativo, que em parceria com o Museu do Amanhã, promoveram a pedalada. Fechando com Maurício, Tati e Mônica, Bike Anjos, que estavam com a bicicleta ODKV, sigla para o projeto “O de cá, vê” que usa duas bicicletas conectadas lateralmente, onde um condutor pedala ao lado de um deficiente visual.

Estiveram conosco nessa pedalada, funcionários e colaboradores do Museu do Amanhã, representantes do Kit Livre, Pedala Junto, Bike Anjo Rio e Pedalentos.

Mês da Mobilidade

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Setembro, o Mês da Mobilidade, passou. Foram muitas atividades por todo o país, em busca de um trânsito mais humano e seguro e de uma mobilidade mais justa e segura. Ao longo deste mês, em que participamos de diversos eventos em diferentes cidades, foi muito gratificante ver atividades que iniciamos há mais de 10 anos atrás, como o Desafio Intermodal, Vaga Viva e Contagens de Tráfego de Bicicletas, sendo replicadas em diversas cidades do país, em busca de cidades melhores. Momentos como estes, muito nos motivam e nos levam a seguir adiante, sempre em busca de um futuro mais limpo e um trânsito mais seguro.

Conexão Rio-Medellín

Medellín e Rio de Janeiro, duas capitais localizadas a mais de 7 mil quilômetros de distância sob diferentes latitudes.

Agosto de 2018, nossa quinta visita a esta cidade que é símbolo de resiliência. Desta vez viemos a convite do coletivo Más Urbano, que assim como a Transporte Ativo, atua promovendo o uso da bicicleta como meio de transporte.

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O convite foi para participar de duas atividades de socialização e intercambio entre projetos e experiências. Um bate-papo realizado a céu aberto em espaço público ao lado de uma das principais estações de metrô da cidade. Outro realizado no terraço de um espaço de co-working com a participação de representantes instituições públicas e coletivos que trabalham com o tema.

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Foram dois momentos onde tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre a cidade seus projetos e processos e contar um pouco sobre o que acontece no Rio e como atuamos frente a promoção do uso da bicicleta como meio de transporte. Entre tantos temas abordados, a Pesquisa Perfil Ciclista foi um dos destaques no segundo bate-papo realizado em Medellín.

E como irem além das metas previamente estabelecidas também é nossa meta, propusemos uma intervenção na rua, para que com a participação dos ciclistas da cidade, ajudássemos a pensar conjuntamente uma solução de infraestrutura cicloviária para um cruzamento que é um dos principais pontos críticos da região metropolitana. Inspirados na metodologia do Ciclo Rotas Centro, levamos mapas para a rua, para que os ciclistas que circulam por esse ponto pudessem opinar sobre o tipo de solução que lhes parecia mais adequado. Além da interação através dos mapas, realizamos um exercício de contagem e filmamos a ação.

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Das semelhanças entre as cidades podemos dizer que o fato de que as políticas de promoção do uso da bicicleta em ambas as cidades estar ligado as questões ambientais, é a principal. No Rio as ciclovias surgem junto com a Eco 92 e avançam dentro da Secretaria de Meio Ambiente, em Medellín a crise gerada pelo ar altamente contaminado impulsiona o sistema de bicicletas públicas e infraestrutura ciclista da cidade.

Duas capitais Latino-americanas cheias de contradições e que, com suas diferentes características, são muito favoráveis aos deslocamentos em bicicletas.

Conexão Transporte Ativo – Más Urbano. O que nos conecta? O desejo de promover e construir cidades mais ciclaveis, justas e equitativas em relação ao uso do espaço público.

Por mais pessoas, em mais bicicletas, mais vezes!

América Latina e os Sistemas de Bicicletas Públicas

ELASBPC-1024x768Depois do encontro realizado em Medellín em outubro de 2016 e de 2 oficinas realizadas na Cidade do México e em Rosario na Argentina, foi a vez do Rio de Janeiro, receber mais uma atividade internacional sobre Sistemas de Bicicletas Públicas e Compartilhadas.ELABPC_marca_2

A Transporte Ativo realizou, nos dias 9 e 10 de junho de 2018, o quarto Encontro Latino-americano de Sistemas de bicicletas Públicas e Compartilhadas. O evento aconteceu no Galpão de operações do Sistema Bike Rio e contou com a participação de 90 pessoas das Américas do Sul e Norte, Europa e Africa. Entre representantes do poder público, sociedade civil, ONG´s e empresas privadas.

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Durante os dois dias de evento foram debatidas inovações e tendências dos sistemas a nível mundial, campanhas, níveis de serviço, sistemas dockless, uso de dados e troca de tecnologia além apresentados casos de sistemas brasileiros e latinos.

O evento também foi marcado pela apresentação da Plataforma LatinoSBP.org . Projeto da Transporte Ativo, que também com o patrocínio do Banco Itaú.

Painel de Encerramento e lançamento da Plataforma LatinoSBP.org com a participação de representantes da PEBSS e NACTO.

Painel de Encerramento e apresentação da Plataforma LatinoSBP.org com a participação de representantes da PEBSS e NACTO.

Esses espaços vêm gerando inquietudes e necessidades por novos encontros com acúmulo de conteúdo e envolvimento de novos atores estratégicos ao tema. Em 2019 o encontro será em Guadalajara, no México.